domingo, 26 de fevereiro de 2012

15 Jovens a seguir em 2012


Andrew Fenn já leva duas vitórias em 2012

Frequentemente, entre amigos que gostam de ciclismo, alguém fala num ciclista que deixa os outros a perguntarem «quem é esse?». Naturalmente, há quem acompanhe quantas provas possa, há quem acompanhe apenas as que dão na televisão portuguesa ou parte delas e há quem apenas acompanhe Volta a Portugal, Volta a França e pouco mais. Neste blog sempre tentei escrever de modo a que interessasse à maior quantidade de gente possível e é nessa linha de pensamento que escrevo este artigo.

Estes são quinze jovens de equipas World Tour em quem vejo muito potencial e acredito que comecem já em 2012 a dar nas vistas para o grande público. Edvald Boasson Hagen e Peter Sagan, entre outros, já não fazem parte da lista e claro que alguns destes acabarão por estar abaixo das expectativas, mas aqui fica a lista:


Andrew Fenn (01/07/1990, Omega Pharma-Quick Step)

Tal como Cavendish, Wiggins e muitos dos outros britânicos que estão na elite do ciclismo mundial, Andrew Fenn vem da pista, onde conseguiu títulos nacionais e europeus nos escalões de formação. Deu nas vistas neste começo de temporada ao vencer as duas primeiras clássicas da Challenge de Maiorca, batendo sprinters como Daniele Bennati, Boasson Hagen, Matti Breschel e Manuel Cardoso, mas Fenn não é apenas um sprinter. Em 2008 venceu o Paris-Roubaix junior, em 2010 ficou às portas do pódio na versão sub-23 e no ano passado foi quinto. Em Maiorca voltou a evidenciar os dotes de sprinter com os quais já tinha sido medalha de bronze nos Mundiais de Copenhaga e falta agora saber qual a liberdade que terá em 2012. Com Tom Boonen, Francesco Chicchi e Gerald Ciolek não é fácil ter luz verde como sprinter e com Boonen e Chavanel também não é fácil ter liberdade nas provas de pavé, mas vamos esperar para ver o que o deixam fazer dentro da Omega Pharma.

Andrew Talansky (23/11/1988, Garmin)

Segundo na Volta a França do Futuro de 2010, Andrew Talansky é um dos norte-americanos com maior potencial para provas por etapas, sendo um excelente contra-relogista e um excelente trepador, evidentemente, tendo em conta a sua idade. No ano passado destacou-se com excelentes prestações em contra-relógio em provas como Paris-Nice, Criterium Internacional, Volta ao País Basco e Romandia, mas faltou mostrar o seu potencial como trepador. Este ano abriu a temporada na Volta ao Algarve, foi 7º no Malhão, 7º no contra-relógio e oitavo na classificação final. Se tiver liberdade, contem com ele para lutar por top-10 em provas de uma semana.

Peter Stetina (08/08/1987, Garmin)

Um dos mais velhos desta lista mas, ainda assim, penso que merece cá estar. Em 2008 foi 10º na Volta a França do Futuro, no ano seguinte 7º e pelo caminho foi coleccionando outros resultados que lhe valeram o salto para a Garmin em 2010, ainda que no primeiro ano tenha sido apenas um gregário. De 2011, destaco o 22º lugar na Volta a Itália. Um lugar que não é excepcional mas que demonstra muita regularidade para alguém que, na altura, só tinha 23 anos e que tem um grande percurso nas camadas jovens. Certamente estará novamente numa grande volta este ano e, se tiver liberdade, poderá dar nas vistas.

Sep Vanmarcke (28/07/1988, Gamin)

Sep Vanmarcke venceu ontem a Omloop Het Nieuwsblad
Já antes do resultado de ontem, o Vanmarcke merecia estar nesta lista. De 2007 a 2009, foi 3º, 8º e 5º na Volta a Flandres Sub-23 e, juntando a isso outros bons resultados, em 2009 foi estagiário na Topsport Vlaanderen e em 2010 passou a integrar a 100% a equipa, o que lhe proporcionou a oportunidade de correr quase todas as grandes clássicas de pavé. Nesse ano destacou-se pelo segundo lugar na Gent-Wevelgem, no ano passado foi quarto no Prémio E3 de Flandres e ontem venceu a Omloop Het Nieuwsblad (antiga Omloop Het Volk). Sem Hushovd na equipa, Tyler Farrar e Hairich Haussler passam a ser os líderes dentro da Garmin mas, depois desta vitória, Vanmarke deixa de ser apenas um jovem para complicar a vida aos adversários. Se conseguir manter esta forma na Volta a Flandres e no Paris-Roubaix, muita atenção para ele. Além disso, tem uma boa ponta final.

