segunda-feira, 21 de maio de 2018

Giro d'Italia 2018 - análise final da 2ª semana

O Giro d'Italia 2018 vai agora entrar na sua terceira semana e olhando para o que temos e, sobretudo, para o que aí vem, a luta pelo pódio promete ser muito disputada. Mas também olhando para o que temos, e sobretudo para o que já vimos, há um claro favorito a levar a maglia rosa: Simon Yates.

Com mais de dois minutos de vantagem para Tom Dumoulin e quase cinco para Chris Froome, os dois melhores contrarrelogistas em prova, Simon Yates (Mitchelton-Scott) parece em condições de manter a camisola rosa após os 34,2 km de contrarrelógio da próxima terça-feira. De qualquer forma, mesmo que Dumoulin chegue à liderança na sua especialidade, onde é campeão mundial, o britânico parece ter a vitória nas suas mãos.

O ciclismo já nos mostrou que há muitas formas de perder uma grande volta e basta olhar ao histórico recente da grande volta italiana. Como o mau dia de Fabio Aru após o último dia de descanso em 2015 (para acabar a vencer as duas derradeiras etapas em linha depois de recuperado), o ainda pior dia de Mikel Landa que o levou ao abandono no ano seguinte, também depois de um dia de descanso, as quedas de Ilnur Zakarin quando era virtual camisola rosa no contrarrelógio longo de 2016 e a mais lembrada queda de Steven Kruijswijk contra a neve quando parecia ter esse Giro nas mãos. E para que este Giro tenha outro vencedor que não Simon Yates é preciso algo que faça o britânico descer ao nível da concorrência, porque muito dificilmente a concorrência chegará ao nível por ele demonstrado até aqui.


Já com três vitórias conquistadas e outra oferecida ao seu colega Esteban Chaves, Yates conta ainda com uma soberba e experiente equipa. De resto, a única coisa que até aqui correu mal ao conjunto australiano foi a quebra do colombiano, lá está, após um terrível dia de descanso.

Tom Dumoulin (Sunweb), Domenico Pozzovivo (Bahrain-Merida), e Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) estão muito próximos e apesar de ser expectável que Dumoulin amplie a sua vantagem no contrarrelógio, podemos ter esperança numa intensa luta até final se Pozzovivo e Pinot tiverem condições para, pelo menos, tentarem. Se os ataques serão bem sucedidos ou não, será uma questão a ver depois. Mas tanto o italiano como o francês já demonstraram em oportunidades passadas que, tendo capacidade, vão tentar algo. E para Pozzovivo esta continua a ser a melhor oportunidade da sua já longa carreira de chegar ao pódio de uma grande volta. Já com seis top-10, incluindo um quinto lugar e dois sextos (Giro e Vuelta), nunca tinha entrada na última semana tão perto da liderança nem em lugar de pódio.

Depois destes quatro, sensivelmente dois minutos depois, vêm os dois jovens sul-americanos, Miguel López (Astana) e Richard Carapaz (Movistar), e Chris Froome (Sky), os últimos três que ainda podem ter alguma pretensão de chegar ao pódio final. É de esperar que López perca tempo no contrarrelógio e se distancie ainda mais nesta luta, mas a referida esperança alimenta-se das três chegadas em alto que ainda terá pela frente. Lamentavelmente perdeu ainda na primeira semana mais de 40 segundos numa queda e sabemos que esse tempo lhe pode custar uma posição ou duas, podendo até custar um lugar no pódio final. Mas já mostrou ser um ciclista que, no seu melhor, ataca, dá luta, e poucos o podem acompanhar nas montanhas. Até aqui tem sido um dos melhores trepadores deste Giro e ainda poderá evoluir na última semana.


Richard Carapaz é uma incógnita, apenas na sua segunda grande volta e a primeira a este nível. Mas é um nível muito elevado! Independentemente do que aconteça nas seis etapas que faltam cumprir, é desde já um Giro extraordinário da sua parte! Mas ele, os equatorianos e a Movistar podem acreditar num pouco mais. Perderá tempo no contrarrelógio, mas o que tem feito na montanha permite-lhes acreditar.

E Chris Froome, que tão bem esteve no Zoncolan e tão mal no dia seguinte. O de domingo não tem qualquer hipótese de chegar ao pódio, mas o Froome que se viu no Zoncolan é capaz de ganhar tempo a quase toda a gente no contrarrelógio que aí vem e reentrar (novamente) na luta pelo pódio. Já não tem margem de manobra. Tem quatro etapas com espaço para recuperar o tempo perdido até aqui, não pode desperdiçar nenhuma e, sobretudo, não pode voltar a perder terreno.

Para terminar esta breve análise, agora já com Fabio Aru completamente arredado da luta, uma nota para a certeza de que teremos várias estreias em top-10 de grandes voltas, e talvez estreias de ciclistas muito jovens. Além de Carapaz.

Pello Bilbao (28 anos) é 9º e Patrick Konrad (26) é 10º. Logo depois vem Rohan Dennis (27), Ben O'Connor (22) e Sam Oomen (22). A forma como resistam ao contrarrelógio dirá muito das reais possibilidades de chegarem a esse lugar entre os dez melhores, sobretudo dos dois mais jovens. O primeiro com toda a liberdade dentro da sua equipa. O segundo dependente do que faça o seu chefe-de-fila, Dumoulin.

Classificação Geral após 15 etapas
1 Simon Yates (GBr) Mitchelton-Scott 65:57:37  
2 Tom Dumoulin (Ned) Team Sunweb 0:02:11  
3 Domenico Pozzovivo (Ita) Bahrain-Merida 0:02:28  
4 Thibaut Pinot (Fra) Groupama-FDJ 0:02:37  
5 Miguel Angel Lopez (Col) Astana Pro Team 0:04:27  
6 Richard Carapaz (Ecu) Movistar Team 0:04:47  
7 Chris Froome (GBr) Team Sky 0:04:52  
8 George Bennett (NZl) LottoNL-Jumbo 0:05:34  
9 Pello Bilbao (Spa) Astana Pro Team 0:05:59  
10 Patrick Konrad (Aut) Bora-Hansgrohe 0:06:13  
11 Rohan Dennis (Aus) BMC Racing Team 0:06:41  
12 Ben O'Connor (Aus) Dimension Data 0:07:12  
13 Sam Oomen (Ned) Team Sunweb 0:07:27  
14 Carlos Betancur (Col) Movistar Team 0:08:00  
15 Alexandre Geniez (Fra) AG2R La Mondiale 0:09:00  
16 Wout Poels (Ned) Team Sky 0:09:38  
17 Michael Woods (Can) EF Education First-Drapac p/b Cannondale 0:09:49  
18 Davide Formolo (Ita) Bora-Hansgrohe 0:09:56  
19 Sergio Henao (Col) Team Sky 0:13:15  
20 José Gonçalves (Por) Katusha-Alpecin 0:15:20

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