Todos esperamos ansiosamente a nova temporada mas hoje vamos olhar para trás e para aqueles que considero terem sido os dez melhores momentos de 2012. Uns marcantes pela positiva, outros pela negativa, mas aqui está a minha selecção, ordenada cronologicamente (e acompanhada de vídeos).
Suspensão de Contador
Alberto Contador esperava a sentença do TAS para Fevereiro e optou pela mesma estratégia que Alejandro Valverde em 2010: começar o ano a top em muitas provas para, através do seu valor desportivo, intimidar quem tem o poder de decisão. No caso de Contador, apenas teve tempo de disputar o Tour de San Luís, onde venceu duas etapas e foi 2º na geral, resultados que viria a perder quando saiu a sentença do TAS, tal como perdeu todos os resultados alcançados desde a Volta a França 2010.
Já por diversas vezes comentei a decisão, justa aos olhos do regulamento, injusta aos olhos da minha razão. Ainda assim, 2012 começou marcado pela suspensão da maior figura do ciclismo mundial no activo. Foram-lhe retiradas as vitórias do Tour 2010 e do Giro 2011 e ficou suspenso até Agosto de 2012.
Queda de Fabian Cancellara em Flandres
Outro momento triste para quem gosta de ciclismo espectáculo (prometo que os próximos momentos destacados são mais alegres).
Depois de um 2011 amargo, com as vitórias em Flandres e Roubaix a escaparem-lhe por pouco, Fabian Cancellara começou a temporada em excelente forma, venceu a Strade Bianche, foi 2º na Milano-Sanremo e deu excelentes indicações para o Tour des Flandres e Paris-Roubaix, onde ambicionava repetir a dobradinha de 2010. Os adeptos esperavam espectaculares duelos com Tom Boonen, mas a sua queda nos primeiros quilómetros do Tour des Flandres e a quádrupla fractura de clavícula marcaram a prova, marcaram o Inferno do Norte e marcaram a sua temporada. Só regressou ao seu melhor nível no Tour, onde venceu o prólogo e foi camisola amarela por sete dias.
Nos Jogos Olímpicos voltaria a cair e a ver-se obrigado a terminar prematuramente a época.
A edição de 2011, vencida por Johan Vansummeren, servia como exemplo do que pode acontecer numa corrida descontrolada. Depois de várias movimentações, a 56 km da meta Boonen, Niki Terpstra, Ballan, Pozzato e Sébastien Turgot estavam ligeiramente adiantados em relação ao grupo principal. Enquanto os seus adversários se preocupavam com o aproximar do grupo perseguidor, Boonen e o seu companheiro Terpstra arrancaram para a cavalgada triunfal de Boonen, que deixou a 1'39'' os seus perseguidores: Turgot, Ballan, Flecha e Terpstra, por esta ordem. Foi a quarta vitória de Boonen em Roubaix e a mais espectacular delas.
Vitória de Boonen no Paris-Roubaix
Sem a concorrência de Cancellara, Tom Boonen venceu a Volta a Flandres num sprint a três com Filippo Pozzato e Alessandro Ballan e partiu como grande favorito à vitória no Paris-Roubaix. Era uma corrida para a história, onde poderia igualar o recorde de Roger De Vlaeminck e tornar-se no ciclista mais vitorioso de sempre no pavé.A edição de 2011, vencida por Johan Vansummeren, servia como exemplo do que pode acontecer numa corrida descontrolada. Depois de várias movimentações, a 56 km da meta Boonen, Niki Terpstra, Ballan, Pozzato e Sébastien Turgot estavam ligeiramente adiantados em relação ao grupo principal. Enquanto os seus adversários se preocupavam com o aproximar do grupo perseguidor, Boonen e o seu companheiro Terpstra arrancaram para a cavalgada triunfal de Boonen, que deixou a 1'39'' os seus perseguidores: Turgot, Ballan, Flecha e Terpstra, por esta ordem. Foi a quarta vitória de Boonen em Roubaix e a mais espectacular delas.
Aqui está o video desde o ataque até ao final:
Vitória de De Gendt no Stelvio e vitória de Hesjedal no Giro
Estávamos na penúltima etapa do Giro, com chegada no Passo dello Stelvio (2757m de altitude) e Joaquim Rodríguez e Ryder Hesjedal separados por apenas 17 segundos. Rodríguez precisava de ampliar a vantagem antes do contra-relógio e Ryder Hesjedal pretendia manter-se próximo para dar a volta ao texto em Milão.Thomas De Gendt integrou um grupo de fugitivos que se formou no Mortirolo, a mais de 60 quilómetros da meta, entrou na subida para o Stelvio com quatro minutos de avanço e a sete quilómetros da meta, já isolado, chegou a ter 5:35 de vantagem sobre o grupo de Hesjedal e Rodríguez, o que o deixava a cinco segundos da liderança virtual, situação especialmente perigosa por ser o melhor contra-relogista entre os três.
A diferença ainda era superior a cinco minutos a 2 km da meta mas na parte final o belga quebrou, Rodríguez perdeu "apenas" 3'22'' e Hesjedal 3'36'', suficiente para no dia seguinte se sagrar vencedor do Giro 2012. Fica para a história como a primeira vitória (e primeiro pódio) de um canadiano numa grande volta, tal como fica na memória a cavalgada de De Gendt.
Volta a Suíça de Rui Costa
Todos os portugueses que gostam de ciclismo conhecem a história e dificilmente a esquecerão.Logo após o prólogo, a Volta à Suíça reservava uma das etapas mais duras da sua edição de 2012, com chegada a Verbier, onde Alberto Contador tinha vencido no Tour 2009. Num pelotão com Frank Schleck, Valverde, Kreuziger, Danielson, Leipheimer, Gesink, entre muitos outros conceituados, Rui Costa não se intimidou e atacou para a vitória, vestindo a camisola amarela que seguraria até ao final.
