domingo, 12 de agosto de 2012

Volta a Portugal, a luta pela classificação geral

David Blanco, vencedor em 2006 e de 2008 a 2010, regressa à Volta a Portugal para recuperar o seu título, entretanto entregue ao ex-companheiro Ricardo Mestre. Qual deles levará a melhor? E Rui Sousa, e Nuno Ribeiro? E do que serão capazes os homens da LA Alumínios, José Mendes e Hugo Sabido? E os da Onda, João Cabreira e Daniel Silva? E os estrangeiros? Muitas questões se colocam antes de cada Volta a Portugal.

Ricardo Mestre, o escolhido da Carmim-Prio

Desta vez sem André Cardoso, Ricardo Mestre é o único homem da equipa de Tavira que aspira à vitória na Volta a Portugal, que seria a quinta consecutiva para a formação de Vidal Fitas. Há muito tempo que elogio as capacidades de Mestre enquanto voltista e de Vidal Fitas enquanto estratega, pelo que não vale a pena insistir nessa tecla. Mestre é, para mim, o principal candidato à vitória na Volta a Portugal de 2012!

Com um contra-relógio de mais de 30 km planos, Nelson Vitorino dificilmente repetirá o 4º lugar do ano passado, mas ainda assim deverá ser fundamental da ajuda a Mestre, tal como David Livramento. Alejandro Marque* e os jovens João Pereira e Amaro Antunes também poderão dar uma boa ajuda. Infelizmente, o Marque teve que abandonar precocemente a Volta do ano passado mas espero que este ano consiga mostrar todo o seu valor. E estou bastante expectante pelas prestações do João Pereira e do Amaro Antunes, jovens que se vão estrear na prova rainha do ciclismo português. (correcção: João Pereira correu em 2010 pela selecção)

David Blanco pela Efapel, com Rui Sousa e Nuno Ribeiro?

Engane-se quem confia que o David Blanco já não tem pernas para andar com os melhores na Volta. Aos 37 anos, não se poderia esperar que o David andasse a top desde Fevereiro/Março para depois disputar a Volta, e o David, que sempre mostrou ter a cabeça no sítio, sabe disso. Como tal, planeou a sua temporada não de modo a ter 4 ou 5 vitórias, mas de modo a lutar por uma: a Volta a Portugal. Não sei até que ponto o David está mais fraco que em 2010, o mais provável até é que esteja, mas este ano mostrou-se capaz de subir bem e fazer bons contra-relógio, acreditando eu que a sua melhor forma está para chegar nos próximos dias. Como tal, sim, acredito no David para lutar por esta Volta a Portugal.

Rui Sousa, terceiro no ano passado, começou esta temporada com fractura de clavícula e duas costelas. Após isso, tem trabalhado para chegar à sua melhor forma, o que ainda não conseguiu evidenciar. Se estiver na condição do ano passado, é um sério candidato a vencer a Volta, mas não é certo que o esteja. Também existem dúvidas quanto à forma de Nuno Ribeiro, recente vencedor de uma etapa no GP Efapel-Glassdrive mas que ainda não mostrou  o necessário para repetir o feito de 2003, ou, se preferirem, o de 2009 mas desta vez sem doping.

Ricardo Vilela é, sem sombra de dúvida, um contra-relogista muito talentoso mas para estar nos primeiros lugares terá que subir melhor do que no ano passado. É possível que o faço, tendo em conta que está em idade de evoluir.

José Mendes e Hugo Sabido pela LA Alumínios

A etapa da Torre espera-se, uma vez mais, decisiva
O líder da LA Alumínios é José Mendes, vencedor da Volta a Portugal do Futuro de 2007. No começo de 2008, sua primeira época como profissional, entrevistei o seu director desportivo Orlando Rodrigues, que me disse que o José Mendes era um futuro vencedor da Volta a Portugal. Até agora, por diversos motivos, não voltou a mostrar capacidade para tal. Acredito que possa limitar as perdas na Senhora da Graça e até mesmo no contra-relógio, mas para chegar ao pódio terá que subir à Torre perto dos melhores... veremos se o faz.

Já quanto a Hugo Sabido, teve que abandonar muito cedo a Volta a Portugal do ano passado, afectado por um vírus, ele que tinha vencido o prólogo. É novamente um bom candidato a vencer o prólogo mas o que poderá fazer na Torre é uma incógnita, pois no resto do ano as equipas portuguesas não têm etapas de alta montanha e, desistindo da Volta 2011 antes de chegarem à Serra da Estrela, a última referência quanto ao que o Hugo poderá fazer em alta montanha data de Agosto de 2010, ano em que a etapa rainha da Volta foi encurtada devido aos incêndios que então consumiam a Serra.

