quarta-feira, 4 de setembro de 2013

De Espanha vê-se Florença

A caminho dos Mundiais...
Falta semana e meia para a Vuelta chegar a Madrid, faltam três semanas para o Campeonato do Mundo de contrarrelógio e três semanas e meia para o Mundial de fundo. Para muitos, o percurso até Florença é o mesmo pela Vuelta.

Fabian Cancellara e Tony Martin, mais do que dois excelentes contrarrelogistas da atualidade, são dois dos melhores contrarrelogistas da história do ciclismo moderno, o ciclismo da especialização. Calhou-lhes em sorte competirem na mesma época.

Cancellara, que desde os juniores se mostrou um contrarrelogista excecional, foi o grande dominador da especialidade até 2010, colecionando quatro títulos em Mundiais de elites, uma edição dos Jogos Olímpicos e vitórias em cronos de Tour e Vuelta. Em 2011 Tony Martin deu um salto de qualidade e tomou o título mundial de Cancellara, além de vitórias no Tour e na Vuelta, dominando nesta que é a sua especialidade. Nem tudo se resumia a Cancellara e Martin, com Bradley Wiggins e outros mais esporadicamente a mostrarem-se capazes de bater o Spartacus suíço e o Panzer alemão, mas foi claro que ao longo de 2011 Cancellara não conseguiu impor a sua supremacia nos contrarrelógios.

2012 esteve longe de correr da melhor maneira para Fabian Cancellara. Uma queda na Volta a Flandres já o tinha impedido de disputar as suas duas clássicas de eleição, Flandres e Roubaix, e uma queda na prova em linha dos Jogos Olímpicos deixou-o bastante condicionado para a prova de contrarrelógio, onde viu Wiggins, Martin e Froome preencherem o pódio, não indo além do sétimo posto.

Mundiais 2011: Cancellara recebe Martin no pódio, depois da vitória do alemão
Para poder recuperar o domínio do contrarrelógio mundial, Cancellara teria que aumentar o foco no treino específico, sacrificar em parte a sua preparação para as provas de um dia. Aos 32 anos, Cancellara não se sentia capaz de dominar as clássicas de pavé e os contrarrelógios. Como o mesmo disse, os contrarrelógios não têm o mesmo impacto que uma Volta a Flandres, um Paris-Roubaix ou os Campeonatos do Mundo... de fundo. Esses foram traçados como os grandes objetivos para a presente temporada. Sem prólogo no Tour, não existindo a hipótese de vestir de amarelo na Volta a França, o contrarrelógio passaria para segundo plano, diminuindo a carga de trabalho específico na cabra. Ou isso disse em fevereiro. ("O contrarrelógio dos Mundiais não está no meu pensamento. Não tenho ambições para o contrarrelógio, mas tenho enormes ambições para as clássicas.")

Depois da campanha das clássicas, cumprida com nota máxima, talvez tenha mudado de ideias. Venceu o contrarrelógio da Volta à Áustria e foi segundo no da Polónia... batido por Bradley Wiggins. Fabian Cancellara chegou à Galiza num estado de forma sensacional, demonstrado no contrarrelógio coletivo, na chegada ao cabo Fisterra (2º atrás de Moreno), na chegada a Cáceres (3º lançando-se ao sprint de muito longe) e no trabalho para Chris Horner. Hoje chegou a vitória, uma vitória que pode levar a que altere o seu programa.

Agora parece mais provável que Cancellara esteja no contrarrelógio de Florença e o mesmo não exclui essa possibilidade. Porém, a decisão ainda não está tomada, pois o melhor que lhe poderia acontecer no crono seria conquistar o seu quinto título, um desafio muito menos aliciante do que conquistar pela primeira vez o arco-íris principal. O percurso é duro, mas estando no topo de forma o suíço poderá melhorar o quinto e o quarto lugares já conquistados. Pode aspirar ao ouro.

Resta saber se Cancellara estará disposto a abdicar de uma medalha altamente provável no contrarrelógio para apostar tudo no jackpot. Faltam três semanas e meia para uma prova que se prevê espetacular.

11 comentários:

  1. não terá sido um pico de forma (ligeiramente) cedo demais?

    ResponderEliminar
  2. Fiquei muito surpreendido com a vitória dele.
    O CR de hoje tinha muita subida e o Cancellara que é bem mais pesado fez a subida em menos tempo que o Tony Martin.
    O Tony Martin talvez se tenha ressentido um pouco do esforço daquela etapa que fez a solo, mas o Spartacus também ja teve que dar o litro para ajudar o Chris Horner.
    Depois de um CR deste nivel do Cancellara nao consigo ver o Tony MArtin a fazer melhor nos mundias

    ResponderEliminar
  3. Anónimo, o Tony Martin até se pode ter poupado hoje não fazendo um CR a fundo...há que colocar todas as hipóteses em cima da mesa.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. a vuelta vem a portugal em 2014?

      Eliminar
    2. É uma possibilidade, vamos ver.

      Eliminar
    3. Pra.mim as etapas eram as seguintes
      CRE Lisboa-Lisboa
      1 etapa Portimao-Albufeira
      2 etapa Faro-VRSA
      3 etapa VRSA- ESPANHA

      Basiado na outra edisao que veio e fiticia

      Eliminar
  4. Se o CR for plano a vantagem é sempre do Martin, contudo nem sempre há dias bons...

    No mundial o CR é totalmente plano!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Exactamente o contra relógio de ontem com aquela subida prejudicava muito mais o Martin do que o Cancellara.

      Eliminar
  5. Obrigado pelos comentários!

    José, realmente o Cancellara tem estado numa forma espetacular. Porém, no ano passado o Gilbert venceu duas etapas na Vuelta e também foi vencer o Mundial. Não sei a resposta a essa pergunta, mas o tempo responderá.

    Amândio, não acredito que o Tony Martin não tenha dado tudo de si. Talvez ainda não esteja no seu melhor, mas poupar-se no único contrarrelógio da Vuelta? Não acredito.

    Anónimo, se as Autarquias algarvias não conseguem pagar o que devem à organização da Volta ao Algarve, como vão pagar para receber a Vuelta? Se pudesse escolher, preferia que pagassem as dívidas, mas infelizmente não têm condições para nenhuma das hipóteses. E eu sou algarvio.

    Cumprimentos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um patrocinio como liberty seguros ou banco bic era importantepara promover Rui Quinta.

      Eliminar
  6. Apesar desta vitória penso que Cancellara num crono com mais de 50 km e totalmente plano não tem capacidade para impor um ritmo capaz de bater Tony Martin. E mesmo com homens como Wiggins e Phinney deverá ser muito renhido pois estão a preparar-se exclusivamente para essa prova.

    A aposta deverá por isso passar pela prova em linha, onde apesar de não ser um dos favoritos pode pela sua inteligência táctica surpreender.

    ResponderEliminar

Share