Cores nacionais na Volta a Portugal. Joaquim Silva e Carlos Ribeiro repetem em França Juntam-se Rafael Reis, Nuno Bico, Ricardo Ferreira e Ruben Guerreiro |
Foi criada como uma prova para amadores, na década de 90 foi aberta a profissionais e mais tarde restrita a sub-25. Foi nesse formato, com equipas e seleções nacionais a correrem juntas, que em 2006 Bruno Neves venceu a camisola verde diante de Edvald Boasson Hagen. No ano seguinte foi criada a Taça das Nações sub-23 e nela incluído o Tour do Futuro, desde então limitado a ciclistas sub-23. Rui Costa foi o português que maior sucesso alcançou, com o bem sabido segundo lugar em 2008, antes de ser oitavo nos Mundiais de contrarrelógio e quinto na prova de fundo, fazendo dele um dos jovens mais cobiçados para a temporada 2009.
Joaquim Silva e Carlos Ribeiro (Anicolor), Nuno Bico e Ricardo Ferreira (Rádio Popular), Rafael Reis (Banco BIC) e Ruben Guerreiro (Liberty Seguros) vão correr nos próximos dias com os mais promissores sub-23 do mundo, numa prova que recentemente consagrou Bauke Mollema, Nairo Quintana, Esteban Chaves ou Warren Barguil.
O segundo lugar de Rui Costa há seis anos não deve servir como ponto de comparação. Rui Costa estava então numa equipa continental profissional, o Benfica, dispunha de condições muito favoráveis para desenvolver o seu talento e disputava pela Europa (e mesmo em Portugal) provas de um nível superior às que hoje temos dentro de fronteiras. A título de curiosidade, deve ser mencionado que quando correu a Volta a França do Futuro de 2008 já não estava oficialmente na equipa principal do Benfica mas sim na sub-23, uma mudança que teve como intuito reforçar a equipa que disputaria a Volta a Portugal do Futuro, não afetando as condições em que trabalhava. A sua presença na VPF teve contestação por parte de equipas adversárias que não queriam correr contra um profissional, muito menos da sua qualidade.
Rui Costa já então demonstrava uma capacidade claramente acima da média, nacional e internacional, vencendo e conquistando lugares de pódio no Giro delle Regioni (Itália, 2007 e 08) e na Taça das Nações de Saguenay (Canadá, 2008). Aos 22 anos já estaria no World Tour, numa das melhores equipas do mundo, sem sequer ter corrido a Volta a Portugal mas demonstrando um talento com o qual poucos são abençoados em cada geração.
Os seis portugueses que vão representar Portugal na Volta a França do Futuro são seis dos melhores sub-23 nacionais do momento, dos mais talentosos e promissores. Mas calhou-lhes em sorte (ou azar) chegar a esta importante fase da sua carreira com o ciclismo português (e o desporto de um modo geral) a passar por um mau momento, em que as condições proporcionadas são mínimas.
No Tour de l'Avenir o “acerto” da dureza face à idade é feito pelo número de dias e pela quilometragem das etapas, a mais longa delas de 165 quilómetros. Mas as montanhas estão lá, verdadeiros testes aos melhores trepadores. As últimas quatro etapas têm finais em alto, três em primeira categoria e uma em especial. Aliás, as últimas duas etapas têm cada uma delas duas contagens de primeira categoria e uma de especial, a derradeira a coincidir com a meta que marca o término desta edição da prova. A coroação no alto de La Toussuire.
Última etapa. Perfis disponíveis aqui. |
Ruben Guerreiro e Joaquim Silva são os jovens que mais se têm destacado este ano. Primeiro e segundo na Taça de Portugal do escalão, primeiro e segundo na Volta a Portugal do Futuro, muito superiores a toda a gente na Serra do Larouco, em ambos os casos com vitória do Ruben. No Campeonato Nacional, título para o Joaquim, que foi 25º na Volta a Portugal.
Rafael Reis será a principal arma para os primeiros dias, o prólogo e as três etapas menos montanhosas, ele que se adapta bem a este tipo de percursos. Para os terrenos mais duros, os mais talhados são os mencionados Ruben Guerreiro e Joaquim Silva, e o Nuno Bico, a quem cabe rodar nos primeiros quatro dias sem perderem tempo e darem o melhor se si nos dias mais duros. Até que ponto, veremos em breve com o desenrolar da corrida.
É difícil colocar uma fasquia com um mínimo de racionalidade, dada a falta de participações anteriores em provas com estas características: classe mundial, apenas os da sua idade, sem necessidade de trabalharem para os seus habituais líderes.
Têm oito dias para uma grande e enriquecedora experiência, que os preparará para os desafios futuros. A eles, boa sorte!
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