quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Campeonato Mundial fundo elites: percurso, favoritos e antevisão

Há um ano foi assim. E no próximo domingo como será?
Nibali, Valverde, Joaquim Rodríguez, Sagan, Cancellara e o atual campeão Philippe Gilbert perfilam-se como os principais candidatos ao título, numa prova que se espera muito aberta.

Percurso

São 106 quilómetros a levar os ciclistas desde a partida em Lucca até ao início do circuito de Florença, uma distância que inclui duas subidas assinaladas pelo organizador mas é uma fase inicial muito mais suave que o circuito onde se decidirá a corrida. No total serão 272 km de extensão, a maior distância da temporada, uma vez que este ano tivemos a Milano-Sanremo condicionada pela neve.

O circuito inclui duas subidas bem distintas. Uma primeira mais longa, com 4370m a 5,2% de inclinação média, e uma segunda mais curta mas muito mais inclinada, com 600m a 10,2%. Esta segunda subida surge depois de uma curva muito apertada, o que corta a velocidade que os ciclistas poderiam trazer da descida. Teremos assim dois esforços bem diferentes, um que prima pela sua maior extensão e outro pela sua explosividade. A isto há que acrescentar a dificuldade provocada pelas repetição dos esforços e pela quilometragem. Também será fundamental uma boa colocação no início da subida da Via Salviati, pois a estrada é estreita e poderá ser um grande problema estar atrás de alguém sem capacidade para responder aos ataques.

Daí até à meta haverá cinco quilómetros em ligeira descida e terreno plano.

Favoritos

Será uma corrida muito aberta e pelas escolhas dos selecionadores das principais seleções percebe-se que ninguém quer excluir nenhuma hipótese para o desenrolar da corrida. Por isso apostam em ciclistas mais dotados para as subidas e outros mais rápidos para o caso da corrida não se tornar tão dura quanto isso.

Num cenário da corrida mais seletiva, Vincenzo Nibali, Alejandro Valverde e Joaquim Rodríguez afiguram-se como os homens mais fortes, capazes de desfazer a corrida nas subidas. Já num cenário de corrida menos seletiva, com a vitória discutida num grupo mais alargado, Peter Sagan e Fabian Cancellara serão os homens a bater, até porque todos eles se mostraram em grande forma nas últimas provas disputadas. Nibali e Purito não estiveram na Vuelta ao mesmo nível que tinham estado no Giro e no Tour (respetivamente) mas ainda assim foi um nível muito alto. Também é favorito Philippe Gilbert, que já não é o ET que em 2011 brincou os seus adversários de fevereiro a setembro, mas que é o campeão em título.

Para atacar a corrida nas maiores dificuldades existe um vasto lote de ciclistas. Além dos já citados, contamos com Robert Gesink, que se mostrou em grande forma ao vencer o GP de Québec, Chris Froome, Nairo Quintana, Rigoberto Urán, que esteve muito combativo na Vuelta, Sergio Henao ou Daniel Martin.

Por outro lado, há um lote de ciclistas teoricamente menos capacitados para as subidas mas que poderão resistir a estas e impor-se ao sprint, como Greg Van Avermaet, que se exibiu em excelente condição no Canadá, Edvald Boasson Hagen ou Arthur VichotNão quer dizer que todos de um lote sejam melhores ou piores que os outros. Em teoria os segundos citados levarão vantagem no sprint, mas é menos provável que resistam aos ataques dos melhores trepadores.

Depois há ainda um terceiro lote de ciclistas, mais completos, que incluem o português Rui Costa mas também Michal Kwiatkowski, Bauke Mollema, Nicolas Roche, Diego Ulissi ou Daniel Moreno. Aqui temos ciclistas que na suas melhores formas conseguem responder aos melhores trepadores em subidas como as deste circuito e além disso têm uma boa ponta final que os coloca em vantagem em relação a Froome, Nibali ou Quintana, por exemplo.

***** Valverde, Sagan, Cancellara e Rodríguez
**** Nibali, Gilbert, Van Avermaet, Rui Costa, Hagen e Kwiatkowski
*** Mollema, Gesink, Froome, Dan Martin e Ulissi
** Quintana, Urán, Henao, Roche, Moreno e Vichot


Chave-da-corrida

Como em todos os Mundiais )e corridas de fim de época em geral), o desgaste acumulado ao longo da temporada será um fator importante no rendimento dos ciclistas. Por isso alguns deles, apesar da sua enorme qualidade e do seu perfil encaixar com as características do circuito, acabarão por estar longe da discussão pelas medalhas. Alguns dos ciclistas que já estiveram mal na Vuelta conseguirão estar melhor em Florença, mas outros acabarão por confirmar que estão esgotados.

À parte disso, a chave-da-corrida poderá passar pela ausência de gregários e possível formação de um grupo de segundos planos das principais seleções.

Olhemos por exemplo para a Espanha. Além de Valverde e Rodríguez, tem José Herrada, Castroviejo e Egoi Martínez, três gregários. Mas será que Contador, Samuel Sánchez ou Luis León Sánchez vão trabalhar para outros? E será que o próprio Daniel Moreno vai trabalhar para Valverde ou guardar-se para si e para Purito? Olhemos também para a Itália, que ainda não apresentou a lista definitiva. Entre os onze pré-selecionados (dos quais dois serão excluídos) estão Giampaolo Caruso e Vanotti, fiel colega de Nibali. Mas Nocentini, Scarponi, Ulissi, Paolini, Pozzato, Ponzi, Santaromita e Visconti trabalharão para Nibali, trabalharão para outro ou também irão guardar algo para eles mesmos? A Bélgica tem Van Summeren e Serge Pauwels, mas olhando para as principais seleções é difícil perceber quem mais irá ajudar a Suíça de Cancellara e a Eslováquia de Sagan a perseguir uma fuga que possa ameaçar os principais candidatos.

Situação semelhante aconteceu em 2008. A duas voltas e meia do final começou a formar-se um grupo com vários ciclistas das principais seleções, e apesar de não estarem presentes os principais favoritos, as suas seleções abdicaram da perseguição e deixaram que a discussão acontecesse entre os mais de vinte escapados.

Perspetiva-se uma grande prova para atribuir o arco-íris!


3 comentários:

  1. penso que o rui costa tambem deveria estar na lista de candidatos a vitoria pela sua maneira de correr nas classicas e por tudo que fez no tour

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  2. E as previsões meteorológicas parecem apontam para chuva, o que a acontecer vai baralhar ainda mais a corrida.

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