Alexey Kunshin, vencedor da Alentejana 2012 |
A criação da Clássica Aveiro-Fátima/Troféu LabMed e o alargamento da Volta ao Alentejo a cinco dias não representa o fim da crise para o ciclismo português, mas demonstram que a nossa modalidade não está condenada e que é possível fazer mais e melhor.
Relativamente à Clássica Aveiro-Fátima, a disputar no domingo, organizada pela Fullsport e patrocinada pela LabMed, serão 171,9 quilómetros de extensão, uma quilometragem bem aceitável tendo em conta o reduzido número de equipas continentais em Portugal. Haverá duas contagens de montanha de segunda categoria (km 133 e km 154) mas a julgar pela informação disponibilizada pela organização não levantarão grandes problemas às equipas continentais. De qualquer forma, tudo dependerá da forma como a corrida for abordada, até porque muitos ciclistas ainda estão distantes da sua melhor condição física.
Presentes estarão as seis equipas continentais, as equipas de clube, a amadora britânica Zappi Pro Cycling (da mesma categoria que as equipas de clube portuguesas) e a continental norte-americana Optum Pro Cycling.
Presentes estarão as seis equipas continentais, as equipas de clube, a amadora britânica Zappi Pro Cycling (da mesma categoria que as equipas de clube portuguesas) e a continental norte-americana Optum Pro Cycling.
Poucos dias depois, exatamente daqui a uma semana (dia 20), arrancará a Volta ao Alentejo que hoje foi apresentada. Uma Volta ao Alentejo marcada desde logo pelo aumento do número de dias de prova mas na qual também gostava de realçar o facto de cobrir de cima a baixo o território alentejano, de Castelo de Vide (no Alto Alentejo, onde arranca a prova) a Ourique (o ponto mais a sul da prova, ainda que o final seja em Santiago do Cacém).
Há provas em que todo o território é fácil de cobrir (como a Volta ao Algarve), provas em que é possível mas parte dele é ignorado (como a Volta a Portugal) e prova em que é possível mas não é tarefa fácil, como é o caso da Volta ao Alentejo. É difícil porque o Alentejo é extenso, muitas das capitais de concelhos são pouco povoadas e não há tantas unidades hoteleiras como no litoral ou nas grandes cidades (e as que existem estão mais dispersas).
Tal como não é fácil delinear uma Volta ao Alentejo que cubra a região quase na totalidade, não é fácil aumentar o número de dias de prova no cenário em que Portugal se encontra. Não basta querer. É preciso trabalhar muito e trabalhar bem, o que a PAD conseguiu.
Recordo que a PAD assumiu a organização da Volta ao Alentejo em 2010, substituindo a Associação de Municípios do Distrito de Évora. Alguns dos municípios da AMDE deixaram de ter interesse na prova depois da autárquicas de 2009 e deixaram cair a Volta ao Alentejo que se realizaria em Abril desse ano, então com cinco dias. A PAD tinha agendada uma prova de quatro dias para Junho e reconverteu-a em Volta ao Alentejo, mantendo assim no ativo uma das provas de referência do ciclismo português. Depois de três edições com quatro jornadas, a Alentejana regressa aos cinco dias e a PAD, que já várias vezes aqui critiquei por opções tomadas em relação à Volta a Portugal, está de parabéns!
O percurso
A prova arrancará de Castelo de Vide e a primeira jornada terminará em Marvão, numa contagem de segunda categoria (4,5 km a 5,8%). Seguem-se três etapas talhadas para sprinters: Sousel-Portel, Vidigueira-Mértola e Ourique-Odemira. No conjunto dos três dias haverá apenas uma contagem de montanha e muito longe da meta.
A última tirada terá apenas 135 km, com partida de Vila Nova de Santo Adrião e chegada a Santiago do Cacém, logo ali ao lado, passando os ciclistas quatro vezes pela meta antes da chegada. O risco de meta é coincidente com uma contagem de montanha de quarta categoria (1,7 km a 5,2%), a qual será cumprida por cinco vezes (4 passagens + 1 final). Não será a subida mais dura da prova mas nela alguns ciclistas tentarão dar a volta ao texto da classificação geral.
