Como eu já tinha dito, o Blanco era o super-favorito, em parte, por ter uma excelente equipa e um director desportivo que não facilita a vida aos adversários e assume o favoritismo. Assim foi desde 2008 e hoje não foi diferente. Porque estava em viagem, só acompanhei deste o final da subida para Campanhó, e mesmo assim ainda vi o Marque e o Livramento a trabalharem num primeiro momento, depois o Mestre e o Nelson Vitorino na subida para a meta e, finalmente, o André Cardoso a deixar toda a gente para trás, excepto o Blanco, claro, ao estilo Navarro-Contador, mas sem Andy Schleck.
O Blanco confirmou estar melhor que todos os outros a subir e ganhou algum tempo (mais os 10s de bonificação). Quanto àqueles que se diziam candidatos à vitória e eu apenas os considerava candidatos ao pódio, o Bernabeu perdeu 21 segundos (11 meta + 10 bonificação), o Pardilla 52 e o Santi Pérez mais de 2 minutos. O Sella já mostrou na Srª da Assunção que não está em forma, tal como o Kashechkin, mas desse nunca esperei que desse nas vistas nesta Volta, embora fosse um nome a mencionar à partida pelo seu passado.
Grandes subidas do Hernâni Brôco, do Daniel Silva e do João Benta, embora, destes três, só o Daniel Silva me tenha surpreendido. A Barbot tem o Bernabeu com apenas 1s de vantagem para o 3º e o Rui Sousa com hipóteses de complicar as contas; a LA-Paredes tem o Brôco na luta pelo pódio mas terá que passar a liderança para ele (que até agora, era a 3ª ou 4ª aposta da equipa, coisa que não consigo entender); a Madeinox tem o João Benta para defender um lugar nos 10 primeiros; e a Loulé cabe lutar por tentar meter lá alguém. O Sinkewitz e o Pardilla foram os melhores de equipas estrangeiras, com uma diferença: o Sinkewitz já sabe o que é a Volta e o Pardilla, subestimando a concorrência, atacou logo no início da subida. Para a Volta, é fundamental saber que as equipas portuguesas apostam o ano todo nesta prova.
Amanhã descanso e terça uma etapa que não será muito dura mas poderá fazer pequenas diferenças. E há sempre as bonificações.
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A chegada a Viana do Castelo, naquele sítio, foi de amadores. Quem a colocou lá, estava distraído. Não se mete uma chegada para sprint apenas 150m depois de uma curva daquelas. O resultado foram quedas, claro.
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No Mundial de juniores, Rafael Reis foi sétimo, no grupo principal. Nos últimos anos não houve nenhum júnior melhor que ele no pelotão português.
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Na Volta a Portugal de Cadetes, ganhou o João Gomes. Quem ganha 2 de 3 etapas fugido, não deixa dúvidas quanto à justiça da vitória.
Bom Artigo Rui. Continua com o espírito de trasmitir mais que uma simples notícia.
ResponderEliminarTeria sido bom ter visto o Cardoso vencer a etapa, já que aqueles 6 (+10) segundos que o Blanco conseguiu não são nada de outro mundo. Está mais que visto que ele é o mais forte.
Parece-me ainda que a Barbot será a única a poder "mexer-se" contra a Palmeiras, com o Pires, o Sousa e o Bernabéu, que, tendo sido o melhor desta equipa, e sendo também o líder, não o vejo a ganhar tempo ao Blanco na Montanha, de todo. De qualquer das formas, está aqui uma Palmeiras Resort muito forte. Acho mesmo que o Cândido foi o piorzito da equipa. :P
Obrigado, Zé Duarte.
ResponderEliminarO problema da Barbot, é que o Rui Sousa perde muito tempo no contra-relógio e o Bruno Pires já está a dez minutos.
Quando o Rui Sousa estava de amarelo em 2008 na etapa da Srª da Graça, o Américo Silva jogou bem ao lança-lo de longe. A vantagem que ele tinha não era nada no contra-relógio e a única solução era ele e o Koldo Gil atacarem de longe para, das duas, uma: ou um deles ganhava tempo para se defender no crono, ou a Palmeiras levava o Guerra na roda e ele tentava ganhar tempo na subida final. Acabou por não resultar porque foram anulados e o Hector não conseguiu descarregar o Blanco.
Este ano, o Rui Sousa não tem vantagem curta mas sim desvantagem de mais de um minuto e, para ser ameaça ao Blanco, teria que lhe ganhar, pelo menos, 4 minutos até ao contra-relógio (para ir com 3 de vantagem). Ou seja, a Palmeiras tem grande margem de manobra para ele e para o Pires e só terá que se preocupar com o Bernabeu não ganhar tempo.
