O Algarve é plano?
Um erro muito comum é pensar-se que o Algarve é plano. Se é verdade que o litoral algarvio não tem grande relevo, o mesmo não se pode dizer do interior. Apesar dos perfis oficiais deste ano darem a ideia de que as etapas são planas quase na sua totalidade, eu que já andei por todas estas estradas em que andaram hoje os ciclistas posso garantir que não são. E os ciclistas também o sabem, porque os percursos pouco se alteram de ano para ano (o que é compreensível pela reduzida dimensão do Algarve).
Não é que existam grandes montanhas, mas pelo constante sobe e desce e pelas curvas, que não são perigosas mas obrigam os ciclistas a estarem concentrados durante todo o percurso, acho perfeitamente aceitável a média ligeiramente inferior a 39 km/h. Seria baixa para a Volta ao Qatar, onde os únicos altos são as bossas dos camelos, mas está em linha do que se tem registado na Volta a Omã, ainda para mais sendo uma etapa de quase 200 km.
A estrada é larga e a subida não é suficientemente dura para eliminar os sprinters, mas é o suficiente para motivar alguns ataques (como Contador em 2011 ou Rui Costa no ano passado) e para desorganizar os comboios dos velocistas. O terreno que há depois não é suficiente para que se voltem a organizar e a chegada acaba por ser muito confusa. Por um lado pode dizer-se que sim, era uma chegada para sprinters, mas por outro também se pode dizer que não era uma chegada para um sprint organizado.
E quando digo que a descida para a meta é horrível, não é por ser perigosa mas sim porque não faz sentido algum uma etapa acabar a descer e numa curva (ainda que aberta). Nem os ciclistas gostam nem gostam os adeptos porque não conseguem ver nada. Contudo, também convém deixar claro que a chegada só é onde é por imposição dos autarcas, que querem a meta em frente ao edifício Câmara Municipal. Poderiam coloca-la na zona da Marina, onde estava em 2004, e se calhar tinha um pouco menos de público (e continuaria a ser muito) mas Albufeira ficaria muito melhor retratada nas fotografias e na TV.
Não é que existam grandes montanhas, mas pelo constante sobe e desce e pelas curvas, que não são perigosas mas obrigam os ciclistas a estarem concentrados durante todo o percurso, acho perfeitamente aceitável a média ligeiramente inferior a 39 km/h. Seria baixa para a Volta ao Qatar, onde os únicos altos são as bossas dos camelos, mas está em linha do que se tem registado na Volta a Omã, ainda para mais sendo uma etapa de quase 200 km.
A chegada de hoje era para sprinters?
A chegada de hoje não era igual à dos últimos três anos, onde por três vezes os melhores sprinters em prova foram surpreendidos (Benoit Vaugrenard 2010, Gilbert 2011 e Gianni Meersman 2012), mas era igualmente propícia a surpresas. Hoje os últimos 1,2 quilómetros eram iguais mas a entrada em Albufeira era outra, menos acidentada. Em vez de duas colinas na parte final da etapa, havia apenas uma, de 450m a terminar a 800m da meta, depois uma pequena fase plana e a horrível descida final.A estrada é larga e a subida não é suficientemente dura para eliminar os sprinters, mas é o suficiente para motivar alguns ataques (como Contador em 2011 ou Rui Costa no ano passado) e para desorganizar os comboios dos velocistas. O terreno que há depois não é suficiente para que se voltem a organizar e a chegada acaba por ser muito confusa. Por um lado pode dizer-se que sim, era uma chegada para sprinters, mas por outro também se pode dizer que não era uma chegada para um sprint organizado.
E quando digo que a descida para a meta é horrível, não é por ser perigosa mas sim porque não faz sentido algum uma etapa acabar a descer e numa curva (ainda que aberta). Nem os ciclistas gostam nem gostam os adeptos porque não conseguem ver nada. Contudo, também convém deixar claro que a chegada só é onde é por imposição dos autarcas, que querem a meta em frente ao edifício Câmara Municipal. Poderiam coloca-la na zona da Marina, onde estava em 2004, e se calhar tinha um pouco menos de público (e continuaria a ser muito) mas Albufeira ficaria muito melhor retratada nas fotografias e na TV.
