domingo, 30 de outubro de 2011

Ciclismo profissional em Portugal: que futuro? (II)

A 19 de Agosto escrevi sobre o futuro do ciclismo profissional em Portugal e as dúvidas que existem, e apesar da extensão do texto houve grande interesse por parte dos leitores. Passados mais de dois meses, as dúvidas permanecem e são cada vez mais pertinentes.

Há 3 ou 4 anos atrás, ainda a Volta a Portugal estava na estrada quando se começava a falar de transferências para a temporada seguinte. Agora, quase a chegar a Novembro de 2011, ainda não há notícias sobre as composições das equipas para 2012 e nem se sabe quantas equipas “profissionais” estarão na estrada. Mesmo que continuem a ser quatro como no ano passado, não haverá mais do que três ou quatro corredores a poderem “gabar-se” de ser profissionais em Portugal.

O ciclismo “profissional” português está num estado insustentável e coloco as aspas porque as ditas “equipas profissionais” têm orçamentos cada vez mais reduzidos, as condições que oferecem aos ciclistas são cada vez piores e poucos são os que ainda se podem considerar ciclistas profissionais. Olhando ao número de portugueses no estrangeiro, que continua a subir de ano para ano, Portugal é cada vez mais um país exportador mas cada vez tem menos mercado interno. A própria falta de mercado interno é um motivo para que cada vez haja mais portugueses no estrangeiro. Se fosse há três ou quatro anos, o Vítor Rodrigues e o José Mendes nunca teriam ido correr, respectivamente, para a Caja Rural (2010) e CCC (2011), pois conseguiriam melhores condições em Portugal. Mesmo o Manuel Cardoso, o Hernâni Brôco e o André Cardoso talvez conseguissem melhores condições numa Liberty Seguros ou Benfica que investisse neles para a Volta a Portugal do que a Caja Rural (apesar de eu não saber quanto estão a ganhar lá e daí o “talvez”). Actualmente, o corredor pior pago da Caja Rural deve estar ao nível dos melhores pagos do pelotão nacional.

A bola de neve é fácil de entender e já aqui falei dela. Quantas menos equipas existirem, menos vagas há para corredores, que consequentemente baixam as suas exigências. Alguns chegam mesmo ao ponto de aceitar correr de borla, o que baixa o valor de todos os outros. Afinal de contas, se um corredor era pago a 1000€ por mês e aparece outro, ainda que de qualidade inferior, a dispor-se a carregar bidões por 300€, 200 ou até nada, qual acham que é escolhido?
Os motivos para isto são simples de entender. Uns fazem-no porque começa a ficar tarde, ainda não têm equipa e não querem admitir que não têm espaço no pelotão profissional, ou sonham com o dia em que vão ter talento para o ciclismo e vão ganhar algo. Outros fazem-no porque ainda não têm equipa e não querem procurar outro emprego, ou porque não têm estudos e não sabem fazer nada para além de andar de bicicleta ou porque simplesmente só gostam de andar de bicicleta. Já inclusive houve quem se oferecesse para correr de borla apenas por não ter ninguém interessado nos seus serviços e porque a família o podia sustentar. Os motivos podem ser vários, mas independentemente do motivo de cada um, esses andadores de bicicleta prejudicam o mercado.

Depois, como é claro, se antes as equipas pagavam a doze corredores e passam a pagar apenas a dez com dois de borla, o orçamento diminui, e se o orçamento de uma equipa diminui, as restantes também podem diminuir, o que, em época de crise e com os patrocinadores a escassearem, vem mesmo a calhar. Outra consequência é que, se a qualidade deixa de ser o único factor para se escolher quem entra no pelotão profissional e quem não entra, então o pelotão perde qualidade e as provas pioram. Se as provas perdem qualidade e atraem menos interesse, então é mais difícil arranjar patrocinadores, pois as empresas não querem patrocinar eventos de cicloturismo e com isto vão desaparecendo provas. Se desaparecem provas, os dias de retorno publicitário são menos, há menos empresas interessadas em patrocinar equipas e estas desaparecem. Como dá para ver, é uma enorme bola de neve, que vai engolindo o ciclismo português.

