quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A nova Volta a Portugal do Futuro, internacional para sub-23

No final da Volta a Portugal do Futuro ficaram aqui algumas questões sobre o futuro da prova e parece que algumas delas ficam já respondidas esta semana com a aprovação do calendário UCI para a próxima temporada. A Volta do Futuro saltará para o calendário internacional, será apenas para ciclistas sub-23 e disputada em julho (4 dias).

Tornando-se uma prova de categoria 2.2U, a Volta a Portugal do Futuro está ao mesmo nível que a Volta ao Alentejo ou o Troféu Joaquim Agostinho (2.2), onde podem participar equipas continentais profissionais do país (que não existem), equipas continentais, seleções nacionais ou equipas de clube. Podem também participar equipas mistas, o que não é possível nas provas 2.2.

Mas para quem não liga nada a estes "preciosismos" e coisinhas, o que significa o U? O U, de under 23 (sub-23), significa que na prova apenas podem participar ciclistas desse escalão etário.

Continua uma parte do problema aqui apontado há algumas semanas, podendo os ciclistas profissionais continuar a participar. No entanto, a parte do problema que permanece é muito pequena, uma vez que sub-23 deixam de ter a concorrência dos ciclistas mais velhos, o que acabava por ser um maior fator desequilíbrio, pois é difícil jovens de 19/20/21 anos competirem com os de 23/24.

Outra crítica feita passavam pelo vazio competitivo existente para as equipas de clube durante o mês de agosto, enquanto as equipas profissionais disputavam a Volta a Portugal e chegavam mais rodadas à Volta do Futuro. Passando a Volta a Portugal do Futuro para julho (17 a 20 de julho), essa situação deixa de acontecer. Pode até abrir-se uma porta para que os melhores sub-23, depois de disputarem a prova-rainha do seu calendário, participem na Volta a Portugal. E aqui não estou a pensar em resultados, até porque o desgaste de tanta competição (que começa no Troféu Joaquim Agostinho) em tão pouco tempo certamente causará desgaste, mas sim na oportunidade dos melhores jovens nacionais terem mais dias de competição e uma experiência enriquecedora. Porque não é por correrem a Volta a Portugal que vão prejudicar o seu futuro. O que prejudica o futuro de muitos ciclistas são os treinadores carniceiros e os pais desconhecedores que metem miúdos desde os 16 aos 19 anos a treinar à morte e drogados como se tivessem que ganhar o mundo antes sequer de serem homens.

O inverso também poderá acontecer. As equipas ditas profissionais poderão correr a Volta do Futuro mas, reforço, apenas com ciclistas sub-23. Poderá também a Federação Portuguesa de Ciclismo organizar uma seleção para os jovens de conjuntos continentais, nomeadamente os que não fazem parte dos planos das suas equipas para a Volta a Portugal. Sempre com a autorização dos diretores desportivos.

Outra consequência importante tem a ver com a qualificação para os Mundiais. Em primeiro lugar, em sub-23.
O gráfico anterior mostra a evolução do desempenho nacional no Ranking Europeu sub-23. De 160 pontos (escala da esquerda) e 13º lugar (escala da direita) em 2010 a zero pontos em 2013 e consequente ausência de classificação. Com a Volta a Portugal do Futuro a valer pontos e apenas para os ciclistas deste escalão, em 2014 Portugal poderá voltar a ter três sub-23 nos Mundiais. Isto, claro, se somar pontos necessários para tal.

As novidades da VPF também poderão contribuir para um aumento do número de elites portugueses. Apesar de ciclistas elites não poderem participar, os sub-23 que somarem pontos poderão contribuir para uma melhoria da classificação portuguesa no Ranking Europeu por nações, para o qual são contabilizados os dez melhores ciclistas elites e sub-23.

Com a Volta a Portugal a ser antecipada para 30 de julho (terminando a 10 de agosto), melhoram as perspetivas portuguesas de apuramento para o Mundial. Ganha-se assim duas provas em relação aos últimos anos, a Volta a Portugal do Futuro e a Volta a Portugal, que em 2012 e 2013 terminou após 15 de agosto, não sendo contabilizados para o apuramento os pontos resultantes da classificação geral (e das etapas disputadas após 15 de agosto).

Conclusão

Falta saber quais as diretrizes a seguir no convite a equipas estrangeiras. Se haverá a presença de algumas poucas, nomeadamente espanholas, apenas para engrossar o pelotão. Ou se haverá convite a algumas das melhores europeias para tornar a Volta a Portugal do Futuro numa prova de referência ao nível do ciclismo de formação europeu. Dependerá do orçamento disponível. Independentemente da escolha feita nesse campo, as novidades na Volta a Portugal do Futuro parecem bastante positivas para o ciclismo português.

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Estão inscritas no calendário Europeu as seguintes provas nacionais:
19 a 23 de fevereiro - Volta ao Algarve 2.1
26 a 30 de março - Volta ao Alentejo 2.2
10 a 13 de julho - Troféu Joaquim Agostinho 2.2
17 a 20 de julho - Volta a Portugal do Futuro 2.2U
30/07 a 10 de agosto - Volta a Portugal 2.1
4 de outubro - Pro Cycling Marathon 1.1

4 comentários:

  1. Penso serem medidas bastante acertadas por parte da federação e que podem trazer motivação aos jovens ciclistas. Digamos que a Volta a Portugal ao Futuro vem assim preencher a lacuna deixada pelo fim do Grande Prémio das Nações em 2010.

    Já agora o que será o Pro Cycling Marathon?

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  2. Estou de acordo. parecem medidas muito acertadas em relação ao futuro dos sub 23 e aos elites. Muito bom tb para os mundiais pois acabamos por ter mais hipoteses de qualificar mais ciclistas.

    o Pro cycling marathon é aquele CR que foi apresentado pelo Benfica.

    Só uma duvida? se a volta a portugal começasse a 1 de agosto....seria possivel contratar os melhores sub 23 portugueses das equipas de clube como estagiarios para as equipas continentais com o intuito de participarem na Volta e possivelmente celebrarem contrato. possivelmente seria o fim tb das contratações estrangeiras sem qualidade só para fazer equipa na volta. Mas não se pode ter tudo num ano.

    Nuno Sofio

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  3. Execelente análise, e finalmente uma antecipação de duas provas que podem dar pontos para o nosso ranking, contudo após a VaP dos graudos parece-me que fica um vazio competitivo enorme, e não vejo maneira de isso mudar muito, o que é realmente uma pena.

    Com a antecipação da Volta a Portugal, será que vamos ter equipas WT on CP a preparar a Vuelta na nossa Grandissima? Uma vez que já termina com uns bons dias de diferença para a prova do país vizinho. Qunado dio preparar, digo por exemplo a Caja Rural vir correr a Portugal com alguns dos ciclistas que depois vão alinhar na Vuelta.

    Melhores cumprimentos

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  4. Boas notícias para os nosso jovens ciclistas e também uma boa oportunidade para ver jovens valores internacionais a correr em Portugal assim se consiga trazer equipas com qualidade claro.

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