segunda-feira, 24 de junho de 2013

Volta a França: percurso, favoritos e antevisão

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Desta vez, Froome não tem que esperar por Wiggins
Entramos na última semana antes da prova rainha do ciclismo mundial, aquela que mais milhões de pessoas reúne em frente ao pequeno ecrã e leva os ciclista a um outro nível de popularidade. Está aí a Volta a França 2013, onde Chris Froome e Alberto Contador se perfilam como principais candidatos à vitória e Rui Costa e Sérgio Paulinho são os portugueses em ação.

Percurso

Esta é uma Volta a França para trepadores. Sem uma quantidade desmesurada de chegadas em alto e em topos e topinhos, mas com quatro chegadas em alto, duas outras etapas de montanha, um contrarrelógio duríssimo e apenas um crono plano. Os destaques vão para a subida ao Mont Ventoux e a dupla subida ao Alpe d'Huez, mas este Tour será mais do que isso.

Logo aquando da apresentação do percurso, foi aqui analisado em maior detalhe.

A prova sairá da ilha da Córsega com uma etapa em linha para os sprinters disputarem entre eles a primeira camisola amarela. A segunda etapa já tem uma segunda categoria a meio e ao terceiro dia podem surgir os primeiros ataques de homens com ambições a uma boa classificação geral. Uma subida de segunda categoria a 13 km da meta não será suficiente para grandes diferenças mas deverá ser movimentada.

Ao quarto dia haverá contrarrelógio coletivo de 25 quilómetros planos e seguem-se três daquelas etapas típicas de primeira semana, com algumas contagens de montanha de baixa dificuldade pelo meio para que roladores lutem pela mítica camisola das bolas vermelhas mas que em princípio terminarão ao sprint.

Os Pirenéus chegam no primeiro fim de semana, no sábado com chegada a Ax 3 Domaines (1ª Cat) e domingo sem chegada ao alto. É pouco de Pirenéus mas existe compensação no Maciço Central e nos Alpes. Durante a segunda semana de prova existem quatro etapas para sprinters, um contrarrelógio de 33 km para especialistas e a chegada ao Mont Ventoux. Não existem grandes dificuldades nos primeiros 220 km da tirada (porque a região tem pouca montanha) mas os últimos 21 quilómetros têm 7,5% de inclinação média.

O melhor está reservado para a última semana, primeiro com um contrarrelógio que inclui duas contagens de segunda categoria pelo meio e depois com três etapas de montanhas, duas delas com chegada em especial categoria. Para concluir, a habitual chegada a Paris.
18ª etapa, com passagem e chegada ao Alpe d'Huez
19ª etapa
20ª etapa (e penúltima)
(Os perfis de outras etapas podem ser vistos clicando nas suas referências ao longo do texto.)

Favoritos

Segundo no ano passado e mais forte nas montanhas ao longo desta temporada, Chris Froome (Sky) perfila-se como o principal candidato à vitória. Vencedor de dois Tours e da última Vuelta, Alberto Contador (Saxo-Tinkoff) apresenta-se como o maior adversário de Froome. Apesar do britânico ter estado melhor na montanha e nos cronos no que já se correu desta temporada, Contador é Contador. Além disse, como o próprio Froome disse, para o Tour a contagem está a zeros. As vitórias anteriores de nada servem aqui.

Também ele a fazer uma extraordinário temporada, Richie Porte (Sky) poderá lutar pelo pódio. O seu principal objetivo será apoiar Froome, impondo ritmos altos nas montanhas para limitar os ataques adversários, mas o australiano poderá chegar ao pódio como fez Froome no ano passado.

Apenas com um contrarrelógio plano, Joaquim Rodríguez (Katusha) é também ele um candidato ao pódio, o que seria o terceiro consecutivo em grandes voltas, depois do 2º posto no Giro e 3º na Vuelta do ano passado. A armada espanhola fica completa com Alejandro Valverde (Movistar).
Depois de uma grande Vuelta, o que farão no Tour?

A Movistar tem nas suas fileiras uma das grandes revelações da temporada, Nairo Quintana. Ex-vencedor da Volta a França do Futuro, vencedor da Volta ao País Basco deste ano, exímio trepador e bom contrarrelogista, também ele é um homem que pode pensar no pódio. Ainda dentro dos homens que contam para a classificação da juventude há Tejay Van Garderen (BMC), quinto no ano passado e melhor jovem.

