Mudança de percurso na Amstel Gold Race e fantástica estreia
para o novo final, com uma corrida muito mais aberta do que nos últimos anos.
Roman Kreuziger surpreendeu os favoritos, que esperaram demais da Cannondale,
incapaz de dar a Peter Sagan o apoio que este precisava para poder discutir a
prova. Uma grande exibição com prémio para o checo!
De uma fuga inicial de sete ciclistas saiu o primeiro grande
protagonista do dia, Mikel Astarloza (Euskaltel-Euskadi). A menos de 50
quilómetros da meta, o basco deixou os seus companheiros de ocasião e pôde
sonhar com uma grande surpresa nesta prova, que nunca foi vencida por um
espanhol.
A vantagem máxima dos fugitivos foi de onze minutos, quando
atacou a diferença estava ligeiramente abaixo dos três minutos e à entrada dos
últimos vinte quilómetros ainda rondava os dois minutos.
Os favoritos deixavam a responsabilidade da perseguição entregue
à Cannondale, do grande favorito Peter Sagan. Mas se Sagan apenas no final mostrou
não estar ao nível das exigências, a sua equipa mostrou-o desde cedo. Tentou, de vez em quando, assumir o comando do pelotão mas sem grande capacidade para
tal, o que motivou muitos ataques e alguns deles de gente importante.
Pieter Weening (Orica), que esteve em grande forma na Volta
ao País Basco, tentou a 38 km da meta, depois David Tanner e Lars Petter
Nordhaug (Blanco), Andriy Grivko (Astana) ou até Damiano Cunego (Lampre), vencedor da Amstel
Gold Race em 2008. Os ataques foram muitos durante os últimos quarenta
quilómetros mas os principais seriam de Roman Kreuziger (Saxo Bank).
O checo atacou na penúltima passagem pelo Cauberg, com
Giampaolo Caruso (Katusha) e Marco Marcato (Vacansoleil) chegou-se a Astarloza,
Grivko, Nordhaug e Weening, enquanto lá atrás continuavam as interrogações.
Muitos temiam Sagan e não estavam dispostos a trabalhar para o eslovaco, as formações
da casa (Blanco e Vacansoleil) tinham homens na frente e por isso também não assumiam
a perseguição, aumentando as possibilidades de sucesso para os fugitivos.
Kreuziger lançou o último ataque no Bemelerberg, a penúltima
subida da prova. Esperava-se o triunfo de um eslovaco mas era um checo quem
pedalava na frente, a um ritmo certo e suficiente para a vitória.
Philippe Gilbert (BMC) desferiu um poderoso ataque no início
da última subida do Cauberg, apostando tudo em chegar a Kreuziger. Simon
Gerrans (Orica) e Alejandro Valverde (Movistar) foram os mais aptos na resposta
mas todos eles incapazes de absorver o ciclista da Saxo Bank. Ao sprint,
Valverde foi o melhor e ficou com o segundo posto, Gerrans terceiro e Gilbert quinto,
ultrapassado por Michal Kwiatkowski (Omega Pharma) que vinha do que sobrava do
grupo principal.
Esta foi a primeira clássica vencida por Kreuziger. Grande
promessa mundial enquanto passavam pelos escalões de formação, campeão do mundo
de juniores em 2004, passou a profissional logo em 2006, com 19 anos.
Desde aí colecionou boas exibições em provas por etapas,
destacando-se uma vitória na Volta à Suíça (2008), uma na Volta à Romandia
(2009), um top-10 no Giro e dois no Tour. Em 2011 trocou a Liquigas pela
Astana, onde receberia mais dinheiro e não teria que dividir a liderança com
Nibali e Basso. Não sendo capaz de vencer uma grande volta, os
milionários cazaques investiram agora na contratação de Nibali e coube a
Kreuziger procurar um novo rumo. Escolheu a Saxo Bank de Contador e pelo espanhol
passou para segundo plano no Tirreno-Adriático e na Volta ao País Basco, tal
como passará no Tour se estiver presente. Talvez seja a aposta para o Giro d’Itália,
mas para já é hora de comemorar esta sua vitória na Amstel Gold Race,
melhorando o 5º lugar de 2010. É a primeira grande vitória do ano para a Saxo Bank e não foi alcançada por Contador.
Várias quedas marcaram a prova, com Thomas Voeckler a fraturar
uma clavícula, Joaquim Rodríguez a desistir e Rui Costa a ficar fora da
discussão, entre outras vítimas. Também desistiu Andy Schleck, que parece mais
próximo do seu final como ciclista do que de um top-10 numa grande volta (ou
sequer na Volta ao Luxemburgo).
Nota positiva para o novo percurso, que tornou a corrida
muito mais aberta, não se sabendo até ao risco de meta se as diferenças feitas
no Cauberg seriam suficientes para Gilbert, Gerrans e Valverde ou se havia
espaço para anular essa distância.
Peter Sagan esteve apagado, muito longe daquilo que esperava e terminando no 36º lugar a 57s de Kreuziger (a 35s do grupo que disputou o segundo
posto). Classificação completa aqui.
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Sérgio Sousa (Efapel-Glassdrive) foi o melhor português na
geral da Volta a Castela e Leão, no 14º lugar, mas quem esteve em maior
destaque foi o César Fonte, que liderou a classificação da montanha nos dois
primeiros dias. E também esteve bem a Efapel ao assumir a perseguição às várias
fugas para poder vencer essa classificação, mas no último dia não correu tão
bem.
