sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um olhar sobre as equipas portuguesas

Em 2012 terminou assim
Arranca no domingo a temporada portuguesa de 2013, com a 3ª edição do Troféu Cidade de Loulé, prova que em 2011 sucedeu ao Troféu RTP-Algarve enquanto Prova de Abertura. Altura ideal para falar sobre as equipas que este ano formarão o pelotão nacional.




Antes de mais, um elogio para a Associação de Ciclismo do Algarve e para a Câmara Municipal de Loulé, que conseguem manter na estrada esta prova, tarefa especialmente difícil depois da RTP-Algarve ter deixado de patrocinar a Prova de Abertura. Perante toda a situação que se vive em Portugal e com a Volta ao Algarve tão próxima, levar para a estrada a Prova de Abertura requer um esforço da ACA de louvar, tal como a aposta da autarquia de Loulé.


Equipas Continentais

Carmim-Tavira

Parecia que o CC Tavira ia ter um reforço financeiro através de um parceiro chinês mas agora parece que ficou na mesma situação que o chinês do Futre.

Sem dinheiro que permita fazer uma equipa tão boa como em outros anos, a Carmim-Tavira parte para 2013 com ambições mais modestas, visando as vitórias em etapas e classificações secundárias. Bruno Sancho será o sprinter de serviço depois da saída de Samuel Caldeira, David Livramento será a aposta para as etapas de montanha e veremos do que são capazes Daniel Mestre, Henrique Casimiro e João Pereira. Nas camadas jovens todos eles deram nas vistas e, depois de alguns anos a trabalhar para os seus colegas, agora  terão maior liberdade.

Diogo Nunes, Valter Pereira, Tomas Metcalfe e os neo-pro João Rodrigues e Rubén Silva  completam a equipa, enquanto David Blanco espera que se reúnam condições para se juntar à equipa.


Efapel-Glassdrive

A Efapel-Glassdrive fez uma equipa para repetir o nível de sucesso de 2012. Com três terceiros lugares no palmarés (2002, 2011 e 2012), Rui Sousa voltará a tentar a vitória na Volta a Portugal, tal como Hernâni Brôco, 5º em 2010 e 2011.

Sem Sérgio Ribeiro, Filipe Cardoso torna-se o principal sprinter e Marco Cunha o plano B, nesta sua terceira tentativa de vingar no pelotão profissional. Completa com Sérgio Sousa, César Fonte, Nuno Ribeiro, Ricardo Vilela, Jóni Brandão, Sandro Pinto e Arkaitz Duran, a Efapel-Glassdrive é uma equipa que pode ganhar qualquer prova nacional em que participe (com exceção da Volta ao Algarve, que é de nível World Tour).

Carlos Pereira tem vindo a mostrar-se um grande diretor desportivo e também não deverá ser por sua culpa que o talento dos ciclistas não se transformará em sucessos desportivos.


LA Alumínios-Antarte

Depois do que se viu na última Volta a Portugal, a LA Alumínios-Antarte tem em Hugo Sabido um homem para lutar pela vitória na maior prova do calendário nacional. Relativamente a 2012, perdem Vergílio Santos mas certamente Hugo Sabido será agora um ciclista mais confiante para preparar a Volta.

Edgar Pinto e o vice-campeão nacional António Carvalho, dois homens rápidos mas mais do que apenas sprinters, serão importantes para o sucesso da equipa na conquista de triunfos, e a LA conta com um bom conjunto de equipiers: António Amorim, Márcio Barbosa, Hugo Sancho, Bruno Silva e os estreantes Luís Afonso, André Mourato e Rafael Silva (vencedor da última Volta a Portugal do Futuro). Os quatro últimos também eram ciclistas de destaque nas camadas jovens e não é de excluir a hipótese de começarem eles mesmo a lutar por bons resultados.


Louletano/Dunas Douradas

O Louletano volta a ter equipa continental, agora com os caça-etapas Sérgio Ribeiro e Jorge Montenegro como líderes. Em seu torno terão alguns ciclistas experientes e outros muito jovens.

Luís Silva, Raul Alarcon, Micael Isidoro e Rui Vinhas dispensam grandes apresentações: quatro homens com experiência no pelotão nacional a quem se pedirá que prestem apoio aos líderes. Também experientes são o espanhol António Olmo e o chileno Carlos Oyarzun. Olmo transita da equipa amadora do Louletano, depois de ser profissional na Comunidad Valenciana, Andalucia e Boyaca (Colombia). É uma jovem promessa de 30 anos (não é erro, é ironia). E Carlos Oyarzun está a ser tratado como um grande ativo com o grande cartão de visita de ter corrido na Movistar, ter disputado um Giro e vários Campeonatos do Mundo. Curiosamente, quando chegou à Movistar a sua grande especialidade era ser chileno e a Movistar (empresa) estar a investir no mercado sul-americano. Tem 31 anos, é contra-relogista mas não contem com ele como ameaça para o pódio na Volta.

