domingo, 19 de julho de 2015

Uma questão de superioridade

Quem é o maior?
A camisola amarela do Tour está entregue a Froome e o único que a pode retirar é o próprio. Van Garderen, Valverde e Contador, além de estarem significativamente distanciados, voltaram a perder tempo em Mende, deixando a indicação de que a tendência é para a diferença se ampliar. Quintana, estando a três minutos do britânico, precisaria de ganhar à razão de um minuto por cada uma das três chegadas em alto ainda por realizar, o que é altamente improvável.

Significa isto, que o melhor de Nairo Quintana não me parece suficiente para recuperar três minutos a Chris Froome se este estiver num nível alto, e o que temos visto nos primeiros dois terços de Tour é Froome num nível altíssimo, no topo da sua condição. Mesmo em Mende, apesar de não conseguir acompanhar os aumentos de ritmo de Quintana, manteve-se sempre muito próximo, naquele seu estilo que Laurent Jalabert diz ser "desconfortável de ver" e do qual Cédric Vasseur diz parecer que a bicicleta se move sozinha. No final inclusive sprintou, não para ganhar um segundo a Quintana, mas para demonstrar a sua superioridade.

Tejay Van Garderen, ainda que vá perdendo tempo, permanece na terceira posição, com Alejandro Valverde a meio minuto e Alberto Contador a 51 segundos. Pelo menos a luta pelo pódio promete ser animada nos Alpes e permanece a grande incerteza de saber de que forma Alejandro Valverde perderá o pódio. Ou desta feita será capaz de quebrar o alinhamento das estrelas, dos signos e de todas essas coisas nas quais não creio mas que o impedem de subir ao pódio de Paris?

O que também não acredito é na possibilidade deste Tour escapar a Froome. Por aquilo que temos visto até ao momento, o mais provável é que Richie Porte ou Geraint Thomas, um deles, "quebre" nos Alpes mas em sua substituição surja algum substituto (Wout Poels) dando réplica ao bullying que vimos nos Pirenéus, com uma equipa de outro planeta a brincar com os humanos, ao ponto de Richie Porte, na subida para Plateau de Beille nem sequer chegar ao seu limite. Quando viu Quintana atacar (o principal rival!), um dos gregários de Froome, que tinha o seu pico de forma para o Giro, ia tão folgado que ainda comunicou com o carro de apoio, conforme demonstra a imagem seguinte. Possivelmente para perguntar ao seu diretor desportivo se ia buscar o trepador colombiano (o principal rival!) ou se deixava para o seu colega pistard. E depois de alguns instantes suficientes para escutar a resposta, encostou para o lado. Esta é a superioridade entre a Sky e as demais.

Em lutas como esta, entre planetas diferentes, ou quando se enfrenta o futuro, por vezes são necessários sacrifícios. E para Nairo Quintana, até pode ser benéfica a vontade de Contador chegar ao pódio e de Vincenzo Nibali melhorar a sua classificação geral (e procurar uma etapa). É que o Tour não se decide apenas a subir. A descida amanhã do Col de Manse e a descida do Col d'Allos na quarta-feira (terça é descanso) podem ser atacadas por estes dois e podem colocar em dificuldades Froome. Ou não. Ou até podem colocar em dificuldades Quintana. Ou não. Certo parece-me que Quintana no seu melhor não será suficiente para conquistar este Tour, pelo menos para já.
Todos os ataques controlados


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O que quer que aconteça amanhã, o Carro Vassoura apenas regressará, na melhor das hipóteses, quarta-feira à tarde.

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