sábado, 19 de janeiro de 2013

Os embaixadores do ciclismo português

A Volta à Suíça foi o ponto alto da temporada para os tugas
Se no ano passado fiz o artigo "Dez Tugas lá fora", este ano o número de ciclistas portugueses a correr no estrangeiro aumentou para 15, um número que por várias razões seria impensável há meia dúzia de anos atrás. Uns são jovens estreantes, outros estreantes não tão jovens e outros são valores seguros com um lugar conquistado no panorama internacional. Vamos a eles!

World Tour


Tiago Machado (Radioshack)

Aos 27 anos, Tiago Machado já vai para a sua nona temporada enquanto profissional, quarta na Radioshack, e tem presença marcada para a Volta a Itália. Passar a profissional aos 19 anos faz com que um ciclista se desenvolva mais cedo do que a maioria e aos 27 anos já esteja muito próximo do seu melhor desportivamente, mas por outro lado também permite que já tenha um lugar de destaque no pelotão.

Tenho a opinião de que a Radioshack deveria apostar no Tiago para as provas de uma semana, em vez de focar a sua temporada em qualquer grande volta, porque os seus melhores rendimentos são em contra-relógio e média montanha, mas não em etapas com muitas montanhas nem em grandes altitudes. Aliás, em Portugal sempre se deu melhor na Senhora da Graça do que na Torre. Não quer dizer que não participe numa grande volta, mas não me parece a melhor opção centrar aí a temporada.
Tiago Machado foi 3º no Tour Down Under 2012

Se olharmos para os resultados do Tiago nas suas três temporadas na Radioshack, não há dúvidas de que os seus melhores foram em provas de menor duração, sobretudo no primeiro ano, quando não disputou nenhuma grande volta. E analisando o plantel da Radioshack, parece-me uma das melhores apostas para liderar a equipa nas provas de uma semana como Paris-Nice, Tirreno-Adriático, Catalunha, País Basco, Romandia ou Polónia. Sem esquecer que todos os pontos são importantes para a equipa continuar como World Tour... e para cada ciclista continuar a ter valor de mercado.

Nelson Oliveira (Radioshak)

Em primeiro lugar, espero que o Nelson Oliveira tenha mais sorte do que em 2012 e as lesões não condicionem a sua temporada.

O Nelson já mostrou ser um contra-relogista de grande qualidade e em princípio ainda tem mais dois ou três anos de franca evolução. Desde o início da sua carreira que é um exímio contra-relogista mas nas camadas jovens também subia de forma razoável, pelo que acredito que ainda evoluirá neste campo. Não para ser um trepador, mas para poder disputar boas classificações em provas decididas em contra-relógio e com algumas colinas, como o Eneco Tour e outras semelhantes.


Ricardo Mestre (Euskaltel-Euskadi)

Ricardo Mestre, um estreante além-fronteiras, foi um dos escolhidos para integrar o novo projeto da Euskaltel, forçada a abrir as portas a estrangeiros para se manter no World Tour. Porém, contratar todos os anos gregos, marroquinos e eslovenos pelos pontos que acrescentam à equipa não me parece a melhor solução a longo prazo. A Euskaltel não pode ficar dependente das prestações de Samuel Sánchez, Igor Antón e Mikel Nieve nas três grandes voltas e na Volta ao País Basco. Veja-se o caso de Txurruka, que não é soberbo mas é um bom ciclista e foi recentemente excluído dos planos da Euskaltel por falta de pontos, depois de anos e anos em que a equipa o forçou a concentrar-se no Tour e na Vuelta, onde era muito combativo mas não conseguia triunfar.


A Euskaltel tem um leque de ciclistas a quem devem ser dadas várias oportunidades ao longo do ano, para bem da própria equipa. Mestre é um desses ciclistas, tal como Mikel Landa,  Garikoitz Bravo, Gorka e Ion Izagirre ou Juanjo Lobato.

Rui Costa (Movistar)

O Rui Costa é o símbolo maior do ciclismo nacional e um dos melhores ciclistas do mundo, com um palmarés por todos bem conhecido. Veio mostrar aos portugueses que uma vitória no GP Montréal ou na Volta à Suíça é muito mais prazerosa do que um 10º lugar numa grande volta.

Em 2012 foi o 10º melhor do World Tour e não apenas por um ou outro grande resultado esporádico, mas sim por uma grande regularidade. Não será nada fácil repetir o êxito do ano passado, não seria para ninguém, mas a consistência dos grandes desempenhos nas últimas temporadas deixa óptimas prespetivas para 2013.


Bruno Pires (Saxo-Tinkoff)

Com a entrada do Tinkoff Bank para patrocinador da equipa, Bjarne Riis ganhou poder económico para se reforçar e não fez por pouco: Kreuziger, Michael Rogers, Nicolas Roche. Estes três deverão entrar diretamente para a equipa que apoiará Alberto Contador no Tour, o que reduz as esperanças de 2013 marcar a estreia de Bruno Pires na Volta a França. Ainda assim, parece certo que o português estará presente numa grande volta (pelo menos) e sem Contador terá maior liberdade para fazer a sua corrida.