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Na La Côte Picarde, Daniel Freitas foi 13º e com isso
Portugal conseguiu o apuramento para o Campeonato do Mundo sub-23. É verdade
que tal feito não foi alcançado em 2012, mas ver gente comemorar um 13º lugar como
uma grande conquista parece-me excessivo.
Na Liège-Bastgone-Liège sub-23 o melhor foi o 42º lugar do
Hélder Ferreira e a seleção nacional regressa para Portugal porque a prova
Toscana-Terra di Ciclismo foi cancelada.
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Amanhã não haverá Revista da Semana porque também não
existiu competição suficiente para o merecer.
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Quarta-feira há Flèche Wallone e domingo Liège-Bastogne-Liège.
Quarta-feira há Flèche Wallone e domingo Liège-Bastogne-Liège.
E terça-feira começa o Giro de Trentino, uma das minhas provas preferidas.
ResponderEliminarBoas
ResponderEliminarExcelente artigo como sempre, ainda bem que este novo final trouxe mais emoção à prova, foi uma boa aposta esta mudança!
Quanto à Liége-Bastogne-Liége sub 23 fiquei com uma questão, Portugal participou com a sua seleção, e muitos outros paises fizeram o mesmo, contudo vi que participaram equipas como a Rabobank e a Bontrager, aliás o Jasper Stuyen penso que foi o terceiro classificado, esta prova não é só para seleções? Exclusivamente?
Uma vez que estas duas equipas que referi são continentais, era possivel por exemplo a LA ou a Efapel participarem numa prova destas, inscrevendo só os seus atletas sub 23?
Cumprimentos
Obrigado pelos comentários.
ResponderEliminarSR, a LBL sub-23 não é uma prova da Taça das Nações mas sim uma prova de categoria .2U
O que significa isto? Como em qualquer prova .2 (como a Volta ao Alentejo ou Troféu Joaquim Agostinho), podem correr equipas Continentais Profissionais do próprio país, equipas continentais, seleções nacionais e equipas de clube. Por outro lado, o U significa Under23 (sub-23). Ou seja, uma prova reservada a ciclistas sub-23. As equipas portuguesas poderiam realmente participar, mas apenas com os seus ciclistas sub-23... ou seja, não tinham ciclistas suficientes.
Cumprimentos
Ok fiquei esclarecido, é que pensava mesmo que fosse para a taça das nações, daí a minha questão. Pois infelizmente nenhuma equipa continental portuguesa teria ciclistas suficientes, paciência pode ser que algum dia alguém se digne de fazer uma "development team" portuguesa. Obrigado pela resposta!
ResponderEliminarCumprimentos
SR, uma equipa continental focada nos sub-23 não faz sentido em Portugal, onde tudo se resume à Volta a Portugal. Noutros países sim, é possível fazer uma equipa continental exclusivamente (ou quase) composta por ciclistas sub-23 e disputar muitas provas. Por exemplo na Bélgica e Holanda quase existem dois calendários em simultâneo. Um de elite, para as equipas World Tour e Conti Pro, nacionais e estrangeiras, e outro calendário onde praticamente só competem as equipas continentais. Em qualquer um dos "subcalendários" há mais dias de competição do que em Portugal.
ResponderEliminarEquipas de formação em Portugal apenas fazem sentido como o Benfica tinha, Tavira ou a Liberty Seguros (que trabalhava muito com Santa Maria da Feira). Mas entretanto muita coisa mudou. Ainda assim, não me tiram a ilusão de um dia ver uma boa equipa Conti Pro portuguesa com uma equipa sub-23, em que se olhe para os jovens com foco no longo prazo e não no imediato.
Cumprimentos
Mas se alguém tivesse verdadeiro interesse neste desporto, certamente não seria difícil ter uma equipa continental que pelo menos tivesse ciclistas sub 23 suficientes (e orçamento pois claro) para poder alinhar nestas provas no estrangeiro, já que em Portugal poucas provas de sub 23 existem, mas mesmo assim se os sub 23 fossem bons os resultados na volta não deveriam desiludir muito, e a equipa podia ainda ser constituída por exemplo por 8 sub 23 e ter uns 6 mais experientes, já contrabalançava. Pena é mesmo o nosso calendário sub 23 ser zero, ou quase.
ResponderEliminarTambém ainda não perdi a esperança de termos uma boa equipa conti pro, mas se a mesma não for feita para desenvolver o ciclismo português, e servir apenas para resgatar carradas de estrangeiros em fim de carreira, mais vale estar quieto, agora se tivéssemos uma boa conti pro com a maioria dos ciclistas lusos, e não obstante alguns estrangeiros que trouxessem qualidade e experiencia, numa equipa com jovens e capacidade para os lançar era perfeito! Já nem precisava de ter uma formação sub 23, ou melhor, eu já nem pedia tanto! : ) Sonhar ainda não nos custa nada…
Cumprimentos
Rui não sei porquê quando comentava a antevisão lembrei-me do Kreuziger mas sinceramente achava que a Saxo andaria a tentar meter qualquer uma das suas espadas, os Sorensens e o Checo...
ResponderEliminarBrilhante vitória de 1 ciclista que muito me agrada e que Saxo precisa para animar!