Do ponto de vista dos organizadores…

Para os organizadores de provas, a falta de qualidade do pelotão não é o único problema provocado pelo final das equipas portuguesas. Se antes conseguiam fazer um pelotão de dezasseis equipas com nove ou dez portuguesas e três ou quatro espanholas, em 2011 apenas tinham quatro equipas profissionais portuguesas e sete espanholas, sendo que duas delas, por serem World Tour, têm um calendário super carregado e outra era a Geox que também não tinha muito espaço vazio no seu calendário. Contando que as outras quatro equipas espanholas estariam presentes, os organizadores portugueses tinham duas opções: manter as provas nos mesmos escalões e convidar seis ou sete equipas de fora da Península Ibérica para se juntar às oito ibéricas, ou baixar as provas de categoria e convidar as formações amadoras portuguesas. A primeira opção necessitaria de um orçamento maior, a segundo permitia uma redução de orçamento. Os organizadores fizeram o que podiam.

Situações diferentes de todas as outras provas vivem a Volta a Portugal e a Volta ao Algarve. Sobre a Volta a Portugal, já muito falei no texto de 19 de Agosto e lá voltarei mais adiante.

Quanto à Volta ao Algarve, tem sido falado que o seu futuro está em risco. Tal como no ano passado, há dois anos e há três… Mais uma vez, é pedido que o Estado apoie mais fortemente a prova, mas não podemos ignorar a crise que se vive no nosso país e os cortes na despesa que o Estado tem que fazer.

A meu ver, o Estado tem que possibilitar que se pratique desporto, mas essa necessidade é sobretudo para os escalões de formação. O Estado tem que possibilitar que os nossos jovens se possam desenvolver como ciclistas, atletas, basquetebolistas, andebolistas, nadadores, etc, deve também criar condições para que possam ser desportistas profissionais mas não tem que ser o Estado a financiar grandes eventos desportivos. É verdade que nos últimos anos houve candidaturas portuguesas para a Taça América (vela) e para a Ryder Cup (golfe) e havia apoio do Estado, com o Turismo de Portugal a investir milhões. Investir é palavra-chave. Se a Associação do Algarve de Ciclismo pretende que o Estado invista mais, é necessário que haja um projecto convincente, que não deixe o Estado com dúvidas quanto á rentabilidade de apoiar a prova. Porque pode ser rentável! Transmitir a Volta ao Algarve para toda a Europa pode ser muito rentável para o país e especialmente para a região, mas certamente é necessário investimento e o Estado, na situação em que está, não vai investir se não o convencerem. Não esperem é que os responsáveis pelo Turismo de Portugal conheçam o potencial da Volta ao Algarve tão bem quanto os adeptos deste desporto (se bem que estes, na sua generalidade, têm uma visão do assunto que peca por excesso). É preciso mais do que conversas e ameaças de que a prova está em risco. Como escrevi em Fevereiro passado, 2+2 são sempre 4, mas 4 nem sempre é suficiente.

O que tem que ser feito

Sabem os meus leitores habituais, que costumo basear os meus artigos em opiniões pessoais e respeito sempre quem têm opiniões contrárias à minha. Porém, penso que todos concordarão que algo tem que ser feito e que o ciclismo português tem que ser remodelado.

O ciclismo português está cada vez mais semelhante ao colombiano, em que existem três ou quatro equipas continentais com condições inferiores às nossas (cada vez menos inferiores, é verdade) e mais algumas não-UCI, correm as mesmas provas durante quase todo o ano e têm como ponto alto a Volta à Colômbia. No final do ano há dois ou três que se destacaram e vêm para a Europa. A vantagem de adoptar o modelo colombiano seria uma redução de custos para as equipas e provas, as desvantagens seriam praticamente isolar o país da Europa, tornar muito mais difícil que os nossos melhores corredores saiam para grandes equipas e que se volte às condições que existiam em 2007 ou 2008. Apesar da necessidade de alterar o estado de coisas, há que manter os poucos e frágeis filamentos que nos unem a um patamar superior onde já estivemos e ao qual queremos voltar.