Rasmunas Navardauskas (30/01/1988, Gamin)

Enquanto sub-23, passou por uma equipa belga, uma kazaco-lituana e numa italo-lituana (que tinha a mesma base e os mesmos lituanos). Quarto na Flandres sub-23 e vencedor da Liège-Bastogne-Liège em 2010, deu nas vistas o suficiente para saltar para a Garmin em 2011, esteve no Tour e passou horas na frente do pelotão para defender a camisola amarela do seu colega Thor Hushovd. É sobretudo um homem para clássicas, pois tem um motor de longa duração, mas neste começo de ano já mostrou ser rápido o suficiente para tirar vantagem em grupos reduzidos. Não é fácil ter liberdade na Garmin, mas a qualidade está lá e pode destacar-se já em 2012.

Arnaud Démare (26/08/1991, FDJ)

Démare, campeão mundial sub-23, já venceu este ano no Qatar
Terminada ronda pelos Garmin, voltamos à ordem alfabética. Medalha de bronze nos Europeus e 5º nos Mundiais em 2010, no ano passado Démare ficou a cinco segundos do pódio de Roubaix sub-23 mas em Setembro deixou os quases e sagrou-se campeão mundial. Este ano já conquistou uma vitória na Volta ao Qatar à frente de Galimzyanov e Renshaw, por isso, atenção com ele para os sprints desta temporada.

Nacer Bouhanni (25/07/1990, FDJ)

Outro muito jovem, que além de ter um percurso notável nos escalões de formação já demonstrou este ano que pode ir muito longe no pelotão da elite mundial. Iniciou a temporada com uma vitória na Estrela de Bessèges e na Volta a Omã, com excelentes sprinters persentes, os seus piores resultados nas cinco etapas com final ao sprint foram dois sextos lugares, e isto implica estar lá na frente nos finais completamente planos mas também nos sprints mais acidentados. Muita atenção para ele em 2012, até porque a FDJ voltou a ser equipa World Tour e vai estar em todas as principais provas do mundo.

Diego Ulissi (15/07/1989, Lampre)

Foi campeão mundial de juniores em 2006, no primeiro ano no escalão, e no ano seguinte fez história ao ser o primeiro a vencer o título por duas vezes. Logo em 2009 assinou pela Lampre, o que o fez perder as melhores provas do escalão sub-23, mas lhe permitiu, aqui e ali, algumas posições de destaque entre os profissionais. No ano passado venceu uma etapa no Giro d’Itália, em fuga, e a Volta à Eslovénia, foi segundo noutra tirada do Paris-Nice e na Semana Coppi e Bartali e terceiro no Brixia Tour. Ainda não é a super-estrela que os italianos esperam, mas parece estar no bom caminho, até porque na Lampre deverá ter liberdade em quase todas as provas em que participe.

Kris Boeckmans (13/02/1987, Vacansolei)

Já cumpriu os 25 anos, mas também já demonstrou este ano que merece estar nesta lista. Campeão europeu em 2009, tem inúmeros resultados de mérito nas camadas jovens e mesmo na elite, em 2010, se bem que a temporada passada foi apagada devido a lesões. Este ano já esteve muito bem na Estrela de Bessèges, onde conseguiu um segundo lugar e dois quintos, e na Volta ao Algarve, onde foi segundo na segunda etapa, sétimo na quarta e décimo primeiro na primeira. É um sprinter e, apesar de haver outros na Vacansoleil, é de esperar boas prestações dele em provas importantes.

Mikel Landa (13/12/1989, Euskaltel)

Formado na cantera basca, Mikel Landa é o típico trepador que só pode dar nas vistas se houver dificuldades suficientes para isso. Foi quinto na Volta a França do Futuro 2010 e no ano passado evidenciou-se ao vencer a etapa rainha da Volta a Burgos, à frente de grandes trepadores, como Cobo, Joaquin Rodríguez ou Daniel Moreno. Com o novo sistema de pontos da UCI e à procura de patrocinadores para 2013, a Euskaltel não se pode limitar a Samuel Sánchez, Igor Antón e Mikel Nieve, por isso Mikel Landa poderá ser uma importante peça a usar pela equipa laranja. Espero que consigam continuar na elite mundial.

Moreno Moser (25/12/1990, Liquigas)

Com 21 anos cumpridos em Dezembro, Moreno Moser já leva uma vitória nesta sua primeira temporada como profissional, no Trofeo Laigueglia, surpreendendo os sprinters e as suas equipas com um ataque já na parte final da corrida. Até agora tem corrido sobretudo provas menores italianas, mas já se tinha destacado no Giro d’Itália sub-27, com duas etapas vencidas e um quinto lugar na geral. É rápido, sobe bem, é bom contra-relogista e pode ter um lugar entre a elite mundial.

