terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

“O ciclismo profissional está a crescer no Médio Oriente”

A frase é de Eddy Merckx e serve de apoio à candidatura de Omã para o Mundial 2015; a foto, não sei de quem é, mas contradiz o Canibal.

A UCI já indicou que pretende ter os Mundiais fora da Europa em cada cinco anos, os últimos foram os de 2010, na Austrália, e, somando 2+2, dá-nos que os de 2015 também deverão ser. A região do Quebéc, no Canadá, já se mostrou interessada e seria algo com sentido, pois em 2010 tiveram duas clássicas Pro Tour e a população mostrou interesse, registando-se uma boa afluência do público. Outra hipótese já avançada é a de Richmond, na Virgínia, EUA, uma candidatura encabeçada por Darach McQuaid, filho do presidente da UCI. Claro que, por ser filho de quem é, não perde o direito a gostar de ciclismo e querer estar no negócio, seja como organizador ou como for (dentro da legalidade, claro), mas que a ligação é digna de ser mencionada, lá isso é.

Agora junta-se à lista de candidatos Omã, um país no Médio Oriente, com muito dinheiro do petróleo e areia. Recentemente disputou-se a Volta a Omã, que tal como a Volta ao Qatar, é uma prova organizada pela ASO (organizadora do Tour), num país desértico mas com petróleo suficiente para pagar a algumas estrelas para estarem lá e promoverem os países como destino turístico. Os ciclistas e equipas recebem dos organizadores, os organizadores recebem do país e o país recebe promoção. Todos saem a ganhar, como se pretende, e pouco importa se os contra-relógios são com bicicletas normais porque dá para levar para lá essas e as suplentes mas as de contra-relógio já é demais.

Da Volta a Omã ser boa para todas as partes que nela participam, até um Mundial naquele país também o ser, vai uma grande distância. Como se pode ver na foto, até nas chegadas o público é quase nulo, passando a imagem de que a prova está ali para divertimento de uns quantos ricos. Pese isto, o ponto mais alto da aventura que é uma prova nestes locais menos habituais, pode ser a diferença cultural, principalmente quando a prova em questão se realiza num país tão fechado para o mundo. Neste caso, as autoridades locais chegaram a ameaçar as equipas de que, ou os ciclistas deixavam de mudar de roupa na rua após as etapas, ou haveria sanções. Segundo as autoridades, tinham que se comportar “decentemente”, e nós temos que entender que, para estes países, o resto do mundo é indecente.

Com todo o respeito, se Eddy Merckx não fosse organizador da Volta a Omã, dificilmente veria tão bem a ideia.

***

“A lógica é que, se um corredor/director/manager/médico tem qualquer tipo de ligação com um corredor/director/manager/médico que foi acusado ou associado a doping no passado, todas as partes são culpadas.” “A minha perspectiva sobre tudo isto mudou, radicalmente, na última sexta-feira de manhã.”

As palavras são de Jonathan Vaughters (retiradas dum texto muito maior), director desportivo da Garmin, equipa sediada em Girona, e são sobre Xavier Tondo, que também vive na Catalunha, esteve na famosíssima Póvoa de 2008 e em Dezembro denunciou às autoridades um e-mail que recebeu a tentar vender produtos dopantes. Em primeiro lugar, convém ler a notícia sobre Tondo e depois o texto de Vaughters (que vale muito a pena!). Como sempre, basta carregar nos links para aceder aos textos e notícias que os originam.

3 comentários:

  1. Fabuloso o texto de Vaughters e, sem dúvida, uma acção louvável e extremamente corajosa do Tondo.
    Infelizmente eu tinha a mesma opinião - que ele estava envolvido no doping. Pelos vistos, está... Mas do lado certo da lei.

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  2. Bem-vindo aqui, Fábio (penso que é a primeira vez).
    Penso que, pela lógica, todos pensaríamos o mesmo que Vaughters e, não acompanhando nós o Tondo de perto, temos que seguir a lógica. Mas a sua atitude (de Tondo) foi muito nobre e mostrou te-los no sítio.

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  3. Sim, o Tondo mostrou ter uma coragem fora do normal. Felizmente no nosso desporto parece que há muita gente a lutar pela verdade desportiva mesmo dentro do pelotão. Se a WADA e a UCI se prendem muitas vezes em decisões estranhas, esta do Tondo merece uma condecoração por parte dos adeptos.

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