sexta-feira, 18 de março de 2011

La Classicissima


Corre-se amanhã a Milano-Sanremo, o primeiro Monumento da temporada, uma espécie de Porto-Lisboa mas mais antiga (desde 1907) e “ligeiramente” mais importante. Vence-la é um sonho para qualquer italiano.
Em Portugal nada motiva os adeptos da mesma forma que as grandes voltas (faz parte da nosso cultura), o que até se justifica, mas não se pense que é assim por todo o mundo, nem sequer por toda a Europa. Há um conjunto de factores que faz com que os adeptos portugueses, na sua generalidade, vejam as grandes voltas e etapas de montanhas como expoente máximo do ciclismo. A prova mais importante do país ser uma Volta que durante décadas teve duas semanas (e chegou a ter três) terá ajudado a isso, assim como Joaquim Agostinho, que durante mais de uma década colocou os portugueses atentos ao Tour.
Se olharmos para a Bélgica, desde sempre os adeptos belgas puderam vibrar com os seus compatriotas a ganhar a Ronde van Vlaanderen (Tour des Flandres), a Liège-Bastogne-Liège ou o Paris-Roubaix (que termina a meia dúzia de quilómetros da Bélgica). Apesar de Roger De Vlaeminck e Eddy Merckx serem os mais conhecidos pelo mundo fora, muitos belgas houve a brilhar nas clássicas antes da década de 60.
Já em Itália, dá-se grande destaque a sprinters e um dos grandes motivos é esta mesma Milano-Sanremo. No início do século passado era impensável uma prova de 300 quilómetros terminar ao sprint, até porque o vencedor demorava cerca de 10 horas e os restantes iam chegando a conta-gotas. Os contornos épicos da MSR apaixonaram os italianos e, com a evolução da modalidade a fazer-se sentir no desenrolar da prova, os tiffosi foram aprendendo a conviver com essa mesma evolução, passando a vibrar com os finais ao sprint e os sprinters que os protagonizavam. De resto, se os italianos pensassem como os portugueses e espanhóis, Mario Cipollini não seria a figura que foi (e, de certa forma, é). Não é uma critica, é um facto sem considerações pessoais.
Actualmente, o percurso da corrida tem 298 quilómetros, incluindo as ascensões ao Passo del Turchino (km 142) e Le Manie (km 204), apenas para aumentar o desgaste acumulado, e a Cipressa e Poggio di Sanremo, já nos últimos 30 quilómetros. Como podem ver aqui, são curtos e têm pouca inclinação, mas são a única hipótese de alguém tirar aos sprinters o protagonismo na Lungomare Italo Calvino, ao lado do porto da cidade.
Triplo vencedor da prova (2004, 2007 e 2010), Oscar Freire é a minha aposta para a vitória. Não encantou no Tirreno-Adriático mas também não o tinha feito em 2010 e venceu a MSR, seu grande objectivo da temporada a par dos Mundiais. Em seguida, quanto a favoritismos, ponho os três Garmin (Farrar, Haussler, Hushovd), e Daniele Bennati. Cavendish parece não estar nas melhores condições mas nunca é de descuidar, tal como Boonen. Petacchi, Greipel e Boasson Hagen tiveram problemas físicos recentemente e também não se sabe como estarão, Goss, JJ Haedo, JJ Rojas e Fran Ventoso são quatro outsideres em muito boa forma (Rojas adapta-se na perfeição ao traçado, Haedo não tanto), Davis é um homem a ter sempre em conta para este tipo de finais e sobre Peter Sagan recaem muitas expectativas. Para impedir a chegada ao sprint, Philippe Gilbert, Cancellara e Pozzato são os três principais nomes (Cancellara e Pozzato já venceram assim), mas muitos mais existem.
O único português em prova será Manuel Cardoso, que pela primeira vez correrá tantos quilómetros, e a transmissão em directo começa às 14h na Eurosport 2.
Palpites para pódio? O meu: Freire-Haussler-Benatti

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