quarta-feira, 13 de julho de 2011

Que venha a montanha!

Finalmente! Começam amanhã as etapas de montanha, aquelas onde se farão as maiores diferenças entre os candidatos à classificação geral, onde se verá quem se preparou da melhor forma para este Tour e quem está em condições de lutar pela vitória final.

Luis León Sánchez é quem está mais próximo da camisola amarela de Thomas Voeckler, mas talvez seja Cadel Evans o maior candidato a vesti-la no final da etapa de amanhã… ou Andy Schleck… ou Frank Schleck. Está também na hora de Alberto Contador começar a recuperar vantagem.

Uma luta secundária na montanha

Depois de duas etapas decididas ao sprint, a primeira com Greipel a vingar-se do que Cavendish lhe roubou nos dois últimos anos e a segunda com Cavendish a vingar-se do que Greipel lhe roubou no dia anterior, a camisola verde chegou ao corpo do britânico. Desgastado pelo facto de querer disputar todas as etapas e sprints intermédios, Philippe Gilbert acabou por ceder essa liderança e muito dificilmente a voltará a ter. A partir de agora, já não há chegadas ao seu género onde possa encurtará a distância para Cavendish e Rojas.

A etapa de quinta-feira
Os próximos dias, apesar de montanhosos, serão também importantes para a classificação dos pontos. Partindo do princípio que Cavendish aumenta a vantagem para JJ Rojas nas chegadas a Montpellier (próximo domingo) e a Paris (último domingo), o espanhol terá que aproveitar as etapas mais duras para se manter na luta, além de reduzir as perdas nas duas chegadas anteriormente referidas e nos sprints intermédios ao jeito de Cavendish.

Toda a equipa Movistar terá que estar ao lado de Rojas para que o murciano possa conquistar a camisola verde. O sprint intermédio da etapa de amanhã está colocado antes da montanha e o melhor será a equipa espanhola colocar um ou dois ciclistas na fuga do dia. Uma vez que será muito difícil Rojas bater Cavendish nesse SI, o ideal para os espanhóis seria que uma fuga de 15 ciclistas levasse todos os pontos disponíveis. Na etapa de sexta-feira, será difícil eliminar Cavendish antes do SI; devendo a Movistar ajudar Rojas a ultrapassar a subida ao Col d’Aubisque para poder disputar os primeiros lugares na meta. Uma contagem de Especial Categoria, é sempre uma contagem de Especial Categoria, mas poderá não ser assim tão descabido que Rojas consiga estar no grupo principal na chegada a Lourdes. É que a subida está a 42 quilómetros do final e os melhores trepadores não a deverão atacar muito forte. Em 2009 houve duas etapas semelhantes e Rojas esteve no grupo principal a disputar os primeiros postos.

Já quanto à etapa de domingo, não há muito que enganar: a Movistar terá que fazer descolar Cavendish na primeira subida e a HTC terá que o ajudar a ultrapassar essa dificuldade, pois nenhum deles irá conquistar pontos na chegada a Plateau de Beille. Antes que vocês mudem de site, passemos ao assunto que procuram:

A grande luta pelo Tour

A etapa de sexta-feira
Apesar de já se ter corrido um contra-relógio colectivo e ultrapassado alguns finais em subida, é amanhã que se inicia a grande luta pela classificação geral. Olhando aos últimos dois anos, Alberto Contador e Andy Schleck são os principais favoritos, mas o triplo vencedor do Tour já sofreu várias quedas e, se não estiver a 100%, dificilmente seguirá Andy Schleck, Cadel Evans e Frank Schleck, outros dois que se têm mostrado muito bem até ao momento. Na minha opinião, são os quatro maiores favoritos para amanhã.

As equipas destes homens terão um papel importante no desenrolar da corrida durante os próximos dias, principalmente no de amanhã. A Saxo Bank tem todos os seus homens atrasados na geral mas é essencialmente como medida de gestão de esforço, enquanto a Leopard tem contando com Fuglsang, Monfort e Gerdemann a evidenciar boa forma. Qual delas assumirá a corrida a caminho de Luz Ardiden? Da resposta a essa pergunta, dependerá a forma como a corrida vai acontecer. A Saxo Bank poderá apostar na mesma fórmula da Astana em 2010, utilizando os seus gregários, principalmente Navarro e Chris Sorensen, para endurecer a corrida e lançar o ataque Alberto Contador em busca dos segundos perdidos. Por outro lado, a Leopard poderá tentar partir a corrida de modo a deixar os irmãos Schleck com pouca companhia. Sozinhos? Com Contador? Com Evans? Quantos menos melhor. Depois, caberia aos irmãos fazer jogo: ataca um para obrigar os adversários a perseguir e quando o primeiro for alcançado, ataca o segundo. É uma hipótese, aquela que eu tentaria colocar em prática se fosse director desportivo da Leopard e tivesse os meus ciclistas em boa condição.
A BMC não tem grande equipa para a montanha. Se quiser controlar a corrida desde cedo, as outras equipas agradecerão, mas se fosse eu a delinear sua estratégia, optaria por poupar os meus corredores para que estivessem junto a Evans até o mais tarde possível.

A etapa de sábado, a etapa rainha dos Pirenéus
De entre os grandes trepadores (ainda) em prova, Robert Gesink é um dos que já perderam tempo devido às marcas que as quedas deixaram no seu corpo. No domingo pareceu melhor fisicamente, mas só amanhã se verá se está em condição de se bater com os melhores. O dia de descanso e estes últimos dois sem dificuldades montanhosas poderão ter sido os ideais para a sua recuperação.

