segunda-feira, 10 de junho de 2013

Revista da Semana: GP Abimota

Neste fim de semana prolongado pelo Dia de Portugal tivemos três portugueses a vencer as três etapas e a geral do Grande Prémio Abimota, um português a vencer em França e outro a colocar-se como grande favorito à vitória na Volta à Suíça. Contra os canhões, marchar!

Terminou hoje o Grande Prémio Abimota, que com maiores ou menores dificuldades, mais ou menos dias de competição, vai-se mantendo na estrada e já na 34ª edição.

Pela segunda vez consecutiva o GP Abimota iniciou-se em Espanha, desta vez na Galiza, com a ligação entre Santiago de Compostela e Vigo, às quais se seguiam Vila Nova de Cerveira - Viana do Castelo e Oliveira do Bairro - Estarreja, com três etapas talhadas para sprinters. No primeiro dia eram 132 km, no segundo 191 e no terceiro 178, uma boa preparação para os Campeonatos Nacionais (dia 23) e por isso mesmo alguns ciclistas já vão aparecendo em melhor forma.

Sérgio Ribeiro (Louletano) obteve a primeira vitória do ano na etapa inaugural, deixando em segundo Samuel Caldeira (OFM-Quinta da Lixa). O Louletano voltou a ter o homem mais rápido do pelotão no segundo dia, desta vez Jorge Montanegro, mas Hugo Sabido (LA-Antarte) tinha atacado já na parte final e terminou com um segundo de vantagem, conquistando a segunda vitória em pouco mais de uma semana, depois do crono da primeira etapa do GP Jornal de Notícias. Mostra assim que está em boa forma para os Nacionais e não lhe ficaria nada mal a camisola.

Terceira etapa para Filipe Cardoso (Efapel-Glassdrive), que também estava a zeros em 2013 mas terá que ser tido em conta para os Nacionais. Segundo hoje, Sérgio Ribeiro segurou a camisola amarela, acompanhado no pódio por Montenegro e Filipe Cardoso. A LA Alumínios venceu a classificação coletiva, Montenegro os pontos, César Fonte (Efapel-Glassdrive) foi o melhor na classificação da montanha uma semana depois de vencer o GP Jornal de Notícias, António Carvalho (LA-Antarte) venceu as metas volantes, Bruno Silva (LA-Antarte) a classificação das autarquias e Daniel Freitas (Anicolor) foi o melhor jovem e o melhor das equipas de clube, numa prova que tem quase tantas classificações quanto o Giro d'Itália.

O pelotão nacional regressa à competição no sábado para um contrarrelógio em Albergaria-a-Velha e no domingo tem a Volta a Albergaria, ambas a contar para a Taça de Portugal. Sim, a Taça de Portugal deste ano terá um crono de nove quilómetros. Pelo mundo fora existem mais provas de um dia em contrarrelógio, esta terá a particularidade de pertencer a uma prova por pontos.

De quinta-feira a domingo, a Efapel-Glassdrive correrá a Boucles de la Mayenne (França).

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Ao fim de três dias de prova, Rui Costa está em terceiro na Volta à Suíça. Depois de perder 40 segundos no crono do primeiro dia (o vento mudou e prejudicou os últimos a partir) e mais algum tempo no segundo, já o criticavam, já diziam que não dava, mas aí está ele na luta. Apesar de no ano passado ter chegado à amarela logo no segundo dia, só venceu a prova no último, porque é aí que se vencem as corridas. Ao dia de hoje, o Rui é um dos principais candidatos ao triunfo, a meu ver é até o principal candidato, mas reforço: as provas só se vencem no fim.
Sagan vence, com Rui Costa logo ali

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Fábio Silvestre venceu ontem a última etapa da Ronde de l'Oise, a quarta vitória da temporada para ele. Com isto já tem mais pontos de mérito (para o apuramento das equipas World Tour) do que os pontos a atribuir ao vencedor da Volta a Portugal e a isto haverá que acrescentar os pontos conquistados no final do ano através do Ranking Continental Europeu.

