segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Revista da Semana: Maiorca, Mediterrâneo e Qatar

Rui Costa e Valverde no Troféu Serra de Tramuntana
2013 vai-se aproximando da velocidade cruzeiro e cada vez há mais provas em simultâneo. Assim aconteceu na semana que passou, em que Carlos Oyarzun venceu a Prova de Abertura portuguesa, Rui Costa esteve em evidência na Challenge de Maiorca, José Gonçalves no contra-relógio da Volta Mediterrânica e Mark Cavendish venceu a Volta ao Qatar. Esta semana já teremos a Volta ao Algarve.

Challenge de Maiorca


Mais uma vez Rui Costa esteve em evidência na ilha de Maiorca. Sem o Trofeo Deià, que venceu em 2010 e onde foi segundo no ano passado, agora foi no Troféu Serra de Tramuntana que Rui Costa se exibiu, atacando na subida mais dura da prova com a companhia de alguns ciclistas, alcançando os fugitivos e chegando ao cume apenas com Valverde, Sergio Henao (Sky) e Robert Gesink (Blanco), formando um quarteto que discutiria a vitória. Pela sua velocidade, Valverde era o favorito e Rui Costa colocou-se ao serviço do seu colega, retribuindo o trabalho que Valverde realizou na Volta à Suíça para a vitória que nenhum de nós esquecerá tão cedo. Alejandro Valverde confirmou o favoritismo e foi o mais forte, com Henao segundo, Gesink terceiro e Rui Costa quarto.

A participação de Rui Costa em 3 das 4 provas da Challenge de Maiorca tem o objetivo de dar ao português melhor preparação para a Volta ao Algarve, onde muito provavelmente também estarão Valverde e Henao, nomes a ter em conta para a chegada ao Malhão.

No último dia, nova vitória ao sprint para Leigh Howard (Orica-GreenEdge). Atenção a este australiano de 23 anos.

Volta ao Qatar


A OmegaPharma-Quick Step não pôde contar com Tom Boonen, tetra-vencedor da Volta ao Qatar (+22 etapas), mas Mark Cavendish continuou a saga de triunfos da equipa belga na corrida do deserto. Cavendish levou quatro etapas e a classificação geral, onde três equipas (OmegaPharma, Sky e BMC) preencheram os doze primeiros lugares, fruto do contra-relógio coletivo.

Enfim, uma prova que só interessa a quem lá vai ganhar dinheiro.

Volta Mediterrânica


Em primeiro lugar esclarecer que o nome da prova em francês é "Tour Méditerranéen" e como tal, apesar da tradução mais comum ser "Volta ao Mediterrânio", eu prefiro esta tradução de "Volta Mediterrânica". Um detalhe sem importância.

No ano passado a Volta... Mediterrânica foi severamente afectada pela neve, que obrigou à redução de várias etapas, incluindo a etapa rainha, de onde foi retirada a ascensão ao Mont Faron. Para se auto-compensar do azar, este ano a organização da prova apostou num formato que conhecemos bem: cinco etapas (como é costume), a ascensão ao Mont Faron (como também é costume) e um contra-relógio individual, o que representa grande novidade.

Tal como costuma acontecer com a Volta ao Algarve, a Volta Mediterrânica conseguiu assim atrair alguns bons voltistas que pretendiam preparar-se para prova como o Paris-Nice ou Tirreno-Adriático.

A primeira etapa foi para André Greipel, que assim já leva quatro vitórias antes de algumas pessoas se darem conta que a temporada já começou. No dia seguinte Lars Boom deu mais um importante triunfo à Blanco para atrair patrocinadores, num contra-relógio de 24 quilómetros num cenário fantástico. Os ciclistas partiram do Cabo de Agde e percorreram duas dezenas de quilómetros com o Mar Mediterrâneo à sua direita e a Lagoa de Thau à sua esquerda, à semelhança do estreito que liga Tróia e Comporta.

Os últimos dois quilómetros tinham uma inclinação média de 15% e a mudança de bicicleta no início da subida terá sido muito importante para a vitória de Lars Boom. Enquanto os seus adversários tiveram que penar com a bicicleta de contra-relógio nas duras rampas, o holandês deixou a cabra no sopé e fez a ascensão com uma bicicleta normal, substancialmente mais leve.

José Gonçalves (La Pomme) esteve em destaque e foi 7º, a 52 segundos de Boom, e à frente do vice-camepão olímpico de 2008 Gustav Erik Larsson, do 7º na última Vuelta Andrew Talansky, de Roman Kreuziger, Jean-Christophe Peraud e Bauke Mollema, apenas para citar alguns ciclistas de destaque no panorama internacional.

