Gilbert correrá os Mundiais de contra-relógio por equipas |
A História da prova
Estes serão os primeiros Mundiais de contra-relógio colectivo disputados por equipas, mas entre 1962 e 1994 existiu prova semelhante disputada por selecções nacionais compostas por ciclistas amadores. A prova tinha 100 quilómetros e a partir de 1972 deixou de se disputar nos anos Olímpicos porque lá existia a prova igual.
Uma história bastante curiosa foi protagonizada por quatro suecos, que foram campeões mundiais desta especialidade entre 67 e 69. Chamavam-se eles Erik Pettersson, Gösta Pettersson, Sture Pettersson e Tomas Pettersson e, sim, são irmãos. Gösta foi quem mais se destacou individualmente, sendo 3º na Volta a França de 1970 e vencendo o Giro do ano seguinte.
Características da prova
Desta vez a prova não vai ter 100 quilómetros, não vai ser por países e vai ser para profissionais, se bem que ser profissional no World Tour é muito diferente de ser profissional na sul-africana MTN ou na iraniana Tabriz.
Quem participa?
Todas as equipas World Tour são obrigadas a participar e são ainda convidadas as 20 primeiras equipas do Ranking Europe Tour, as 5 primeiras classificadas do America Tour e Asia Tour e as líderes do Africa Tour e Oceania Tour, podendo estas ser equipas continentais profissionais ou apenas continentais. Para as equipas dos circuitos continentais, a participação é opcional e muitas recusaram, como por exemplo a Leopard-Trek do português Fábio Silvestre, que tinha direito a estar presente.
Para a prova feminina, foram convidadas as 20 primeiras classificadas no ranking mundial.
Quantos ciclistas por equipa?
Cada equipa será composta por seis ciclistas e o tempo que conta é o do quarto corredor a transpor a linha de meta (ao contrário do que acontece quando são oito ou nove ciclistas por equipa e conta o tempo do quinto).
Percurso?
Percurso de 53,2 quilómetros na prova masculina e 34,2 na prova feminina, sendo ambas bastante acidentadas (sem montanhas mas em constante sobe-e-desce).
Quem participa?
Todas as equipas World Tour são obrigadas a participar e são ainda convidadas as 20 primeiras equipas do Ranking Europe Tour, as 5 primeiras classificadas do America Tour e Asia Tour e as líderes do Africa Tour e Oceania Tour, podendo estas ser equipas continentais profissionais ou apenas continentais. Para as equipas dos circuitos continentais, a participação é opcional e muitas recusaram, como por exemplo a Leopard-Trek do português Fábio Silvestre, que tinha direito a estar presente.
Para a prova feminina, foram convidadas as 20 primeiras classificadas no ranking mundial.
Quantos ciclistas por equipa?
Cada equipa será composta por seis ciclistas e o tempo que conta é o do quarto corredor a transpor a linha de meta (ao contrário do que acontece quando são oito ou nove ciclistas por equipa e conta o tempo do quinto).
Percurso?
Percurso de 53,2 quilómetros na prova masculina e 34,2 na prova feminina, sendo ambas bastante acidentadas (sem montanhas mas em constante sobe-e-desce).
Percurso da prova feminina (10h, 16 de Setembro) |
Percurso da prova masculina (12h30, 16 de Setembro) |
Camisola arco-íris?
Ao contrário do que acontece nas provas de contra-relógio individual e fundo, nesta prova não se entregará camisola arco-íris. Em vez disso, a equipa vencedora terá direito a usar um distintivo na sua camisola durante a temporada seguinte, neste caso, de 1 de Janeiro de 2013 a 31 de Dezembro de 2013.
Pontuações para Rankings
Para incentivar a participação dos melhores ciclistas nesta competição, a UCI atribui pontos às equipas World Tour que se classifiquem nas dez primeiras (200-170-140-130-120-110-100-90-80-70), pontos esses que não contarão para o ranking individual World Tour mas contam para o colectivo. Já para as equipas Continentais Profissionais, basta ficarem nos vinte primeiros para somarem pontos.