Sérgio Paulinho (Saxo-Tinkoff)

Apesar do reforço da equipa para a montanha, Sérgio Paulinho já tem um lugar assegurado junto de Alberto Contador para o seu principal objetivo da temporada, que em 2013 será o Tour. Prespetiva-se então mais uma temporada no apoio ao líder, como já vem acontecendo desde 2007.





Continentais Profissionais


André Cardoso (Caja Rural)

Depois de uma época de estreia em que disputou a Volta a Espanha, Catalunha e País Basco, no ano que está a começar espero um rendimento mais elevado, aproveitando a experiência adquirida.

Manuel Cardoso (Caja Rural)

Apesar do título nacional, 2012 foi um ano modesto quando comparado com os dois anteriores. Juntamente a Francesco Lasca, Manuel Cardoso será um dos sprinters da equipa, que espera que seja mais regular e esteja mais frequentemente na discussão dos primeiros lugares.

José Mendes (NetApp-Endura)

O ano não começa bem para a NetApp, com a recusa à participação no Giro d'Itália, mas a equipa alemã terá muitas provas por etapas onde será interessante ver o rendimento de José Mendes. Tirreno-Adriático e Volta à Polónia deverão ser as únicas World Tour, mas Volta à Califórnia, Semana Coppi & Bartali, Giro del Trentino, Volta à Áustria ou Grã-Bretanha também deverão estar no calendário da NetApp. Veremos o que faz José Mendes nesta segunda aventura internacional.


Continentais


José Gonçalves (La Pomme Marseille)

Uma equipa continental para o campeão nacional de contra-relógio, que não lhe permite disputar nenhuma prova World Tour mas que abre as portas a muitas provas de bom nível, como a Volta ao Mediterrâneo, Criterium Internacional, Volta à Noruega, Volta a Limousin e muitas provas da Taça de França. Será muito bom para o seu desenvolvimento disputar provas de maior qualidade e com maior frequência do que proporciona o calendário português.

Fábio Silvestre (Leopard-Trek)

O calendário de Fábio Silvestre deve ser muito semelhante ao de 2012, um pouco por toda a Europa, mas agora com maior liberdade. Na última temporada obteve sete resultados entre os 10 primeiros, dos quais se destacam um segundo lugar no Giro del Friuli e um quarto lugar no Paris-Tours sub-23. Uma quase vitória e um quase pódio numa prova de referência para os mais jovens.

Amaro Antunes, António Barbio, Pedro Paulinho e Rafael Reis (Ceramica Flaminia)

A Ceramica Flaminia deverá ter um calendário muito interessante para o desenvolvimento destes quatro jovens portugueses, sobretudo em provas italianas mas também com algumas vindas ao nosso país. Amaro Antunes e Pedro Paulinho são os mais velhos, com 22 anos, e deles poderemos esperar que se destaquem entre os das suas idades. António Barbio e Rafael Reis são mais jovens, com 19 e 20 anos, e há que dar tempo até conseguirem confirmar no pelotão elite o talento exibido nas camadas jovens.

*****
O artigo anterior sobre os jogos Zweeler gerou interesse e como prometido criei as sub-ligas para o Tour de San Luis e para Tour Down Under, faltando apenas criar a sub-liga para o Jogo do Ano, que criarei nos próximos dias (esse jogo começa apenas a 3 de Fevereiro). Alguns esclarecimentos sobre as sub-ligas:

- Quem pode criar uma? Qualquer pessoa;
- Quem pode entrar? Qualquer pessoa (exceto se for privada e pedir palavra-passe);
- Quanto se paga para entrar? Nada;
- O que ganha o Carro Vassoura com a sub-liga? Nada;
- Para que servem as sub-ligas? Para uma competição saudável entre um grupo de amigos e, se formos uma das melhores, as cinco melhores equipas são premiadas.

Para já as sub-ligas do Carro Vassoura estão sem palavra-passe. Para competir com as outras sub-ligas teremos que ter pelo menos 5 equipas e, como não sei se conseguiremos já nas primeiras provas do ano, optei por deixar a participação aberta a qualquer pessoa. Se a participação superar as expetativas, as próximas já terão palavra-passe. (correção: é obrigatório ter palavra-passe. A nossa é "vassourinhas").

Sub-ligas para Tour de San Luis
Sub-ligas para Tour Down Under

1 comentário:

  1. Vai ser complicado para o Rui Costa ter o mesmo desempenho,já que deixou de ser um valor a quem os grandes nomes não ligavam.Agora passou a ser um ciclista a quem o pelotão olha de outra maneira.Quanto aos outros ciclistas,concordo plenamente que o Tiago Machado deveria focar a sua epoca nas provas de uma semana,já que foi nestas onde apresentou melhor rendimento.No resto,Sergio Paulinho irá mais uma vez ser um dos trabalhadores para Contador no Tour,enquanto que dos restantes esperamos durante a temporada algum resultado de maior relevo.

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