A Volta a Portugal começou com uma gincana pelas ruas de Lisboa, que não era perigosa mas também não tinha nada que valesse muito a pena. Serviu para entregar a camisola amarela e marcar pequenas diferenças, nada de significativo. Continuou com aquela que será a etapa mais aborrecida da Volta (esperamos nós), em que os ciclistas chegaram à meta com média de 34 km/h. Estava vento e ninguém queria desgastar-se, mas parar (parar mesmo) debaixo de um viaduto, à sombra, a comer, é demais. É como dizer que a prova não vale a pena para aquele cazaque. Uma falta de respeito por parte de um ciclista que só poderá fazer carreira na Astana, e será pela nacionalidade. Venceu o russo Alexander Serov (Rusvelo), com um ataque fortíssimo já nos últimos metros que lhe valeu uma vitória apertadíssima.
Na segunda etapa nenhuma equipa se quis assumir no pelotão e muita gente tentou aproveitar isso hoje. Eram dez ciclistas na fuga, incluindo Jay Thomson, que venceu uma etapa e liderou na Volta do ano passado, Javier Ramírez (Rádio Popular) e o campeão nacional Jóni Brandão (Efapel), que seria o protagonista do dia.
Estando representadas na fuga, a Efapel e a Rádio Popular não precisavam de trabalhar, nem a BIC e o Louletano, equipas que não têm aspirações à geral e não tinham grandes armas para a chegada de hoje. A OFM e a LA sim, tinham que trabalhar, pois ambas tinham teóricos candidatos à vitória do dia, ainda que alguns acabassem por ficar longe disso. Considerando o que fizeram nos últimos tempos, Edgar Pinto, Sabido, António Carvalho e Délio Fernández poderiam ter uma palavra a dizer, ou até Gustavo César Veloso, que vem a prometer muito nas suas declarações.
A 45 km da meta, com a diferença já abaixo dos 5 minutos, a fuga parecia controlada mas a tarefa acabou por ser muito mais difícil, já que houve vários momentos de hesitação do pelotão. A 25 km, 2 minutos de diferença e tudo ainda controlado, mas em dez quilómetros apenas tiraram vinte segundos e foi aí que a situação se complicou. Foi necessário que a Leopard chegasse à dianteira do pelotão, assumindo as responsabilidades, e tiveram a felicidade dos fugitivos se desentenderem demasiado cedo.
Depois foi a Efapel. Para perceber a posição da Efapel é necessário perceber que os ciclistas não têm rádios e a informação que têm é escassa. Os diretores desportivos dão a tática à partida e desde que não há rádios têm que ter a capacidade de prever as várias situações e indicar aos ciclistas o que fazer em cada uma delas. Durante a corrida apenas comunicam quando um ciclista vai ao carro. Dizem quem vai na fuga e dão indicações ao ciclista para que as transmita aos seus colegas. Entretanto a situação da cabeça de corrida altera-se, o diretor ouve no rádio, vê na televisão mas só pode transmitir quando um ciclista for novamente ao carro. A única informação constantemente atualizada aos corredores é a diferença de tempo, já que a moto-ardósia (que agora é eletrónica) faz essa tarefa.
Quando a Efapel se aproximou da cabeça do pelotão, na frente ainda estavam muitos fugitivos, e quando aceleraram para a meta não sabiam que o Jóni estava a resistir tão bem, ao ponto de se livrar de toda a concorrência e pedalar para a vitória. Os homens da Efapel aceleraram para a vitória na etapa e para tentar ganhar tempo, desconhecendo que estavam a retirar a vitória ao seu colega.
Quando o Rui Sousa viu que o Jóni estava isolado, não alterou em nada o que tinha na cabeça: dar tudo para vencer. Foi cego por ali cima.
O Rui ficou sem gás cedo demais e a vitória seria do Danail Petrov, um ciclista que se adapta muito bem a este tipo de chegadas. Quando passou por Portugal tentaram fazer dele um candidato à vitória na Volta, mas nunca esteve perto, incapaz de andar com os melhores na montanha, na Torre. É essa a particularidade da Volta em relação ao restante calendário nacional. Alguns ciclistas conseguem estar entre os primeiros em quase todas as provas, vencer em subidas de segunda ou terceira categoria, mas chegam à Volta e perdem-se antes de passarem no Sabugueiro.