Sergio Henao (10/12/1987, Sky)

Henao foi terceiro no Trofeu Deiá, atrás do colega Nordhaug
e de Rui Costa
Como já várias vezes aconteceu, um colombiano que dá nas vistas no calendário americano e algumas das melhores equipas do mundo atrás de si. Desde 2007 na Colombia es Pasión, Henao deu nas vistas não só em provas no continente Americano mas também em provas na Europa, incluindo em Portugal, tendo vencido o GP de Portugal, em 2009, pela selecção colombiana. Vencedor da Volta à Colombia em 2010, à frente de Oscar Sevilla e José Rujano, no ano passado venceu duas etapas e foi segundo na Volta a Utah, com adversários como Leipheimer (vencedor da geral), Brajkovic, Danielson, Vande Velde e Sevilla. A Sky conseguiu a sua contratação e tem nele grandes esperanças para as provas por etapas, tal como no seu compatriota Rigoberto Urán (11 meses mais velho), e já esta temporada deve ter muito liberdade nas provas onde não estiverem Bradley Wiggins e Chris Froome. No Trofeu Deiá, em Maiorca, foi terceiro.

Tom Jelte Slagter (01/07/1989, Rabobank)

Formado na excelente escola da Rabobank, Tom Jelte Slagter não só tem um notório percurso nos escalões de formação como também já mostrou qualidade este ano. Em 2010, quando era, sem dúvida alguma, um dos melhores sub-23 do mundo, esteve na Volta a Portugal e foi 13º na chegada à Torre, na sua preparação para a Volta a França do Futuro, onde seria quarto. No ano passado não deu nas vistas pelos seus resultados mas sim por um grande susto, com uma aparatosa queda na Volta a Itália, dois dias após a morte de Wouter Weylandt. Este ano sim, já começou a grande nível e foi sexto na Volta a Omã, decidida numa chegada em alto em que, apesar de não estar um pelotão de topo, havia vários trepadores de grande nível. Com Gesink, Mollema e Kruijswijk, não será fácil ter liberdade nas grandes voltas, mas a Rabobank dá sempre oportunidades aos seus jovens e este tem capacidade para se destacar.

Wilco Kelderman (25/03/1991, Rabobank)

O segundo mais novo da lista, Wilco Kelderman tem um palmarés notável nos escalões de formação, venceu a Volta à Noruega e a Thüringen Rundfahrt (uma das provas mais importantes para sub-23) em 2011 e é uma das grandes esperanças do ciclismo holandês. Recentemente foi 10º na Volta à Andaluzia, curiosamente à frente de Gesink e Mollema, que deverão ser os seus dois principais líderes para esta temporada. O que foi dito para Slagter, é válido para Kelderman. Tem líderes mais qualificados dentro da equipa mas se lhe derem oportunidades, poderá dar muito boa conta de si, andando ele muito bem na montanha e no contra-relógio.

Simoni Ponzi (17/01/1987, Astana)

O mais velho da lista, já com 25 anos cumpridos, e já com provas dadas no pelotão elite, ele que já correu dois anos pela Lampre, um pela Liquigas e está agora na sua temporada como profissional. Simoni Ponzi foi vice-campeão mundial sub-23 em 2008 e medalha de bronze nos campeonatos nacionais no ano passado, com várias demonstrações de qualidade durante toda a temporada. Foi, por exemplo, 4º na Clássica de Hamburgo e 7º no GP Québec, além de muitos top-10 e inclusive vitórias em provas italianas. É o tradicional italiano classicomano, que passa bem a média montanha e é rápido, podendo lutar por etapas já no Tirreno-Adriático.

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O artigo 5 Jovens a seguir no Tour, foi um mais lidos até ao momento. Se gostarem deste tipo de análises, virado para os jovens e para o futuro, posso vir a escrever sobre as escolas da Rabobank, Euskaltel, etc e até sobre as escolas portuguesas e os portugueses de maior futuro. Quanto ao próximo artigo, será virado para os corredores portugueses.

4 comentários:

  1. De facto todos estes jovens têm enorme potencial e um largo futuro no ciclismo. O Henao já não me surpreende..tem de facto bastante qualidade e parece talhado para provas longas (3 semanas), acredito perfeitamente que dentro de poucos anos possa vir a vencer grandes voltas (Tour, Giro, Vuelta). Agora aquele que mais me chama atenção é o Wilco Kelderman, tenho estado atento aos seus resultados, o ano passado fez uma grande época e até correu uma prova em Portugal (Grande Prémio Agrícola) ainda que na altura não tenha dado nas vistas. Não se limita a ser um finalizador..é também um excelente contra relogista e defende-se bem na montanha, terreno onde pode vir a evoluir mais para se tornar verdadeiramente um caso sério.


    Rui seria excelente abordares o mesmo assunto relativamente a corredores portugueses. Força!

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  2. Um nome que podia estar nesta lista, a meu ver uma das grandes esperanças para os italianos em termos dos sprints e não falo do Guardini, mas sim de Elia Viviani da Liquigas.

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  3. Obrigado pelos comentários de ambos ;)

    Ricardo, o Elia Viviani poderá vir a ser mesmo um dos melhores sprinters do mundo, mas como no ano passado já deu tão boa conta de si, achei que não deveria estar na lista. Penso que este vai ser o ano da confirmação e o da revelação já foi em 2011 ;)

    Cumprimentos

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  4. Grande análise Rui!! Vejo neles todos um grande potencial para se tornarem grandes corredores. Só acrescentava o Battaglin que penso que terá um grande futuro.
    Continua assim!

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