Calculo que tenhas razão, que o Sousa não posso, de forma alguma, bater-se taco a taco com o Blanco num contra relógio onde não hajam subidas (cronoescaladas). O próprio Bruno Pires, mesmo estando a uma distância recuperável para o Blanco na montanha, o contra relógio acabaria por tramá-lo. Dos 3, não só pelos resultados já demonstrados, o Bernabeu é o que, digamos, está melhor na relação montanha/contra relógio.
ResponderEliminarRecordo desse ano de 2008. Essa etapa da Srª da Graça não tanto como gostaria, mas recordo de que, na etapa da Torre, onde o Rui Sousa fez vingar aquela fuga, com uma vantagem bastante boa a Liberty, sua própria equipa, teve medo de apostar nele. À entrada da subida final estava mais que visto que o vencedor da etapa seria ele, restava saber por quanto tempo de vantagem. A diferença dele para o pelotão/favoritos era de tal forma boa que se começou a apostar no Rui para uma vitória final (a Torre creio que fosse uma das primeiras etapas da Volta nesse ano). Nessa equipa haviam outros líderes, como dizes bem ao referiste-te ao Guerra, que, na teoria, só teria que seguir o Blanco montanhas acima. A confiança que a equipa teve no Rui, para gerir aquela margem de 7 ou 8 minutos, nunca foi muito grande, estando sempre as atenções viradas para o Guerra. Já por essa altura a Liberty dominava o pelotão, um pouco à semelhança do que vai fazendo, por estes tempos, a equipa do Tavira. O mais estranho foi que, mesmo tendo um Homem com capacidade para vencer a prova - o Rui - isolado na frente, foram eles a abrir as hostilidades atacando a subida. A partir daí começou a partir-se tudo, e os mais fortes foram em busca do Rui. Este acabou vencendo a etapa, creio que com pouco mais de 5 minutos.
Talvez se a Liberty não se tivesse começado a mexer tão cedo a margem ganha pelo Rui fosse substancialmente maior. Ele acabou a volta nos primeiros postos, pelo que o tempo perdido não foi muito.
Voltando atrás, à parte em que falei da Barbot, eles realmente, agora, já pouco podem fazer na luta pela Geral; agora, que eles tinham uma equipa para, à partida, fazer melhor, lá isso tinham. Chegarem ao dia de descanso com a Volta quase perdida é um bocado negativo, a meu ver.
De qualquer das formas, isto não é, de forma alguma, um contra-argumento ao que dizes, porque, de facto, tens toda a razão quando dizes que o Tavira só terá que preocupar com o Bernabeu.
Realmente a etapa da Torre de 2008 foi muito mal gerida pela Liberty. O Rui Sousa chegou a ter 9 minutos de vantagem durante a subida, o Benfica ia na frente sem puxar (Plaza de amarelo) e foi a Liberty quem acelerou atrás do Rui, quando a vantagem estava em cerca de 7 minutos. No final, o Blanco chegou a menos de 2. Lembro-me bem dessa etapa porque foi das únicas naquele ano que vi na televisão. Estava um frio tão grande na Torre que era impossível estar lá fora e estávamos todos atabalhoados no camião VIP, com os bosses do Benfica lá dentro a deitar fumo com o que viam.
ResponderEliminarEste ano, a Barbot tentou fazer com o Rui Sousa o mesmo que a Liberty em 2008. Obrigaram a Palmeiras a trabalhar desde cedo porque tinham o Pires a tirar para o Rui Sousa na frente. A LA fez o mesmo com o Márcio Barbosa a tirar para o Hernâni, mas o Márcio aguentou menos. Queriam que o Blanco ficasse com o mínimo de colegas para depois o Bernabeu e o Sabido atacarem. Na LA, a estratégia foi completamente falhada e valeu-lhes o Hernâni estar fortíssimo. Na Barbot, apenas falhou porque Tavira está fortíssimo e naquela equipa todos tiram. Como o Luís, o Caldeira e o Marque fizeram a parte inicial, ainda tinham 4 grandes equipiers para ajudar o Blanco.
Esta é uma das provas com um super-favorito tão claro desde o primeiro dia, desde que me lembro de acompanhar ciclismo. Nem o Lance Armstrong nem o Contador alguma vez participaram numa grande volta com tanta supremacia face aos adversários.