domingo, 12 de maio de 2013

Revista da Semana: Portugueses no Giro, Volta às Astúrias e Volta a Berlim

Ricardo Mestre numa das suas fugas
Ricardo Mestre voltou a estar hoje em fuga, pela terceira vez neste Giro d'Itália. André Cardoso ficou às portas do pódio na Volta às Astúrias, vencida pelo seu colega Amets Txurruka, e a seleção nacional sub-23 esteve presente na Volta a Berlim. Estes são os temas de mais uma Revista da Semana.


Portugueses no Giro d'Itália

Ricardo Mestre está a ser o melhor português neste Giro. Com sete dias possíveis (temos nove etapas mas duas foram contrarrelógios), esteve em fuga em três deles. Ninguém é obrigado a estar em topo de forma numa grande volta. Infelizmente, um ciclista pode errar a preparação ou ter algo que a atrapalhe e talvez tenha sido o que aconteceu ao Ricardo, mas mesmo não estando no seu melhor fisicamente tem mostrado um enorme coração e determinação em querer fazer mais e melhor.

Quantas vezes já critiquei ciclistas que vão para as grandes voltas e andam a prova toda (ou toda a temporada) no pelotão sem fazer nada? Já lhes perdi a conta e sempre aparece alguém a dizer que estar na fuga do dia é muito difícil e que às vezes três semanas não são suficientes para tal. Esta displicência é muito defendida por um certo comentador e, pior do que isso, convence muita gente.

No ano passado, quando Rui Costa viu que não entraria no top-10 da Volta a França, dedicou-se a entrar em fugas para procurar uma vitória em etapa. Nas últimas seis etapas, esteve fugido em 5... a outra era contrarrelógio. Agora no Giro é o Ricardo Mestre que tem estado enorme nesse capítulo que tanto valorizo: a ambição e a garra de um ciclista. Corre contra o pelotão e contra a sua forma que não é a melhor mas não se entrega e, apesar de estar nos últimos lugares da geral, tem sido o português em maior destaque.

Na geral o melhor luso é Tiago Machado em 41º a 15 minutos de Nibali, 12 do 10º lugar e 10 do 20º, o que significa que já não há portugueses a lutar por nada na geral. A partir de agora é para se dedicarem a fugas. A Radioshack tem em Kiserlovski o melhor homem no 22º posto e a Saxo-Tinkoff tem Rafal Majka em 16º, este ainda na luta por um lugar no top-10 e sobretudo na luta pela classificação da juventude. Wilco Kelderman (Blanco) lidera essa classificação com menos 43' que Majka e 2'11'' para Carlos Betancur (Ag2r) que me parece o mais forte candidato à camisola branca.

Steffani Pirazzi (Bardiani) é o líder da montanha, Cadel Evans (BMC) dos pontos, Cameron Wurf (Cannondale) dos sprints intermédios, Mark Cavendish (Omega Pharma) lidera a classificação Azzurri d'Italia que distingue o ciclista que mais vezes termina nos três primeiros lugares, Pim Ligthart (Vacansoleil) lidera a classificação Prémio da Fuga, como o ciclista que tem mais quilómetros na cabeça-de-corrida (Mestre é 5º), Maxim Belkov (Katusha) a combatividade (que aqui tem um sistema de pontos), a Blanco a classificação coletiva e a BMC e a Katusha estão empatadas no topo da classificação coletiva por pontos. Sim, o Giro é uma prova cheia de classificação secundárias. A geral é comandada por Vincenzo Nibali (Astana) à chegada do primeiro dia de descanso.

O Giro regressa terça-feira com a primeira chegada ao alto e os últimos 8,3 quilómetros a mais de 8% de inclinação média, já tendo os ciclistas ultrapassado outra montanha de primeira categoria e com 13 quilómetros de ligeira subida antes da entrada oficial na última dificuldade.

A etapa de quarta-feira termina numa segunda categoria e no fim de semana haverá mais duas chegadas ao alto. Esta semana a montanha chega ao Giro para ficar.
Etapa de terça-feira


Volta às Astúrias

Amets Txurruka, conhecido pela sua combatividade mas sem vitórias nos seus primeiros sete anos de profissionalismo, venceu a Volta às Astúrias. A saída de Txurruka da Euskaltel gerou muita revolta nos adeptos bascos e nos adeptos espanhóis em geral. É verdade que a Euskaltel precisava de ciclistas com pontos para continuar no World Tour e que alguns bascos precisavam de sair para dar lugar a estrangeiros, mas Txurruka não merecia ser um dos sacrificados. Durante os seus seis anos na Euskaltel (o primeiro ano pro foi na Barloworld) nunca teve a oportunidade de se dedicar a provas menores, em que teria maiores hipóteses de vencer. Os seus diretores sempre o preferiram no Tour e Vuelta para andar em fugas e quis a sorte (ou a falta dela) que nunca conseguisse vencer. Teve um 2º lugar em 2009 e foi o mais combativo de 2007, na sua estreia. Excluído dos planos da equipa laranja, deu continuidade à sua carreira na vizinha Caja Rural, pela qual se evidenciou na Volta ao País Basco, pela sua enorme combatividade mas também pela vitória na classificação da montanha (uma é consequência da outra).

Ontem Txurruka venceu a primeira etapa da Volta às Astúrias e conquistou importantes pontos de mérito que talvez façam a Euskaltel repescar este pequeno ciclista em 2014. Desta vez o ataque teve êxito, venceu a tirada e hoje segurou a liderança à frente de Mikel Landa (Euskaltel), Javier Moreno (Movistar) e André Cardoso (Caja Rural). Pena que o português não tenha conseguido terminar no pódio.

