Aqui fica o comunicado em que Lance Armstrong anuncia que
não se vai defender perante a USADA. A tradução é da responsabilidade do Carro
Vassoura.
Comunicado de Lance Armstrong a 23 de Agosto de 2012
Chega um ponto na vida de qualquer homem em que ele diz “já
chega!”. Para mim, esse momento é agora. Tenho lidado com as alegações de que
fiz batota e tinha uma vantagem desleal quando ganhei os meus sete Tours desde
1999. Nos últimos três anos, eu estive sujeito a uma investigação federal que
durou dois anos seguida da caça-às-bruxas anticonstitucional de Travis Tygart*.
Os danos causados à minha família, ao nosso trabalho na minha fundação e a mim trouxeram-me
onde estou hoje – acabando com esta situação sem-sentido.
Eu acreditava que o tribunal federal parasse a farsa da
USADA. Apesar de estar compreensivo com as minhas preocupações e reconheça as
irregularidades e deficiências nos motivos, conduta e processo da USADA, o
tribunal decidiu que não poderia intervir.
Se eu pensasse, por um momento, que participando no processo
da USADA eu poderia confrontar as alegações de forma justa e – de uma vez por
todas – acabar com estas acusações, eu teria aproveitado a oportunidade. Mas eu
recuso-me a participar num processo parcial e injusto. Independentemente do que
Travis Tygart diga, não há evidências físicas que apoiem as suas extravagantes e
atrozes alegações. A única evidência física aqui são as centenas de controlos
que eu passei sem problemas. Estive disponível a qualquer hora e em qualquer
lugar. Em competição. Fora de competição. Sangue. Urina. Qualquer coisa que me
pedissem, eu dei. Para que servem todos estes testes se, no final, a USADA os
ignora?
Desde o começo, porém, esta investigação não foi para
descobrir a verdade nem limpar o ciclismo, mas para punir-me a todo o custo. Eu
sou um ex-ciclista, mas ainda assim a USADA apresentou acusações com 17 anos,
apesar da sua própria limitação de 8 anos. Tal como respeitadas organizações como
UCI e USA Cycling deixaram claro, USADA não tem jurisdição para levar a cabo
estas acusações. Os organismos internacionais que dirigem o ciclismo ordenaram
à USADA para parar, dando notícia de que não participariam em ilegais
procedimentos da USADA. Além disso, deixaram claro que a decisão da USADA de
suspender alguém vitaliciamente e lhes retirar os seus resultados é feita sem
autoridade para tal. E como muitos outros, incluindo membros da USADA, não
encontraram nada nem remotamente justo sobre o processo. A USADA violou a lei,
virou as costas às suas próprias regras e impediu quem a tentou persuadir a
honrar as obrigações. A cada momento, a USADA usou o papel de abusador,
ameaçando toda a gente com os seus modos e desafiando a boa-fé de quem questionasse
os motivos ou métodos, tudo à custa dos contribuintes estado-unidenses. Durante
os últimos dois meses, a USADA repetiu interminavelmente o seu desejo de
cumprir as regras como doutrina mas, por arrogância, recusaram-se a praticar o
que pregam. Além de tudo isto, a USADA fez alegadamente acordos com outros
ciclistas que contornaram as suas leis desde que digam que eu fiz batota.
Muitos desses corredores continuam a correr nos dias de hoje.
O ponto de partida é que eu actuei pelas regras que tinham
sido colocadas pela UCI, AMA e USADA quando eu corri. A ideia de que atletas
possam ser condenados sem amostras A e B positivas, da mesma forma que atletas com
testes anti-doping positivos, corrompe o sistema e cria um processo onde
qualquer ex-colega invejoso pode abri um caso, por rancor, benefício próprio ou
para obter um acordo mais vantajoso para si próprio. É um tratamento injusto,
aplicado selectivamente, contra as regras. Simplesmente, não é justo.
A USADA não pode tomar controlo de um desporto profissional
internacional e retirar os meus sete títulos da Volta a França. Eu sei quem
ganhou estes sete Tours, os meus colegas sabem quem ganhou estes sete Tours, e
toda a gente que competiu contra mim sabe quem ganhou estes sete Tours. Todos
nós corremos juntos. Durante três semanas nas mesmas estradas, nas mesmas
montanhas e contra as mesmas condições climatéricas. Não houve atalhos, não
houve tratamento especial. As mesmas corridas, as mesmas regras. O mais duro
evento mundial onde o homem mais forte vence. Ninguém pode mudar isto.
Especialmente não pode Travir Tygart.
Hoje eu virei a página. Não vou continuar com estre assunto,
independentemente das circunstâncias. Vou empenhar-me no trabalho que comecei
antes de ganhar qualquer Volta a França: servir as pessoas e famílias afectadas
pelo cancro, especialmente em comunidades carentes. Em Outubro, a minha
fundação celebra 15 anos de serviço para os sobreviventes do cancro e o
objectivo de alcançar 500 milhões de dólares. Nós temos muito trabalho para
fazer e eu estou a olhar em diante para o fim desta inútil distracção. Eu tenho
responsabilidades perante todos aqueles que dedicaram o seu tempo e energia
pela causa do cancro. Eu não vou deixar de lutar por esta missão. Avançando, eu
vou dedicar-me ao crescimento dos meus cinco belos (e energéticos) filhos,
lutando contra o cancro e tentando ser o mais saudável quarentão do planeta.
Tradução: Carro Vassoura
Legenda:
Travis Tygart é o responsável máximo da USADA
USADA – Agência Anti-Doping dos Estados Unidos
USA Cycling – Federação de Ciclismo dos EUA
UCI – União Ciclista Internacional
WADA – Agência Mundial Anti-Doping
Outros artigos sobre este caso:
05/07/12: Julho, época de caça ao Homem
24/08/12: Caso Lance Armstrong: verdades
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