quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Momentos Efapel

Quando colegas jogam ao gato e ao rato, fugindo e perseguindo uns aos outros
A Volta entrou na Serra da Estrela para as três etapas que vão decidir o vencedor da prova, com a chegada à Torre, o contrarrelógio da Guarda mas também a etapa de hoje, com um traçado desenhado para ser palco de espetáculo.

São os ciclistas que fazem as etapas duras e essa máxima ganha ainda mais força numa etapa como a de hoje. Com as Penhas da Saúde (1ª cat) e Penhas Douradas (2ª) pelo meio, os homens da geral tinham muito terreno para atacar, mas também poderiam optar por guardar energias para o dia de amanhã. Não foi o que aconteceu.

Na subida para as Penhas da Saúde estava na frente um grupo muito numeroso mas a montanha acabaria por causar demasiado dano para quase todos eles. Raul Alarcón foi a exceção, atacando e protagonizando uma excelente cavalgada para a vitória. Andou tanto que sozinho conseguiu manter a vantagem que tinha para o grupo dos favoritos até meio da subida para as Penhas Douradas, perdendo um pouco de terreno na segunda metade, nada que o assustasse. Quando entrou na subida final para Gouveia (4ª cat), a vitória estava entregue.

Lá atrás, deu-se o Momento Efapel. Se é verdade que todas as grandes voltas têm um Momento Valverde, não é menos verdade que todos os dias temos tido o Momento Efapel, que vai fazendo sucesso em Portugal mas também além-fronteiras (ver tweets abaixo, por exemplo). Momento Efapel, como facilmente se subentenderá, é aquele momento em que camisolas cor-de-rosa puxam na fuga e puxam no pelotão, mostrando que pouco ou nada os une além do equipamento.


Nuno Ribeiro atacou na primeira grande subida do dia e pôde contar com o apoio de Filipe Cardoso, que vinha em fuga. Deu-se aí um dos momentos marcantes da etapa (para hoje e para amanhã). Nuno Ribeiro olha para trás, diz algo a Filipe Cardoso, o Filipe olha para trás e vê que é perseguido pelo Ricardo Vilela. O gesticular de Filipe Cardoso deixou bem claro o desentendimento que se vive na Efapel... e o Filipe Cardoso tinha razão.

Nuno Ribeiro estava a ganhar tempo, tinha então meio minuto de vantagem e Sergio Pardilla não tinha com quem contar. Nuno Ribeiro chegou a estar a poucos segundos de ser virtual camisola amarela, mas a perseguição de Ricardo Vilela e Rui Sousa não deixou que assim fosse. E mesmo que não fosse o suficiente para chegar à amarela, parecia que Nuno Ribeiro podia subir muito na geral e amanhã ser mais uma ameaça para Sergio Pardilla, mas hoje ficou evidente que Rui Sousa faz a sua corrida. Se fizerem o que ele quer, melhor, se não fizerem, ele ataca e persegue qualquer colega.

Délio Fernández assumiu o controlo do grupo cada vez mais restrito, não para anular a fuga mas para que Nuno Ribeiro não se adiantasse muito e para que o ritmo fosse certo, como convém a Gustavo César. Ataque de Rui Sousa, ataque de Edgar Pinto e na frente apenas nove, os que sobem melhor nesta Volta: Edgar Pinto, Rui Sousa, Hernâni Brôco, Sergio Pardilla, Daniel Silva, Vergílio Santos, Gustavo César, Rui Vinhas e Vladislav Gorbunov.

Hernâni Brôco atacou, tentando ir sozinho, mas a sua tentativa teve resposta pronta. Claro, de Rui Sousa.

Alejandro Marque acabaria por reentrar e levar o grupo principal nos últimos quilómetros, alcançando o grupo de Nuno Ribeiro, onde Márcio Barbosa colava a camisola da montanha ao seu corpo, ficando difícil de alguém a despir até Viseu.

A etapa de hoje mostrou a diferença entre uma chegada à Senhora da Graça e uma Volta a Portugal. A Senhora da Graça é um dia, a Volta tem onze. Depois de terem estado entre os primeiros no domingo, Délio Fernandez, César Fonte  e Henrique Casimiro afastaram-se hoje do top-10, ainda que no caso do galego seja justificado pela trabalho que desenvolveu para o seu líder.

Por outro lado, temos Edgar Pinto e Gustavo César. No caso do espanhol, fez toda a temporada a apostar na Volta a Portugal e por isso os resultados foram muito apagados até aqui, com exceção dos contrarrelógios, que são a sua especialidade. Com esta evolução na montanha, veremos o que rende amanhã. Hoje viu-se que não responde aos ataques com a mesma facilidade que Rui Sousa, Pardilla ou Edgar Pinto, interessa-lhe mais um ritmo constante, mas se os trepadores puros não lhe ganharem tempo amanhã, terão um caso muito bicudo para resolver no crono.