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Na semana passada escrevi no NoticiasCiclismo.net sobre a contratação de ciclistas estrangeiros de terceira categoria por parte de equipas portugueses, uma crónica que teve um feedback extremamente positivo, vindo de adeptos claro, mas também de jovens ciclistas e ex-ciclistas, portugueses e estrangeiros, que sabem bem como funcionam as contratações e os vários motivos que por vezes estão por trás. (Ciclistas no ativo não se podem pronunciar sobre estas coisas, porque - naturalmente - têm que manter boas relações com toda a gente).

Na mesma semana, o Pedro Paulinho assinou contrato com a LA-Antarte, o que não deixa de ser uma boa coincidência, porque o Pedro é um bom exemplo de um jovem talentoso que merece ser profissional. E apesar de só eles saberem as condições do contrato, este deve ser vantajoso para ambas as partes. A LA ganha um sprinter de qualidade e o Pedro Paulinho deixa um projeto falhado na Ceramica Flaminia que, até onde sei, não tem cumprido com o que prometeu aos corredores.

Certo é que, além de Paulinho também o norte-americano Rob Squire e o italiano Filippo Savini deixaram a equipa a 31 de maio, aproveitando que o período de transferências para equipas continentais é de 1 a 25 de junho.

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Aproveitando que se fala dos problemas da Ceramica Flaminia, filial da Saxo-Tinkoff, pensemos no seguinte: qual o propósito de haver equipas satélite no ciclismo?

Noutros desportos como o futebol ou basquetebol é muito comum. Há jovens promessas que estão contratualmente ligadas a uma equipa mas são emprestadas a uma equipa de qualidade inferior, onde podem jogar com maior frequência e assim desenvolverem-se em competição, para mais tarde regressarem à equipa com a qual estão vinculados e lhes paga os salários.

No ciclismo isto faz pouco sentido, pois os contratos dos jovens são geralmente de um ano. Pegando neste exemplo, mesmo que a Saxo-Tinkoff apoie financeiramente a Ceramica Flaminia e se interesse por algum dos seus ciclistas, no final do ano o contrato acaba e pode ir para onde quiser. Que o diga a Rabobank, que viu sair da sua equipa de formação muitas jovens promessas, como Martijn Maaskant (que era uma grande promessa e ainda foi 4º em Roubaix e Volta a Flandres) ou Tejay Van Garderen, apenas para citar dois exemplos.

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Estão pensadas várias novidades para implementar nos próximos tempos. Algumas dependem de tempo e de condições técnicas, outras mais simples, como algumas alterações ao blog. Quem souber trabalhar em criação de imagens e estiver interessado em dar o seu contributo, pode manifestar a sua disponibilidade e nos próximos dias entrarei em contacto. Vamos tornar este espaço melhor. Desde já, agradeço.

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A foto do Sérgio Ribeiro foi tirada do Facebook. Os crédito foram cortados para que a fotografia ficasse nas dimensões habituais, mas já que a foto original os tinha, digo que foi retirada daqui. Créditos aos devidos autores.

4 comentários:

  1. E este fim de semana deu razão à tua crónica, Portugueses dominaram,embora até estivessem a correr com muitos estrangeiros de qualidade, como o montenegro por exemplo! Uma pena a ceramica, só espero que isto nao afete a carreira de nehum dos portugueses que lá estão, a LA e a Efapel bem que podiam "deitar" a luva aos tugas que ainda estão por lá, todos eles com muito talento!

    Cumprimentos!

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  2. Bela análise, aprecio bastante quando analisas as corridas portuguesas e os ciclistas que correm por cá.

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  3. Poderia ter usado as imagens do Facebook Oficial do GP Abimota ou mandar uma mensagem que as cederiamos com todo o gosto! http://facebook.com/gpabimotaregiaodeaveiro

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  4. Obrigado pelos comentários.

    SR, não é tão fácil quanto isso. Para "agarrar" estes jovens é preciso dinheiro. Há algumas equipas que logo quando formam o plantel deixam verba a pensar num ciclista que há de chegar em Junho para a Volta a Portugal, mas não me parece que seja o caso da Efapel, que tem uma equipa muito completa.

    Pengo, existisse mais informação, e mais em comentaria o ciclismo nacional.

    João Oliveira, infelizmente não conhecia a página. Mas já lhe dei o like para me lembrar na edição de 2014.

    Cumprimentos!

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