O que pode ser feito

Durante esta semana, o Jornal Ciclismo apresentou algumas medidas que poderiam ser implementadas. Como vem sendo hábito, o artigo não é assinado e eu parto do princípio que o artigo é da autoria de José Santos, director desportivo do Boavista de João Cabreira e director do site que desde a Volta a Portugal vem lançando suspeitas sobre a equipa de Tavira.

Uma das propostas apresentadas passa por permitir que apenas 60% dos corredores de cada equipa sejam profissionais, argumentando que facilitaria a criação de equipas e aumentaria o número de profissionais, se em vez de quatro equipas de dez profissionais houvesse sete equipas de seis profissionais (42 no total) e quatro amadores. Porém, esse raciocínio é desenvolvido sobre duas grandes mentiras: a primeira, de que o salário mínimo é respeitado, pois todos sabemos que muito poucos corredores estão a ganhar os mil euros mensais estipulados como mínimo; a segunda, que os corredores recebem doze salários por ano, quando na verdade apenas recebem oito ou nove, conforme os casos. Retirar as poucas condições que têm a 40% dos profissionais, não é tolerável.

Proponho eu uma alternativa: e se em vez do actual salário mínimo de mil euros que não é respeitado, porque não baixar esse salário para 700 ou 600€ mas com um controlo apertado para ter a certeza de que ninguém passa daí para baixo? Pode parecer muito pouco e é mesmo muito pouco, mas mais de metade do pelotão nacional está a receber menos do que isso. Ao baixar o mínimo estipulado pelo regulamente, talvez aqueles poucos que estão a cima dele vejam o seu salário reduzido, mas ao aumentar a vigilância para que o novo mínimo seja cumprido, estar-se-á a proteger os corredores e a aumentar a qualidade do pelotão e das corridas. Assim, em vez das equipas contratarem quem aceita correr por menos, contratariam quem tem qualidade. Sim, é verdade que, para o regulamento ser cumprido no que toca ao salário, é necessário que alguém denuncie as ilegalidades e quem aceitou correr de borla não denunciará a situação. Mas e se a denúncia partir dos corredores que vão para o desemprego por não aceitarem submeter-se a esta falta de condições? É uma hipótese.

Como medida de auxílio às equipas, poderiam ainda aceitar que o limite fosse ligeiramente inferior para corredores no primeiro ano de profissionalismo, sendo que não poderia haver mais do que dois corredores por equipa nesta situação (apesar de poderem ter quantos neo-pros quisessem) e que os contractos destes teriam que ser de dois anos e no segundo ano com o mínimo “normal”. Assim, as equipas mais facilmente daria oportunidades aos mais novos e escolheriam quais os sub-23 que mereciam essa oportunidade, pois não os poderiam descartar no final da primeira temporada. Não existindo obrigatoriedade de ter neo-pros, esta medida consistiria apenas numa forma de baixar os gastos das equipas que a quisessem aproveitar e de promover a renovação do pelotão nacional.

A Volta a Portugal

Como todos sabemos, o ciclismo português depende essencialmente da Volta a Portugal e este ano tivemos uma Volta a Portugal disputada entre uma dúzia de corredores, o que apaixona pouca gente. É importante subir o nível da prova sem aumentar os custos, se possível, até reduzindo.

