domingo, 26 de maio de 2013

As jovens surpresas e meias surpresas do Giro

Betancur é o melhor jovem do Giro 2013, Rigoberto Urán foi em 2012
O Giro que hoje terminou serviu para mostrar alguns jovens pela primeira vez ao grande público. Alguns tiveram um grande percurso nos escalões de formação, outros já se tinham mostrado em provas World Tour mas nenhum deles se tinha exibido numa grande volta ao nível a que estiveram neste Giro.

Enrico Battaglin

Battaglin passou em agosto de 2011 a estagiário da Colnago e logo nesse ano venceu a Coppa Sabatini à frente de Rebellin, Daniel Moreno, Visconti e Gerrans. Voltou a vencer à quarta etapa deste Giro e ainda levou um segundo lugar no dia em que Adam Hansen se escapou a toda a gente. Depois da sua vitória na Volta a Itália justificou a ausência de triunfos no ano transato: "comecei a minha carreira profissional a vencer e talvez tenha pensado que vencer fosse mais fácil do que realmente é". Abandonou a prova no final da segunda semana com fratura de clavícula mas deixou boas indicações para o futuro. Não é um trepador nem um sprinter, mas passa bem a média montanha e é rápido.

Carlos Betancur

Este nome já todos conhecem. Foi indicado como um dos 15 jovens a seguir em 2013 e já se tinha exibido a grande nível na Volta ao País Basco e nas Ardenas mas faltava saber como se portaria numa prova de três semanas e com montanhas que ultrapassam os 2000 metros de altitude. Se isto era um teste para Betancur, passou com nota de excelência. Foi quinto na classificação geral, o melhor jovem e só lhe faltou a vitória numa etapa. Teve três segundos lugares, um terceiro e um quarto. Agora terá que descansar e não será uma boa aposta para o próximo Tour, mas talvez o tenhamos em bom nível na Vuelta ou no Tour do próximo ano.

Damiano Caruso

Estava a preparar-se para a Volta a França mas foi o escolhido para substituir Ivan Basso à última hora. Sem a preparação mais adequada, depois do Galibier era 18º na geral e parecia que podia subir algumas posições, pela forma atacante como vinha a correr. Depois do segundo dia de descanso esteve na fuga do dia mas algumas equipas empenharam-se na perseguição para defender os seus homens que lutavam pelo top-10. A fuga acabou por não resultar e nesse dia Caruso perdeu mais de 17 minutos. Foi terceiro na crono-escalada e deixa a ideia de que com uma preparação focada no Giro teria terminado no top-10.

Alex Dowsett

Quando se é contrarrelogista o Giro não é a melhor forma para dar nas vistas, pois as oportunidades são poucas, mas Dowsett aproveitou a única que tinha e venceu. Ex-campeão europeu sub-23 da especialidade, foi oitavo nos últimos Mundiais e neste Giro conseguiu a maior vitória da sua ainda curta carreira. É duplo campeão britânico de crono, também vem da pista e sofre de hemofilia.

Tanel Kangert

Foi o braço-direito de Nibali na alta montanha. Começou por ser um contrarrelogista mas na Volta à Suíça do ano passado venceu a última etapa, aquela das grandes montanhas em que Rui Costa se defendeu de toda a gente. Além do segundo posto na etapa vencida por Intxausti, do terceiro no contrarrelógio e o 14º na geral, o que fica na memória é mesmo a forma como esteve ao lado de Nibali.
Kangert (ao centro) acaba o trabalho para Nibali. Majka tenta seguir.

Rafal Majka

O grande rival de Betancur na luta pela classificação da juventude e também ele um dos 15 jovens a seguir em 2013. Rafal Majka ficou apenas a 41 segundos da camisola branca, sétimo na geral e mostrou ser um homem a ter em conta para o futuro, não apenas para gregário de Alberto Contador.

Luka Mezgec

Talvez o mais desconhecido destes por ser sprinter. Ao 24 anos (cumpre 25 em junho), Mezgec (Argos) sai deste Giro com três terceiros lugares e um quinto. Atendendo a que está na primeira temporada no World Tour e que apenas existiram cinco chegadas para sprinters, é um grande registo. Já na Volta à Romandia tinha conseguido três quartos lugares e é um sprinter a ter em conta para o futuro.

Menção final para Fabio Duarte, Nacer Bouhanni e Elia Viviani. Duarte já vai cumprir 27 anos em junho e já não é tão jovem quanto os que estão aqui destacados, mas esteve em grande na última semana. Já Bouhanni e Viviani não são surpresas, pois o nível aqui demonstrado foi semelhante ao da última Vuelta.

5 comentários:

  1. Não foi propriamente uma surpresa, mas o Visconti surpreendeu bastante na montanha. O Wilco Kelderman que se sabia que era um grande contra-relogista que se deesenrascava na montanha, mas provou que é algo mais que desenrascar na montanha e que tem uma recuperação notável.
    E até o próprio Puccio. E o Navardauskas apesar de conhecido também merecia a menção.

    ResponderEliminar
  2. Foi um Giro decepcionante devido ao mau tempo que obrigou a organização a cancelar as subidas mais duras e de maior altitude e a alterar ainda outras subidas...


    Abraço

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pelos comentários!

    Pedro Miguel, o Kelderman fez um grande Giro para alguém que cumpriu 22 anos em Março. É muito prometedor mesmo e vamos ver como continua a evolução! O Navardauskas também esteve muito bem e podia estar aqui referido. Quanto ao Puccio, acho que fez um Giro engraçado, mas nada de surpreendente. Temos que recordar que a camisola rosa foi conquistada devido a um contrarrelógio coletivo e não um esforço individual.

    Pengo, perdeu-se uma chegada ao alto (a etapa anulada na sexta-feira). De resto foi retirada dureza, mas nada garante que com mais subidas o espetáculo seria melhor.

    Cumprimentos!

    ResponderEliminar
  4. Compreendo-te Rui mas acho que com o Stelvio e Gavia, o Nibali e os colombianos (Uran e Betancur) iríam materializar ainda mais a sua superioridade em relação aos demais, o espectáculo seria dado por eles e foi uma pena o que aconteceu.

    ResponderEliminar
  5. Tal como eu temia no inicio acabou por ser um Giro sem grande emoção com domínio total de Nibali. Em termos individuais apenas acrescentaria o Niemiec que poderia ter terminado no Top5 e confirmou os indícios que já vinha dando em épocas anteriores. Colectivamente salientava a Movistar que sem grandes estrelas consegue quase sempre sair do Giro com bons resultados e pela negativa a Radioshack, que mais uma vez passou completamente ao lado.

    ResponderEliminar

Share