quarta-feira, 17 de julho de 2013

Restam dois lugares ao lado de Froome

Chris Froome está intratável. Já são três vitórias em etapas e uma confortável liderança na classificação geral, que lhe permite encarar as três jornadas alpinas que faltam em modo de gestão. O que está ao rubro é a luta pelo pódio, com Alberto Contador, Roman Kreuziger, Bauke Mollema, Nairo Quintana e Joaquim Rodríguez.

Poderia ser uma interessante luta pela vitória como na Vuelta do ano passado, mas está a ser pelo segundo lugar, como no Giro d'Itália em que Vincenzo Nibali estava um degrau sobre a concorrência. E aqui não há neve que impeça as ascensões às montanhas mais altas (não tão altas como as previstas no Giro).

O contrarrelógio de hoje era espetacular pelas suas particularidades. Uma vantagem do ciclismo face a outros desportos é que o "campo" pode mudar de dimensões e de feitio. Não tem sempre o mesmo retângulo de jogo, balizas do mesmo tamanho nem os postes à mesma altura. A organização do Tour sabe bem disso e por esse motivo procura constantemente novidades e formas de não tornar rotineiros os seus trunfos como o Alpe d'Huez (presente ano sim, ano não) ou o Mont Ventoux (ainda menos frequente). Quanto menos frequentes forem os percursos, maior o interesse que geram, como prova o contrarrelógio de hoje e a dupla subida ao Alpe d'Huez de amanhã, uma estreia.

Alberto Contador parecia bem encaminhado para a vitória, mas a mudança de bicicleta de Froome para a descida final levou à reviravolta na classificação, mesmo com as últimas nuvens de chuvas a prejudicarem o camisola amarela. Faltou-lhe a vitória na etapa, mas pelo menos conseguiu dar um passo importante para o pódio final. A vantagem sobre os seus rivais é escassa, mas o espanhol tem a seu favor a experiência e parece em crescente de forma.

Na antevisão do Tour falei numa possível quebra de Kreuziger na terceira semana em virtude da aposta na Volta à Suíça mas para já o checo não apresenta debilidades e tem estado até superior ao que mostrou na Suíça. Tem um minuto e meio de vantagem para o quarto classificado e uma excelente oportunidade de pódio, mas resta saber que liberdade terá por parte da Saxo-Tinkoff. Contador não parece capaz de recuperar a desvantagem para Froome, por isso o melhor seria permitir a Kreuziger correr para si. Dois ciclistas no pódio seria mais do que um prémio de consolação para a equipa de Riis, que tem garantida a continuidade do Saxo Bank como patrocinador mas tem agora o Tinkoff Bank em dúvida. Primeiro o dono do banco anunciou a "subida" a patrocinador principal, mas perante o interesse do Saxo em manter a sua posição, Tinkoff deixa em aberto a possibilidade de bater com a porta.

Em quebra está Bauke Mollema. Já o tinha demonstrado na etapa de Gap e voltou a mostrar no contrarrelógio. Não está ao nível apresentado nos Pirenéus e, ele sim, está a pagar o desgaste da Volta à Suíça. O pior para as suas aspirações de pódio não é a desvantagem que tem que recuperar mas a falta de capacidade para tal tarefa.

Nairo Quintana tem pouco mais de dois minutos para recuperar em relação à dupla da Saxo, faltando três etapas de alta montanha e não havendo mais cronos pela frente. No Mont Ventoux ganhou mais de um minuto àqueles que são atualmente os seus dois maiores rivais, pelo que o pódio é possível. Para Joaquim Rodríguez a tarefa parece mais complicada, mas o catalão não deixará de batalhar para chegar ao pódio e vencer uma etapa. Hoje esteve a 10 segundos de vencer um contrarrelógio. Quem se lembra daquele contrarrelógio totalmente plano, na Vuelta, onde perdeu a camisola roja como se nunca tivesse montado uma cabra? O crono de hoje (quase) nada tinha a ver.

Os últimos lugares do top-10 parecem destinados a ser disputados entre Ten Dam, um Fuglsang que finalmente está a confirmar as expectativas que depositava sobre si, Kwiatkowski, Daniel Martin, Rogers e talvez Valverde, se na sua busca por uma vitória de etapa houver espaço para subir na geral.

De lamentar a queda de Jean-Christophe Peraud. Ou melhor, as quedas. Caiu no reconhecimento do percurso, fez uma fratura de clavícula que lhe permitia continuar em prova,mas uma nova queda a dois quilómetros do final (sobre a mesma clavícula) levou à desistência daquele que era o melhor francês da geral, no novo lugar.

As próximas três etapas poderão ser espetaculares, tendo em conta o leque de bons trepadores que estão demasiado longe para chegar ao top-10 mas não quererão deixar passar em branco a sua presença neste Tour. Talansky, Navarro, Monfort, o próprio Andy Schleck que terá que atacar e Cadel Evans, que hoje fez um contrarrelógio tranquilo, poupando-se para as próximas etapas. Receita semelhante seguiu Rui Costa. E repito o que disse quando venceu no Tour de 2011. Nas etapas que faltam, vai procurar uma segunda vitória. Uma é excelente, mas o Rui Costa não é ciclista para se limitar a andar no pelotão sem ambição.




Estas são as três etapas que antecedem o passeio triunfal de Paris. Três excelente etapas em perspetiva.

E para quem queira ver as etapas em direto mas não tenha televisão por perto, tem bom remédio. Todos os dias é publicado na página do Facebook um link para ver a etapa na internet.

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Esta sexta-feira começa o Troféu Joaquim Agostinho, apenas com três etapas etapas mas com um percurso bastante interessante que serve de último ensaio para a Volta a Portugal. É tema para abordar com o desenrolar da prova e sobretudo no final.

O Troféu Joaquim Agostinho sempre teve uma boa presença na internet comparativamente às restantes provas nacionais e foi o primeiro organizador que entrou na página de contactos do Carro Vassoura, retirou o e-mail que lá está e enviou toda a informação da prova como envia para a comunicação social. Sem ninguém pedir. Obrigado!

4 comentários:

  1. Oh Rui não se se concordas mas para o Rui a melhor etapa para voltar a ganhar seria a etapa 19.

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  2. Eu concordo totalmente com o Nuno... Aquela etapa 19 parece ideal para uma fuga resultar (caso não comece logo a ser muito atacada de inicio pelos favoritos) e caso isso aconteça apenas poderá ganhar quem tenha muita força.

    Era fenomenal que o Rui conseguisse mais uma etapa... Vamos ver se ainta tem força para tal porque ele ontem no CRI claramente andou a controlar esforços.

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  3. Rui ainda não encontrei a lista de inscritos do Troféu Joaquim Agostinho e a prova começa amanhã...tens a lista disponivel?

    Obrigado

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  4. Não há palavras... Fantástico Rui... 2 vitórias já ninguém nos tira

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