sexta-feira, 25 de março de 2016

Gent-Wevelgem 2016: percurso, favoritos e antevisão

Luca Paolini a dizer para terem cabeça, como ele. Pois
A Gent-Wevelgem (domingo, dia 27) ganhou uma nova importância desde que em 2010 se mudou para março. Disputando-se no domingo anterior, deixou de ser apenas a prova que estava entre a Volta a Flandres e o Paris-Roubaix e onde muitos ciclistas evitavam um desgaste suplementar numa semana muito importante. Hoje é um objetivo para muitos, especialmente os mais rápidos.

Percurso

Esta tem sido uma das clássicas com mais alterações de percurso nos últimos anos e a edição do próximo domingo vai para 243 quilómetros, marcados por dez colinas, todas na segunda metade da prova mas a última das quais a mais de 34 quilómetros do final, permitindo um pelotão bem composto (caso exista) anular os fugitivos.

O que pode acontecer num percurso como estes? Nunca se sabe e isso é o bonito das clássicas belgas. Cada uma das subidas, por si só, e a forma como estão colocadas não parecem ser o suficiente para decidir o vencedor, mas sim para limitar o pelotão. E num pelotão mais curto, aí sim, pode dar-se um ataque bem-sucedido como hoje no E3 Harelbeke o ataque de Sagan/Kwiatkowski. Ou pode ir tudo para um sprint mais ou menos alargado.



Edição 2015

A última edição foi atípica e uma das corridas mais espetaculares da temporada, marcada por uma incrível ventania.

Jurgen Roelandts lançou-se a 75 quilómetros da meta, tinha dois minutos de vantagem a 40 do final mas era demasiado vento para um homem só e foi alcançado a dezoito, ficando num grupo de sete que viria a discutir os primeiros postos. À falta de seis quilómetros Luca Paolini disparou o ataque para a vitória. Apenas terminaram 39 ciclistas.



Favoritos


Quem é o maior? Difícil. Talvez ninguém. Não há um sprinter que dê garantias de modo a colocar toda a sua equipa a controlar o pelotão, abrindo as portas para uma surpresa.

A Katusha apresenta Alexander Kristoff, que para já não tem estado tão forte como em igual período de 2015 e queixa-se de problemas de saúde. A Lotto-Soudal terá André Greipel a regressar à competição depois do abandono no Paris-Nice, na altura ainda convalescente da queda na Volta ao Algarve e nas lesões nas costelas. Greipel não oferece todas as garantias quanto gostariam mas a equipa belga conta com Jens Debusschere, recente vencedor da Através de Flandres. E Jurgen Roelandts.

A Etixx procura a sua primeira vitórias nas clássicas belgas depois de falhar Omloop, Kuurne, Através de Flandres e E3 Harelbeke. E vencer o Le Samyn, para uma equipa com esta qualidade e que aposta grande parte da temporada nestas corridas, não salva o balanço. Com Zdenek Stybar, Niki Terpstra, Tom Boonen, Stijn Vandenbergh, Matteo Trentin e Fernando Gaviria, a Etixx tem ciclistas para cobrir todas as situações de corrida e talvez seja esse o problema: quando alguém ataca, não sabem a quem compete responder.

A Trek não tem um líder claro para esta prova, sobretudo depois do esforço que fizeram na sexta-feira para recolar Cancellara ao grupo principal, enquanto outros ciclistas se puderam poupar e alguns nem estavam a competir. Mas todos estão muito motivados pela campanha que vêm a fazer, Jasper Stuyven venceu em Kuurne e tem estado muito bem, Edward Theuns também e todos acreditam que Fabian Cancellara têm uma grande equipa para Flandres e Roubaix (eles).

Greg Van Avermaet não pôde exibir a sua forma no E3 Harelbeke, num percurso que lhe assentava bem, ficando de fora à última hora, queixando-se de problemas digestivos e preferindo focar-se na Gent-Wevelgem. Edvald Boasson Hagen também falhou a prova de hoje por problemas de saúde

Peter Sagan poderá ter uma palavra a dizer, numa corrida em que já venceu, em 2013. Mas para isso terá em primeiro lugar que fugir aos mais fortes sprinters colocando-se na mexida certa, e ele é bom nisso porque lê a corrida muito melhor do que às vezes fazem crer. O problema é depois, quando começa a pensar que pode vencer, quando vê a meta. Quebra. Num dos dias em que não quebrou sagrou-se campeão do mundo, porque tem pernas para isso. Qualquer dia vão perceber que o problema está na cabeça e hoje isso foi bem evidente.

Arnaud Démare estará ao nível de Sanremo? Se estiver, pode melhorar o segundo lugar de 2014.

(Análise feita com base na lista de participantes disponibilizada pela organização a 25/03. Sujeita a alterações.)


Horário

A prova tem final previsto para pouco depois das 16h00 de Portugal. Não há transmissão em Portugal mas para isso há a internet.

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Por hora da Gent-Wevelgem, o vosso amigo estará algures em Bruxelas. E se não me perder, no domingo seguinte no Oude Kwaremont a ver a Volta a Flandres. Por esse motivo, não haverá aqui antevisão da Ronde nem rescaldo de nenhuma das duas provas.

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