Os incêndios na Serra da Estrela não começaram esta noite e cabia à organização ter uma boa alternativa para o caso de ser impossível subir à Torre pela Seia. Poderia ter encontrado forma da etapa não se tornar tão fácil como se tornou, pois acabamos por ter uma etapa muito curta e totalmente plana até à subida final, que não é assim tão dura. Estiveram bem ao conseguir manter a chegada à Torre mas poderiam ter estado muito melhor.
Não me parece que a subida para Teixeira e Carrazedo colocassem em dificuldades a Palmeiras, mas faria com que menos ciclistas iniciassem a subida para a Torre no grupo principal, entre eles alguns colegas de Blanco. Além disso, o Chuzhda teria duas subidas para somar pontos e se defender na montanha, oportunidade que assim perdeu. Claro que, disso, a organização não tem culpa, nem a quero eu culpabilizar. Apenas pretendo mostrar que existem inúmeras diferenças entre a etapa que se disputou e a que todos esperavam até esta noite.
Mesmo com a tarefa mais facilitada (além de tudo, eram menos 40 km para controlar), o Vidal Fitas surpreendeu. Já o elogiei várias vezes e hoje mais algumas pessoas terão percebido o porquê. Lançou o Cândido Barbosa para a fuga de modo a que este somasse os pontos das metas volantes e a sua equipa não tivesse que trabalhar no pelotão. Resultou na perfeição e o Cândido ganhou 5 pontos de vantagem face ao Sérgio Ribeiro, seu principal rival.
O primeiro a mexer-se foi o Hernâni Brôco mas abdicou logo. Depois atacou o David Bernabeu e obrigou o David Blanco a dar resposta. Talvez muitos não se tenham apercebido da força que o Blanco demonstrou. Assumiu desde cedo o controlo do grupo e foi puxando por ali cima, eliminando cada um dos seus adversários. No final, arrancou para a vitória. O segundo foi o Hernâni Brôco, que mais uma vez mostrou a sua grande capacidade de sofrimento. Foi sempre no elástico, no elástico, no elástico, até ao segundo lugar. O Brôco chega a 5 segundos do Blanco e à frente do Pardilla e do Sinkewitz. Porque não esteve nas duas últimas Voltas a Portugal? Era uma pergunta interessante para se fazer ao Américo Silva, pessoa com a qual sempre me dei bem mas não posso deixar de criticar neste ponto.
A vitória será para o Blanco, salvo furos ou quedas, como eu já tinha dito antes da prova começar. Brôco parte na frente na luta pelo segundo lugar, Bernabeu a 11s, Pardilla e Sinkewitz a 23 e os outros já muito longe.
Eu já tinha dito que esta Volta não dava para fazer diferenças e está á vista: o 10º classificado está a 2m38 e não é só devido aos incêndios de hoje.
Amanhã será o Cândido e o Sérgio Ribeiro a lutar pelos pontos para a camisola branca, muita gente a tentar vencer a etapa em fuga e o Chuzhda a tentar aproximar-se do Blanco na verde. Nas equipas também há um grande equilíbrio (LA 1º e Barbot a 2s) mas só se deverá decidir no contra-relógio, com vantagem para os de Paredes.
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Ontem não comentei o facto do Zé Mendes ter ganho o prémio da combatividade, mas hoje tenho que comentar. Apesar de ser um grande ciclista e eu preferir que fosse ele a vencer a etapa, não merecia o prémio da combatividade, como hoje não merecia o Nelson Oliveira. Critica-se os franceses por, em caso de dúvida, premiarem os ciclistas franceses, mas em Portugal, mesmo quando não há dúvida, entrega-se a um português. Ontem era para o Ortega e hoje para o Borisov.
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E por falar em franceses, algumas pessoas já devem ter reparado que os comentadores da RTP não dizem Casper e Sojasun como os da Eurosport. Pois é, estão habituados a ouvir mal. Os da RTP estão correctos.
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Para finalizar, faço referência a algo que ouvi no final da transmissão da RTP. Um jornalista perguntou ao director de Paredes porque o Hernâni Brôco não ia à Volta na anterior equipa. O Mário Rocha está a fazer um bocado o papel de “o grande director desportivo que redescobriu o Hernâni Brôco e lhe deu uma oportunidade”. Eu tenho uma pergunta que acho mais interessante: porque razão, antes da Volta, o Hernâni era só a terceira opção da equipa, atrás do Sabido e do Zé Mendes a recuperar da fractura de clavícula?
Foi realmente incrivel. O Blanco não atacou nem nada. Meteu o seu ritmo e foi por ali fora e eles cairam todos sem qualquer hipótese.
ResponderEliminarDesta Volta, falando por mim, só tive pena de o Rui Sousa não ter ganho nada. Tentou mas não conseguiu em nennuma das ocasiões. :/
Grandes posts. Nem sempre comento mas leio-os todos e estão realmente excelentes. Parabéns.
Obrigado pelo comentário, Pedro.
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