O ex-vencedor do Tour Cadel Evans (BMC) foi terceiro no Giro e tentará aqui o segundo grande pódio da temporada, partilhando objetivo com Jurgen Van Den Broeck (Lotto), que tem feito uma temporada mais discreta do que se esperava mas já tem dois quartos lugares na Grande Boucle e quer mais.

Com menores hipóteses de chegar ao pódio mas como fortes opções para top-10, colocam-se Andrew Talansky e Daniel Martin (Garmin), Bauke Mollema (Belkin, ex-Blanco), Thibaut Pinot (FDJ), Pierre Rolland (Europcar), Rui Costa (Movistar), Michal Kwiatkowski (Omega Pharma), Daniel Moreno (Katusha) e Jean-Christophe Peraud (Ag2r)

***** Froome e Contador
**** Porte, Rodríguez, Valverde e Quintana
*** Van Garderen, Evans e Van Den Broeck


Chave-da-corrida

Tratando-se de uma prova de três semanas, são muitos os fatores que podem influenciar a decisão da prova, como quedas, problemas mecânicos em fases críticas ou simplesmente dias maus em dias errados para ter dias maus. Provas por etapas vencem-se no último dia mas podem perder-se em qualquer momento.

Como já foi dito, Chris Froome tem sido o melhor na montanha e apenas os puros contrarelogistas têm sido melhores que ele nos contrarrelógios. Vencerá o Tour? O espetacular do ciclismo (e do desporto em geral) é que nada é garantido. Veremos se Froome consegue confirmar na estrada o favoritismo que lhe é atribuído.

A equipa não ganha provas mas ajuda e Froome tem a seu favor uma equipa extremamente unida que tudo fará para o levar ao êxito  Mais importante que isso, uma equipa que desde novembro tudo tem feito com esse objetivo. Porte será o braço-direito mas a ele junta-se gente como David López, Kiryienka, Siutsou, Boasson Hagen ou Geraint Thomas. Não têm Wiggins, Uran e Henao, mas tem muita gente capaz de apoiar o líder. E o que o queniano-britânico lhes pedirá é um ritmo forte para dificultar ataques adversários, causar desgaste e garantir que quando ele atacar os seus oponentes ficarão espalhados ao longo da subida e não num grande grupo a ajudarem-se entre si. É assim que gosta de correr.

A Saxo-Tinkoff parece ter uma equipa forte com Michael Rogers e Roman Kreuziger à cabeça para apoiar Contador, mas será mesmo? Muitas vezes os gregários preparam-se para estar na sua melhor forma em junho (Dauphiné ou Suíça) para garantir um lugar na Volta a França. Rogers e Kreuziger já tinham lugar assegurado na equipa para o Tour, mas parece que planearam as suas temporadas com outros pensamentos. Sabendo que no Tour terão que correr para Contador, parece que Rogers reservou a sua melhor forma para a Volta à Califórnia (2º) e o Critérium du Dauphiné (6º, perdendo o pódio no último dia por problemas respiratórios) e Kreuziger reservou o seu melhor para a Volta à Suíça (3º). Na segunda e sobretudo na terceira semana veremos.

Transmissão

Este ano teremos uma pequena grande novidade no que toca a transmissão televisiva. A Volta a França passa da RTP Informação para a RTP 2, o que significa que poderá ser vista em todas as casas que só têm os quatro canais. Isto é serviço público.

Na Eurosport as transmissões começarão geralmente às 13h, com exceção de alguns dias que terão transmissão completa. Na RTP 2 iniciarão por norma às 13h30 e não sei se haverá exceções. Na RTP 2 teremos o João Pedro Mendonça e o Marco Chagas, que na minha opinião formam uma das melhores equipas de comentários desportivos em Portugal. O João Pedro é um excelente jornalista (por isso no ano passado, como em 2008, foi destacada para os Jogos Olímpicos e não esteve no ciclismo) e o Marco Chagas é uma das pessoas em Portugal que mais sabe de ciclismo e melhor fala da modalidade. Dá sempre para aprender um pouco mais.

Mais informação útil

Existindo tempo para tal, durante esta semana haverá mais crónicas sobre o Tour. De qualquer forma, podem seguir a nossa página no Facebook (onde já somos mais de 1300) e no Twitter (onde vamos a caminho dos 200).

Mais informação útil:
Lista de participantes (atualizada conforme as equipas o vão anunciando)
Etapas (com perfis)

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