quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Boletim de Transferências 2014 III: Machado, portugueses, Horner...

Oficializou-se ontem a ida de Tiago Machado para a NetApp, onde se juntará a José Mendes, que lá continuará pelo segundo ano. Um passo atrás na carreira? Hmmm... Economicamente, não sei Desportivamente, a NetApp parece-me uma excelente equipa para o Tiago.

A NetApp esteve e soube mostrar-se na Volta a Itália de 2012, esteve e também se soube mostrar na Volta a Espanha deste ano (Konig venceu uma etapa e foi 9º na geral) e tem construído a imagem de uma equipa séria que rentabiliza as suas presenças nas provas que disputa.

A formação alemã não conseguiu o convite para o último Tour, mas três das vinte e duas equipas presentes não sairão para a estrada no próximo ano: Euskaltel, Vancasoleil e Sojasun. Além das dezoito equipas World Tour (17 que continuam+Europcar) e Cofidis, sobram três convites e seria uma grande surpresa se um não fosse para a NetApp, uma das continentais profissionais mais fortes, sem forte concorrência francesa e vinda de uma potência económia. Konig, Mendes, Machado, Jan Barta e Huzarski (sem ordem definida) seriam a espinha dorsal da equipa.

O Tiago terá na NetApp um estatuto que nunca teve na Radioshack. Primeiro porque era uma aposta para o futuro e não o quiseram levar logo às grandes voltas (na Radioshack tratam-se os ciclistas de 25 anos como noutras equipas se tratam os de 20) e a partir da Vuelta do ano passado foi perdendo espaço dentro da equipa perante a posição natural de ciclistas como Zubeldia nessa Vuelta ou mais recentemente Horner, mas também Matthew Busche e George Bennet.

Poderá ser Konig um problema? Não creio. Apesar da grande performance na Vuelta que o checo fez (e já tinha estado muito bem na Califórnia), não será um ciclista que absorva as ambições de toda a equipa. Isto é, ciclistas que lutam pelos três ou quatro primeiros lugares, como Froome, Nibali, Purito, Quintana, Contador, Valverde ou Horner na Vuelta, esses sim envolvem toda a equipa no trabalho em seu benefício. Por outro lado, ciclistas que lutam "apenas" por um lugar no top-10 pedem muito menos apoio, como se viu, na Vuelta com José Mendes, que teve muita liberdade (e tanto que gostaram da sua prestação que renovaram contrato logo a meio da Vuelta). Alguém se lembra dos sacrifícios da Astana, da Cofidis ou da Garmin para que Fuglsang, Navarro e Talansky terminassem no top-10 do Tour? Pois é, quando o objetivo é a sobrevivência no top-10, o apoio exigido é muito menor.

Outros portugueses no estrangeiro

Outro português que muda de equipa é Nelson Oliveira, juntando-se à Lampre de Rui Costa. Já não é uma novidade, mas fica a nota. De saída das suas equipas sem destino confirmado estão Bruno Pires e Ricardo Mestre. Em princípio também Manuel Cardoso, Rafael Reis, Amaro Antunes e António Bárbio. Já André Cardoso é dado como certo na Garmin há alguns meses, mas por enquanto não há confirmação da parte do ciclista nem da equipa.

Chris Horner

Horner, que ganhou a Vuelta (é verdade, ainda que custe a acreditar), continua sem equipa para 2014. A meio da Vuelta falava-se que queria um milhão, depois da vitória falava-se em milhão e meio mas para já está a zeros. Segundo se sabe, foi proposto à Europcar por 750 mil euros/ano mas a equipa francesa não alinhou nessa, porque também não tinha folga orçamental para tal. Ainda assim, fica a nota que nenhuma equipa está disposta/está em condições de dar 750 mil pelo vencedor da Vuelta, precisamente pelo que está dentro de parênteses.

Um possível destino seria a Vacansoleil, equipa que na sua (relativamente curta) história confiou em gente como Mosquera, Riccò e Rujano, mas a equipa termina este ano. A frase anterior poderá servir como parte da justificação para a própria.

Thomas De Gendt

E Thomas de Gendt, terceiro no Giro 2012 (outro acontecimento que custa a acreditar), uma das "vítimas" do fecho da Vacansoleil, vai para a Omega Pharma. Depois do grande contrato feito após o Giro do ano passado, na Omega Pharma receberá apenas 20% do que receberia na Vacansoleil. À Omega também chega Jan Bakelandts e Wout Poels.

Argos-Shimano

A Argos é uma equipa peculiar. Aposta em jovens, sobretudo sprinters, e aposta a longo prazo. Marcel Kittel, vencedor de quatro etapas no Tour, e John Degenkolb, vencedor de cinco na Vuelta 2012, Vattenfall Cyclassics e recentemente Paris-Tours, renovaram até final de 2016. Talvez a equipa holandesa mereça um artigo próprio.

Movistar

Também até final de 2016 foi renovado o contrato de patrocínio da Movistar, que para a próxima época garantiu, por exemplo, os irmãos Ion e Gorka Izaguirre, John Gadret e Adriano Malori. É bom ver estas extensões de patrocínios, que permitem às equipas ter uma maior estabilidade. Em vez dos seus diretores estarem desde janeiro dedicados à busca de uma salvação como este ano se passou na Euskaltel e na Vacansoleil, podem concentrar-se na vertente desportiva e assim os resultados saem melhor.

Não foram estas todas as notícias do mercado, mas são alguns destaques e mais um Boletim de Transferências. Ainda deverá haver uma quarta edição do Boletim de Transferências 2014, mas outra forma de estar atualizado em seguir no Twitter.

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Rui Costa foi 9º no World Tour, melhorando uma posição face a 2012. Há que realçar que não pôde pontuar no Paris-Nice devido a uma queda ao segundo dia que o obrigou a desistir e que a vitória no Campeonato do Mundo não entra para este Ranking. Ou seja, Rui Costa foi muito mais do que o 9º melhor de 2013.

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Joaquim Rodríguez venceu o World Tour, a Movistar venceu coletivamente e a Espanha foi a nação mais pontuada. Para 2014 apenas duas formações espanholas estão garantidas , Movistar e Caja Rural. Contraditório, não?

4 comentários:

  1. Omega Pharma e Movistar (já é um hábito) a contratarem bem e a construírem equipas sólidas.

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  2. Embora este não seja o tópico mais indicado para o assunto, mas uma vez que refere o tema da extensão do patrocínio da Movistar à equipa de Unzué. Porque razão não vemos a PT a interessar-se pelo ciclismo da mesma forma que a Telefonica o faz? Vemos estas empresas a serem "concorrentes" em alguns mercados? A uma outra escala, não seria para a TMN um bom veiculo de publicidade a aposta no ciclismo?

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  3. Já sei que o Rui não vai analisar transferências a nível interno (nacional) porque li num outro post mas considero que seria também interessante e pertinente se o fizesse. Abraço

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  4. Gostava de ver o Tiago numa outra equipa, com outra visibilidade, acho que esta na altura de fazer o Tour, oxalá o consiga fazer. É pena o " Carro da Vassoura " não abordar o panorama do ciclismo nacional nesta altura em que as transferências estão ao rubro. Acabei de ler que o Rui Sousa esta no Boavista.

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