Análise
Uma vez que estou longe de ser um especialista em ciclismo feminino, centremo-nos na prova masculina.
Um CRE de 53,2 km para equipas de 6 corredores é imensamente diferente de um contra-relógio de vinte e poucos quilómetros para uma equipa de 9, como tem acontecido nos últimos anos nas grandes voltas. Felizmente, já lá vão os tempos em que o Tour apresentava um contra-relógio por equipas de quase 70 quilómetros, e digo "felizmente" porque essa era uma etapa em que muitos trepadores de grande qualidade perdiam entre três e cinco minutos para Armstrong e Ullrich, quando não era mais. O último grande CRE no Tour foi em 2005, com a Discovery Channel de Armstrong, Azevedo e companhia a bater a CSC por apenas dois segundos, mas convém relembrar que no ano anterior a US Postal tinha ganho mais de um minuto à segunda classificado Phonak e só não ganhou mais porque não valia a pena. Havia então uma regra que estabelecia 20 segundos como diferença máxima a contabilizar para a classificação individual e a restante diferença só contaria para a classificação da etapa e colectiva, motivo pelo qual a USP levantou o pé no último terço de corrida.
Voltando aos Mundiais... 53,2 quilómetros para apenas seis homens implica que as equipas sejam compostas por bons contra-relogistas e não apenas por alguns roladores e lançadores de sprinters, ciclistas explosivos que costumam ser importantes em CRE's de menor distância. E olhando ao percurso acidentado, também será importante contar com ciclistas capazes de impor bons ritmos nas subidas.
Candidatos
BMC (Alessandro Ballan, Philippe Gilbert, Taylor Phinney, Marco Pinotti, Manuel Quinziato e Tejay Van Garderen)
A BMC alinha com três contra-relogistas de indesmentível valor: Phinney, Van Garderen e Pinotti, que certamente terão que se manter até ao fim dos 53 quilómetros para que a equipa possa lutar por um lugar no pódio. A estes juntam-se Ballan, Gilbert e Quinziato, que não são contra-relogistas de topo mundial mas são três roladores de grande nível e que conseguem bons rendimentos nesta especialidade. Nenhum dos seis ciclistas deverá ter grandes problemas em ultrapassar as curtas subidas do percurso, e Van Garderen, Pinotti, Gilbert e Ballan até poderão impor bons ritmos durante as mesmas.
Garmin-Sharp (Thomas Dekker, David Millar e Andrew Talansky + 3 entre Jack Bauer, Martijn Maaskant, Daniel Martin, Ramunas Navardauskas, Sébastien Rosseler e Johan Van Summeren)
A Garmin ainda só anunciou três corredores, mas certamente será uma das equipas mais fortes, especialmente se nas três vagas para preencher se incluírem Navardauskas, Jack Bauer e Rosseler. Millar e Talansky são dois grandes contra-relogistas já confirmados, aos quais se junta Thomas Dekker, longe do nível que tinha antes da suspensão mas que ainda poderá acrescentar algo à sua equipa.
Omega Pharma-Quick Step (Tom Boonen, Sylvain Chavanel, Tony Martin, Niki Terpstra, Kristof Vandewalle e Peter Velits)
É uma das grandes candidatas à vitória, com o campeão mundial em título Tony Martin a liderar uma equipa que conta também com Sylvain Chavanel, Peter Velits, Terpstra e Vandewalle. Tom Boonen é o elo menos forte, mas poderá oferecer um importante contributo, sobretudo na primeira metade da corrida, tentado seguir na roda nas subidas e impondo a sua potência no terreno plano e nas descidas.
