domingo, 7 de julho de 2013

Oportunidades que passam

Etapa que começou de forma surpreendente pela eliminação de todos os gregários de Froome e depois desiludiu pela forma como ninguém se tentou aproveitar do desamparo do líder. Ninguém exceto Dan Martin, Jakob Fuglsang e Nairo Quintana. Quando Valverde voltará a ter outra oportunidade destas?

Ninguém poderia esperar, mas logo na primeira de quatro contagens de primeira categoria Chris Froome ficou sem colegas de equipa. Peter Kennaugh caiu, Richie Porte foi apanhado de surpresa e mostrou que é humano, claro.

Se Froome ficou sem equipa, Alejandro Valverde teve uma super Movistar, com Quintana, Rui Costa, Ruben Plaza, Jonathan Castroviejo e Andrey Amador. Muitos ataques da Movistar,  Saxo-Tinkoff e Garmin criaram um cenário muito preocupante para Froome, mas o britânico conseguiu defender-se num primeiro momento. Plaza atacou com Valverde na sua roda e a Movistar tinha Castroviejo e Rui Costa na frente. Froome arrancou para a roda de Valverde e mais ninguém o conseguiu seguir... estávamos em terreno plano e ninguém o seguiu.

Valverde tinha Froome na roda mas tinha muito a ganhar com essa situação de corrida. Ainda contava Plaza e Castroviejo para queimar, Rui Costa(?) se fosse necessário, tomava o lugar de Porte e poderia ganhar tempo importante a Contador, Mollema e todos os outros candidatos ao pódio. Infelizmente para Valverde e também para Rui Costa, que poderia sair beneficiado dessa situação, não deu em nada. O grupo foi alcançado pelo grupo perseguidor onde seguiam os restantes homens de top-10, com exceção de Porte.

A partir daí, a Movistar controlou a corrida. Primeiro Amador, depois Castroviejo e Ruben Plaza. A Movistar tinha Valverde, Quintana e Rui Costa para atacar no Col de Val Louron-Azet (penúltima montanha) mas ninguém o fez. E na subida para La Hourquette d'Ancizan, a última do dia, Quintana foi o único que atacou o camisola amarela. Nairo foi o único que esteve mal, numa Movistar que fez um excelente trabalho para Chris Froome. Não são colegas? Corriam como tal.

Daniel Martin e Jakob Fuglsang fugiram nessa subida e não mais foram alcançados. Quintana   tentou anular a diferença na descida para possibilitar que Valverde lutasse pela vitória na etapa e Robert Gesink fazia o mesmo para Bauke Mollema. Enquanto isso os comentadores espanhóis criticavam Rui Costa e os adeptos ainda mais duramente por não ajudar na perseguição ao duo Martin-Fuglsang (na descida), uma ajuda necessária para Valverde poder lutar pela vitória de etapa. Futebolizando o ciclismo, a Movistar começou a etapa em 4-3-3 mas mudou para 5-4-1 ainda com o marcador empatado a zero e deixou escapar a vitória.

Dan Martin, que já tinha vencido a Volta à Catalunha e a Liège-Bastogne-Liège, levou a melhor sobre Fuglsang, novamente segundo como na penúltima etapa do Dauphiné. O grupo chegaria a vinte segundos, comandado por Michal Kwiatkowski.

Num dia em que esteve totalmente desamparado, Froome não perdeu um único segundo. Porte chegou a 18 minutos. Primeiro por desatenção, depois por falta de capacidade de reentrar no grupo e por fim para se poupar para o que está por vir. Resta agora saber que Porte teremos no restante Tour. Talvez não tão forte como ontem mas também não tão fraco como hoje.

Valverde sobe ao segundo lugar. Não foi capaz de atacar nas montanhas, mas além de Froome é ele quem tem mais razões para sorrir. Mollema e Ten Dam seguem-lhe na classificação, o que representa muito para a Belkin e para o ciclismo holandês, e o quinto é Kreuziger, que ontem se viu forçado a esperar por Contador. Contador, sempre muito combativo, deu péssimas indicações ontem e hoje voltou a não estar ao seu melhor. Foi estranho não o ver mexer-se depois de Froome estar entregue a si mesmo.

