Quando ele arranca,,, |
Chegada no Monte Córdoba, na Nossa Senhora da Assunção, e vitória de Sérgio Ribeiro, como era de esperar. É o grande favorito para este tipo de chegadas, teve equipa à altura e assim não dá hipóteses. Entre aqueles que querem vencer a Volta, também se fizeram diferenças que merecem atenção e delas falarei.
Amanhã é dia de chegada à Senhora da Graça, de novas diferenças entre os favoritos e, em princípio, de nova camisola amarela, apesar de Sérgio Ribeiro se poder aguentar próximo dos primeiros.
A luta pela etapa…
Quando, na apresentação da prova, o Sérgio Ribeiro dizia que estaria centrado em ajudar o Rui Sousa e apenas com o desenrolar da corrida veria se disputava as etapas ou não, o discurso não me pareceu nada bem, porque não gosto destas coisas do politicamente correcto e todos sabemos que há chegadas que lhe assentam na perfeição. Se antes havia chegadas que encaixavam muito bem nas características de Cândido Barbosa, agora há chegadas que encaixam com as de Sérgio Ribeiro, um ciclista que reúne atributos de uma forma algo rara e que qualquer equipa gostaria de ter.
Assim que o Sérgio Ribeiro chegou ao pelotão profissional, logo mostrou que não era um sprínter. Era rápido mas o seu ponto forte eram as chegadas em que chegavam menos sprínters e, aqueles que chegavam, estavam desgastados. No ano passado aumentou o seu trabalho da montanha, conseguiu vencer na Senhora da Assunção e defendeu-se na Senhora da Graça e na Torre.
A etapa de hoje foi marcada por uma fuga em que nunca houve entendimento. Os ataques entre fugitivos eram constantes e o grupo que chegou a ter doze corredores terminou reduzido a três, que seriam alcançados já muito perto de Santo Tirso, de onde se começaria a subida para o topo do Monte Córdoba. Apesar de ter homens na frente, a Barbot controlou sempre a diferença entre pelotão e fugitivos e na parte decisiva da etapa impôs o ritmo que mais convinha a Sérgio Ribeiro. Primeiro com César Fonte, depois com Sérgio Sousa, o ritmo foi sempre alto, para que ninguém ousasse atacar. Sérgio Sousa realizou um trabalho notável e comandou o grupo até aos últimos 700 metros, onde Ricardo Mestre atacou e deixou em grandes dificuldades muita gente. Hernâni Brôco fechou o espaço e Sérgio Ribeiro e Francesco Gavazzi arrancaram para o sprint. O italiano precipitou-se e a vitória foi para Sérgio Ribeiro, o grande favorito, o camisola amarela que assim aumentou a sua vantagem na classificação geral, agora segura por alguns segundos.
…e a luta pela Volta
Quarto e quinto respectivamente, a quatro segundos de Sérgio Ribeiro, Hernâni Brôco e André Cardos foram os melhores entre os candidatos à vitória final. Ricardo Mestre perdeu cinco segundos para eles, Rui Sousa sete e João Cabreira 20. É certo que é uma subida curta, mais explosiva do que a Senhora da Graça e sem comparação para a Torre, mas era de esperar mais de Cabreira, que em 2009 disputou esta chegada e terminou junto aos melhores. Portanto, hoje foi um dia mau para ele.
Estar bem na subida para a Senhora da Assunção, não significa que se esteja bem amanhã ou na Torre, mas Nelson Vitorino e Vergílio Santos deram boas indicações e, com a sua experiência e a sua qualidade, poderão ser muito úteis para os seus líderes. No caso da LA, até tiveram uma perda significativa hoje, Edgar Pinto, o rei do azar. Fracturou a clavícula no Troféu Joaquim Agostinho, foi atropelado durante a preparação para a Volta e hoje foi obrigado a desistir com uma fractura no colo do fémur. Tudo isto, em menos de um mês. Aqui ficam os votos de uma rápida e completa recuperação para ele.
Se alguém acreditava que David Bernabeu estaria em condições de disputar a vitória na Volta, hoje ficou visto que não, perdendo 35 segundos para Sérgio Ribeiro. Hugo Sabido também esteve mal, cedendo 44’’.
Pela positiva, há que destacar Alessandro Bisolti, da Farnese Vini, que hoje foi terceiro e amanhã poderá estar novamente entre os melhores. Sérgio Ribeiro, também lá poderá estar. Manter a camisola amarela não será fácil, mas há que relembrar que a etapa de amanhã não terá grandes dificuldades até Mondim de Basto, onde o pelotão deverá chegar muito numeroso e pouco desgastado (a etapa tem apenas 151 km). A partir daí, muito poderá acontecer. Dependerá se algum líder ataca de longe, se alguma equipa com ambições tenta quebrar o grupo ou se ficam a olhar uns para os outros e facilitam o trabalho a corredores como o Sérgio Ribeiro.
Quando saírem de Viana do Castelo, Sérgio Ribeiro terá a camisola amarela, Brôco será terceiro com mais 24 segundos, André Cardoso estará a 32’’, Ricardo Mestre a 36’’, Rui Sousa a 38’’ e João Cabreira a 54’’. A partir de amanhã, se verá quais dos 5 ases vão mesmo discutir a Volta e se alguém se intromete entre eles.
É de elogiar a atitude da Caja Rural, muito activa nestas duas primeiras etapas. Com isso, Fabricio Ferrari já lidera a classificação da montanha e com boa vantagem para os concorrentes. Lideram também a classificação da juventude, com Garikoitz Bravo (apesar de na classificação o nome aparecer ao contrário).
Pela negativa, destaca-se a equipa turca (sobre a qual nem vale a pena aprendermos o nome), que já só tem dois ciclistas em prova. Veremos até quando se mantêm em competição.
PS: provavelmente, as bonificações farão diferenças na luta pelo pódio final. Antes que algum sério candidato à vitória final bonifique, quero deixar bem claro que sou contra elas. Espero que o vencedor seja o corredor que cumpra o percurso em menos tempo e não o que mais bonifique.