Em 2012, continuará a ser difícil atrair equipas estrangeiras de qualidade aceitável, pois a Volta a Portugal continua a ter doze dias. O problema não é coincidir coma Vuelta, o problema é ter doze dias e enquanto assim for coincidirá sempre com outras provas. Em relação ao ano passado, continua a sobrepor-se à Volta a Dinamarca, importantes provas por etapas francesas e clássicas italianas, sendo a diferença principal que, em lugar de coincidir com o final da Volta à Polónia e início do Eneco Tour, coincide com a Vuelta. Na prática, já era como se coincidissem em 2011, pois a distância era tão pouca que todas as equipas preferiam usar a Volta a Burgos como preparação para a Vuelta e só vinham a Portugal dois ou três corredores que desistiam a meio e depois estariam na Vuelta. Esta situação é até melhor se considerarmos que Euskaltel e Movistar poderão correr em simultâneo a Vuelta e a Volta (se nisso tiverem interesse), enquanto anteriormente era demasiado carregado fazer Polónia, Eneco, Burgos, Portugal e Espanha.
Uma grande vantagem em relação a 2011 é que Burgos 2016 e Orbea poderão estar presentes, o que não aconteceu no ano passado por estarem a correr a Volta a Burgos. Por serem equipas com onze ou doze corredores, não podem correr duas provas em simultâneo mas, uma vez que não podem correr a Vuelta por serem apenas continentais, poderão estar na Volta.

Para manter a Caja Rural e a Andalucia presentes e facilitar a vinda de outras equipas, como as já referidas Movistar e Euskaltel (sem as grandes figuras, evidentemente), uma boa medida passava por reduzir o número de corredores por equipa de nove para oito, como sugere o Jornal Ciclismo (no meio de tanta coisa, nalguma hei-de concordar com eles). Equipas de nove para a Volta a Portugal é um hábito antigo sem qualquer lógica no panorama actual, em que apenas nas três grandes voltas e na Volta a Portugal as equipas são de nove elementos. Reduzindo para oito o número máximo, os custos para a organização seriam menores.

Se alterar o limite máximo de corredores apenas depende do organizador, a última medida que proponho depende de autorização especial da UCI. Muito se tem falado se a Volta se deve manter na categoria 2.1 ou baixar a 2.2, permitindo assim a presença de equipas amadoras. Se assim fosse, os custos seriam menores para a PAD e mais equipas e corredores portugueses poderiam correr a prova, mas com isto ninguém se interessaria em fazer equipas profissionais. Quem é que quereria fazer uma equipa profissional, se com uma amadora poderia correr todo o calendário, excepto Volta ao Algarve e duas ou três provas em Espanha às quais costumam ir? Rapidamente Boavista e Tavira (que por esta altura ainda procuram patrocinadores principais) baixariam as suas equipas para o escalão amador, seguir-se-ia Efapel, Paredes e dificilmente apareceria alguém interessado em fazer uma equipa profissional, acabando assim o ciclismo profissional em Portugal.

O que eu proponho, e que teria que ser autorizado pela UCI, é que, perante a situação extraordinariamente grave em que o país se encontra, se permitisse que duas ou três equipas amadoras disputassem a Volta. Haveria um Ranking até aos Campeonatos Nacionais e as duas ou três equipas amadoras que mais pontos somassem teriam direito a participar na Volta, com uma equipa sobretudo de corredores sub-23 e apenas dois que ultrapassem essa idade. Assim sendo, as equipas profissionais e que querem vencer a Volta a Portugal, continuariam a ter a vantagem de levar conjuntos teoricamente mais fortes, as melhores equipas amadoras teriam a hipótese de correr a Grandíssima e ter um maior retorno publicitário, os jovens sub-23 teriam mais hipóteses de se mostrar e a PAD teria mais equipas portuguesas, o que baixaria os custos da prova. Não é fácil, mas para situações extraordinárias, medidas extraordinárias. Há que tentar.

Terminado mais um extensíssimo texto, que venham daí as vossas opiniões sobre estas sugestões e outras de vossa autoria.