A equipa fica completa com os jovens Vítor Valinho (ex-campeão nacional de juniores), Eujeniu Cozonac, Iúri Jorge, Fábio Leaça e Dominic Mestre. Alguns com boas indicações nas camadas jovens e outros que não entendo o que vão fazer numa equipa profissional.


OFM-Quinta da Lixa

Montar uma equipa continental era o grande desejo de José Barros desde alguns anos a esta parte e finalmente conseguiu, depois de alguns anos em que até para registar a equipa como sub-23 houve dificuldades.

A OFM-Quinta da Lixa tem como principais ativos Samuel Caldeira e Alejandro Marque, mas também Délio Fernández e Mário Costa, com alguma esperança sobre o que fará Eduard Prades, vencedor da Copa de Espanha para sub-23 e amadores em 2012. Hélder Oliveira e Luís Fernandes são homens a ter em conta para classificações secundárias, ficando a equipa completa com os jovens Rui Barros, Gualter Carvalho e João Matias.

João Cabreira, que foi apresentado como líder da equipa, terminou carreira.

(editado às 23:38 de 08/02/13: apesar de ainda não aparecer como inscrito no site da Federação, Gustavo Cesar Veloso também correrá pela OFM-Quinta da Lixa em 2013. É contra-relogista e já correu na Carvalhenhos-Boavista, Relax, Kaiku, Xacobeo e Andalucia.)


Rádio Popular-Onda

Apesar das dificuldades, a histórica equipa do Boavista continua na estrada, agora como Rádio Popular-Onda. Terá dez ciclistas e cinco estreiam-se enquanto profissionais, quatro deles ainda em idade sub-23: Gonçalo Amado, Carlos Carneiro, Ricardo Ferreira e Nuno Bico (+ Adrian López).

O líder será Daniel Silva, um homem forte para o pódio na Volta a Portugal, auxiliado por Vergílio Santos, Célio Sousa, Domingos Gonçalves, David Gutierrez e os reforços que devem estar para chegar ainda esta noite ou amanhã. Tendo em conta que o número mínimo de ciclistas com contrato profissional é sete, ou faltam chegar dois ciclistas profissionais, ou dois dos cinco jovens neo-pro têm contrato profissional... ou dois dos jovens foram inscritos como profissionais e vão receber com amadores. É uma questão de esperar para se confirmar a terceira hipótese.


Equipas de Clube

Com o Louletano e a OFM a passarem a continentais e o final da ASC-Vila do Conde, este ano haverá apenas quatro equipas de clube (sub-23 e elites amadores): Anicolor Mortágua, 
Cartaxo/Clube Ciclismo José Maria Nicolau, Liberty Seguros/Feira e Maia/Bicicletas Andrade.

A Liberty Seguros continua a ser a mais forte equipa desta categoria, com Frederico Figueiredo, Leonel Coutinho, Samuel Magalhães e David Rodrigues em maior destaque mas também o campeão nacional de juniores Ruben Guerreiro. Já na Anicolar os maiores destaques vão para João Leal, Nuno Meireles e Daniel Freitas, enquanto o Cartaxo e a Maia apresenta equipas mais modestas, visando a formação.

Parabéns a todas as pessoas que ainda apostam no ciclismo de formação. Raramente são lembrados, mas são estes diretores e patrocinadores que possibilitam que apareçam os Ruis Costas, Tiagos Machados e Sérgios Paulinhos.


3º Troféu Cidade de Loulé

Este ano o Troféu Cidade de Loulé terá um percurso diferente mas ainda assim à medida dos sprinters. A única contagem de montanha está ao km 21 mas a subida mais difícil está ao km 53, onde os ciclistas encontrarão rampas semelhantes ao Malhão, mas em menor extensão (1,2 km, salvo erro).

Além das equipas anteriormente referidas, estará presente uma seleção nacional, a amadora britânica Zappi Pro Cycling e a amadora Xelb, equipa de BTT de Silves (que durante o domínio muçulmano se chamava Xelb e daí vem o nome).

Se a Zappi e o Clube Xelb vão apenas para participar e correr um dia com os profissionais, o mesmo não se pode dizer da seleção composta por Tiago Machado, Ricardo Mestre, Sérgio Paulinho, Manuel Cardoso, André Cardoso e Fábio Silvestre.

No início da época é sempre muito difícil apontar um favorito à vitória, porque não se sabe o estado de forma de cada um e alguns não conseguem treinar a 100% no inverno, mas o campeão nacional Manuel Cardoso coloca-se como principal favorito à vitória.