O caso do Edgar Pinto é diferente. Nunca foi um sprinter possante, mas sim um homem rápido que passava bem as subidas e se adaptava muito bem em finais de média dificuldade. Nos últimos tempos tem trabalhado para evoluir na montanha, mas sofreu várias lesões e nas últimas duas Voltas a Portugal foi obrigado a desistir lesionado antes da Torre, o que o impediu de mostrar a sua evolução. Hoje voltou a exibir-se em grande forma e será um dos mais perigosos para o dia de amanhã. Porém, o atraso do contrarrelógio coletivo e o contrarrelógio que ainda está para vir jogam contra si e dificultam o caminho para o pódio. Se quiser lá chegar, terá que ganhar tempo a muita gente amanhã.

O problema de uns deverá ser a Torre e o problema de outros o contrarrelógio. Vencerá aquele que melhor conseguir disfarçar as suas fraquezas e melhor consiga evidenciar as fraquezas adversárias.

A três dias do fim, que para as contas finais são apenas dois (em princípio), a luta pela vitória na Volta a Portugal está muito em aberto, como se quer e como se perspetivava. À semelhança das últimas edições, será a Torre e o contrarrelógio a fazer as principais diferenças.

9 comentários:

  1. Rui Quinta, vê-se mesmo que andas aqui por ver os outros andar... :)
    a falta de organização da efapel já não é de agora (volta a portugal 2013). quem acompanha as corridas ao longo do ano sabe que em diversas vezes episódios se verificam.
    uns na fuga e os outros a fazem a perseguição.
    só espero que com estas brincadeiras eles não se "queimem" a eles próprios e a vitoria vai para para o solitário Sergio Pardilla. muito cuidado com gajo, ele está forte :)

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    1. a falta de organização da equipa, com muitos galos para o mesmo poleiro, faz com que a equipa vá perder a volta para a OFM. será que valeu a pena ter mandado 2 homens fuga no dia de hoje?
      enquanto 2 andavam na frente cá trás era também a Efapel que fazia as "despesas" na frente do pelotão.
      o unico sinal positivo de ter 2 homens na frente foi que eles deram uma ajudinha quando estavam a ser alcançados pelo grupo dos favoritos. mas será que não tinham ajudado mais a endurecer a corrida se tivessem permanecido junto do seu "líder" durante o inicio da etapa? sobretudo o sergio sousa...

      Hernâni e o Nuno Ribeiro apenas defenderam os seus interesses!
      mesmo estando justos de forças, se fossem verdadeiros homens de equipas davam o máximo enquanto podiam...
      nem que depois ficassem verdadeiramente "apeados"
      o nuno ribeiro deve estar contentíssimo com esta situação. certamente que vai ser um homem do seu clube a ganhar a volta!
      para quem não sabe o nuno Ribeiro é o presidente da União Ciclista de Sobrado (OFM - Quinta da lixa)

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    2. É para a OFM que ele vai para o ano correr....;)

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  2. por acaso estava a camara longe mas viu-se perfeitamente, o rui sousa a responder ao ataque do broco, mas tb me pareceu que antes do ataque o rui sousa desceu no grupo para falar com o broco, e possivelmente a mandá-lo atacar, o que não se compreende é que depois seja o proprio rui a responder, o que me pareceu foi que estava á procura de por ritmo do grupo às custas do broco, mas entretanto ainda tinha o nuno ribeiro e o vilela na frente. Alias até se viu que quando o broco depois do ataque respondido por sousa veio outra vez para o fim do grupo o rui sousa abanou a cabeça em desagrado. Paree realmente aqui um caso de falta de inteligencia ou muitos galos para um poleiro

    Nuno Sofio

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  3. A resposta é dada na estrada aos teóricos do ciclismo16 de agosto de 2013 às 13:01

    Vitória de Raul Alarcon dedicada a todos (inclusive o administrador deste blog) os que criticaram a contratação de corredores espanhóis de suposta falta de qualidade...

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    1. hmmm cada um tem a sua opinião e deve ser respeitada contudo nunca vi o administrador deste blog falar mal do raul alarcon e sim de contrataçoes realmente estupidas das equipas portuguesas

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  4. então o blog está morto?
    para quando o rescaldo da volta a portugal?
    devem estar à espera que a edição de 2014 comece ehehehe :)

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  5. Não vai haver rescaldo da Volta? :(

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  6. Cheira-me que o Autor está desiludido como se processaram as "coisas". Surpresas e afins.

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