Os participantes
Outra componente importante para o sucesso de uma prova são as equipas presentes. Na Volta ao Alentejo serão 19, provenientes dos mais variados países.
Às seis continentais lusas (Carmim, Efapel, LA-Antarte, Louletano, OFM, Rádio Popular) e quatro equipas de clube (Anicolor, Cartaxo, Maia e Liberty Seguros) juntam-se nove estrangeiras. Da Holanda vem a Cycling Team De Rijke e a Rabobank Development Team (o maior viveiro de ciclistas da Europa), da Republica Checa a Etixx-Ihned, da Polónia a Bank BGZ Team, da Letónia a Alpha Baltic, da Rússia a Lokosphinx, do Reino Unido a Zappi e dos EUA a Optum e a Bontrager (maior viveiro norte-americano). Todas elas são equipas continentais, com a exceção da já falada Zappi.
Não são grandes equipas, mas perante a incapacidade de atrair figuras de primeira ou segunda linha internacional (até porque a prova está na categoria 2.2), mais vale que o vencedor seja um ciclista facilmente reconhecido pelos adeptos do que um estrangeiro como Evaldas Siskevicius (pela La Pomme em 2011) ou Alexey Kunshhin (pela Lokosphinx em 2012).
As equipas estrangeiras não trazem a esta Volta ao Algarve nenhuma grande figura (não as têm) mas também convém relembrar que os ciclistas portugueses não competem desde a Volta ao Algarve e estão longe da melhor forma. Por isso poderá ser uma prova muito disputada até ao final, a menos que se permita uma fuga como a que decidiu a Volta ao Alentejo de 2007 logo no primeiro dia.
Não conhecendo ainda a lista de inscritos, e por isso podendo estar a falar de ciclistas que não estarão presentes, os maiores candidatos à geral parecem-me ser Sérgio Sousa e Arkaitz Durán (Efapel-Glassdrive),Hugo Sabido (LA-Antarte)*, Sérgio Ribeiro (Louletano), Patrick Konrad (Etixx) ou Daan Oliver (Rabobank Development). Já para os sprints há mais nomes a apontar: Bruno Sancho (Carmim), Filipe Cardoso (Efapel), António Carvalho e Edgar Pinto (LA), Jorge Montenegro (Louletano), Samuel Caldeira (OFM), Lawson Craddock (Bontrager) e Ken Hanson (Optum), Julian Alaphilippe (Etixx), Sergey Shilov, Sergey Belykh e Boris Shpilevsky (Lokosphinx), Dylan Groenewegen, Yoeri Havik, Nikolai Trussov (De Rijke) e Dylan Van Baarle (Rabobank Development).
Não gosto de indicar tantos nomes, mas sem saber quem serão os presentes, a lista tem que ser necessariamente maior, ainda que alguns destes acabem por não vir à Alentejana.
Não são grandes equipas, mas perante a incapacidade de atrair figuras de primeira ou segunda linha internacional (até porque a prova está na categoria 2.2), mais vale que o vencedor seja um ciclista facilmente reconhecido pelos adeptos do que um estrangeiro como Evaldas Siskevicius (pela La Pomme em 2011) ou Alexey Kunshhin (pela Lokosphinx em 2012).
As equipas estrangeiras não trazem a esta Volta ao Algarve nenhuma grande figura (não as têm) mas também convém relembrar que os ciclistas portugueses não competem desde a Volta ao Algarve e estão longe da melhor forma. Por isso poderá ser uma prova muito disputada até ao final, a menos que se permita uma fuga como a que decidiu a Volta ao Alentejo de 2007 logo no primeiro dia.
Não conhecendo ainda a lista de inscritos, e por isso podendo estar a falar de ciclistas que não estarão presentes, os maiores candidatos à geral parecem-me ser Sérgio Sousa e Arkaitz Durán (Efapel-Glassdrive),
Não gosto de indicar tantos nomes, mas sem saber quem serão os presentes, a lista tem que ser necessariamente maior, ainda que alguns destes acabem por não vir à Alentejana.