PS: Obviamente a redução de custos com policiamento seria um importante alívio para os organizadores e com isso todos concordamos, por isso nem vale a pena ir por aí.

9 comentários:

  1. É duvidoso que qualquer proposta referente a pagamentos de ciclistas tivesse qualquer efeito prático. Há quem minta tranquilamente e afirme ganhar o que estipula o regulamento, tudo para poder pedalar nas melhores corridas. E, o que é mais grave, algumas situações são conhecidas pela FPC. Mas até eu corro de borla! É certo que sou amador, só pedalo nos passeios de cicloturismo e já passei há muito a idade de ser competitivo. A equipa paga o transporte e o almoço, mas do resto cuido eu (e restantes elementos): bicicleta e respectiva manutenção. Mas, se alguém me perguntasse se estaria disposto a disputar a Volta a Portugal nessas mesmas condições, não sei se recusaria tal proposta. E se eu, cujo prazo de validade está chegando ao fim, penso desta maneira, como condenar um jovem que sonha em ganhar a nossa maior competição velocipédica e, quem sabe, seguir uma carreira internacional? Mesmo que para isso tenha de ser a família a sustentar o início da carreira desse jovem. Aliás, tal como sucede em tantas outras actividades económicas.
    Concordo com a análise do que poderá acontecer caso a nossa Volta desça de escalão. Mas duvido que a solução proposta seja aceite sequer pela FPC, quanto mais pela UCI!
    Finalmente, apresento uma dúvida: o número de nove ciclistas na Volta é máximo ou é obrigatório? Como o problema da falta de dinheiro não é novo, se o número de ciclistas era máximo, qual seria o argumento para que as equipas economicamente mais débeis apresentassem sempre nove elementos? Isto é, porque motivo não traziam só oito ou mesmo sete elementos para a nossa prova?

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  2. Caro Conan, aceitar que se corra de borla, por 200 ou 300€ é contribuir para a bola de neve que vai engolindo o ciclismo português.

    Quanto ao número máximo de corredores: ora se o máximo é nove e há um ou dois que aceitam carregar bidões de borla, a equipa leva nove. Se uma equipa faz isto, a outra não quer ter só 8, porque estaria em desvantagem, e leva 9 no mesmo esquema. A terceira equipa... pois, ninguém quer estar em desvantagem e, existindo a possibilidade de levar alguém sem pagar, levam. As equipas World Tour, que têm 9 corredores na Vuelta (ou a preparar-se para isso) e 8 noutra prova, precisariam de mais 8 ou 9 corredores para estar na Volta a Portugal. As equipas Continentais Profissionais, mesmo que só tenham 8 ou 9 corredores em prova em simultâneo com a Volta, precisam de mais 8 ou 9 para estar na Volta e há que contar que há sempre com lesões, corredores em período de descanso, etc. Baixando o limite para 8, as equipas estrangeiras que apenas tragam 7 corredores já não partem em tão grande desvantagem e torna-se mais atractivo virem à prova.

    Cumprimentos.

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  3. Realmente é verdade que o ciclismo em Portugal está a passar maus dias, mas temos que acreditar que a situação vai melhorar e que as equipas que resistirem por agora terão oportunidade, quando crise passar(a questão é mesmo quando), serem a alavanca para o nosso ciclismo se reerguer. Mas na minha opinião não foi só a crise que tramou o ciclismo português, mas também o doping. À custa disso acabaram a Maia-Milaneza, que nessa altura acho que até tinha o nome de LA-MSS - teve corredores como Cabreira, Tondo, Joan Horrach,Claus Moller, Rui Lavarinhas e que em 2003 consigo encher o pódio da Volta com corredores seus - e a Liberty-Seguros - tinha Nuno Ribeiro (parece que regressa ao activo para o ano), Hector Guerra, Cândido Barbosa, Sérgio Paulinho, David Arroyo (2º na Volta de 2004 e vencedor na Senhora da Graça, na Torre e das classificações da Juventude e Montanha), Ruben Plaza, Koldo Gil - duas das melhores equipas portuguesas nesta última década. O Benfica também foi um projecto falhado que se tivesse dado bom resultado seria uma grande ajuda para o nosso ciclismo, porque tinha muito dinheiro envolvido e bons corredores na equipa, mas infelizmente o José Azevedo não consegui ganhar a volta e foi tudo por água abaixo.

