Cumpriu-se este ano a 20ª edição da Volta a Portugal do
Futuro, vencida e dominada por Rafael Silva e pela Liberty Seguros, que levou quatro
das cinco etapas, a classificação geral, a dos pontos e a colectiva. Alguns dos
jovens presentes merecem passar a profissionais já no próximo ano.
A aposta do Sport Ciclismo São João de Ver na formação continua
a dar frutos (patrocinada pela Liberty Seguros nos últimos anos) e conquistou
agora a sua sexta Volta a Portugal do Futuro nas últimas nove edições. João
Cabreira (2004), André Cardoso (05), Filipe Cardoso (06), João Benta (08) e
Jóni Brandão (11) foram os protagonistas das anteriores vitórias, aos quais se
junta agora Rafael Silva. Pelo meio venceram José Mendes (Benfica, 07), Marco
Cunha (Aluvia, 09) e Alexander Ryabkin (Caja Rural, 10).
Rafael Silva tinha estado recentemente na Volta a Portugal “principal”
e esta vitória vem provar que não é assim tão prejudicial correr a Volta “dos
grandes” antes da Volta do Futuro. Até porque António Carvalho, Ricardo
Ferreira e Luís Afonso, outros participantes na Volta, estiveram também eles em
muito bom nível nesta prova.
Jovens com potencial
Já aqui me manifestei como defensor da “regra dos 28 anos”, que obriga as
equipas continentais a serem maioritariamente (não na totalidade) compostas por
ciclistas abaixo dos 28 anos, e depois desta Volta a Portugal do Futuro tenho
ainda mais certeza de que há jovens que
merecem passar a profissionais já no próximo ano. Não apenas por terem
estado bem nesta semana mas por nela terem confirmado a qualidade demonstrada
durante o resto da temporada, mesmo quando tiveram que competir com
profissionais.
O Rafael Silva é
um deles, tendo mostrado durante toda a temporada que era o melhor sub-23,
vencendo a Taça de Portugal e a Volta a Portugal do Futuro com uma medalha de bronze
pelo meio nos Nacionais.
O campeão nacional sub-23 Pedro Paulinho e o vice-campeão elite António Carvalho são outros dois que merecem passar às equipas
profissionais, principalmente quando nas quatro equipas continentais apenas existem
quatro sprinters: Sérgio Ribeiro, Filipe Cardoso, Samuel Cardeira e Bruno
Sancho. Com Pedro Paulinho ou António Carvalho, passam a ter mais alternativas
na busca por vitórias. Pedro Paulinho tem a vantagem de ser mais jovem (22
anos) e ser muito bom contra-relogista além de sprinter, António Carvalho tem a
desvantagem de ser mais velho (cumpre 24 em Outubro) mas continua a ser jovem,
passa melhor as subidas e é mais regular.
Outra Volta a Portugal do Futuro para o São João de Ver |
Luís Afonso é
outro que está no último ano sub-23 e merece passar a profissional depois de
ter sido um dos melhores do pelotão desde os tempos de cadete. Foi sexto na
Volta a Portugal do Futuro e 2º em duas etapas, correu a Volta a Portugal como
estagiário da LA/Antarte, trabalhou muito para Hugo Sabido e andou muito bem
durante quase toda a temporada.
Há ainda outros talentos que fizeram uma temporada muito boa
mas que são mais jovens e na próxima temporada ainda serão sub-23. O maior
exemplo é António Barbio, que com
apenas 18 anos (cumpre 19 em Dezembro) foi vice-campeão nacional de
contra-relógio e de fundo, 2º na Volta a Portugal do Futuro e apenas numa etapa
ficou fora dos 4 primeiros (8º), mostrando-se muito completo. É muito jovem,
ainda tem mais 3 anos no escalão sub-23 mas não me admiraria nada que passasse
a profissional já em 2013, porque não me lembro de um sub-23 de 1º ano a fazer
uma temporada tão boa.
Época também de bom nível para Frederico Figueiredo (4º na Volta do Futuro) e que ainda tem um ano
sub-23 pela frente, onde deverá ser uma das apostas da Liberty Seguros para as
provas mais importantes. À sua frente na Volta do Futuro ficou Eugenio Cozonac, que não realizou uma
temporada tão boa mas é um ano mais jovem e também pode construir uma boa
carreira. É agora importante que vá para uma equipa em que se saiba trabalhar a
formação e aproveitar todo o seu potencial.