Conclusão
Esta não será a melhor Volta ao Alentejo de sempre mas espero que seja a melhor dos últimos anos, com mais dias e o percurso mais diversificado desde 2009. Espero que os ciclistas e as equipas portuguesas estejam à altura e sejam profissionais, depois de alguns tristes exemplos que (alguns) deram na Volta ao Algarve.Os dias de competição em Portugal são cada vez menos e devem ser aproveitados ao máximo. Os municípios e empresas a apostar no ciclismo são cada vez e têm que ser respeitados, tal como os adeptos. Ninguém vai à estrada para ver ciclistas no grupetto a sorrir como se fosse um passeio de cicloturismo ou a fazer cavalinho. O que leva os adeptos à estrada é a entrega e a garra que caracteriza os heróis deste magnífico desporto.
*Hugo Sabido fraturou a clavicula no domingo, pelo que não estará presente. As melhoras para ele!
hugo sabido...
ResponderEliminarestá com a clavícula partida
é melhor informar-se.... :)
Obrigado pelo comentário, Anónimo.
ResponderEliminarA informação já foi corrigida ;)
Cumprimentos!
Amigo Rui garanto-lhe que no Troféu Labmed a subida ao Castelo de Ourém fará moça e não será uma chegada em pelotão compacto, será mais para um pequeno grupo chegar na frente ou mesmo uma fuga que se possa criar a partir de algum ataque nessa dura subida.
ResponderEliminarAbraço
Obrigado pelo comentário.
ResponderEliminarPengo, vou acreditar. Pelos dados disponibilizados pela organização, não é nada demais, mas quem conhecer a subida pessoalmente certamente terá uma melhor noção.
Cumprimentos!
Realmente uma boa lufada de ar fresco para um meio em que há muito que as boas noticias pecam por escassas.
ResponderEliminarjá agora, como o sr.Rui é um grande conhecedor do ciclismo no algarve, já se sabe alguma coisa relativamente à primeira grande prova por etapas dos escalões de formação, a Volta a Loulé?
Mais um bom artigo. Para complemento pelo que me foi dado a saber na clássica Aveiro-Fátima participará uma equipa da seleção nacional com alguns jovens sub-23 da Flaminia e da equipa nacional de pista.
ResponderEliminarQuanto aos candidatos focando nas equipas portuguesas pois serão as que terão os planteis +- definidos, Sergio Ribeiro, Filipe Cardoso, Jorge Montenegro, Edgar Pinto e a minha aposta António Carvalho serão os candidatos maiores à vitória final.
Conhecendo pessoalmente a subida ao Castelo de Ourém, posso garantir que se for atacada com bom ritmo, 80 ou 90% do pelotão vai ficar apeado! Mas lá está, tudo depende do ritmo!
ResponderEliminarBoa crónica.
Obrigado pelos comentários.
ResponderEliminarAnónimo das 07h51, não tenho nenhuma informação sobre a Volta a Loulé deste ano, mas as últimas duas edições estiveram em sérios riscos de não se concretizarem. A mini-crono-escalada e o circuito do ano passado foram criados precisamente para poupar no policiamento. Não me surpreenderia que este ano a prova não se realizasse ou sofresse novo corte mas espero que tal não aconteça.
Vítor Castro, obrigado pela informação. Já agora, acrescento que a Volta ao Alentejo coincide com a Semana Coppi e Bartali, motivo pelo qual seria muito difícil a Ceramica Flaminia participar (apenas tem 15 ciclistas e nem todos estarão em condições de competir ao mesmo tempo).
Anónimo das 11h57, obrigado pela informação. Vamos então esperar para ver como os ciclistas atacam essa subida.
Cumprimentos a todos!
O anónimo das 11h57 tem razão..já fiz várias vezes a subida de carro e se o carro quase pára imaginem os ciclistas.
ResponderEliminarBoa crónica.
ResponderEliminarEspero que a PAD depois convide tanto a Rabobank como a Bontrager a alinharem na Volta, são duas equipas qaunto a mim bem organizadas e que lançam todos os anos grandes ou qause todos grandes ciclistas! No ano passado disse várias vezes a amigos que se a Bontrager tivesse vindo à volta com os melhores certamente poderia dar espetaculo, acho qeu não me enganei muito, tendo em conta que o Josefh "joe" Dombrobsky e o Ian Boswell foram este ano ambos para a Sky, e qualidade naqueles planteis não costuma faltar!
Cumprimentos