Orica-GreenEdge (Sam Bewley, Luke Durbridge, Sebastian Langeveld, Cameron Meyer, Jens Mouris e Svein Tuft)
O campeão sub-23 no ano passado, Luke Durbridge, juntamente a Cameron Meyer e Svein Tuft são as principais peças do motor da Orica-GreenEdge, ainda que também o jovem Bewley, Langeveld e Jens Mouris sejam bons roladores e contra-relogistas. Durbridge, Langeveld, Tuft e Mouris fizeram parte da equipa que recentemente venceu o contra-relógio colectivo do Eneco Tour, mas o problema agora poderá ser a falta de ciclistas que se adaptem ao sobe-e-desce do percurso.
Rabobank (Lars Boom, Stef Clement, Rick Flens, Robert Gesink, Wilco Kelderman e Luis León Sánchez)
Equipa de grande qualidade, com seis contra-relogistas de elevado valor. Rick Flens talvez tenha dificuldade a ultrapassar todas as colinas com os seus colegas mas poderá ser uma importante ajuda na primeira metade da prova, enquanto Boom, Clement e sobretudo Luis León Sánchez, Kelderman e Gesink poderão impor a sua qualidade durante os 53 quilómetros do percurso e em todos os tipos de terreno.
Radioshack (Tony Gallopin, Andreas Klöden, Yaroslav Popovych, Jesse Sergent, Jens Voigt e Haimar Zubeldia)
Novos valores como Gallopin e Sergent juntos ao veteraníssimo Voigt. É uma equipa muito homogénea com seis ciclistas que podem aguentar até ao final da prova, se bem que o passado recente mostra-nos que as equipas conseguem melhores resultados quando alguns dos seus elementos se esforçam mais na fase inicial e outros (neste caso, 4) gerindo esforços para o percurso total.
Sky (Edvald Boasson Hagen, Alex Downsett, Juan Antonio Flecha, Sergio Henao, Ian Stannard e Geraint Thomas)
Esperava-se uma Sky muito mais forte e claramente favorita, com Wiggins, Froome, Porte ou Michael Rogers, por exemplo, mas não é esse o caso. É uma boa equipa, com Hagen, Thomas, Downsett e Stannard, pode conquistar um lugar no pódio mas não é principal favorita à vitória.
Portugueses
Inicialmente estava prevista a presença de dois portugueses, mas Rui Costa foi picado por uma abelha e não poderá correr este domingo, de modo a estar a 100% na prova rainha, que correrá com as cores nacionais, no dia 23. Assim, Hernâni Brôco será o único lusitano em prova, representando a Caja Rural com.
*****
Falando agora de um futuro mais distante, os Mundiais de 2014 poderão estar numa situação muito delicada. A sua organização foi entregue à cidade espanhola de Ponferrada (a Norte de Portugal) e Espanha está na crise que se sabe. Está prevista uma redução significativa nas verbas que as federações receberão do Consejo Superior de Deportes (espécie de Instituto do Desporto de Portugal) nos próximos anos, o que também coloca em risco o Mundial de Andebol 2013, o Mundial de Basquetebol 2014 e as Universíadas de 2014. Claro que, na teoria, os municípios e comunidades autónomas poderiam aumentar o apoio a estes eventos, mas na prática é quase impossível porque estão com a corda na garganta, como as autarquias portuguesas. Os próximos meses serão fundamentais.
Não esquecer que Madrid se candidatou a receber os Jogos Olímpicos de 2012 (perdeu), 2016 (perdeu) e 2020 (em aberto) e o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018 ou 2022, mas aí juntamente a outro país à beira da bancarrota chamado Portugal. Em todas estas candidaturas havia, claro, dinheiro o CSD.
Não esquecer que Madrid se candidatou a receber os Jogos Olímpicos de 2012 (perdeu), 2016 (perdeu) e 2020 (em aberto) e o Campeonato do Mundo de Futebol de 2018 ou 2022, mas aí juntamente a outro país à beira da bancarrota chamado Portugal. Em todas estas candidaturas havia, claro, dinheiro o CSD.
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