sábado, 10 de novembro de 2012

Vamos lá falar de Ciclocrosse, 1h no Inferno

Sven Nys e Niels Albert, principais figuras da actualdiade
"Uma hora no Inferno" é o slogan mais associado ao Ciclocrosse, vertente do ciclismo que está agora a regressar a Portugal mas que em muitos países da Europa nunca saiu de moda e na Bélgica faz manchetes e junta milhares de pessoas para ver os heróis nacionais ao vivo. É de ciclocrosse que vamos falar hoje, uma modalidade espectacular e cuja temporada está a começar.

Se estamos neste blog, temos em comum o gosto pelo ciclismo de estrada, mas temos que admitir que muitas vezes apenas os últimos quilómetros têm interesse, sobretudo em provas por etapas. Por isso prefiro as clássicas, onde não há vantagem de etapas anteriores para defender nem etapas seguintes para recuperar, obrigando os ciclistas a serem muito mais ofensivos. Além desses aliciantes, as provas de ciclocrosse são de "apenas" uma hora, o que permite aos ciclistas darem tudo de si desde o início. Por outro lado, obriga-os que assim seja. Lama ou neve, constante sobe-e-desce, areia, escadas e outros obstáculos fazem o resto.

A temporada está a começar, na nossa página no Facebook já temos acompanhado algumas provas e assim continuaremos ao longo do inverno, tanto no facebook, como no blog. Este artigo serve de apresentação, para quem pouco conhece desta vertente de ciclismo.

Características do Ciclocrosse


As provas de ciclocrosse são disputadas em circuitos que têm entre 2,5 e 3,5 quilómetros, incluindo estradas, caminhos rurais e florestais, com uma alternância de modo a criar mudanças de ritmo. 90% do circuito (no mínimo) tem que ser ciclável, isto é, possível de cumprir montado na bicicleta, e nos restantes 10% podem (e devem) incluir-se obstáculos artificiais que motivem os ciclistas a desmontar a bicicleta para os ultrapassar.

O circuito deve incluir uma secção de pranchas (2 pranchas de 40cm com 4 a 6 metros de distância entre elas), pode incluir pontes desde que estejam cobertas por uma matéria anti-derrapante, pode incluir escadas ou areia artificial e tem que ter sempre largura suficiente para ultrapassagens, o que não acontece no BTT.

As provas devem aproximar-se o mais possível de um tempo pré-estabelecido: 30 para cadetes de ambos os sexos, 40 para juniores e masters masculinos e todos os escalões femininos excepto juniores, 50 minutos para sub-23, 60 para elites e entre 60 e 70 para elites em Mundiais e Taças do Mundo. A última volta é anunciada pelo habitual sino e fácil de prever tendo em conta o tempo médio de cada volta. Por exemplo, se os ciclistas estão a demorar 6 minutos por volta e passam na meta com 50 minutos, é fácil de calcular que darão apenas mais 2 voltas ao circuito. Podem ver aqui a última volta de uma corrida do último fim-de-semana, num circuito muito bom:



O Calendário Mundial


A época de ciclocrosse disputa-se de Setembro a Fevereiro e tem como prova rainha o Campeonato do Mundo (no último fim-de-semana de Janeiro ou primeiro de Fevereiro), seguindo-se em termos de importância a Taça do Mundo, composta por oito provas, essencialmente na Bélgica, República Checa e Holanda, mas também com passagens pela Suíça, Alemanha, França, Itália e Espanha.

À parte destas provas Mundiais, existe o Superprestige, taça composta por sete provas na Bélgica e uma na Holanda, que conta com as melhores equipas europeias, e a nível nacional existe o Troféu Bpost Bank (antigo Troféu GVA) na Bélgica (8 provas) e uma série de provas importantes nos EUA... onde só correm norte-americanos e alguns segundos planos europeus de vez em quando, essencialmente no início do Outono para chegarem à principais provas europeias mais rodados (nos EUA a época começa algumas semanas mais cedo).

