Ricardo Vale e Rafael Reis são dois rostos da seleção sub-23 |
Depois de duas temporadas de quase total inatividade, 2013 parece ser o ano em que as seleções nacionais de juniores e sub-23 voltarão a disputar provas de forma consistente, marcar presença na Taça das Nações quase na sua totalidade e até está prevista a presença na Volta a França do Futuro. Para cumprir esses objetivos, é fundamental que não se cometam os mesmos erros do passado.
Quando Delmino Pereira assumiu a presidência da Federação Portuguesa de Ciclismo, manifestei a minha confiança de que teríamos agora um melhor presidente e uma melhor e mais ativa Federação. Não se pode atribuir à Federação todos os méritos nem todos os deméritos do ciclismo português, também não se pode fazer o julgamento de um mandato de quatro anos ao final de apenas seis meses, mas para já Delmino Pereira está a corresponder às expetativas que tinha sobre si, tendo já tomado algumas decisões e posto em prática algumas iniciativas benéficas para a modalidade em Portugal. Uma delas passa pelo regresso das seleções nacionais às grandes provas de juniores e sub-23, nomeadamente as que pertencem à Taça das Nações.
Caminho percorrido em 2012
No seu Plano de Atividades e Orçamento para 2012 a FPC previu a participação da seleção nacional de juniores em nove provas e a seleção sub-23 no mesmo número de competições, números que ficaram muito longe de serem atingidos. Mesmo nas provas em que participou os resultados ficaram muito aquém do esperado, o que impediu a seleção de se qualificar para os Mundiais sub-23 (para juniores a qualificação é automática).
Estes eram os objetivos estipulados pela FPC para 2012 e os resultados obtidos, sendo que o verde representa objetivos cumpridos, o laranja representa as provas em que a FPC previa a sua presença mas acabou por não participar e a vermelho estão as provas em que os objetivos não foram cumpridos ou que a seleção nem se conseguiu qualificar.
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Objetivos estipulados no Plano de Atividades e Orçamento 2012 (pág. 33) |
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Objetivos estipulados no Plano de Atividades e Orçamento 2012 (pág. 33, 34) |
O resultado global é inaceitável, para o dizer de forma branda.
Caminho a percorrer em 2013
Mesmo quanto ao número de provas disputadas existiu um grande desfasamento entre a realidade e PAO 2012, mas com as primeiras convocatórias a serem anunciadas parece que em 2013 vamos ter uma nova realidade e para melhor. Fica aqui então o programa para a temporada em curso:
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Objetivos estipulados no Plano de Atividades e Orçamento 2013 (pág. 39) |
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Objetivos estipulados no Plano de Atividades e Orçamento 2013 (pág. 39) |
Existem poucas referências no que respeita aos juniores mas acredito que tenhamos jovens valores para cumprir estes objetivos. Não todos, mas pelo menos metade deles. Relativamente aos sub-23, onde há mais referências, não tenho dúvidas de que temos portugueses capazes de qualquer um dos objetivos propostos. E de realçar que, tal como a presença nos Mundiais sub-23 que no ano passado foi falhada, a presença na Volta a França do Futuro (Tour de l'Avenir) está sujeita a qualificação. Para o Tour dos mais jovens é necessário estar qualificada entre os 20 primeiros lugares da Taça das Nações, algo que Portugal não conseguiu, uma vez que não somou qualquer ponto nas provas em que esteve presente.
Se Portugal conseguir um lugar na Volta a França do Futuro, então ficará com 25 dias de competição em apenas 33 dias de calendário, entre Volta a Portugal (7 a 18 de Agosto), Volta a França do Futuro (24 a 31 de Agosto) e Volta a Portugal do Futuro (4 a 8 de Setembro). Apesar de ter sido contra o excesso de elites (e quase veteranos) na seleção na última Volta a Portugal, caso Portugal garanta a presença no Tour de l'Avenir será forçosamente necessário recorrer a alguns dos melhores elites amadores para vestir as cores nacionais, naturalmente acompanhado de alguns sub-23, mas deixando os melhores do escalão para a prova francesa, a maior montra mundial para jovens ciclistas. Tudo isto, se Portugal cumprir os seus objetivos.
Convém frisar que os objetivos aqui apresentados são os estabelecidos pela FPC, responsável máximo por estas seleções. Se não forem cumpridos, se Portugal voltar a falhar a qualificação para os Mundiais, se Portugal falhar a qualificação para a Volta a Portugal do Futuro e se a taxa de sucesso nas várias provas em que participar for idêntica à de 2012 (apenas 10% dos objetivos cumpridos), então algo terá que ser feito. Medidas terão que ser tomadas como nas seleções portuguesas de outros desportos ou como nas seleções de ciclismo de outros países. Não podem haver cargos vitalícios.
Quando um ciclista está a fazer uma grande temporada a nível nacional, vai à seleção meritoriamente e falha o que lhe é pedido, é responsabilidade do ciclista. Quando um ciclista está a fazer uma época de mediano ou baixo nível, é convocado e falha o que lhe é pedido, é responsabilidade de quem o convocou sem merecer. Quando sprinters vão a provas montanhosas e falham os resultados ou quando trepadores peso pluma vão ao Paris-Roubaix e não conseguem sequer ajudar a equipa, a responsabilidade não é sua mas de quem os convocou.
O mandato da nova direção tem sido ativo, temos visto novidades como a presença da seleção nacional em mais provas ou a criação da Academia Nacional de Ciclismo. É agora tempo de termos uma seleção nacional mais inteligente, quer antes das provas (na convocatória), quer durante as mesmas. Se assim for, os resultados aparecerão.