Quintana, o mais ofensivo na montanha, é sétimo e Rui Costa fecha o top-10. A nível individual, uma prestação muito boa do Rui Costa, que sofreu muito na última montanha do dia mas no contrarrelógio de quarta-feira poderá subir alguns lugares na classificação geral. Os de Rodríguez, Martin e Quintana, pelo menos. Atrás de si, Fuglsang e principalmente Kwiatkowski são ameaças, mas para já está a ser uma prestação de grande nível do português, dentro do que é necessário para terminar no top-10 da geral. Será o regresso dos portugueses ao top-10 das grandes voltas depois de José Azevedo? Hoje acredito mais do que acreditava na sexta-feira.

Surpresa também pela positiva para Andy Schleck. Se o seu principal problema era psicológico, estas duas etapas devem dar-lhe moral para os próximos tempos. É 15º na geral.

Segue-se agora um dia de descanso, uma etapa para sprinters na terça-feira e um contrarrelógio plano na quarta. A montanha regressa no domingo, com a chegada ao Mont Ventoux.

13 comentários:

  1. Os comentadores espanhóis criticavam o Rui Costa por não perseguir? Devem ver mal, o rui passou pela frente na descida e ajudou na perseguição para o valverde ganhar a etapa..

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  2. O Rui não trabalhou?????? Ele e o Quintana revezaram-se pela frente em conjunto com o homem da Belkin... E que eu saiba não tenho problemas de visão...

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  3. Os espanhois são uns seres estranhos, alguns defendem que toda a movistar se deveria sacrificar pelo Valverde, outros defendem que a Movistar jogou mal, e não deixou ir a fuga que tinha o Kreuziger e o Rui Costa e que poderia ter posto Froome a ter de trabalhar para anular estes dois. Outros querem que a Movistar se queime pelo Quintana.

    A verdade é que hoje marcou uma nova etapa na vida da Sky, depois do que aconteceu hoje, as equipas (Saxo e Movistar) vão forçar a barra mais vezes, e acredito que equipas como o Garmin o façam também, tal como a Katusha e isso vai por uma equipa Sky que hoje perdeu o seu super gregário Kirienka e perdeu a sua segunda carta para respostas imediatas (Porte perde 18m e fica fora de possíveis jogadas). A não ser que Kreuziger e Costa percam enormidades para Froome no próximo domingo. Poderão ser armas a ser jogadas e que vão por a Sky a ter de queimar tudo atrás deles.

    E depois vamos ver que maselas tem peter kennaugh (confesso que estou rendido a este jovem que acredito que será um próximo vencedor de grande volta), porque a quente fez um trabalho gigante para o Porte, mas a sua queda é uma coisa impressionante! A juntar a isto Thomas tem uma micro fractura no Pelvis, e Stannard também caiu na 1ª semana. David Lopez não parece nada bem. Está uma equipa muito curta...

    Depois de pensar no sabado que isto ia ser um passeio, o dia de hoje deixou-me com água na boca.

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  4. A Movistar hoje devia ter jogado todas as cartas porém preferiu jogar pelo seguro e esperar pelos Alpes, o que para mim vai ser tarde, pois Froome vai ganhar tempo nos cronos, no Mont Ventoux e depois mesmo que o consigam isolar nalguma etapa dos Alpes já terá uma margem considerável e menos rivais com que se preocupar.

    E não compreendo porque é que o Valverde atacou e levou o Froome na roda para o primeiro grupo. As únicas equipas com homens para fazer uma perseguição eram a Movistar e a Saxo Bank e se estivessem quietos a Saxo Bank não ia perseguir e o Rui Costa e o Kreuziguer facilmente iam ter ajuda de homens desse grupo, e iam pôr Froome sob pressão.

    Isto é a minha análise como adepto porque se calhar do ponto de vista dos objectivos da movistar até compreendo pois ficaram com o segundo, lideram na juventude e colectivamente e mantém três homens no Top10 ainda com hipóteses.

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  5. eu tambem concordo que a movistar devia deixa ir o rui e o kreuziger na fuga e quem tinha que ir puxar era o froome.
    o valverde e o contador tiveram a combinar qualquer coisa e passado uns minutos o valverde atacou com o plaza para se chegar ao rui, e a saxo bank é que teve que fechar esse espaço e depois nunca mais ajudou a movistar, talvez houve alguma traição ou desunião entre espanhois. e depois o froome foi sempre tranquilo porque os movistares já iam justos de forças, e ninguem o atacou na penultima subida. na ultima ainda atacou o quintana, mas sozinho não teve sucesso, outros favoritos tambem deveriam atacar.
    mas parece que vai ser uma corrida mais aberta do que aquilo que pensamos no sabado...