Pela primeira vez, esta temporada os Mundiais serão fora da Europa, em Louisville (EUA). Este é o calendário das principais provas da temporada 2012-2013: 

07/10/12: Superprestige #1 - Ruddervoorde (Bélgica)
21/10/12: Taça do Mundo #1 - Tabor (Rep. Checa)
28/10/12: Taça do Mundo #2 - Plzen (Rep. Checa)
04/11/12: Superprestige #2 - Zonhoven (Bélgica)
11/11/12: Superprestige #3 - Hamme-Zogge (Bélgica)
18/11/12: Superprestige #4 - Asper (Bélgica)
24/11/12: Taça do Mundo #3 - Koksijde (Bélgica)
25/11/12: Superprestige #5 - Gieten (Holanda)
02/12/12: Taça do Mundo #4 - Roubaix (França)
23/12/12: Taça do Mundo #5 - Namur (Bélgica)
26/12/12: Taça do Mundo #6 - Heusden (Bélgica)
30/12/12: Superprestige #6 - Diegem (Bélgica)
06/01/13: Taça do Mundo #7 - Roma (Itália)
20/01/13: Taça do Mundo #8 - Hoogerheide (Holanda)
03/02/13: Campeonato do Mundo - Louisville (EUA)
10/02/13: Superprestige #7 - Hoogstraten (Bélgica)
16/02/13: Superprestige #8 - Middelkerke (Bélgica)


Algumas destas provas já acompanhamos no Carro Vassoura-Facebook e as restantes vamos tentar acompanhar, pois todas elas têm transmissão televisiva em canais belgas (e na internet).


As estrelas


Depois do checo Zdenek Stybar passar quase em definitivo para a estrada (na Omega Pharma-Quick Step), os belgas voltaram a ter o domínio absoluto do ciclocrosse mundial, com Sven Nys e Niels Albert à cabeça, separados por dez anos de idade. Sven Nys (Landbouwkrediet) tem 36 anos e foi o grande dominador da última década, com 7 Taças do Mundo, 11 gerais do Superprestige mas apenas 1 título mundial (e mais 6 medalhas). Já Niels Albert (BKCP), com 26 anos, representa o futuro, com 1 Taça do Mundo e 2 títulos mundiais (incluindo da época passada).

Numa segunda linha surge o vencedor da última Taça do Mundo, Kevin Pauwels (Sunweb), depois Klaas Vantornout (Sunweb), Tom Meeusen (Telenet), Bart Aernouts (AA Drink) e o holandês Lars van der Haar (Rabobank), campeão mundial sub-23 em título e de quem os holandeses esperam que possa chegar ao nível de Lars Boom (campeão mundial antes de passar em definitivo para a estrada). Outros não belgas com algum destaque e que poderão chegar ao pódio de alguma prova da Taça do Mundo ou do Campeonato do Mundo são o alemão Philipp Walsleben (Palmans) e o francês Francis Mourey (FDJ).


Ciclocrosse no Carro Vassoura


Tal como acontece no ciclismo de estrada, é a experiência que nos fará compreender melhor o ciclocrosse e vamos ter todo o inverno para isso (internacional e nacional). Esta é a primeira vez que se fala do crosse com atenção no Carro Vassoura mas não será a última. Na caixa Principais temas abordados (no lado direito do blog) foi incluindo o ciclocrosse e mais abaixo o calendário das principais provas.

Para quem o ciclocrosse não interessa nada... continuaremos a falar de ciclismo de estada.

6 comentários:

  1. Cada vez adoro mais esta modalidade! Acho que o Eurosport Portugal bem que podia transmitir estas provas de grande espectacularidade!

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  2. Parabéns pelo tema escolhido e espero então poder continuar a ler os excelentes comentários, agora também de Ciclocrosse, neste blogue :)

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  3. Bart Wellens (Telenet-Fidea) é outro belga com bastante qualidade neste tipo de corridas..para juntar mais alguns estrangeiros, (não belgas subentenda-se) que não foram citados mas que podem complicar a vida aos belgas acrescento o francês Aurélian Duval (UV Aube) e o checo Radomír Šimůnek Jr. (Palmans-Collstrop).

    Continuação do ótimo trabalho Rui.

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    1. E ainda o suiço Julien Taramarcaz (BMC Mountain Bike Racing Team)!

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  4. Obrigado pelos comentários!

    Pengo, acho que todos esses estão abaixo dos que referi... mas são opiniões e eu respeito ;)

    Cumprimentos

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  5. o Wellens não é inferior aos "estrangeiros" Philipp Walsleben (Palmans) e ao francês Francis Mourey pelo menos esta época não tem sido..o Vantornout ou o Meeusen têm estado num nível idêntico ao dele..ora terminam os dois à frente dele ora termina ele à frente de ambos, é ele por ela mas também aceito a tua opinião:) Já o Taramarcaz é alguém em quem deposito muita esperança até porque é jovem ainda e acredito que vá dar que falar. Quem se aproxima mais do Sven Nys, Niels Albert e Kevin Pauwels são de facto o Lars van der Haar e o Bart Aernouts e aí concordo plenamente contigo.


    Abraço

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