A vitória seria do Danail (que olha de lado quem lhe chama Daniel), mas não foi. Quando ia ultrapassar o Jóni Brandão na última curva, o Jóni foi em frente e levou o búlgaro com ele. Propositadamente? Não. Ali não há teorias da conspiração, não há grandes estratégias nem estratagemas, não há grande planos. Há apenas cansaço de 170 km escapado e a frustração de ver o pelotão chegar até si, já tão próximo da meta e comandado por uma camisola rosa da sua equipa.
Rui Sousa tirou a vitória ao Joni, o Joni tirou a vitória ao Petrov, todos sem culpa, pareceu-me.
Acabou por vencer o Rui Sousa. Com treze ciclistas no mesmo tempo. Lá estava o suíço Marcel Wyss (IAM), novo camisola amarela e que diz querer fazer uma boa geral, Hernâni Brôco, Gustavo César Veloso ou Délio Fernández. Sergio Pardilla perdeu 11 segundos, Arkaitz Durán, Eduard Prades e Hugo Sabido 15 e Daniel Silva 23. Não são perdas que signifiquem que não estão em forma, mas são segundos que terão que recuperar.
Para o Joni Brandão não há penalização e para o Danail Petrov não há benesse. O Joni Brandão só poderia ser penalizado se se considerasse sprint irregular, o que não me parece acertado. Ao Petrov não pode ser atribuído o tempo do grupo em que seguia porque a regra nos 3 km não é válida nesta etapa, não será na Senhora da Graça, Gouveia nem na Torre. Não é uma decisão que os comissários tomam em função dos ciclistas azarados, mas sim uma decisão tomada antes do arranque da prova e bem clara no regulamento da mesma.
Amanhã chegada a Fafe, que poderá marcar alguns segundos de diferença no pelotão mas nada demais. É um bom dia para fugas. Os ciclistas atrasados podem lutar pela vitória sem ameaçar os primeiros lugares da geral e muita gente estará já a poupar-se para a Senhora da Graça. Quem não tem cartas para a última vaza, que as jogue mais cedo.
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De dia 8 a 11, a TVI 24 está a transmitir a Corrida do Ártico, prova norueguesa que está na sua primeira edição e é organizada pela ASO. Não é uma corrida particularmente interessante, mas a TVI 24 já tinha transmitido um grande documentário sobre os 100 anos do Tour e agora com esta transmissão sou levado a crer que poderá apostar no ciclismo. Seria esta prova um teste ou a primeira de um lote que já foi comprado.
Nós, adeptos, só temos a ganhar com isso. A concorrência faz com que os produtores tenham que melhorar a sua qualidade. E se a TVI 24 ganhar audiência à Eurosport, o canal europeu terá que melhorar a qualidade do produto que nos oferece, trocando os enchidos por algo de mais fácil digestão.
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A UCI queria provas com seis ciclistas e com um sistema extremamente confuso de bonificações. A experiência ia ser feita na Volta à Polónia e no Eneco Tour, mas correu tão bem na Polónia que os organizadores da prova belgo-holandesa já mudaram de ideias. Que se lixe a UCI!
A UCI queria provas com seis ciclistas e com um sistema extremamente confuso de bonificações. A experiência ia ser feita na Volta à Polónia e no Eneco Tour, mas correu tão bem na Polónia que os organizadores da prova belgo-holandesa já mudaram de ideias. Que se lixe a UCI!
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Fotografia encontrada no Facebook, da autoria de Miro Cerqueira.
Meanwhile on Vivelo's Bikes facebook:
ResponderEliminar"Joni Brandão, Yours mentors Carlos / Geral Fullsport / and Ruben and full Efapel team, see you soon .... in the the courts, in Union Cycliste Internationale and etc. !!! — in Viana do Castelo"
A coisa vai aquecer
Caro administrador tenha atenção nalgumas coisas que diz...o cazaque (Abdraimzhan Ishanov) teve uma atitude errada e inaceitável do ponto de vista competitivo, no entanto é um ciclista com resultados interessantes e prometedores obtidos por exemplo este ano, por isso dizer "...um ciclista que só poderá fazer carreira na Astana..." parece-me redutor e também inaceitável.