(ao contrário do que eu tinha referido na Revista da Semana anterior, Ricardo Mestre não esteve em prova mas esteve sim José Gonçalves e Bruno Pires).

Peraud no Mont Faron, com o Mediterrâneo ao fundo
A terceira etapa foi cancelada por decisão da organização, que entendeu não conseguir garantir as condições para a mesma se realizar, e no quarto dia chegada ao Mont Faron, belíssimo pela paisagem, não tanto para os ciclistas que o têm que subir. Jean-Christophe Peraud foi o vencedor, melhorando o segundo lugar de 2011 atrás de Moncoutié. Maxime Monfort (Radioshack), que perdeu 54 segundos, chegou à liderança com um segundo de vantagem para Boom e dois para Thomas Lovkvist e Peraud, num dia em que a Garmin teve que abandonar por lhes terem roubado 16 bicicletas e deixado apenas as de contra-relógio. José Gonçalves perdeu mais de doze minutos e desapareceu qualquer espectativa de uma boa classificação final que pudesse ter sido criada após o contra-relógio.

Boom, Lovkvist e Peraud partiram para a derradeira etapa de olho na camisola amarela, até porque a meta estava colocada numa colina e daí poderiam surgir diferenças. Monfort cedeu, Boom também e a vitória foi para Thomas Lovkvist em igualdade de tempo com Peraud. Lovkvist deu assim a primeira vitória à nova IAM Cycling e quebrou o seu jejum pessoal que durava desde 2009, ele que é profissional desde os 18 anos e foi considerado uma grande promessa para as grandes voltas. Foi realmente um ciclista muito precoce mas os últimos três anos foram apagados, numa Sky onde há oportunidades para muitos mas é impossível que haja para todos. Agora na IAM Cycling tenta relançar carreira.

Quem também procura voltar ao seu melhor é Andy Schleck, mas no Mediterrâneo abandonou logo na primeira etapa, desta vez por problemas respiratórios.

José Gonçalves e Bruno Pires abandonaram na última etapa, vencida por Jurgen Roelandts (Lotto), ex-campeão belga que de vez em quando pode ser visto no Algarve a treinar. E vão 10 para a Lotto.


Esta semana


Começou hoje a Volta a Omã, que até sábado reunirá um bom pelotão na Península Árabe, mas num percurso muito mais interessa do que a Volta ao Qatar, incluíndo várias subidas e até um chegada ao alto, acima dos 1200 metros de altitude. 
Boonen, Peter Velits (vencedor em 2012), Froome, Wiggins, Evans, Gilbert, Cancellara, Contador, Nibali, Sagan, Kittel, Degenkolb e Joaquim Rodríguez são alguns dos presentes. Kittel foi o vencedor da primeira etapa, ao sprint. A prova terá resumos de meia hora na Eurosport 2, às 9h00 do dia seguinte (o resumo da etapa de hoje será amanhã e assim sucessivamente).

Na quinta-feira arrancará a Volta ao Algarve. Tal como a Prova de Abertura não esteve presente nesta Revista da Semana porque já tinha sido falada ontem, a Volta ao Algarve também não será aqui abordada porque uma antevisão mais detalhada fica para amanhã. Além disso, ainda não se sabe quem serão os ciclistas presentes.

No fim-de-semana haverá o Tour du Haut Var, em França, que desde 2009 passou a ser disputado em duas etapas (anteriormente era apenas um dia). José Gonçalves está entre os pré-inscritos.

Estamos a 11 de Fevereiro e ainda não se disputou nenhuma prova em Itália. Com o GP Costa degli Etruschi e o Giro della Provincia de Reggio Calabria cancelados devido à crise, a primeira prova será o Troféu Laigueglia, no sábado.

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Se o Carro Vassoura é um espaço de opinião, faz todo o sentido que esteja aberto à opinião de todos e é para isso que existem os comentários. Para saber a opinião dos leitores sobre a Revista da Semana criei uma sondagem, ali ao lado direito como de costume. Podem também opinar aqui.

1 comentário:

  1. Na minha opinião, a Revista da Semana está um espaço bem interessante, e no formato adequado. Quanto à Volta ao Qatar, é realmente uma prova de interesse mínimo, que se resume aos últimos 5kms das etapas. Na prática serve apenas para se encherem os bolsos e para dar moral a quem ganha, porque nem para apurar a forma me parece ser das melhores corridas.
    Continuação de bom trabalho.

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