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  6. Rapior para o Froome ganhar tempo nessas alturas todas terá de ter equipa para isso e depois do que vi hoje não sei se a tem, é que uma coisa é o Porte aguentar porque o kirienka e o Kennaugh o deixam com o menor trabalho possível outra coisa é ter de ser logo ele porque já não há mais ninguém...

    Ninguém atacou porque ninguém teve força... a movistar jogou pelo seguro para o podio, se deixavam ir Kreuziger e o Rui Costa, o porte ia reentrar porque o froome ia esperar e a corrida ia baixar o ritmo, possivelmente até o Kirienka entraria no controle de tempo...e continuavam a poder meter o porte numa fuga e obrigar a perseguir... agora essa opção já não é válida!

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    1. Nos cronos o Froome não precisa da equipa....

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  7. Pois Luis Caldas mas não te podes esquecer que de facto o Rapior até tem razão quando diz que nos cronos ninguém vai conseguir ganhar tempo ao Froome e a vantagem dele vai aumentar ainda mais...é já quarta feira o crono...a Movistar e a Saxo Bank até podem vir a ter mais oportunidades destas mas aí a vantagem do Froome já será maior que mesmo que fique sem companheiros de equipa não terá que responder a tantos homens nem se preocupar com tanta gente, será muito mais fácil para ele controlar a corrida...e sozinho.

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  8. O CR não é assim tão grande...23kms não devem dar para mais do que 30segundos...

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  9. Obrigado pelos comentários.

    Luís Caldas, os espanhóis não são seres estranhos, tal como não são os italianos, franceses ou portugueses. Simplesmente existem opiniões diferentes. Quanto mais gente comentar, mais divesas vão ser as opiniões e ainda bem, como se pode ver aqui no blog.
    As equipas vão forçar a barra mais vezes, mas talvez não voltem a ter o Froome sozinho.

    Rapior e LBJ, não sei se o Froome se sentiria pressionado pelo Rui Costa e pelo Kreuziger. Se calhar limitava-se a esperar por colegas que na altura estavam a menos de dois minutos e poderiam reentrar se o grupo dos favoritos abrandasse. Penso que se Kreuziger e Rui Costa ganhassem cinco minutos ontem, o Froome poderia continuar tranquilo. Além do atraso já registado na etapa de sábado, a etapa de domingo também serviu para ver a diferença de condição entre o Froome e estes dois, que são candidatos a top-10 mas não mais do que isso (a não ser que o Kreuziger se desamarre do Contador).

    Luís Caldas, como disse o Pengo, nos cronos o Froome não precisa de equipa para ganhar tempo. Além disso, não me parece que a Sky volte a ter outro dia tão mau. Veja-se por exemplo o Daniel Moreno na última Vuelta. Esteve mal no dia em que o Contador chegou à amarela, mas na Bola del Mundo já esteve ao seu nível e foi quarto entre os favoritos.
    O contrarrelógio é de 33 km. Na Romandia eram 19 e o Froome ganhou 32' ao Rui e 1'28'' ao Kreuziger. No Dauphiné eram 33 km e o Froome ganhou 2'38'' ao Valverde e 2'46'' ao Contador. Se na quarta-feira ganhar pelo menos um minuto a cada um, não me surpreende em nada.

    De qualquer forma, nunca saberemos o que poderia ter sido. Sabemos apenas o que foi: mais um dia de Froome de amarelo, sem perder tempo. Talvez no final do Tour ainda estejamos a especular sobre este dia.

    Cumprimentos!

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  10. Luis Caldas, para além dos cronos, no Mont Ventoux também deverá passar bem pois a etapa é fácil até chegar ao sopé pelo que a equipa vai chegar compacta e mesmo que não esteja a 100% vai conseguir ajudar o suficiente.

    Relativamente ao Kreuziguer e ao Rui Costa é claro que nem mesmo com 5 minutos retiravam o favoritismo a Froome, mas do ponto de vista psicológico era mais pressão para Froome e Sky, ao passo que assim ele no final até deve ter saído motivado.

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  11. desculpem só uma pergunta.

    mas afinal o que se passou com o kiryenka?!!!
    komo nao deu pra ver a etapa toda fiquei curioso pra saber o que se passou,pois nao é normal um ciclista com a resistencia dele passar assim tao mal pra xegar fora de controlo!!!!!

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