Quem é Paul Martens e a Blanco?
Numa das rotundas que anteriormente era contornada pela esquerda para se seguir em frente (e por isso muito simples), hoje os ciclistas tinham que contornar pela direita para virar à esquerda, ou seja, contornar três quartos da rotunda. Não seria difícil, pois a rotunda estava a 1,2 km do fim, mas tudo se tornou mais difícil pela falta de vedação. Alguns ciclistas acharam assim que podiam cortar logo à esquerda e daí veio o caos. A avenida de Albufeira está dividida por um separador e alguns corredores ficaram no lado errado (regressando apenas na rotunda seguinte).
Confusão gerada, ataque de Tiago Machado e vitória para Paul Martens, que ultrapassou o português nos últimos metros. Paul Martes não é uma das principais figuras desta Volta ao Algarve mas é um ciclista bastante interessante, um homem talhado para as clássicas das Ardenas que em 2011 fez 10º-10º-13º na Amstel Gold Race, Fleche Wallone e Liège-Bastonge-Liège e no ano passado venceu uma etapa na Volta a Burgos à frente de Daniel Moreno. O alemão de 29 anos está na oitava temporada como profissional e sempre em equipasalemães holandesas: primeiro na Skil-Shimano, depois na Rabobank e agora na Blanco, que é a sucessora da Rabobank depois do banco ter retirado o nome da equipa (mas mantém o patrocínio até que encontrem outro).
Confusão gerada, ataque de Tiago Machado e vitória para Paul Martens, que ultrapassou o português nos últimos metros. Paul Martes não é uma das principais figuras desta Volta ao Algarve mas é um ciclista bastante interessante, um homem talhado para as clássicas das Ardenas que em 2011 fez 10º-10º-13º na Amstel Gold Race, Fleche Wallone e Liège-Bastonge-Liège e no ano passado venceu uma etapa na Volta a Burgos à frente de Daniel Moreno. O alemão de 29 anos está na oitava temporada como profissional e sempre em equipas
Os angolanos
A seleção angolana mostrou não ter qualidade sequer para pertencer a este pelotão, com quatro desistências logo nos primeiros quilómetros. Eu gosto que haja interação desportiva entre Portugal e os países lusófonos, mas não numa prova com um nível tão alto, estando eles num nível tão inferior.Como disse na última crónica, até compreendia que esta seleção viesse ao Algarve para angariar patrocinadores angolanos, mas a prova já começou e o site oficial ainda não tem todos os patrocinadores lá apresentados, o que é inqualificável. O máximo que consegui ver quanto a patrocinadores angolanos foi o nome "Angoreal" numa bandeira, ao fundo numa foto do vencedor.
A etapa de amanhã
A etapa de amanhã sim é totalmente indicada para um final ao sprint. Tem alguma montanha a meio, passando mesmo no ponto mais alto do Algarve, a Fóia, mas os últimos 80 quilómetros são acessíveis e a parte final é muito rápida, com os últimos 4 km iguais aos do ano passado, onde Boasson Hagen se impôs.*****
Durante a etapa de hoje fui utilizando o Twitter para manter atualizados todos os interessados e amanhã voltarei a tenta-lo no mesmo formato: em português para todos vocês e em inglês (no meu limitado inglês) para os estrangeiros que querem acompanhar a prova. O Twitter do Carro Vassoura é www.twitter.com/carrovassoura e relembro que, mesmo quem não estiver registado, pode entrar e acompanhar.
"Seria baixa para a Volta ao Qatar, onde os únicos altos são as bossas dos camelos" LOOOOL excelente!