Se tivesse que apostar em mais alguém seria em Samuel Caldeira. Vencedor no ano passado, a correr no seu Algarve, certamente entusiasmado com a mudança de equipa... cuidado com ele. Filipe Cardoso, Bruno Sancho, Jorge Montenegro, Sérgio Ribeiro, Fábio Silvestre ou António Carvalho também têm condições para estar nos lugares da frente.

Por último, elogiar a iniciativa da Federação Portuguesa de Ciclismo em colocar esta seleção na Prova de Abertura. É bom para os ciclistas porque ganham mais quilómetros de competição, é bom para a prova porque atrai mais interesse e é bom para a Federação porque rentabiliza o investimento da Liberty Seguros, patrocinador da seleção. Lá mais para a frente não será tão fácil ter outra oportunidade de juntar os emigrantes portugueses, mas havendo a possibilidade, é de aproveitar.

4 comentários:

  1. Mais uma vez uma excelente analise concordando eu com ela em praticamente todos os pontos!

    Duas questões, o Santi Perez sempre não vai alinhar pelo Louletano??(Felizmente digo eu)

    Quanto ao David Blanco, existe mesmo a possibilidade de alinhar na equipa do Tavira, se houver patrocinador penso eu, e se não houver, ele acaba carreira ou acaba a correr na mesma?Já agora, o tavira deixou de ter patrocinioda Prio energi?

    Gostei da teoria (que é a realidade) sobre o Boavista eheheehh

    Grande esforço da ACA que merece mesmo ser louvado, e já agora grande esforço que os amigos do Xelb vão fazer : ) mas é sempre uma boa experiencia para eles, um ponto positivo para a organização neste aspeto!

    E votos de uma boa época!

    ResponderEliminar
  2. O Santi Pérez não está inscrito pela equipa, não foi apresentado e não apareceu na Prova de Abertura. Parece que não vai alinhar pelo Louletano (felizmente, digo eu também).

    Em primeiro lugar terá que chegar um novo patrocinador que permita pensar em contratar o Blanco. Sem isso, nada feito. E penso que a Prio deixou mesmo de patrocinar.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  3. A minha análise à composição das equipas nacionais:


    Carmim-Tavaira - Parece-me em termos globais a equipa mais fraca das 6..David Livramento é um bom trepador mas apenas isso, nunca será um líder para a Volta, se se agarrarem apenas a ele dificilmente lutarão pela vitória na Volta. Terão que encontar soluções nem que seja na reabertura do mercado em junho.

    Efapel-Glassdrive - O ano passado eram a equipa coletivamente mais forte e continuam a sê-lo este ano, sendo que apresentam o melhor leque de soluções para vencer a Volta individualmente. Neste capítulo reforçaram-se muito bem e Arkaitz Durán poderá ser uma bela surpresa e um óptimo trunfo, é um bom trepador e sabe defender-se no contra relógio, veremos.

    LA Alumínios-Antarte - Nunca acreditei que o Hugo Sabido fosse um verdadeiro candidadato a vencer a Volta mas o que é certo é que ele me surpreendeu...no entanto, continuo a ter a legitimidade de acreditar que ele não consiga repetir a Volta que fez o ano passado apesar de toda a sua experiência...Se Sabido falha, não há mais ninguém na equipa com condições para lutar pela vitória na Volta, a seu favor terá o facto de ter bons gregários a seu lado.

    Louletano/Dunas Douradas - Equipa com excelentes homens para o sprint mas sem um líder completo...Carlos Oyarzun que hoje venceu a Prova de Abertura é um dos melhores contra relogistas deste pelotão, se não mesmo o melhor a par do rival Alejandro Marque mas nunca será um corredor com capacidade para vencer a Volta a Portugal porque tem limitações na montanha.

    OFM-Quinta da Lixa - Um bloco bastante coeso e interesante..mas mais uma vez não há líder..Alejandro Marque é fortíssimo no contra relógio mas vamos ver se ganhou a consistência necessária na montanha para terminar a Volta nos primeiros lugares. Gustavo Veloso será importante com a sua experiência e qualidade enquanto rolador, Eduard Prades tem qualidade, sobretudo na montanha mas penso que também não será suficiente para ocupar os lugares cimeiros da Volta.

    Rádio Popular-Onda - Daniel Silva será obviamente um dos principais favoritos a vencer a Volta e o apoio de ciclistas como Vergílio Santos, Domingos Gonçalves ou Célio Sousa será crucial, quanto aos outros são jovens e inexperientes o que pode dificultar a própria tarefa ao Daniel Silva.

    ResponderEliminar
  4. Cada ano que passa a qualidade do nosso pelotão vai diminuindo.Olhando para a composição do pelotão profissional de 2013 chega a ser penoso verificar que a maioria das equipas são construidas sem o minimo de critério.O que é mais chocante de verificar,é que o panorama tem tendencia para piorar.

    ResponderEliminar

Share