domingo, 1 de setembro de 2013

Qual o limite de Daniel Moreno?

A Daniel Moreno nunca lhe faltou qualidade, mas quando ingressou na Caisse d'Epargne passou a ser o colega de alguém. Enquanto sub-23 correu em várias equipas portuguesas, venceu uma Volta a Portugal do Futuro e em 2005 passou a profissional na Relax, equipa madrilena, como ele.

Na Vuelta de 2007 foi 12º, posto que repetiu em 2008. Até 2007 era um dos líderes da Relax e nessa Vuelta tinha liberdade dentro da equipa madrilena, fruto de Francisco Mancebo, Oscar Sevilla e Santi Pérez estarem vetados pela Vuelta devido à implicação na Operação Puerto.

Em 2008 foi um dos principais apoios de Alejandro Valverde para a Vuelta e em 2009 voltou a estar na ajuda a Valverde, que nesse ano acabaria por vencer a prova. A passagem pela Lotto demorou apenas um ano sem grande mérito e em 2011 voltou a juntar-se a Joaquim Rodríguez, agora na Katusha.

Como braço-direito de Rodríguez voltou a estar a grande nível, venceu uma etapa na Vuelta 2011 e finalmente saltou para o top-10 dessa que é a sua grande volta de eleição (9º), mas o seu melhor ainda estava para vir. De 2012 levou 7 vitórias, incluindo duas etapas no Critérium du Dauphiné e a geral da Volta a Burgos, que juntamente ao 5º lugar da Vuelta deram muita moral para enfrentar a Volta a Espanha que agora decorre.

Por estar no final da temporada, o cansaço acumulado tem um peso significativo na performance dos ciclistas na Vuelta. Em 2012 Chris Froome foi 2º no Tour e 4º na Vuelta mas em Espanha já esteve num nível significativamente inferior ao que mostrou em França. É preciso recuar a 2008 para encontrar um ciclista que tenha estado num nível muito alto nas duas provas: Carlos Sastre, vencedor do Tour e 3º na Vuelta seguinte, batido por Contador e Leipheimer que tinham falhado o Tour.

Os últimos anos mostram que é possível estar num nível muito alto no Giro e na Vuelta, como Rodríguez no ano trasato, Nibali quando venceu a Vuelta (2010) ou Contador quando venceu ambas (2008). Porém, Rodríguez e Valverde enfrentam um grande desafio ao tentar repetir na Vuelta a fantástica forma evidenciada no Tour, ainda que Valverde tenha sido afetado por um furo que o impediu de ir além do 8º lugar, o que não espelha a capacidade demonstrada na estrada.

Além da vitória na Flèche Wallone, a temporada de Daniel Moreno parecia um pouco abaixo das anteriores. Uma vitória numa clássica histórica e disputadíssima como a Flèche Wallone é um feito extraordinário e a esse somava o terceiro posto no Critérium du Dauphiné, mas o arranco de temporada foi apagado e no Tour também não esteve no seu melhor. Estava sim a economizar energia para a Volta a Espanha.

Vincenzo Nibali chegou à Galiza com a vitória no Giro (num estado de forma fantástico) e sem tirar os Mundiais do pensamento, Valverde e Rodríguez trazem o desgaste do recente Tour e também pensam nos Mundiais, mas Moreno parece muito mais fresco. Tal como Chris Horner ou Nicolas Roche. O norte-americano não disputou Giro nem Tour e o irlandês, apesar de ter estado na Grande Boucle, não a disputou a tope.

Moreno leva duas vitórias de etapas e dois segundos lugares em etapas até ao momento. O minuto perdido para Nibali no contrarrelógio coletivo inaugural já foi anulado e hoje o espanhol chegou à liderança da prova.

As etapas de alta montanha, com várias montanhas pelo meio e chegada em alto, ainda estão para vir. A primeira será amanhã, com passagem pelo Alto de Monachil e chegada ao Alto de Hazallanas. Se Daniel Moreno confirmar na alta montanha as excelente indicações dadas até agora, então terá que ser incluindo no lote dos principais candidatos à vitória, se é que não está já.
10ª etapa, 2 de Setembro

1 comentário:

  1. ontem os comentadores do eurosport bem acertaram a dizer, que o posicionamento dos katusha na frente do pelotão mostrava que era para o moreno que estavam a trabalhar. apesar de o rodriguez também fazer uma excelente subida.

    ResponderEliminar

Share