Onda... na onda de Daniel Silva?

Depois da fraca prestação de João Cabreira na Volta 2011 e das ainda mais fracas prestações desta temporada, é difícil acreditar que Cabreira lute sequer pelo pódio desta Volta. Entretanto, continua a ter muitos clientes enquanto preparador físico/treinador, ele que foi o primeiro ciclista a nível mundial em que se detectou o uso de proteases para manipulação das amostras das amostras de urina e foi suspenso por tal.

Daniel Silva, que no ano passado perdeu demasiado tempo num contra-relógio em teoria mais à sua medida, este ano foi 4º nos Campeonatos Nacionais da especialidade, batendo especialistas como José Mendes, Hernâni Brôco, Hugo Sabido ou o jovem Diogo Nunes. Se render a esse nível no contra-relógio da Volta a Portugal e estiver ao nível habitual nas chegadas de montanha, poderá discutir um lugar entre os cinco melhores.

As equipas estrangeiras

Quanto às equipas estrangeiras, há alguns ciclistas que poderão ambicionar um lugar nos dez primeiros mas, mais do que isso, parece-me difícil. Além do mais, tudo dependerá do momento de forma em que se encontrarem. Os jovens David de la Cruz e Garikoitz Bravo, vencedor da juventude em 2011, ambos da Caja Rural, são bons candidatos a tal feito, além de Darwin Atapuma (Colombia-Coldeportes), excelente trepador colombiano mas a quem o contra-relógio deverá penalizar muito. Reinardt Janse Van Rensburg (MTN Qhubeka) é o quarto ciclista mais vitorioso da temporada, atrás de Sagan, Greipel e Wiggins, mas metade das vitórias foram conquistadas em África e as restantes em provas menores europeias, faltando ver do que é capaz de fazer numa prova como a Volta a Portugal.

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*Será que algum dia os jornalistas e jornaleiros deste país vão escrever Alejandro Marque correctamente? É que os colegas até lhe podem chamar Alexandre e o Alex até pode gostar muito de Portugal, mas isso não faz com que se chame "Alexandre Marques". E fica aqui a lembrança: nos nomes castelhanos, apesar do apelido da mãe aparecer em último lugar, é o do pai (penúltimo) que se utiliza. Alejandro Marque Porto, como Alberto Contador Velasco, Alejandro Valverde Belmonte ou Oscar Pereiro Sio.
Fica a nota, já que este ano haverá quatro equipas espanholas e os nomes castelhanos costumam aparecer incorrectamente.

4 comentários:

  1. Também acho que o Ricardo Mestre é o maior favorito à vitória na Volta e com maior ou menor dificuldade deverá conseguir revalidar o triunfo obtido no ano transacto. Pena a coincidência de datas entre Volta a Portugal e Vuelta, com a Vuelta a iniciar-se no próximo sábado a minha preferência irá para a segunda no que respeita às emissões das etapas em directo.

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  2. Eu pessoalmente aposto no Ricardo Mestre para a vitória da Volta. Parece-me que tem uma coisa que falta ao Blanco, um bloco coeso em volta dele. Mestre tem toda a equipa da Carmim à sua volta e todos dispostos a trabalhar em seu benefício enquanto na Efapel existe Blanco como o líder, mas Nuno Ribeiro e Rui Sousa estão à espreita de uma oportunidade para brilhar.

    Em suma parece-me que a união da equipa da Carmim será benéfica para Mestre e poderá ser um factor importante no caminho para vitória.

    Quanto aos restantes José Mendes parece-me o maior candidato a perturbar esses dois, a passagem pela Polónia deu-lhe maturidade e este ano já assinou bons resultados como por exemplo o 7º lugar no Malhão na Volta ao Algarve, frente ao pelotão internacional.

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  3. Rui uma correção..o jovem João Pereira do Tavira não é a primeira vez que participa na Volta a Portugal..já o fez em 2010 ao serviço da seleção nacional.

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  4. Obrigado pelos comentários de todos.
    Toda a razão, Pengo. Já foi corrigido. Obrigado pelo reparo ;)

    Os melhores cumprimentos aos três

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