No contra-relógio da antepenúltima etapa, o Rui aumentou a sua vantagem para os principais adversários, mas no dia seguinte não esteve ao seu melhor e viu alguns deles reaproximarem-se perigosamente. No último dia, Frank Schleck chegou a ser virtual camisola amarela, depois foi Steven Kruijswijk a aproximar-se da liderança virtual, mas Rui Costa conseguiu defender-se e conquistou uma das maiores vitórias da história do ciclismo português. Bravo!
Wiggins a espremer a concorrência em Besançon
O Tour é a prova rainha e a sua vitória dá sempre lugar a um dos momentos mais marcantes da temporada. E a vitória de Wiggins, mais do que ser um dos momentos da temporada, pode ser um dos momentos marcantes das próximas décadas, sendo decisivo para apaixonar os britânicos pelo ciclismo e resultar em investimentos de milhões de libras.
Besançon foi a cidade onde terminou o primeiro contra-relógio, onde Wiggins espremeu a concorrência e deixou bem claro que dificilmente o Tour lhe escaparia. Partiu para o crono com a Evans a dez segundos, Nibali a dezasseis e Menchov a cinquenta e quatro e nesse dias ganhou-lhes, respectivamente, 1'43'', 2'07'' e 2'08''. Tendo em conta que ainda faltava outro contra-relógio e a montanha pela frente não era muita, o Tour parecia ganho, como se viria a confirmar. De resto, o tempo que Wiggins ganhou a Froome veio todo dos contra-relógios e de um furo de Froome na primeira etapa em linha.
A quinta de David Blanco
Um momento caseiro que marca a temporada nacional e a história da Volta a Portugal. A 9 quilómetros do alto, David Blanco arrancou para a sua terceira vitória na Torre e dois dias depois tornar-se-ia recordista isolado da Volta a Portugal, com cinco vitórias. Quando se retirar, vai deixar saudades ao ciclismo português, tanto pelas suas performances desportivas como pela sua postura fora de corrida.
Em Valkenburg estrearam-se os Mundiais de contra-relógio por equipas e Rui Costa foi 11º, a melhor classificação até agora alcançada por um português em Campeonatos do Mundo.
Contador em Fuende Dé (Vuelta)
Joaquim Rodríguez era líder da Vuelta por 28 segundos e vinha a exibir-se como o mais forte dos candidatos à vitória, mas Alberto Contador deu a volta à situação, não pela força, mas pela estratégia. Com um ataque a mais de 50 quilómetros da meta, com a ajuda de Sérgio Paulinho e principalmente Paolo Tiralongo (Astana), ganhou 2'38'' a Joaquim Rodríguez, que nesse dia apenas pôde contar consigo mesmo. Rodríguez perdeu assim uma grande oportunidade para vencer a sua primeira grande volta.Suspensão de Lance Armstrong
Outro acontecimento que marca 2012 pela negativa, ainda que se refira a acontecimentos de outras temporadas. 2012 foi o ano em que retiraram as 7 vitórias de Armstrong no Tour, num processo já amplamente comentado e que dispensa mais comentários.Título Mundial de Philippe Gilbert
Depois de um 2011 de sonho, 2012 foi um ano difícil para Philippe Gilbert, para quem a primeira vitória apenas chegou durante a Vuelta... em dose dupla. Com esses dois triunfos deixava antever que seria um dos candidatos à vitória nos Mundiais de Valkenburg, e confirmou. Atacou na última ascensão ao Cauberg e sagrou-se campeão mundial.Em Valkenburg estrearam-se os Mundiais de contra-relógio por equipas e Rui Costa foi 11º, a melhor classificação até agora alcançada por um português em Campeonatos do Mundo.
Que venha 2013!
Boa escolha,espero mais bons momentos em 2013, menos casos de doping, e claro + portugueses a brilhar lá fora, o próxima acho que será o José Gonçalves, que terá num vasto calendário francês, várias oportunidades de brilhar, pois é um corredor bastante versátil.
ResponderEliminarJá estava com saudades de uns Post'zitos aqui no Blog :)
ResponderEliminarConcordo com os momentos, e sem duvida que os que mais vou recordar são a vitória de Rui Costa, e a do De Gendt, estou com muita expectativa quanto a este ciclista belga, será que vamos ter estrela?
Cumprimentso
O grande momento da temporada para o ciclismo portugues é sem sombra de dúvida a fabulosa vitória do RUI COSTA na Volta á Suiça,o que só vem demonstrar a enorme qualidade desta geração do nosso ciclismo.Com valores do calibre de RUI COSTA,SERGIO PAULINHO,NELSON OLIVEIRA,MANUEL CARDOSO,ANDRÉ CARDOSO,BRUNO PIRES,TIAGO MACHADO,HERNANI BROCO e tambem dos corredores que estávam a competir pelas equipas portuguesas,como são os casos de RICARDO MESTRE,SAMUEL CALDEIRA,AMARO ANTUNES,JOÃO CABREIRA,JOSÉ e DOMINGOS GONÇALVES,DANIEL SILVA,HUGO SABIDO,EDGAR PINTO,VIRGILIO SANTOS,RUI SOUSA,SERGIO SOUSA,FILIPE CARDOSO,SERGIO RIBEIRO e muitos outros,causa uma certa estranheza verificar o caminho que o nosso ciclismo está a tomar.Esperamos que a eleição de DELMINO PEREIRA para presidente da Federação altere este estado de coisas e que o ciclismo volte a ter a importancia que merece no desporto em PORTUGAL.
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