sexta-feira, 5 de abril de 2013

Paris-Roubaix: favoritos e antevisão

Fabian Cancellara a caminho da sua vitória em 2010
Depois da enorme exibição protagonizada na Volta a Flandres, Fabian Cancellara parte como o principal favorito à vitória desta edição do Paris-Roubaix, prova que venceu em 2007 e 2010. Quedas no Scheldeprijs na quarta-feira e no reconhecimento do percurso na quinta-feira parecem não ter deixado danos de maior problema mas as sensações na corrida poderão ser diferentes. Quem o poderá bater?

Percurso

São 27 setores de pavé ao longo dos 254,5 km de Paris-Roubaix, o que totaliza 52,6 quilómetros neste piso característico do Inferno do Norte.

Os ciclistas sairão de Compiègne e terão 98 quilómetros tranquilos, propícios a que um grupo se adiante ao pelotão e forme a fuga do dia. Surgirá então o primeiro setor de pavé, os ciclistas começam a sentir a vibração das bicicletas, os furos e as quedas começam e com eles aumentam os nervos. Os favoritos procurarão estar sempre muito bem colocados para evitar o trânsito que um problema mecânico ou uma queda à sua frente podem provocar e começam a sentir o aproximar da Floresta de Arenberg.

A Floresta de Arenberg é talvez o setor mais conhecido da prova e um dos três de cinco estrelas, ou seja, máxima dificuldade. Ali alguém poderia fazer um filme de terror mas decidiram colocar uma prova de ciclismo, o que para os ciclistas é semelhante mas para o público é mais interessante. São 2,4 km de empedrado em linha reta pela floresta. O público é tanto que obriga a que as barreiras na berma da estrada iniciem antes do setor.

Algumas equipas aproveitam este setor para endurecer a corrida e restringir o grupo da frente e é a partir daqui que os carros de apoio começam a estar distantes das frente de corrida. Um problema mecânico poderá deitar a corrida por terra porque a assistência do carro de apoio demora. Todas as equipas com aspirações a vencer o Paris-Roubaix destinam todo o seu staff técnico para esta prova, a frota automóvel está espalhada ao longo do percurso e os mecânicos em locais estratégicos com rodas na mão para o caso de serem necessárias. Além do Paris-Roubaix, apenas a Klasika Primavera terá equipas World Tour no domingo e serão apenas três. Pelo Paris-Roubaix, a Volta ao País Basco não pode terminar no domingo.

Recorde-se que os setores de pavé do Paris-Roubaix são numerados ordem inversa, ou seja, o primeiro é o setor 27 e o último é o 1. Arenberg é o 18, o que significa que ainda existirão 17 por percorrer, ao longo de 94,5 km em falta.

A seleção da corrida é gradual. Cada setor causa desgaste e qualquer um deles poderá ser decisivo, bem como qualquer quilómetro de alcatrão como demonstrou Fabian Cancellara em 2010 ao atacar no asfalto e não mais ser alcançados pelos seus rivais.

Além de estar preparado para todas as situações, é importante não deixar ninguém escapar. Como se viu no ano passado, um ciclista na frente tende a ser mais forte que um grupo perseguidor, pois o ciclista da frente dedica-se a ir num ritmo constante, enquanto os seus perseguidores entram no jogo do gato e do rato, não sabendo se devem perseguir o primeiro lugar ou poupar-se para o segundo. Essa indefinição na perseguição poderá ser suficiente para dar a vitória ao ciclista da frente, mesmo estando em inferioridade numérica.

O setor de Mons-en-Pévèle (3 km) e o Carrefour de l'Arbre (2,1 km) são os outros dois setores de cinco estrelas e o último é o de Roubaix, apenas de 300 metros de extensão e uma estrela. A decisão nunca acontece no último setor, porque aí cada ciclista já está a poupar energia para o sprint no Velodromo (exceto quem segue isolado).