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  4. Obrigado pelo comentário, Davide.

    Quanto à LA-MSS e à Liberty Seguros, quem anda à chuva molha-se. Independentemente de quem foram os responsáveis (médicos ou directores), houve doping e por isso os projectos acabaram. Quanto ao Benfica, o problema não foi o Azevedo não ter ganho a Volta. Já falei disso, no artigo Ciclismo profissional em Portugal: que futuro? (http://carrovassoura.blogspot.com/2011/08/ciclismo-profissional-em-portugal-que.html, primeiro parágrafo da secção "Sobre as provas"), recomendo a leitura.

    Cumprimentos

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  5. Pois quanto ao doping sou da mesma opinião que tu, cada um segue o caminho que quer depois que acarrete com as consequências. Mas apenas queria realçar o facto de essas duas equipas terem prejudicado nosso ciclismo o facto optando pelo método mais fraudulento. Quanto à Lagos Sport parece que o senhor João Lagos só percebe de ténis. Todos os anos no Estoril Open vemos grandes estrelas do ténis (o que não tem nada de mal e dinamiza uma modalida de que parece estar em crescendo no nosso país), mas na Volta as caras são sempre as mesmas não existe uma figura que venha dinamizar a nossa corrida, as últimas estrelas do pelotão internacional que passaram por Portugal devem ter sido o Cunego em 2009, num ano que não foi particularmente brilhante para o italiano e o Petachi após a suspensão por doping que veio fazer a mesma coisa que Thomas Dekker este ano, cicloturismo. E se a questão é dinheiro não percebo, porque ter trazido o Federer dois anos seguidos ao Estoril quando este era o nº1 Mundial não deve ter sido nada barato. Mas de pois já se sabe quando chegar a Volta a Portugal ele vai lá dar a cara pelo "árduo trabalho desenvolvido para reunir as melhores equipas na nossa Volta e os nome mais sonantes".
    Apesar de eu achar que a Volta também precisa de ter um percurso mais variado, as etapas duras são sempre Torre e Sra da Graça até parece que não há mais montanha em Portugal.
    Já que o ciclismo está parado e não há muito para comentar penso que dois temas que eram interessantes e que merecem comentário: o mercado de transferências e todas a as movimentações e fusões e fim de equipas e também podias falar dos percursos de Giro e Tour e outras provas que já foram apresentadas, basicamente uma análise a nova época e quem poderá surgir e quem já deu o que tinha a dar, quem vai ganhar tudo (ou não). Isto são só algumas ideias de temas por agora antes da nova época velocipédica começar.

    Espere que este blog continue com a qualidade que tem tido até agora. Desde de que comecei a dar aqui uma olhadela (desde do final do Giro) tenho gostado muito do que aqui se escreve.

