segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Rampas de 20% ou corredores, quem dá o espectáculo?

Ontem foi dia de escalada ao Alto de Angliru, uma das subidas mais duras que os ciclistas tiveram que ultrapassar em grandes provas nos últimos anos. Na segunda metade da subida, a mais difícil, onde se chega a ultrapassar os 20% de inclinação, apenas um corredor atacou, Juanjo Cobo, que é o actual líder. Os restantes corredores limitaram-se a ir no ritmo que o seu corpo suportava e lanço aqui o debate: que espectáculo preferem, o das rampas de 20% ou o dos corredores?

(Antes de mais, há que realçar que se trata de gostos, de preferências, e eu apenas vou expressar a minha e a forma como vi esta subida (e outras). Participem à vontade, mas conscientes de que a resposta à pergunta anterior é relativa e varia de pessoa para pessoa.)

Ontem, nos primeiros quilómetros de subida para o Angliru, houve ataques de Sastre, de Barredo, de Igor Antón, de Daniel Martin, mas apenas um corredor conseguiu atacar nas rampas mais duras: Juan José Cobo. Para a vitória de Cobo teve que haver estratégia, mas foi antes da corrida, quando ele e os mecânicos da equipa decidiram colocar na bicicleta um prato de 34 dentes e um carreto de 32, muito mais leve do que os seus adversários. Por isso Cobo fez quase toda a subida sentado, enquanto os seus adversários tinham que ir debruçados sobre o guiador.

Mas à parte de Cobo, ninguém conseguiu impor uma aceleração e todos os corredores se limitaram a ir no ritmo que os seus corpos podiam suportar, aguentando com os da frente enquanto conseguiram e tentando limitar as perdas depois.

Se relembrarmos a chegada a La Covatilla, tivemos um espectáculo completamente diferente. Primeiro atacou Rein Taaramae e depois Scarponi, Nibali, Van Den Broeck, uns depois dos outros. Daniel Martin atacou com a companhia do seu primo Nicolas Roche, depois ficou na frente com Nibali, foram alcançados pelo grupo de Wiggins e a vitória foi discutida por um grupo restrito e que se cortou nos últimos quilómetros. No Alpe d’Huez, que é duro mas não tanto, na passada Volta a França também tivemos constantes mudanças de situação de corrida, com Pierre Rolland a entrar na subida em posição avançada, depois a ser ultrapassado por Contador, a regressar à companhia de Contador na roda de Samuel Sánchez e a vencer, enquanto no grupo de favoritos houve ataques de Cadel Evans, de Damiano Cunego, de Peter Velits e de Thomas De Gendt, além dos já mencionados Contador e Samuel Sánchez.

Temos portanto espectáculo diferente conforme a inclinação das subidas. Nas mais inclinadas é a subida em si que anima os espectadores, como um espectáculo de gladiadores na Roma antiga, onde se testa os limites do homem. Noutras montanhas, as também elas de grande dureza mas sem essas rampas brutais, temos o homem contra o homem, não apenas numa questão de força mas também de estratégia, onde é fundamental decidir quais os momentos de aguardar e quais os de atacar.

Porque são as etapas que levam mais público à estrada e porque é nelas que os melhores trepadores podem fazer maiores diferenças para os demais, gosto de ver uma chegada como a de ontem ao Angliru, mas não mais do que uma por grande volta, pois também fazem falta as etapas que permitam atacar e surpreender com esses mesmos ataques.

Para os leitores, está criada a votação no lado direito, como de costume, mas não se esqueçam que podem dar a vossa opinião mais detalhada através dos comentários.

Cobo, quase ex-ciclista, quase vencedor da Vuelta

Quanto à Volta a Espanha em si, está muito bem encaminhada para Juan José Cobo, que há uns meses atrás esteve quase a dar por terminada a sua carreira de ciclista, uma carreira de altos e baixos. Chegou a profissional em 2004, na Saunier Duval, equipa pela qual já tinha dado sinais de ser um bom trepador no escalão sub-23. Com alguns resultados interessantes aqui e ali nas três primeiras temporadas, foi em 2007 que chegou à ribalta, sendo terceiro na Volta a Castela e leão atrás de Contado e Koldo Gil e principalmente por vencer duas etapas e a classificação geral da Volta ao País Basco. Em Julho desse ano estreou-se no Tour, onde terminou na 19ª posição e mostrando que, com mais experiência e sem desleixos em etapas planas, poderia estar no top-10 em edições futuras.