ResponderEliminarSó uma nota, as equipas do martens são holandesas, ele é que é alemão ;)
Cumprimentos
Obrigado pelo reparo, SR. Já foi corrigido. Se há equipas das quais toda a gente sabe a nacionalidade, a Rabobank era uma delas.
ResponderEliminarCumprimentos.
De nada! Sem dúvida, a rabobank era, e espero eu a estrutura continuará a ser, uma referência do ciclismo mundial, depois de a Rabo e da Euskadi deixarem de ter as suas equipas como as conhecemos, já não tenho uma equipa favorita.
ResponderEliminarCumprimentos
Um Pequeno Reparo...
ResponderEliminarA critica aos "Herois Angolanos" é dura e despropositada e tipicamente Portuguesa.
E se eu lhe disser que eles não pediram para vir e foram antes convidados, e se eu lhe disser que nem sequer são a Seleção Angolana mas sim o Benfica de Luanda / Banco BIC e que este titulo lhe foi imposto por um País onde reina a corrupção;
Foi preciso estar lá para ver o que foi a capacidade e espirito de sacrificio que ia na alma daqueles atletas que foram depois acarinhados por toda a caravana que lhes forneceu tudo o que eles não tem acesso no seu País, como um Médico Desportivo (José Azevedo - RadioShack), Bidons (Euskatel Euskadi), Barras energéticas (Sky), reconhecimento de qualidades fisicas acima da média para quem nunca correu Pro-Tour (Marco Chagas).
Num evento desta natureza deveria ser dado todos os anos uma oportunidade a pelo menos uma equipa desfavorecida (independentemente do País ter Petroleo ou não).
Relativamente á sua cónica anterior não a li mas vamos todos antes pensar que vir a Portugal correr para arranjar patrocinadores angolanos não me parece um raciocinio muito certo, talvez seja antes outra coisa qualquer.
Cumprimentos
Daniel Isidoro
www.dhelvetia.com
Obrigado pelos comentários.
ResponderEliminarDaniel, com a pressa para fazer publicidade nem leste com atenção. Sugiro que leias esta crónica com atenção e a anterior.
Cumprimentos
Olá Rui,
ResponderEliminarJá li e não retiro uma virgula ao que disse, a história da publicidade não te estou a perceber bem e és também um verdadeiro desconhecedor do ciclismo Africano pois o facto de dizeres que uma equipa continental inscrita na sua Federação e na Confederação Africana que por sua vez teve de entregar toda a documentação com cópias dos contratos de trabalho e provas de pagamento dos ordenados junto da UCI que lhes deu o respectivo estatuto continental considera-la amadora é triste e descabido, tal como desconheceres um Atleta chamado Igor Silva que vence provas Profissionais Continentais na Africa do Sul (que por sinal apresentou equipas a ganhar etapas em 2012 na Volta a Portugal)... Estiveste mal e "rotulaste" esta equipa sem a conheceres como "Amadores sem Lugar".
Se queres ter um Blog idóneo, limita-te a passar os factos porque de opiniões de bancada está o desporto cheio e mais te digo que existem mais clubes Portugueses a quem deveria ter sido dado também a oportunidade de participar mas esses infelizmente não vão ter 1 milhão de Dolares para dar no próximo ano á Volta ao Algarve...
Estes atletas com o seu respectivo clube estavam inscritos desde Agosto quando foram convidados pela organização, e enfim para quem não gosta vai ter de os ver também na Volta a Portugal pois como sabes o Banco BIC é um dos principais patrocinadores da Volta a Portugal e pelo que se sabe consideraram o resultado da primeira etapa histórico para o País deles.
Fora disto que não sabias estão pessoas que se apresentaram cá com humildade e desejo de aprender com o nosso pelotão e tem sido "tão mal tratados" ...
Para a questão da publicidade agora fica ás tuas costas publicitares o correcto em vez de suposições mal formadas.
Cumprimentos
Daniel Isidoro
Parabéns mais uma vez por este artigo Rui..continue com os bons préstimos ao serviço do ciclismo nacional.
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