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  6. Um esclarecimento: eu não advogo que no ciclismo profissional possam existir ciclistas a pedalar de borla; limitei-me a referir que duvido que qualquer medida nesse âmbito desse algum resultado prático. Até porque a FPC sabe perfeitamente desta e de outras falcatruas, como as inscrições de ciclistas que afinal são mecânicos e outras coisas do género. A própria FPC comete ilegalidades e imoralidades; até há bem pouco tempo a FPC não tinha homologado a Volta de 2009 e, por isso, não tinha pago os respectivos prémios. Não sei se ainda está assim, mas na página oficial da FPC ainda aparece o Nuno Ribeiro como vencedor e as respectivas fotografias ainda lá estão. Portanto, a meu ver, a FPC contribuiu activamente para o ciclismo nacional chegar a esta encruzilhada; penso que só será possível adoptar soluções válidas que dinamizem o ciclismo profissional quando todos os elementos desta direcção forem definitivamente afastados.
    Não posso no entanto concordar com as vossas conclusões (Davide Gomes e Rui Quinta) em relação à droga, quando se referem à LA-MSS. Onde estão as condenações formais dos autores materiais? Não há. Nada existe, como se demonstrou em tribunal. Provou-se que as acusações contra a LA-MSS foram falsas e todo o processo constituiu uma fraude. Uma fraude com um claro objectivo: afastar o Manuel Zeferino, provavelmente o melhor director desportivo (DD) português de sempre. E queimar um grupo de ciclistas que eram a imagem do DD. Muita gente que ama o ciclismo sentiu a injustiça que se congeminou lá para as bandas de Campolide, como se viu logo nesse ano, com pessoas empunhando cartazes de protesto em várias provas, contra a situação e contra a FPC. Recordo-me especialmente do esforço do realizador da RTP para evitar a todo o custo que esses cartazes tivessem direito a tempo de antena. Mas quem esteve na estrada viu os cartazes, ouviu a revolta. Depois seguiu-se o triste episódio do Cabreira, em que até se inventou a figura do produto utilizado que pode mascarar a presença de outro. E o que dizer dos 15 anos de suspensão ao Pedro Lopes?! Isso, sim, contribuiu muito para desacreditar a modalidade. Quem quer apoiar uma modalidade em que quem não diz "amén" ao buda é perseguido desta maneira?
    Para que não haja qualquer confusão em relação a este assunto, esclareço que não nutro qualquer simpatia pessoal pelos dois primeiros personagens citados. Bem pelo contrário. Mas entendo que a justiça tem de estar acima de simpatias ou gostos.

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  7. Caro Conan, já aqui debatemos esse tema. Foi encontrado um saco de produtos proibidos na casa do Pedro Cardoso, que disse que o tinha recebido da parte do médico sem saber o que continha. Se o tribunal acredita que o ciclista não sabia o que lá estava e o médico também não tem responsabilidade... ok, eu não acredito.

    Além do mais, as amostras de urina do João Cabreira tinham proteases e o Rogério Batista acusou EPO. Aceito a opinião de toda a gente, mas contra factos não há argumentos. Não se tratou de uma operação da autoria de A ou B para acabar com a equipa X ou Y. Houve doping na Liberty Seguros e na LA-MSS. É facto. Ponto final quanto a isso.

    Caro Davide, obrigado pelo comentário. Tentarei sempre que a qualidade não diminua ;)

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  8. O ciclismo está a melhorar, mas podia estar melhor... os ciclistas no meu ponto de vistas ganham bem , só que as equipas é que dizem que ganham pouco porque para arranjar mais patrocinadores e assim, eu penso assim !!

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  9. O que se passa actualmente com a cobertura mediática dáda ao ciclismo é confrangedor.Há poucos anos atrás não só a Volta a Portugal,mas tambem outras provas como os grandes prémios sport noticias,JN,Abimota,Correio da Manhã,PT ou as Voltas ao Minho,Algarve ou Alentejo,esta ultima onde me desloquei propositadamente em 1996 para ver ao vivo o meu idolo MIGUEL INDURAIN,movimentávam um muito maior interesse por parte da comunicação social,nomeadamente por parte da SIC e da RTP.O desaparecimento de algumas equipas de grande qualidade como a U.C.MAIA,LIBERTY e as esporádicas aparições do S.L.BENFICA que proporcionavam muito maior despique ,fez tambem que o interesse quer dos meios de comunicação social,quer dos organizadores e patrocinadores baixasse drásticamente.A cobertura que a VOLTA a PORTUGAL tem actualmente em nada é comparavel áquilo que sucedia durante o final da década de 80,década de 90 e até há 5 ou 6 anos atrás.

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