Em 2008, Cobo chegou ao Tour a apontar numa boa prestação e passou a primeira semana de prova sem percalços, perdendo tempo apenas no contra-relógio. Na primeira etapa de alta montanha esteve espectacular, sendo segundo apenas atrás do seu colega Leonardo Piepoli, que dava assim a terceira vitória à Saunier Duval em apenas cinco dias, depois de duas de Riccò. Nos metros finais daquela chegada ao Hautacam, Cobo abdicou da vitória a favor do seu colega, que dificilmente voltaria a ter semelhante oportunidade, mas a vitória seria-lhe entregue uns dias depois, já que o vencedor naquela subida nunca está muito tempo descansado. Em 94 ali ganhou Luc Leblanc, que em 2000 admitiu o uso de EPO (só passou a ser detectada nesse ano). O mesmo assumiu depois Bjarne Riis, que ali venceu em 96. Em 2000 houve nova chegada ao Hautacam e a vitória foi para o escapado Javier Otxoa, que sete meses depois sofreria um acidente de viação e depois de um período em coma apenas voltaria a competir como paraolímpico. Finalmente em 2008 o vencedor foi Leonardo Piepoli, que apenas teve três dias para comemorar o feito, já que acusou CERA, foi despedido e desclassificado, tal como Riccò. Foi assim que a equipa perdeu o patrocinador principal a saiu do Tour, quando Cobo era oitavo da geral. Cobo veio depois à Volta a Portugal, sendo quarto na geral e vencendo no Alto da Senhora da Graça.

Em 2009, pela Fuji-Servetto de poucos recursos económicos, venceu uma etapa na Vuelta e foi 10º na classificação final, conseguindo um contrato com a Caisse d’Epargne. Esperava voltar a brilhar nas grandes provas mas teve a pior temporada da sua carreia, marcada por lesões e por não se conseguir aproximar da vitória em nenhuma prova das poucas em que participou, tendo desistido em grande parte delas. Em Maio deste ano pensou em terminar carreira e como ele mesmo diz, talvez seja débil psicologicamente. Depois dos Campeonatos Nacionais começou a preparar a Volta a Espanha, andou sempre na frente da Volta a Burgos, venceu ontem no Angliru e está com a camisola vermelha, símbolo de liderança da prova. É esta a carreira de Cobo, um quase ex-ciclista e um quase vencedor da Vuelta.

Uma semana de Vuelta, um dia para a decidir

Falta uma semana de prova, seis etapas e apenas uma delas com final a subir, para Peña Cabarga, na quarta-feira. São apenas 6 quilómetros mas a 9% de inclinação média e com rampas que chegam aos 19%. Ai poderão fazer-se algumas diferenças, ainda que curtas, mas não será fácil Chris Froome chegar à camisola vermelha e ainda mais difícil será para os restantes corredores. Sobre a prova de Froome até agora, há duas curiosidades: a) tem sido o corredor mais rápido até agora e, se não existissem bonificações, seria ele o líder; b) perdeu 27 segundos na chegada a Manzaneda, quando era camisola vermelha, depois de trabalhar para o seu colega Wiggins.

Antes dessa etapa questionei-me aqui se Froome teria liberdade para se resguardar ou teria que trabalhar para Wiggins, que estava com 20 segundos de atraso. A decisão era difícil. A prestação de Froome está a ser uma surpresa e só os responsáveis da Sky poderiam ter tomado a decisão certa, pois eram eles quem poderia estar melhor preparados para esta performance do britânico nascido no Quénia. Optaram por desgastar Froome em prol de Wiggins e ontem, a subir para o Angliru, todos vimos que Froome era o mais forte dentro da Sky, tal como tinha aparentado no dia anterior. Agora é fácil dizer que os directores da equipa decidiram mal na etapa da Estação de Montanha de Manzaneda, mas na altura era uma decisão difícil. Na altura não arrisquei a dizer o que faria se fosse o responsável pela Sky porque, estando fora da equipa, não fazia ideia do que poderia render Froome.

