terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Volta ao Algarve, ai Volta ao Algarve

Em 2012 a festa foi da Sky. Este ano nenhum dos 3 estará presente
A informação é escassa, mas parece que quinta-feira começará mesmo a Volta ao Algarve. Serão quatro etapas e vinte e uma equipas, oito das quais World Tour e uma seleção... de Angola, nesta edição que marca a chegada de um novo organizador à Volta ao Algarve. Mark Cavendish é a principal estrela presente.

Esta será a primeira Volta ao Algarve que não acompanharei na íntegra desde 2008. Nesse ano fiz o acompanhamento direto da prova para o CiclismoDigital.com (e para o site oficial da Volta), abrindo caminho para que outros sites fizessem o mesmo, pois antes só a Volta a Portugal tinha acompanhamento em direto para a internet. Depois disso já comentei para a rádio e até fiz reportagem fotográfica para Cervélo, UnitedHealthcare, BMC e OmegaPharma-Quick Step. E não disfarço o orgulho com que digo isto.


Este ano não me será possível estar presente integralmente mas não é por isso que deixo ou deixarei de estar atento à prova da minha região e uma das minhas favoritas, que fui "ver" pela primeira vez antes de saber andar e que é grande responsável pelo meu gosto pelo ciclismo ("ver" entre aspas, claro, porque não via nada).

Com a mudança de organizador da Associação de Ciclismo do Algarve para uma empresa privada e profissional poderia esperar-se algumas melhorias, mas rapidamente as esperanças foram desaparecendo. A ACA é uma associação cheia de pessoas que adoram o ciclismo e cujo único ponto negativo (e involuntário) era (e é) não ser uma empresa profissional, o que faz com que o tempo disponível seja menor. Ainda que haja uma enorme entrega, cada dirigente precisa de trabalhar para viver, tal como é normal nas associações desportivas. Já a TTW/Maipex é uma empresa profissional, que se podia dedicar mais afincadamente a um projeto como a Volta ao Algarve, mas não aparenta ter algum evento desportivo no seu portefólio. Pelo menos, a julgar pelo que tem no seu site.

Pela falta de informação, rapidamente se foram desvanecendo as expetativas de que esta Volta ao Algarve seria melhor que as últimas.

O percurso anunciado não ajudou. As várias subidas (curtas mas muito inclinadas) que desgastavam o pelotão antes da chegada ao Malhão foram substituídas por uma passagem prévia pela meta e, acreditem, o percurso como estava nos últimos anos era mais duro. A juntar a isto, o contra-relógio de 34,8 km, que foi experimentado em 2009 e onde se viu que era uma experiência para não mais repetir, pois a classificação geral foi basicamente feita nesse dia, anulando quase todas as diferenças criadas no Malhão.

A longa quilometragem das três primeiras etapa (entre 190 e 200 km) tem sido criticada pelas equipas portuguesas, críticas com as quais não concordo. Claro que as equipas portuguesas estão em desvantagem face às estrangeiras, que já estão mais rodadas, mas a Volta ao Algarve tem que ser pensada para agradas as equipas World Tour, pois são elas que dão interesse à corrida e atraem os patrocinadores.

Por outro lado, se a longa quilometragem das três primeiras etapas e o constante sobe-e-desce agrada às melhores equipas do mundo para prepararem as clássicas, o mesmo não se pode dizer de um contra-relógio tão longo nesta fase da época. Esse terá sido um dos motivos para muitos voltistas e equipas abdicarem de estar presentes no Algarve em 2013.

O pelotão presente este ano é bom, mas é o menos apelativo dos últimos cinco anos. Mark Cavendish é a principal figura, mas também são figuras de top mundial Tony Martin (bicampeão mundial de contra-relógio), Sylvain Chavanel, Rigoberto Uran (7º no último Giro e melhor jovem), Sergio Henao (9º no Giro), Denis Menchov (1 Giro e 1 Vuelta), Andreas Kloden, Lieuwe Westra e Wout Poels. Além deles, os portugueses Rui Costa e Tiago Machado, que já se tornaram figuras do ciclismo internacional. Mas é de notar as ausências de Contador, Wiggins, Van Den Broeck, Tejay Van Garderen, Richie Porte, Talansky, Taaramae, Boasson Hagen, Gilbert, Greipel, Degenkolb ou Farrar, importantes figuras que nos últimos anos marcaram presença.

Mark Cavendish (OmegaPharma) é claramente o melhor sprinter em prova e o principal candidato às vitórias nas duas primeiras etapas, sendo as maiores ameaças Theo Bos e Robert Wagner (Blanco), Giacomo Nizzolo (Radioshack), Kris Boeckmans (Vacansoleil) e Manuel Cardoso (Caja Rural)... todos eles num nível claramente inferior a Cavendish. Para a vitória final, Tony Martin (OmegaPharma) afigura-se como o mais sério candidato, mas sem descuidar os português Rui Costa e Tiago Machado, Wilco Kelderman (Blanco), Sylvain Chavanel (OmegaPharma), Jonathan Castroviejo (Movistar) e Lieuwe Westra (Vacansoleil). Olho também a Denis Menchov (Katusha), Steven Kruijswijk (Blanco) e Thomas De Gendt (Vacansoleil).

Rigoberto Uran e Sergio Henao (Sky) são os dois maiores candidatos à vitória no Malhão, Michal Kwiatkowski (OmegaPharma) tem que ser tido em conta para a geral, depois das indicações deixadas no Tour de San Luís e Jesse Sergent, Nelson Oliveira (Radioshack) e Manuele Boaro (Saxo-Tinkoff) são jovens a ter em conta para os primeiros lugares do contra-relógio. Interessante será também ver o que fazem André Cardoso e Ricardo Mestre, que chegam à Volta ao Algarve mais rodados do que em anos anteriores.

Estarão presentes 21 equipas (ou 20): OmegaPharma-Quick Step, Sky, Movistar, Blanco, Radioshack, Euskaltel, Saxo-Tinkoff e Vacansoleil (World Tour), Katusha, Caja Rural, Colombia, Topsport Vlaanderen e UnitedHealthcare (Continentais Profissionais), Carmim, Efapel, LA-Antarte, Louletano, OFM, Rádio Popular e An Post-Chainreaction (Continentais). Há ainda uma seleção Angolana que foi anunciada como participante, está hospedada no Algarve mas não surge na lista de pré-inscritos, o que me causa algumas dúvidas.

O objetivo da organização era trazer o Sport Luanda e Benfica, mas uma vez que equipas amadoras não podem participar em provas da categoria da Volta ao Algarve, teve que ser inscrita na qualidade de seleção de Angola. É uma equipa que tem como objetivo acabar a prova mas muito dificilmente algum ciclista o conseguirá, o que serve para descredibilizar a corrida. Se o objetivo é cativar patrocinadores angolanos (o Banco BIC patrocinou a Volta a Portugal), então aceita-se a presença destes amadores, mas como até ao momento, a 40 horas do tiro de partida, nem os patrocinadores da mesma são conhecidos...

*****

2 comentários:

  1. Grande guia da Volta ao Algarve. Trabalho de profissional. Parabéns

    ResponderEliminar
  2. acho que o dowsett, se tiver bem também é um nome a ter em conta para o contra relogio...
    bom trabalho

    ResponderEliminar

Share