A Ivan Basso tem faltado poder de arranque para as subidas até agora encontradas no percurso mas na alta montanha a conversa poderá ser outra e é preciso contar com ele para a luta dos primeiros lugares deste Tour. Tony Martin e Peter Velits também ainda não foram ao alcatrão, têm estado muito bem até agora mas não se sabe até que ponto o esloveno conseguirá igualar as prestações da última Vuelta (onde foi 3º) e o alemão conseguirá ultrapassar as grandes montanhas, aquelas que nos mostram quem são os grandes trepadores. Além disso, o trabalho desenvolvido a preparar as chegadas planas para Mark Cavendish, certamente deixa as suas marcas, faltando saber se são significativas ou nem por isso.

Andreas Klöden é um dos que já foi ao chão mas o seu rendimento não parece muito afectado. Damiano Cunego parece estar em muito bom nível (dentro das suas capacidades) e poderá ser um corredor a ter em conta durante estas três etapas pirenaicas. Sobre Christian Vandevelde e Tom Danielson também recaem algumas expectativas, principalmente

Não nos podemos esquecer de que amanhã é dia de França e por isso muitos franceses tentarão estar na fuga do dia, alguns deles a pensar também na classificação da montanha, visto que a etapa de amanhã terá muitos pontos em disputa. De qualquer forma, o mais provável é a liderança dessa classificação ficar entregue ao vencedor da etapa, que ganhará 40 pontos. Apenas Hoogerland e Voeckler não necessitariam de pontuar na chegada de amanhã para ficar com a camisola das bolas vermelhas, mas para isso necessitariam de estar na fuga certa e é muito pouco provável que tal aconteça. Um foi recentemente suturado com 33 pontos e o outro tem a camisola amarela.

Quantos aos ciclistas portugueses, Sérgio Paulinho deverá estar junto de Andreas Klöden e a liberdade de Rui Costa deverá estar dependente da forma como a Movistar quiser atacar a camisola verde. De qualquer forma, não é de excluir que qualquer um deles tenha instruções para se colocar em fuga durante estar etapas.

E para finalizar este artigo, falo nos 5 jovens a seguir no Tour por mim indicados:
·         Denis Galimzyanov foi hoje 4º e já tinha um sexto lugar mas apenas conseguiu disputar os primeiros lugares nessas duas ocasiões, sendo de prever que desista nas próximas etapas (como, de resto, eu já tinha previsto);
·         Ben Swift tem estado muito longe do que eu esperava e do que tinha feito até chegar ao Tour;
·         Rigoberto Uran é o líder da Sky após a desistência de Wiggins e vai tentar estar com os melhores na montanha, depois de ter perdido 3 minutos no dia em que Wiggins desistiu;
·         Rein Taaramae está entre os melhor colocados para chegar ao top-10, apesar do mau contra-relógio colectivo do segundo dia;
·         Bauke Mollema tem andado a poupar-se para ajudar Gesink na montanha, faltando agora ver do que é capaz nos próximos dias.


Ah! Para quem não viu, há nova votação ali ao lado: quem sairá dos Pirenéus com a camisola amarela? Está em aberto até às 15h de sexta-feira.

4 comentários:

  1. Excelente análise de corrida meu caro, não posso deixar de afirmar que este é um dos melhores post's do teu blog. Concordo em praticamente tudo, e tenho uma forma de ver a corrida um pouco parecida com a tua.
    ASS: RicardoG7 do fórum PCM-Portugal

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  2. Concordo com tudo, penso que tanto o Contador como o Andy Schleck estão bem, se bem que temos de contar com o frank, o evans e também apesar de ja ter perdido tempo o ivan basso.
    Muito boa a análise e espero ver mais uma vez um dos portugueses na fuga a triunfar :)
    Pedro977 tambem do fórum pcm portugal.

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  3. A análise vai em muitas coisas de encontro ao que eu penso também. Talvez uma das coisas que não concordo contigo, seja a inclusão de Tony Martin, não acredito minimamente nele na alta montanha. Em relação à táctica que adoptarias para a Leopard, acho que muita gente pensa igual que tu, e sinceramente é uma das melhores cartadas que podem jogar, pois deixaria alguns adversários confusos, mas outros que certamente já desconfiam dessa hipótese.
    Ass: Pablito10, do fórum PCM.
    Abraço.

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  4. Obrigado pelos vossos comentários ;)

    Quanto ao Martin, eu também não acreditava nele, mas durante este fim-de-semana e na terça-feira pareceu-me estar relativamente tranquilo para responder ao que se passou nas (pequenas) subidas. Não creio que seja ciclista para os cinco primeiros do Tour, mas começo a acreditar que poderá estar no top-10 em Paris. É certo que, este ano, só no Algarve e Paris-Nice subiu com os melhores, mas já em 2009 tinha feito boas etapas de montanha. Por ser um contra-relógista por natureza, consegue fazer bons contra-relógio durante todo o ano, o que não acontece na montanha. Só estando em forma poderá subir com os melhores e parece-me que está em grande forma. Vamos ver.

    Relativamente à estratégia indicada para a Leopard, não é para "confundir" os adversários mas sim para os desgastar. O Andy tem dois segundos lugares mas o Frank também já mostrou poder disputar os primeiros postos. No ano passado não tivemos o melhor de si porque caiu logo na primeira semana, mas penso que continua a ser um dos melhores trepadores do mundo. Olhando para a geral, está ainda melhor posicionado que o Andy e se o Frank atacar quando o grupo já for reduzido, Contador, Evans e etc vão ter que perseguir, o que favorecerá o Andy. Se o Andy atacar, a situação é inversa, favorecendo o Frank. Mas para os 2 ficarem com pouca concorrência, é necessário que Monfort, Gerdemann e principalmente Fuglsang consigam fraccionar a corrida, deixando KO os colegas dos principais adversários.

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