domingo, 20 de abril de 2014

Gilbert vence e BMC explica o que são gregários de luxo

Philippe Gilbert venceu pela terceira vez a Amstel Gold Race, num dia em que a BMC mostrou o que é uma equipa e o que são gregários de luxo.

A fuga do dia era composta por dez ciclistas e chegou a ter quinze minutos de vantagem sobre o pelotão, uma margem que estava controlada mas obrigava o pelotão a manter-se atento para que a corda não esticasse. Movistar (para Valverde), Orica (para Gerrans), Omega Pharma (para Kwiatkowski) e BMC (para Gilbert) eram as equipas que se assomavam na cabeça do pelotão, enquanto a Katusha lamentava a desistência de Joaquim Rodríguez (pelo segundo ano consecutivo).

A quarenta quilómetros da meta Thomas Voeckler quebrou a monotonia que se vivia até ao momento com um ataque que levou Pieter Weening, Jakob Fuglsang, Tim Wellens, Zdenek Stybar e Greg Van Avermaet, segundo passo para a corrida taticamente perfeita da BMC no dia de hoje.

A fuga inicial ia ficando fragmentada, mais ciclistas se juntavam ao grupo perseguidor, outros ficavam para trás e na penúltima colina os únicos resistentes eram Christophe Riblon (da fuga inicial), Jakob Fuglsang e Greg Van Avermaet. Com o belga na frente, Gilbert e os seus companheiros poderiam manter-se mais resguardados, enquanto a Movistar ia desaparecendo e deixava Valverde apenas com Gorka Izagirre.

A Orica (também bem constituída) assumiu a frente do pelotão na descida que levava os ciclistas até ao Cauberg e lá chegados foi Samuel Sánchez (agora na BMC) o primeiro a atacar, obrigando Michal Kwiatkowski, Alejandro Valverde e Simon Gerrans a saltar para a sua roda. E quando o espanhol não podia mais, foram estes três que assumiram a frente. 

Philippe Gilbert, que não precisou de responder diretamente a Sánchez, deu a estocada final da BMC, o ataque que todos esperavam e que desta vez foi para a vitória, a sua quarta no Cauberg/Valkenburg, depois das Amstel Gold Race de 2010 e 2011 e o Mundial de 2012.

Por motivos óbvios, temos ouvido muitas vezes grandes elogios ao "trabalho invisível" de alguns ciclistas, como se fossem os melhores gregários do mundo. Mas antes de beber a informação, é sempre importante saber se a fonte está limpa, o que não acontece neste caso. Os grandes ciclistas, aqueles que lutam para vencer, gostam de ter à sua volta um par de amigos que carregam bidões sem reclamar e nos quais podem confiar, mas o que faz realmente a diferença são os gregários que estão nos momentos decisivos. Só é possível ser um grande gregário quando se é um grande ciclista, como Luca Paolini na Milano-Sanremo, Richie Porte no último Tour, Kangert no Giro ou Kiserlovski na Vuelta, apenas para dar alguns exemplos. Se quisermos recuar um pouco, José Azevedo nos seus tempos áureos. Ciclistas que assumem um papel determinante na corrida até muito próximo do seu final, como hoje Greg Van Avermaet ou Samuel Sánchez.

Jelle Vanendert chegou-se a Kwiatkowski, Vanendert e Gerrans e passou direto, enquanto os três ficaram a olhar uns para os outros. Vanendert já tinha sido 2º em 2012, desaparecendo depois dessa semana das Ardenas. Voltou agora.

Gerrans repetiu o terceiro posto do ano passado (e 2011), Valverde baixou de segundo para quarto e Kwiatkowski de quarto para quinto. Vanendert é a única novidade entre os cinco primeiros face ao último ano.

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Quarta-feira há Flèche Wallonne, com transmissão na TVI24 e no Eurosport. No segundo caso, os comentadores dizem que estão a comentar no terreno, mas parece-me que estão a comentar num mundo paralelo, diferente do nosso. Só assim se justifica que alterem a história de todas as provas que comentam. Hoje, por exemplo, diziam que o Keutenberg podia ser muito importante como no ano passado onde Kreuziger atacou para a vitória, o que não é verdade. Pelo menos neste mundo. Já não sei se são incompetentes, mentirosos ou se vivem noutro mundo onde este tipo de coisas são verdade. Como dizerem que Eddy Merckx só correu sete vezes a Milano-Sanremo e venceu as sete, o que também é mentira. E o catálogo aumenta a cada prova que comentam, o que só é possível porque um é diretor do canal em Portugal e obviamente não se vai despedir.

De qualquer forma, quarta-feira há Flèche Wallonne.

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Na Volta a Loulé, vitória de Ivo Oliveira, com o seu irmão Rui em segundo. São medalhados em europeus e mundiais de pista e dominam uma das mais importantes provas nacionais para escalões de formação.

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