Se Cobo estiver num dia mal na quarta-feira, outro corredor poderá chegar á vitória, mas se o Bisonte estiver como nos dois últimos dias, não haverá chance para a concorrência. E mesmo que tenha um dia mau, apenas os britânicos poderão destrona-lo. Não adianta esperar milagres no ciclismo. Não sei se é o desporto mais duro, mas é certamente um dos mais duros, demasiado duro para haver milagres. Um maratonista que tenha o seu recorde pessoal a dez minutos do recorde mundial, não vai chegar aos Mundiais ou aos Jogos Olímpicos e bater o recorde do mundo. Um ciclista que está constantemente a perder tempo na montanha para dez corredores, não vai recuperar a ponto de terminar no pódio e um corredor que esteja constantemente a perder tempo para vinte não vai terminar nos dez primeiros. Então, se na Covatilla houve 22 corredores melhores que Fuglsang e 28 melhores que Brajkovic e se na Manzaneda os dois voltaram a perder tempo para muitos concorrentes, como é que os comentadores da Eurosport esperavam que o da Leopard lutasse pelo pódio e o Brajkovic pelo top-5? Era perfeitamente aceitável que se esperassem coisas boas de ambos no começo da prova, mas é importante perceber quando os corredores começam a dar sinais de que já só têm tempo a perder e nenhum a recuperar. Em Covatilla esses corredores deram más indicações na montanha, no contra-relógio estiveram bem e subiram lugares, mas logo aí eu avisei que Mollema, Cobo e Kessiakoff eram quem mostrava maior aptidão para subir na geral, porque já só havia montanha para fazer diferença. Na Manzaneda, Fuglsang e Brajkovic voltaram a perder tempo para demasiada gente e a partir daí viu-se que o único homem da Radioshack que poderia subir na geral e terminar mais próximo dos primeiros seria Zubeldia.

Chegada a Peña Cabarga, na quarta-feira, será a mais
propícia a alterações no topo da geral
Na chegada para os Lagos de Somiedo, Cobo mostrou ser quem estava a subir com maior à-vontade, Wiggins, Froome e Mollema mostraram ser os mais sólidos (a par de Cobo), Wout Poels mostrou que, apesar do tempo perdido na chegada a Totana (a mesma em que Menchov perdeu tempo na primeira semana) e no contra-relógio, era um dos que mais atenção merecia para as etapas de montanha e Menchov deu a entender que, se não tivesse Cobo em posição adiantada, poderia atacar. Zubeldia furou numa altura crítica, não conseguiu reentrar no grupo principal até à altura das decisões e disse adeus à Vuelta, terminando a 20 minutos de Cobo. Kessiakoff, doente, também cedeu e disse aí adeus às suas possibilidades de lutar pelos primeiros lugares, Fuglsang confirmou a tendência para perder tempo e Brajkovic mais ainda.

Posto isto, os cinco primeiros de ontem foram os cinco que melhores indicações vinham dando e é uma pena que Menchov tenha perdido tempo por problemas mecânicos logo na terceira etapa, pois apenas isso o impede de estar na luta pelo pódio, agora restringida a Froome, Wiggins e Mollema (apesar do holandês necessitar de um dia mau da concorrência para poder lá chegar).

Na sexta-feira, a caminho de Bilbao, também deverá
haver ataques
Monfort foi quem mais me surpreendeu no Angliru e conseguiu subir ao quinto lugar da geral, já que Fuglsang esgotou a vantagem conseguida no contra-relógio, o estado de saúde de Kessiakoff voltou a passar factura e Nibali confirmou as más indicações deixadas no dia anterior. Menchov ainda poderá chegar ao quinto lugar, mas dificilmente isso acontecerá, pois o russo terá sobretudo que defender o seu colega Cobo. Poels, décimo, ainda vai atacar para subir lugares na geral e mesmo Daniel Moreno e Mikel Nieve deverão atacar nesta última semana para tentar reentrar no top-10 e no caso de Nieve conquistar a primeira vitória da Euskaltel nesta Vuelta. Aliás, com o País Basco tão próximo e a faltar uma vitória em etapa, é de esperar que a Euskaltel esteja constantemente ao ataque nestes dias, tal como a Andalucia-Caja Granada, que está longe da sua região natal mas muito necessitada de vencer uma etapa. Movistar continuará na sua busca por mais vitórias de etapas (já tem uma, através de Lastras) e muitas equipas World Tour terão que fazer mais do que têm feito, como a Radioshack, a Astana, a BMC e a Saxo Bank (que não se pode reduzir a Chris Sorensen).

