quinta-feira, 16 de julho de 2015

Um Tour para alegria do Presidente da UCI

Do Velódromo para os Pirenéus
A luta pelo segundo e terceiro lugares do pódio sai dos Pirenéus exatamente como saiu de La Pierre-Saint-Martin, como de resto era previsível. A Sky entrou neste Tour com a mesma estratégia de 2013, com Chris Froome a fuzilar a concorrência logo na primeira chegada em alto e desta vez ainda por maior margem, num planeamento muito semelhante ao que implementava outra equipa de azul, liderada pel'O Pai de Todos os Males.

Ninguém teve coragem de atacar o domínio da Sky ontem, nem tão pouco hoje, quando esteve soberba a dominar a corrida, já na fase final com o chefe-de-fila que levou ao Giro e depois com o seu chefe-de-fila das clássicas. Foi sobretudo aflitivo ver Nairo Quintana a olhar para trás. Quintana, que costuma atacar cheio de confiança, hoje atacou apenas para cumprir calendário, porque sabia que ninguém poderia saltar daquele grupo puxado pelo Comboio Azul. Contador primeiro, depois Nibali e Valverde pareceram juniores a correr contra elites. Richie Porte nem alterou o ritmo para ir buscar estes três corredores que já venceram grandes voltas mas que estão, como toda a gente, incapazes de importunar o ritmo imposto pela equipa azul do camisola amarela.

Mas dizia então que Quintana, vencedor do Giro 2014, que este ano deu no Tirreno-Adriático uma demonstração da sua confiança ao atacar para a vitória sem olhar para trás, hoje passou três vezes pela frente do grupo mas sempre a mirar por cima do ombro, pois sabia que não se conseguia ir embora. E não conseguiu, com excelente resposta do pistard Geraint Thomas, mais habituado a subir montanhas no grupo do camisola verde e demais sprinters, mas agora a subir com o camisola amarela e demais trepadores.

Alguns dirão que é normal um pistard virar trepador porque Bradley Wiggins também o fez. É como as ditaduras. Duram tantos anos que, a certo ponto, algumas almas consideram a falta de liberdade um estado "normal". Ou como o Síndrome de Estocolmo. Outros vender-vos-ão a ideia que são coisas do Ciclismo Moderno, onde os ciclistas são mais bla bla bla, e acontece mais bla bla bla, porque bla bla balelas. Na verdade isto é o "novo ciclismo", prometido desde 1999, sem as cowboiadas do passado. Ou o "Tour de Renaissance". Geraint Thomas renasceu como trepador.

A vitória em Cauterets foi para Rafal Majka e a vitória de hoje para Joaquim Rodríguez, da Katusha de José Azevedo, o português que há 2004 fez uma excelente subida a Plateau de Beille para levar à vitória O Pai de Todos os Males. Falhando na geral, Purito já leva duas vitórias de etapa e é por isso uma muito boa prestação no Tour, porque o desporto faz-se disto, vitórias.

E os Pirenéus fizeram-se de Sky, para alegria dos seus fãs, incluindo o presidente da UCI.

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