David Rodrigues,
vencedor da primeira etapa na Volta do Futuro, e Leonel Coutinho, vencedor da segunda, também têm potencial para
serem profissionais mas, faltando-lhes respectivamente uma e duas temporadas no
último escalão de formação, há que aproveitar e deixar amadurecer, pois ainda
falta algo para darem o salto. Ricardo
Ferreira também realizou uma boa temporada mas falta-lhe igualmente algo
para passar a profissional, o que é normal tendo em conta que ainda tem os 20
anos por cumprir.
Conclusão
Há uma série de jovens talentosos, já com bons resultados
conquistados e que poderiam entrar para equipas continentais com um papel
menor, mas que ainda têm mais uma ou duas épocas para amadurecer em equipas
sub-23 e que aí devem permanecer. Mas há outros, como Rafael Silva, Pedro Paulinho,
António Carvalho e Luís Afonso, que estão a terminar o seu percurso pela
formação e têm (por direito próprio) que passar a profissionais. Fazem parte do
futuro do ciclismo português e não se lhes pode manter no amadorismo enquanto
gente menos capacitada é profissional. Fosse eu director desportivo e em 2013
teria 3 ou 4 neoprofissionais, se não fossem mais.
*****
Quadro de Honra da Volta a Portugal do Futuro 2012
1ª Etapa: 1º David Rodrigues (ASC/KTM/Vitória); 2º Rafael Silva (Liberty Seguros); 3º António Barbio (Mortágua)
2ª Etapa: 1º Leonel Coutinho
(Liberty Seguros) ; 2º Rafael Silva (Liberty Seguros); 3º Daniel Freitas (Cartaxo/Efapel/Glassdrive)
3ª Etapa: 1º Rafael Silva (Liberty Seguros); Luís Afonso (Liberty Seguros); 3º António Barbio (Mortágua)
4ª Etapa: 1º Marco Cunha (Liberty Seguros) ; 2º António Carvalho (
Mortágua ); 3º Luís Fernandes (OFM/Valongo)
5ª Etapa: 1º Rafael Silva (Liberty Seguros); 2º Luís Afonso (Liberty Seguros); 3º Diogo Silva (Maia)
Class. Geral: 1º Rafael Silva (Liberty Seguros); 2º António Barbio (Mortágua); 3º Eugenio Cozonac (Louletano/Dunas Douradas)
Class. Pontos: 1º Rafael Silva (Liberty Seguros); 2º António Barbio (Mortágua); 3º Luís Afonso (Liberty Seguros)
Class. Montanha: 1º Luís Fernandes (OFM/Valongo); 2º Luís Afonso (Liberty Seguros); Frederico Figueiredo (Liberty Seguros)
Class. Juventude: 1º Liberty Seguros; 2º Mortágua; 3º Maia
Class. Equipas
O Rafael Silva nunca participou na Volta a Portugal amigo Rui.
ResponderEliminarAbraço
Pengo, participou este ano e terminou (73º). Classificação final aqui: http://classificacoes.net/prova/74-volta-a-portugal-liberty-seguros/geral_individual.htm?iframe=true&width=620&height=700
ResponderEliminarCumprimentos
Tem razão Rui confundi com outro corredor da Liberty, o Frederico Figueiredo.
ResponderEliminarNão sou contra a regra dos 28 anos, mas vendo tamanha qualidade a aparecer no nosso pelotão sub-23 por mim passavam já meia dúzia a profissionais, pena existirem tão poucas equipas profissionais em Portugal, espero que mais equipas estrangeiras olhem para os nossos ciclistas, e desta forma ou levam já os novos valores, ou levam os que agora estão no pelotão profissional e abrem-se espaços nas equipas portuguesas para os novos valores.