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Por falar em Radioshack, surgiram rumores que apontavam para uma fusão com a Leopard-Trek. Rapidamente os responsáveis da Leopard desmentiram mas agora surgem novos rumores de que a equipa luxemburguesa pode estar para acabar e parte dos seus corredores irão para a Radioshack, de onde sairão alguns portugueses. É tema para voltar muito em breve.* (ver nota final)

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Enquanto as equipas portuguesas andam às aranhas para conseguir apoios para 2012 e esperam que os corredores estejam em fase de desespero para poderem contrata-los a 500€ (alguns, nem lá perto), há um português que assinou por uma equipa estrangeira. Tal como diziam os rumores surgidos durante a Volta a Portugal, Hernâni Brôco assinou na semana passada pela Caja Rural. O contrato é de um ano e pretende poder correr algumas das melhores provas espanholas, como a Volta à Catalunha, Volta ao País Basco e, claro, a Volta a Espanha, onde a equipa espera estar.

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A Volta a Tenerife terminou com as últimas três etapas vencidas pelo espanhol José Belda, com César Fonte em segundo e a classificação geral pela mesma ordem. Uma prova muito parecida com a Volta à Madeira mas com um vulcão lá no meio. Terminou com 37 km/h de média e esperemos que tenha servido para os portugueses manterem um bom nível de forma.


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Já está a decorrer a Volta a França do Futuro, onde não há representação portuguesa. A Volta a Portugal do Futuro inicia-se quarta-feira, com cinco etapas e a incluir uma chegada ao Montejunto. Se estivessem presentes, João Pereira do Tavira e Amaro Antunes da LA/Paredes seriam os meus favoritos. Ainda não há lista de inscritos, mas não deverão estar em prova (já que correm por equipas profissionais) e por isso não faço prognósticos.


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PS: Poucos minutos depois de escrever o artigo, foi confirmado que a Radioshack e a Leoaprd serão uma só em 2012. As empresas Radioshack e Nissan serão patrocinadoras principais da equipa, que será liderada pelos irmãos Schleck e Fabian Cancellara (nas clássicas). Como prometido, em breve voltarei a esse assunto.

6 comentários:

  1. Como o Cobo de um momento para o outro podesse tornar o vencedor da Vuelta,ele que mal se via agora correr e chega assim do nada mas que já está quase com a Vuelta ganha.
    O Chris Froome está a ser uma boa surpresa assim como o Wouter Poels.
    Estou com grande desilusão no Nibali assim como no Brajovick.(Não falo do Rodriguez porque já ganhou 2 etapas.)
    *Agora que falaste da fusão da Radiosack com a Leopard Trek não sei que futuro terão os nossos tugas mas vou dar-te a minha opinião acho que particularmente o Tiago devia sair porque ainda nesta Vuelta abdicou do seu posto para ajudar o Zubeldia(claro que é um bom acto) mas só prova que ele não é líder nenhum dentro da equipa(o Brajovick, não foi rebocálo isso só prova que é líder), enquanto se estivesse dentro da Vacansoleil, da Quickstep... seria.
    Mais um vez publicaste um grande texto ;)

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  2. Suponho que assinado nada estará. Mas de acordo com o comunicado lançado pela Leopard-Trek, o Nélson Oliveira será integrado na nova formação.

    Estou de acordo contigo em relação ao Angliru e Zoncolan. Merecem o seu lugar numa grande volta. Nestas súbidas não se engana o corpo. Surgem diferenças entre os favoritos dê por onde der. A atmosfera é a que pudemos ver ontem. Fantástica a etapa.

    Quanto ao Cobo e ao Froome não sei bem o que dizer. O primeiro regressa ao mais alto nível. O segundo dá um salto qualitativo de gigante.

    Não quebrando, o Cobo leva isto. Não estou a ver o Froome ou Wiggins a ganhar tempo ou bonificações na Pena Cabarga, nem a Sky a conseguir mexer na corrida nas etapas bascas.

    Um vencedor surprendente para mim, não tenho qualquer vergonha de o afirmar. Nunca apostaria nele antes da Vuelta, mesmo com a boa exibição em Burgos.

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  3. Obrigado pelos comentários ;)

    Pedro Gomes, o Zubeldia era a aposta mais segura da equipa e tinha que ser defendido. No entanto, o Brajkovic permaneceu no grupo principal porque era o segundo melhor da equipa e era mais seguro deixarem lá alguém em vez de queimarem toda a equipa. Se o Tiago estivesse na Vacansoleil, teria que trabalhar para o Poels e à frente dele na geral teria ainda o Lagutin. Se estivesse na Quick Step, teria o Seeldrayers. A questão aqui é que há equipas que apostam nas provas por etapas e outras nas clássicas. As equipas que apostam nas clássicas, não conseguem prestar apoio nas etapas de montanha das provas de três semanas. E as equipas que apostam nas provas por etapas têm corredores mais seguros do que o Tiago. Mesmo a Vacansoleil construiu a sua equipa a contar com o Riccò e o Mosquera e só não os tem porque o Riccò é dependente de doping e o Mosquera está à espera de ver o seu caso resolvido.

