quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A Bora-Hansgrohe que Peter Sagan precisava

São apenas quatro os reforços da Bora-Hansgrohe para 2018 e apenas um deles, Daniel Oss, visa o apoio a Peter Sagan, mas talvez seja tudo o que o tricampeão mundial necessita.

Além de Daniel Oss, a Bora-Hansgrohe apenas assegurou para 2018 os reforços de Peter Kennaugh, Davide Formolo e o jovem Felix Grossschartner, mas em sentido contrário não registou qualquer baixa de peso e apresenta um plantel que, embora não fosse o ideal para outros ciclistas e outras equipas, pode ser o ideal para Peter Sagan.

Antes de se mudar para a formação alemã, Peter Sagan já sabia como era ser a única esperança da equipa, como o foi nos anos finais da Cannondale, e como era dividir esse estatuto num conjunto com múltiplos objetivos, como era o caso na Tinkoff, a olhar para a maillot jeune com Alberto Contador. Com a mudança, mais do que estar numa super-equipa, procurava estar numa equipa feita à sua medida, considerando que grande parte dos objetivos (e do balanço) da sua temporada se faz no Tour. O resto nas clássicas da primavera. E o Campeonato do Mundo é um bónus, mas ninguém levará a mal que Sagan (ou qualquer outro ciclista) não o vença.


Maciej Bodnar, Michael Kolar, Juraj Sagan e Erik Baska foram quatro ciclistas que logo acompanharam Peter Sagan da Tinkoff para a Bora-Hansgrohe para garantir o apoio ao campeão do mundo, e embora não lhe ofereçam a qualidade desportiva que existe, por exemplo, na Quick Step ou na BMC, oferecem-lhe um elevado grau de compromisso. A estes juntou-se Marcus Burghardt, experiente e também ele um excelente rolador, e agora Daniel Oss, ex-companheiro de Sagan na Liquigas, um homem com capacidade para lutar pelo top-10 em muitas clássicas da primavera, mas que se tinha convertido em braço-direito de Greg van Avermaet, agora de Peter Sagan.

A Bora-Hansgrohe não terá um plano B para lutar pela vitória em Sanremo, Volta a Flandres ou Paris-Roubaix, não terá um bluff. Mas sejamos honestos: nunca poderia funcionar um bluff numa equipa de Peter Sagan. Ninguém cairia nessa armadilha, o homem a marcar seria sempre o agora tricampeão mundial. A equipa parece ter, isso sim, as condições para controlar a corrida até à fase da discussão, onde as suas rivais também já estão numericamente bastante limitadas.


No capítulo das grandes voltas, enquanto Davide Formolo apostará pelo Giro d'Italia para melhorar o 10º lugar de 2017, Rafal Majka centrar-se-á no Tour de France e olhará a classificação geral, mas não hipotecará os objetivos de Sagan. Ao contrário do que acontecia na Tinkoff, onde Sagan tinha liberdade para lutar pelos seus objetivos mas a equipa começava por focar-se em Contador, a Bora-Hansgrohe dará liberdade a Majka, terá consigo muito provavelmente dois trepadores (Emanuel Buchmann, Peter Kennaugh ou Patrick Konrad, por exemplo), mas nada impedirá Sagan de, além de alguns dos companheiros das clássicas, contar com um lançador como Sam Bennett ou Rüdiger Selig.

2017 terá sido um ano agridoce para Peter Sagan. Alcançou a sempre impressionante marca de 12 vitórias, incluindo 10 no World Tour e um Campeonato do Mundo, mas ficará a frustração da injusta eliminação do Tour de France, onde lhe foi retirada a hipótese de vencer mais etapas (venceu uma das quatro que disputou) e, mais importante, de igualar o recorde de seis camisolas verdes consecutivas. Para 2018 os objetivos serão idênticos, começando pelas clássicas da Primavera, com a Volta a Flandres que já venceu em 2016 e a Milano-Sanremo e Paris-Roubaix onde se quer estrear.

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