segunda-feira, 14 de maio de 2018

Giro d'Italia 2018 - final da 1ª semana

Terminada a primeira semana de Giro d'Italia, há naturalmente muitas indicações que já se podem retirar da forma de cada ciclista e análises que se podem fazer ao tempo ganho ou perdido, mas apesar das análises mais apaixonadas aparentarem outra coisa, esta Volta a Itália está apenas no começo.

Ao contrário do que acontece no Tour de France, a geografia de Itália permite que haja montanhas durante todo o Giro e três chegadas em alto já estão ultrapassadas, mas as maiores dificuldades surgem quando o pelotão chega ao Norte do país, e ainda estão por vir quatro chegadas em alto (Monte Zoncolan, Pratonevoso, Bardonecchia e Cervinia) e o contrarrelógio longo, esse dentro de uma semana. Espaço mais do que suficiente para se perderem muitos minutos, e nem é necessário um dia especialmente mau.

A Mitchelton-Scott tem sido a equipa mais forte e Simon Yates e Esteban Chaves vão sendo os dois primeiros na classificação geral para já. Ainda que ambos saibam, a sua equipa saiba, e toda a gente saiba, que precisam de ampliar vantagem antes do contrarrelógio que está por vir, não poderiam estar para já em melhor posição. E, apesar de Yates ter-se mostrado melhor até aqui, não pode a equipa australiana sacrificar Esteban Chaves, porque os segundos que separam os dois e que os separam dos mais diretos perseguidores não garantem nada com vista a classificação em Roma. A Mitchelton-Scott deverá por isso tentar manter os dois o mais na frente possível, e se Yates passar por um dia mau, Chaves não receberá ordem para esperar.
Tom Dumoulin (Sunweb) ainda não se mostrou tão forte quanto em 2017, mas à parte de Yates e Chaves, o que perdeu nas três chegadas em alto até aqui de relevante? 8 segundos para Thibaut Pinot e 7 segundos para Richard Carapaz? A prestação do holandês até ao momento mantém em aberto a hipótese de dobradinha e teremos que esperar toda a semana para ver do que é capaz no Monte Zoncolan, uma subida onde, sem surpresa, se abrem diferenças de minuto entre favoritos. Ainda não vimos o holandês lutar com os melhores numa subida tão exigente e por isso espero com expectativa.

Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) está condicente com a posição em que estamos nesta edição da Corsa Rosa. Ainda não houve tempo para se exibir nem para abrir espaço para os rivais, mas o importante para já é não ter perdido tempo. Não tem estado excecional mas tem estado muito bem, como se podia exigir até aqui, estando por isso colado aos três da frente e com mais de minuto e meio de vantagem para Chris Froome e Fabio Aru.

Domenico Pozzovivo (Bahrain-Merida) é daqueles que mais me vem a surpreender. Ainda que não esteja a fazer nada que nunca tenha feito antes, não esperava que aos 35 anos ainda se apresentasse tão fresco como já vimos em algumas das primeiras etapas. Por um lado, tem aqui aquela que pode ser a derradeira oportunidade de chegar ao pódio, mas é um ciclista com muito poucas vitórias no palmarés e isso pode influenciar a forma como encarará algumas chegadas em alto, arriscando mais um pouco para ser primeiro em vez de se manter na roda a pensar na classificação geral.

Richard Carapaz (Movistar), na primeira ocasião que tem para se focar na geral, vai sendo a grande surpresa para mim. Não que o seu talento fosse desconhecido, mas creio que poucos poderiam esperar que nesta altura estivesse em 6º, à frente de Froome e Aru, com uma etapa já vencida, a primeira da história do Equador em grandes voltas.

Pela negativa destacam-se para já Chris Froome e Fabio Aru, mas isso não significa que estejam arredados da luta pelo pódio ou até pela maglia rosa. Claro que no nível a que se vêm a exibir não têm hipóteses, mas se melhorarem e chegarem ao que deles se espera, o atraso para já registado não é irrecuperável.

Uma menção merecem-me também Patrick Konrad (BORA-hansgrohe) e Ben O'Connor (Dimension Data). No caso do primeiro, ainda não conseguiu estar tão próximo dos primeiros em chegadas ao alto quanto o 12º lugar podem fazer parecer, mas a regularidade vai-lhe valendo esse posto. Já o segundo, vai sendo uma das maiores surpresas, com apenas 22 anos e na sua estreia em grandes voltas, terminando a semana num excelente 14º posto, muito à frente do seu líder à partida, Louis Meintjes. O sul-africano é 23º para já.

Por fim, os azarados Miguel Ángel López (Astana) e Davide Formolo (BORA-hansgrohe), que sem o tempo perdido em quedas, tudo indica que estariam a fazer um Giro condicente com as suas reconhecidas qualidades.

Classificação Geral após 9 etapas
1 Simon Yates (GBr) Mitchelton-Scott 37:37:15  
2 Esteban Chaves (Col) Mitchelton-Scott 0:00:32  
3 Tom Dumoulin (Ned) Team Sunweb 0:00:38  
4 Thibaut Pinot (Fra) Groupama-FDJ 0:00:45  
5 Domenico Pozzovivo (Ita) Bahrain-Merida 0:00:57  
6 Richard Carapaz (Ecu) Movistar Team 0:01:20  
7 George Bennett (NZl) LottoNL-Jumbo 0:01:33  
8 Rohan Dennis (Aus) BMC Racing Team 0:02:05  
9 Pello Bilbao (Spa) Astana Pro Team  
10 Michael Woods (Can) EF Education First-Drapac p/b Cannondale 0:02:25  
11 Chris Froome (GBr) Team Sky 0:02:27  
12 Patrick Konrad (Aut) Bora-Hansgrohe 0:02:34  
13 Miguel Angel Lopez (Col) Astana Pro Team  
14 Ben O'Connor (Aus) Dimension Data 0:02:36  
15 Fabio Aru (Ita) UAE Team Emirates  
16 Carlos Betancur (Col) Movistar Team 0:02:46  
17 Sam Oomen (Ned) Team Sunweb 0:02:54  
18 Sergio Henao (Col) Team Sky 0:03:14  
19 Maximilian Schachmann (Ger) Quick-Step Floors 0:03:37  
20 Alexandre Geniez (Fra) AG2R La Mondiale 0:04:12  
21 José Gonçalves (Por) Katusha-Alpecin 0:04:32

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