    Pedro Lopes, acho que ninguém apontava o Cobo à vitória ;)

    Cumprimentos

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  4. Leitura correctíssima de todos os assuntos abordados.

    Parabéns! Continuação de bom trabalho

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  5. Penso que subidas como o Angliru e o Zoncolan são precisas no ciclismo de hoje para se fazerem maiores diferenças em favor dos trepadores, além da audiencia.
    O que vemos hoje é que os contrarelogios influenciam e muito a classificação, as montanhas já não fazem muitas diferenças, nem subidas que em tempos já fizeram diferenças enormes (Plateau de Beille), o são capazes de fazer agora.

    E penso que isto se deve a uma coisa, equipas mais fracas que nos tempos de Armstrong (vamos ver para o ano a Radioshack).

    Nos tempos do Armstrong, a USpostal ou Discovery, mais recentemente, impunham ritmos fortissimos, que subidas como o Courchevel, cerca de 20 km a 7% de media, deram diferenças enormes.

    Nesse Tour de 2005, o Col de la Shlutz ( a 4%, Wiening ganha a etapa a Kloden), foi capaz de provocar problemas a Armstrong, pelo ritmo altissimo a que foi feita a subida e os constantes ataques de Vinokourov, entre outros. Nestes tempos a subida acabava com 50 ou 60 ciclistas juntos, note-se que essa etapa em 2005 foi a 1ª com maiores dificuldades.

    Onde eu quero chegar, é que se não há atitude atacante dos ciclistas e poder para faze-lo, é preciso subidas com o Angliru (que fazem diferenças quer-se queira quer não) ou etapas com a do Giro de Gardeccia, repare-se que no Tour de 2005, a etapa que o Hincapie ganhou tinha 5 1ªas categorias, por isso a etapa do Giro deste ano nem pode ser considerada nada excepcional, aliás o Giro já foi pior, note-se 2006.

    Não sei se era do doping que se fazia aqueles autenticos espectaculos memoraveis, mas neste momento o ciclismo está muito calculista, quase a roçar a pasmaceira. A não ser que seja mesmo imperativo atacar.


    Quanto à Vuelta, acredito que o Cobo vencerá, e que será um justo vencedor.

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  6. Eu acho que a chegada ao Angliru por toda a sua dificuldades e pelo espectáculo que aquela subida proporciona devia ser corrida pelo menos uma vez a cada três edições da Vuelta. A subida à Bola do Mundo e aos Lagos de Covadonga poderiam ser utilizadas à vez nas outras edições. O mesmo sucede com Alpez d'Huez e o Mont Ventoux, que deveriam estar presentes alternadamente no Tour. Quem prognosticasse a vitória do Cobo no início da Vuelta poderia ser acusado de não perceber nada de ciclismo, uma vez que supostamente ele teria de trabalhar para Menchov e Sastre. Mas já no dia descanso não era de excluir que ele pudesse ser o melhor espanhol nesta edição da Vuelta até porque Purito já tinha dado sinais de fraqueza na alta montanha. Mas ter conseguido o que conseguiu em duas etapas consecutivas de alta montanha é simplesmente brilhante. A Geox que para além de Cobo contava com Menchov que pelas impressões que transmitiu nestas duas últimas etapas se necessário poderia ter feito mais do que o que fez. Sinceramente não acho que a Sky tenha estado mal, arriscou em sacrificar Froome as coisas não correram bem, mas podiam ter corrido. Agora devem estar arrependidos, mas naquele momento em que a decisão foi tomada talvez tivesse sido o mais racional a fazer. Na nova equipa que vai resultar da fusão da Leopard com a RadioShack eu vejo a estrutura base da Leopard e Bruyneel a levar consigo alguns corredores da Radioshack sendo que alguns dos líderes da Radioshack terão de encontrar outra equipa, não estou a ver, por exemplo, Horner a aceitar o papel de gregário na nova formação e a trabalhar para os Schlecks. Quanto ao Tiago Machado se transitar para a nova equipa o seu papel deverá ficar circunscrito a provas de uma semana que é neste momento o tipo de provas em que ele tem mais hipóteses de atingir boas classificações e a ser gregário nas grandes voltas. Pode vir a ser um corredor de grandes voltas, mas neste momento ainda não o é.

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