ResponderEliminarA atitude do cazaque, com a cumplicidade da sua equipa, é que justifica as críticas... Ou vem o Sr. Anónimo agora atirar com areia para os olhos?
ResponderEliminarO ciclista em questão pode até ganhar muita coisa, mas é com atitudes destas que se vêm os verdadeiros desportistas e o respeito pela modalidade.
A Efapel a presseguir o seu próprio ciclista, e a 150 metros do final o Joni Brandão, claramente, colocou o homem da Caja Rural fora de combate, para que o Rui Sousa ganhasse.
ResponderEliminarSó desta forma conseguiram evitar a humilhação de perderem uma etapa que estava mais do que ganha pelo Campeão Nacional.
O nosso ciclismo tem exelentes ciclistas, mas sinceramente, temos diretores desportivos de um nível muito baixo.
Sinceramente, parecia que estava a ver uma corrida de amadores onde não há limites para ganhar...Provavelmente estou a ofender a maioria dos amadores, mas não posso fazer uma comparação com países do terceiro mundo, porque já vi corridas no Gabão com mais nível.
Mas porque é que não há rádios? O Froome andava de auricular no Tour
ResponderEliminarObrigado pelos comentários!
ResponderEliminarAnónimo (10/08, 00:06), então que me diga quais foram esses resultados, em que provas e quem eram os seus adversários.
Anónimo (10/08, 16:49), porque os rádios apenas são permitidos nas provas World Tour e nos contrarrelógios.
Cumprimentos!
Tour de Qinghai Lake deste ano, agora va você fazer um bocadinho de pesquisa (que devia fazer mais vezes!!) e veja o que ele conseguiu na etapa rainha dessa corrida...uma corrida com melhores equipas do que a Volta a Portugal...para além de um grande desempenho nos campeonatos asiáticos de sub 23.
Eliminar5º da geral em Qinghai Lake, corrida disputada sempre acima dos 2000 metros de altitude.
EliminarAnónimo, sei perfeitamente o que é a Volta ao Lago Qinghai. Pesquisa eu faço, não acho é relevante um 5º lugar numa prova em que nos sete primeiros, quatro são cazaques e três iranianos, todos de equipas continentais. Esse é o nível.
Eliminarhttp://www.cqranking.com/men/asp/gen/race.asp?raceid=24820
Essa história dos rádios só serem permitidos no Pro Tour tem alguma justificação?
EliminarJosé, o objetivo da UCI era, gradualmente, proibir os rádios em todas as competições, considerando que assim se tornavam mais abertas e espetaculares. Os ciclistas protestarem em força a decisão e o ponto alto do protesto aconteceu num Troféu de Palma de Maiorca, em que se recusaram a correr sem auricular e, uma vez que os ciclistas corriam com auricular (à margem da lei), os comissários UCI retiraram-se de prova, ficando esta sem ser oficial. Chegou-se então ao acordo de os rádios saírem de cena, com exceção das provas World Tour.
EliminarAdministrador se é uma corrida asiática é normal os cazaques e os iranianos estarem ao melhor nível....daí os 7 primeiros serem aqueles que referiu e habitualmente os europeus levam minutos atrás de minutos para os cazaques e iranianos nessa corrida...por isso os cazaques têm nível quando estão em forma e apontam baterias a determinadas corridas...e não como referiu que o ciclista em questão só tinha nível para a equipa da Astana Continental.
ResponderEliminarO Rui Sousa tirou sem querer a vitória ao Joni?
ResponderEliminarSe bem me lembro os homens da EFAPEL pararam de trabalhar quando o viram, e depois o Rui Sousa ainda os começa a chatear para virem puxar mais um bocado?
Sou eu que estive a ver mal?
Anónimo, certo.
Eliminarhttp://carrovassoura.blogspot.pt/2013/08/as-vitimas-do-monte-farinha.html
3º paragrafo.
Cumprimentos!