Também de destacar o 2º lugar de Jorge Montenegro (Louletano) na etapa de ontem e o quinto de Delio Fernández (OFM) na geral. Por outro lado, Carlos Oyarzun (Louletano) sofreu uma aparatosa queda e ainda levou com a pedaleira de outro ciclista na testa, sendo necessário tratamento hospitalar para coser a ferida. A ele as rápidas melhoras.
A Caja Rural venceu as classificações individual e a coletiva da Volta às Astúrias (André Cardoso à direita)

Volta a Berlim

A seleção nacional sub-23 esteve na Volta a Berlim com António Barbio, Rafael Reis, Daniel Freitas, Hélder Ferreira, Ricardo Ferreira e Rúben Guerreiro em lugar de Leonel Coutinho, que estava na lista de pré-inscritos e foi aqui anunciado como selecionado na semana passada. Não sei o motivo da ida do Rúben Guerreiro em lugar do Leonel Coutinho, mas foi mau para Portugal. O Rúben é um dos melhores da sua idade e foi campeão nacional de juniores  no ano passado, mas teria sido preferível contar com o Leonel Coutinho, que já está no último ano de sub-23 e é um dos melhores sprinters do escalão. Não sei se houve algum motivo forte para esta mudança ou se foi opção do selecionador, mas os portugueses que melhor se adaptavam a este percurso plano (e com um contrarrelógio) eram Leonel Coutinho, Daniel Freitas, António Barbio e Rafael Reis.

A primeira etapa foi marcada por quedas e teve 31 abandonos, incluindo Barbio, Hélder Ferreira e Ricardo Ferreira (que não são irmãos). No contrarrelógio Rafael Reis foi 5º, Daniel Freitas teve dois sextos lugares e o melhor na geral foi Rafael Reis em 25º. No final, zero pontos conquistados para o Ranking Continental sub-23.


Volta à Califórnia

Começa hoje, domingo, a Volta à Califórnia, que durará até ao próximo domingo e terá transmissão em direto todas as noites no Eurosport, com início por volta das 22h00. A prova não é World Tour mas tem um percurso e uma lista de participantes interessante. Sendo as etapas pela noite (acabam antes da meia-noite) é também uma oportunidade para todos aqueles que trabalham durante o dia e não podem ver em direto a maioria das competições

As etapas decisivas serão na segunda-feira (chegada em 1ª categoria), sexta-feira (contrarrelógio com final em subida) e sábado (etapa rainha). Presentes estarão Van Garderen,  Westra, Rogers, De Gendt,  Andy Schleck, Peter Sagan, Farrar, Meersman, Hushovd, Gilbert, Sylvain Chavanel e José Mendes.

Volta à Ilha de São Miguel

De 17 a 20 de naio vai realizar-se a Volta à Ilha de São Miguel, com o patrocínio da Liberty Seguros. A prova tem um prólogo e três etapas curtas, mas um percurso interessante. É para equipas amadoras (elites, sub-23 e masters), sobretudo equipas açorianas porque as deslocações de equipas do Continente ficaria demasiado caras para o orçamento da prova. É pena que Açores e Madeira estejam tão distantes do ciclismo de alta competição. 

4 comentários:

  1. Impressionante, o Tiago Machado é falhanço atrás de falhanço. Cada vez me irrita mais ver no facebook ou no seu site desculpas esfarrapadas de coisas que "não correm bem" e de "azares" que acontecem sempre, nunca é culpa dele mesmo. E o pior disto tudo é que ele cada ano está pior. A este ritmo para o ano é domestico a nível pro continental. E o que é mais triste desta história toda é que ele andou meses a gabar-se dos seus números nos treinos.

    Enfim, espero que ele consiga entrar numa fuga mas da maneira que isto está acredito mais no Nelson Oliveira do que no Tiago.

    Nelson que por sinal me está a surpreender. Sim, é inconsistente, mas em algumas etapas tem acabado ao lado do Tiago uma coisa que para mim era impensável visto ele sempre ter sido um trepador mediano mesmo nos sub 23. Também algumas dessas etapas tinha mais colinas do que subidas a sério e nisso o Nelson costumava defender-se bem mas mesmo assim . . .

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  2. Tendo em conta o percurso o que correu mal não foi a escolha do Rúben Guerreiro pois ele tem uma qualidade bastante grande para 1º ano de sub 23..errada foi sim a saída de Leonel Coutinho, quem deveria ter ficado de fora seria o Ricardo Ferreira ou o Hélder Ferreira que apesar de serem mais velhos não têm a mesma qualidade do Rúben Guerreiro

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  3. Obrigado pelos comentários.

    Parrulo, realmente o Nelson já surpreendeu positivamente em duas etapas. Como vem a ser defendido aqui há algum tempo, no futuro terá que ser mais do que um contrarrelogista, pois croners puros interessam cada vez menos às equipas. Vamos ver como evolui ao longo do Giro e também da temporada, lembrando que no ano passado teve alguns problemas de saúde.
    Quanto ao Tiago, vamos esperar para ver o que faz na montanha. Não conta para a geral, mas é a partir de agora que poderá entrar em fugas. Veremos.

    Pengo, olhando ao percurso, há quatro ciclistas que considero que deveriam lá estar. Os outros dois lugares eram mais aleatórios. Em parte nenhum digo que o Rúben é uma má escolha. O que faço sim é a comparação entre a possível presença do Leonel, que estava na lista de pré-inscritos, e o Rúben por ter sido o seu substituto.

    Cumprimentos!

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  4. De referir que hoje o José Mendes fez uma subida final ao Monte Diablo na Volta á Califórnia verdadeiramente extraordinária.Mais uma vez se prova que matéria prima de alta qualidade não falta em Portugal.

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