ResponderEliminarCumprimentos
Mais uma vez muito bem Rui. Esta prova dada a sua escassez de etapas e de ciclistas, novamente ficou marcada pelo primeiro dia e por uma fuga. Quem entrou na fuga e conseguiu chegar isolado tinha grandes probabilidades de vencer, e foi isso que aconteceu. A Liberty, como dizes e bem, conseguiu meter 2 ciclistas na fuga, entre eles o vencedor da taça de Portugal e a partir daí, ainda mais favorita ficou, geriu e bem mais uma vez. É a equipa com melhores ciclistas no global, uma parte deles formados já algum tempo na equipa e uma grande parte "pescados quando se destacam" às outras equipas. Parabéns a eles e ao Rafael. Mas acho que nesta prova serviu também para lançar ainda mais um jovem. O que fez o Barbio e a sua equipa foi na minha opinião muito bom, e acima de tudo demostra que este jovem pode chegar bem longe. Espero que se mantenha no Mortágua com "papel de destaque" do que troque, por exemplo para a forte liberty para ser "gregário", um pouco o que aconteceu com o P. Paulinho, nesta volta infelizmente (não é que isto seja desprestigiante para ele, mas dada a sua qualidade na minha opinião podia lutar por algo mais). Quanto ao que te referes a nível de ingresso no pelotão profissional, penso que entrarão infelizmente no máximo 2/3 ciclistas, e aí provavelmente os homens da liberty mais uma vez partem em vantagem.
ResponderEliminarMas o caso mais paradigmático é um ciclista que é 7º classificado ao momento no ranking nacional, vice-campeão nacional de estrada, que fez praticamente top 15 em todos os prémios este ano, 4º numa etapa da volta a Portugal, se ainda não é este ano que tem uma oportunidade séria e com pés e cabeça, alguém anda a ver muito mal...
Vitor Castro concordo claramente contigo quando te referes ao António Carvalho ele tem mais que capacidades para discutir etapas com os melhores sprinters do nosso pelotão profissional, prova disso é ter sido 2º no campeonato nacional só atrás do Manel Cardoso. A Onda em vez de ter o obeso do Bruno Lima podia claramente pegar neste jovem. Do ano passado para este ano a equipa boavisteira fez aquilo a que eu considero uma boa limpeza quando mandou aquela carrada de espanhóis embora e foi buscar os irmãos Gonçalves, esperemos que este ano faço o mesmo.
ResponderEliminarJá agora Rui Quinta bom artigo, mas quando te referes a apenas 4 sprinters no pelotão profissional penso que podias também incluir aí o Edgar Pinto, que não sendo um sprinter puro safasse muito bem.
Obrigado pelos comentários ;)
ResponderEliminarVítor, felizmente a fuga do primeiro dia não era composta por "uns quaisquer" e quase todos eles estiveram também muito bem na terceira e na quinta etapa que eram as mais difíceis. Quanto a tudo mais, de acordo.
Davide, sim, poderia ter referido também o Edgar que, como dizes, não é um sprinter puro mas safa-se muito bem.
Cumprimentos
Davide, acho que o António não é só um sprinter, fisicamente tem tudo para ser muito mais que isso, e mesmo na média montanha não se safa mal (quando em forma), prova disso a volta do futuro do ano passado, ou no premio liberty. Mas claro é jovem ainda muito tem para aprender, sofrer e crescer, mas penso que se tivesse conseguido uma vitória este ano estaria ainda mais forte principalmente em termos psicológicos.
ResponderEliminarRui não disse que na fuga estavam "uns quaisquer", houve muito mérito para lá estarem e muito valor, o que se confirmou com a classificação final.
Davide concordo contigo..o António Carvalho é bem superior ao Bruno Lima e pode-se dizer que o Professor José Santos anda a "dormir"..secalhar está mais preocupado com o seu site jornal ciclismo onde muito critica em vez de se preocupar em construir uma equipa que dignifique o cilismo português algo que ele já não consegue desde que perdeu o Tiago Machado.
ResponderEliminarCumprimentos
Pengo e Davide não vou fazer comparações, antre A e B, apenas acho que independentemente disso o António teria lugar numa equipa profissional. A Onda para mim, ainda assim é das equipas que mais aposta nos jovens, veja-se os irmãos Gonçalves por exemplo. Agora face á escassez de equipas nem todos conseguem passar das equipas de clube para as profissionais, essa escassez é o grande problema atual.
ResponderEliminarOh Rui, esqueceste-te do Valinho! Fez uma boa Volta até ;)
ResponderEliminarJoão, durante o resto da temporada não se deu por ele. Só nos Nacionais e agora na Volta, por isso não acho que esteja pronto para ser profissional, nem perto. Mas ainda tem outro ano...
ResponderEliminarCumprimentos!