domingo, 26 de abril de 2015

Alejandro Valverde não tem idade

É uma discussão sem fim, mas Alejandro Valverde ganhou esta semana mais argumentos para se colocar como o melhor ciclista da atualidade e sem dúvida um dos melhores de sempre. Completou ontem 35 anos, venceu hoje a Liège-Bastogne-Liège e parece nos melhores anos da sua vida.

Foi uma Liège-Bastogne-Liége dura desde muito cedo, porque as equipas dos principais favoritos assim o fizeram. A Movistar de Valverde, a Katusha de Rodríguez, a Etixx de Kwiatkowski mas sobretudo a Astana de Nibali e Fuglsang. Atacaram, puxaram pela corrida e fizeram tudo o que estava ao seu alcance para que a prova não chegasse com pelotão (quase) compacto aos últimos quilómetros à semelhança do ano passado. As quedas também fizeram a sua infeliz seleção, mas estou em crer que, mesmo sem elas, o grupo dianteiro teria chegada às últimas colinas bastante reduzida.

Pese aos muitos ataques e à enorme quantidade de gente importante que se mexeu ainda distante da meta, não houve um grupo que ameaçasse os candidatos que permaneciam no pelotão. Foi uma Liège-Bastogne-Liège que valeu a pena ver na íntegra, ainda que eu não consiga resumir os acontecimentos de forma a demonstra-lo.

Alejandro Valverde, que desde quarta-feira encabeçava isolado a lista de favoritos, mexeu-se ainda na Côte de Saint-Nicolas, a penúltima subida, mostrando-se disponível para fazer fazer os últimos cinco quilómetros sozinho se necessário fosse. Foi uma postura diferente de 2014, quando demorou demasiado na roda de Simon Gerrans. Desta feita queria partir a corrida porque sabia que estava em condições para o fazer.

Já na subida para a meta, Daniel Moreno conseguiu uma vantagem interessante, mas penso que nem terá sido suficiente para assustar Valverde. O murciano tem 35 anos e sabe perfeitamente que fez tudo o que precisava para chegar aqui em condições de sair voando e anular aquela distância. Foi o que fez e venceu a Liège-Bastogne-Liége pela terceira vez na carreira, depois de 2006 e 2008.

Valverde esteve próximo de fazer a tripla de Davide Rebellin (2004) e Philippe Gilbert (2011), o que diz muito da sua condição. Foi segundo na Amstel Gold Race, venceu a Flèche Wallonne e a LBL. O seu palmarés fala por si: 3x Liège-Bastogne-Liège, 3x Flèche Wallonne, 2x San Sebastián, 3x Pro Tour/World Tour, 1x Vuelta, 2x Dauphiné, 1x Volta à Catalunha. Falta-lhe apenas o pódio no Tour e um título mundial, onde tem 6 medalhas. E pelo meio ainda lhe foram retiradas vitórias pela suspensão que teve.

Mais, do modo em que Valverde vem a melhorar, já não é de excluir que possa mesmo chegar ao pódio do Tour, ganhar o mundial, o Il Lombardia, a Milano-Sanremo, a Volta a Flandres, o Paris-Roubaix, a Bola de Ouro e o MVP da Final da NBA. Como está, não excluo Valverde de nada.

A situação é resumida pelo irrepreensível Shane Stokes, jornalista do recomendadíssimo CyclingTips:

"Valverde está a correr melhor agora do que quando ia a médicos estranhos. E tem 35 anos". Uma clara referência ao tempo que Valverde trabalhava com Eufemiano Fuentes. No final Valverde disse que "guardava sempre uma bala". Penso que também se estava a referir às bolsas que guardava nas míticas instalações de Fuentes.

Julian Alaphilippe repetiu o segundo posto da Flèche Wallonne de quarta-feira: mais um segundo lugar para a Etixx (e nem têm Sagan). A exceção aos segundos lugares aconteceu na Amstel Gold Race por intermédio de Kwiatkowski, um ciclista muito difícil de explicar (hoje voltou a estar longe). Terceiro lugar para Joaquim Rodríguez, uma boa prestação, mas ainda não é desta que vence. Quarto Rui Costa, repetindo o posto da Amstel Gold Race, à porta do pódio.

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Esta semana teremos Volta à Romândia, onde Rui Costa leva três terceiros lugares consecutivos. E faltam duas semanas para o Giro d'Itália.

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