Favoritos

O Paris-Roubaix tem setores de pavé mas é uma corrida substancialmente diferente da Volta a Flandres ou de qualquer uma outra. Não se pode comparar uma rampa de 600m a mais de 11% de inclinação média como o Koppenberg com um setor plano de 2400m como Arenberg. Não se trata de qual o mais difícil, mas sim de serem incomparáveis em termos de dificuldade e por isso alguns especialistas na Volta a Flandres simplesmente abdicam de estar presentes na prova francesa. São os casos de Philippe Gilbert (que este ano nem foi a Flandres) ou de Peter Sagan, mas também foi o caso de Nick Nuyens em 2011 quando venceu a Ronde mas abdicou de Roubaix para se preparar para as Ardenas.

Apesar das diferenças, Fabian Cancellara parte como principal candidato à vitória e homem a bater. É difícil encontrar um rival para lhe fazer sombra depois da forma demonstrada no domingo passado, mas as duas quedas desta semana poderão passar fatura.

Sem Boonen, a Omega Pharma terá Sylvain Chavanel, Niki Terpstra e Sven Vandenbergh para lançar a qualquer momento, enquanto a Sky terá Edvald Boasson Hagen, Geraint Thomas e Ian Stannard. Da parte da BMC surgem Taylor Phinney e Thor Hushovd.

Juan António Flecha, Lars Boom, Heinrich Haussler e Jurgen Roelandts são outros homens a ter em atenção para o pódio, bem como os franceses Sébastien Turgot e Matthieu Ladagnous, duas surpresas do ano passado, tendo Turgot terminado em segundo e Ladagnous ficado fora da discussão por um problema mecânico já na parte final. Alesander Kristoff também tem estado em excelente forma como demonstrou ao ser quarto na Volta a Flandres.

É certo que qualquer falha poderá deitar tudo a perder, mas torna-se realmente complicado enumerar os favoritos para além de Cancellara. Ninguém parece capaz de o superar em condições normais, mas sem o suíço qualquer um dos já citados parece capaz de vencer. Stuart O'Grady e Johan Vansummeren também estão aí para contar como surpreenderam os cabeças-de-cartaz em 2007 e 2011.

A chave da corrida

Terá a Radioshack condições para controlar a corrida? A decisão da prova poderá passar pela resposta a essa questão. Se os colegas de Cancellara (Devolder, Roulston, Rast, Popovych...) conseguirem controlar a corrida até ao ataque do suíço, tudo ficará mais simples. Caso contrário, se Cancelalra ficar desamparado e tiver que responder diretamente aos seus adversários, poderá ser o caos para as suas aspirações.

Também decisivo poderia ser um ataque logo em Aremberg por parte da Sky ou da Omega Pharma, formando um grupo restrito com Cancellara desprotegido.

Transmissão

A transmissão televisiva no Eurosport 1 arrancará ao meio-dia e o final está previsto para as 15h30. O primeiro setor deverá ser ultrapassado logo às 11h50 e Arenberg às 13h15. Tudo isto, pela hora portuguesa e de acordo com as previsões mais otimista da organização.

3 comentários:

  1. Brilhante analise Rui, faltou-te apenas o Greg Van Avermaet e Mati Breschel, aliás além da sky e da omega, também a BMC poderá atacar muito a corrida e tentar meter gente em todas as fugas...

    Também diria o mesmo da Blanco porém tem estado bastante apagada...

    A chave estará na capacidade das equipas de correrem riscos atacando a Radioshack e a capacidade desta de controlar a corrida.

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  2. Parabéns pelo artigo!

    Vou apostar num "desconhecido" para esta clássica!

    Edgar

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  3. Fora do tópico mas merecedor de destaque, Leonel Coutinho venceu hoje pelo segundo ano consecutivo a Clássica da Páscoa!!! Uma prova disputada em Espanha para equipas amadoras...estiveram presentes as equipas de clube portuguesas, a seleção nacional de pista e algumas equipas espanholas também da categoria amadora (equipas de clube). Renato Avelar, companheiro de equipa de Coutinho venceu a camisola da montanha. Parabéns!!!

    http://www.ciclismosjver.com/index.php/pt/noticias/119-classica-de-padron-e-da-liberty-seguros-feira-ktm

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