Rui Costa junta-se à Lampre em 2014 |
Rui Costa na Lampre
Rui Costa poderia escolher qualquer equipa do mundo e a questão estava naquilo que cada uma lhe poderia oferecer. Nas mais fortes, como a Astana ou a BMC, certamente teria ciclistas para o apoiarem mas não tinha certeza de ser o líder; nas mais fracas (na montanha) como a Orica ou a Argos teria total liberdade nas provas por etapas mais faltaria apoio. Além disso, só quem esteve nas negociações sabe qual o calendário e os objetivos propostos por cada formação e os valores apresentados por cada uma das concorrentes. No final venceu a Lampre.Este mercado ainda está longe de estar fechado, mas pelo que se sabe até ao momento a Lampre (enquanto coletivo) continuará a apostar nas corridas italianas. No início do ano foi anunciado que Scarponi abandonaria a Lampre a 31 de dezembro do corrente, o que a confirmar-se deixará Damiano Cunego, Diego Ulissi e/ou Przemyslaw Niemiec como apostas para o Giro. A Lampre contará ainda com Filippo Pozzato para as clássicas de pavé e os sprinters Roberto Ferrari e Sacha Mondolo (Bardiani).
Independentemente de Cunego, Ulissi ou Niemiec estarem presentes no Tour, nenhum deles será obstáculo para a liberdade que Rui Costa tanto queria, a oportunidade de estar no Tour, sem obrigação de trabalhar para outros e podendo testar os seus limites. Algo que não seria possível na Movistar de Valverde e Quintana. E apesar de Valverde estar com 33 anos, Quintana tem menos dez.
Outro objetivo de Rui Costa deverá passar pelas clássicas das Ardenas, para as quais também se perfilam Cunego e Ulissi (ou até Scarponi se continuar na equipa). Bom, sempre será melhor do que a Movistar, onde Valverde continuará a ser o chefe-de-fila para este tipo de provas.
Em termos desportivos, Rui Costa ganha muita liberdade. Se é a melhor escolha, só o tempo dirá, mas acredito que sim. Só ele e as pessoas próximas saberão o que foi apresentado, mas aparentemente as melhores propostas terão andado em torno de um milhão de euros, longe da margem 1,5-2 milhões que o empresário chegou a apontar, mas de querer a conseguir ainda vai algo.
Fábio Silvestre na Trek
Um grande e esperado salto na carreira dá Fábio Silvestre, que assina pela Trek (sucessora da Radioshack).A Trek terá os irmãos Andy e Frank Schleck, mas a grande aposta será nas clássicas através de Fabian Cancellara, contando para seu apoio com Mikel Irizar, Stijn Devolder, Gregory Rast, Hayden Roulston ou Yaroslav Popovych. Da estrutura da Radioshack também transitam Jens Voigt, Robert Kiserlovski, Haimar Zubeldia, Bob Jungles e Jesse Sergent. Chegam Fumiyuki Beppu (Orica), a maior referência do ciclismo de estrada no Japão (um mercado muito interessante para a Trek), o colombiano Julian Arredondo que lidera o circuito continental asiático (a Colômbia é um mercado emergente para o ciclismo), Fabio Felline (Androni), Fábio Silvestre (Leopard), o vencedor da Volta ao Alentejo Jasper Stuyven (Bontrager) e Ricardo Zoidl, que lidera o ranking continental europeu.
A partir de janeiro ou fevereiro veremos que tipo de provas e que papel os responsáveis da Trek têm pensado para Fábio Silvestre.
Depois de Euskaltel e Vacansoleil
Com o final da Euskaltel confirmado e o da Vacansoleil apenas a aguardar oficialização, muitos ciclistas de qualidade ficam livres. Os principais destinos deverão ser a Movistar (única World Tour espanhola em 2014), a Lotto e as equipas mais ricas, Astana, Sky, BMC e Omega Pharma.A Movistar deverá recrutar os irmãos Gorka e Ion Izaguirre e também poderá estar interessada em Juan António Flecha e Samuel Sánchez, mas nestes casos a idade pesa e 2013 está a ser um ano aquém do esperado, o que leva a Unzué a apertar os cordões à bolsa em relação a estes ciclistas.
Por seu lado, a Lotto garante o vencedor da Clásica Can Sebastian Tony Gallopin (Radioshack), o campeão europeu sub-23 Sean de Bie (Leopard) e Kris Boeckmans (Vacansoleil), enquanto negoceia com Maxime Monfort (Radioshack), Johnny Hoogerland e o ex-campeão holandês de Pim Ligthart (Vacansoleil).
Já a Astana garantiu Lieuwe Westra (Vacansoleil) e Franco Pellizotti (Androni), mas depois de falhada a contratação de Rui Costa fica com maior margem e ainda pode atacar Mikel Nieve, Igor Antón ou Mikel Landa. No caso de Antón e Nieve, poderá ter a concorrência da Sky e da Omega Pharma, estando os belgas também interessados em Wout Poels e Thomas De Gendt.
IAM
Outra equipa em destaque neste defeso é a IAM, que contratou Sylvain Chavanel (Omega Pharma), o seu inseparável Jérôme Pineao, Mathias Frank (BMC), Roger Kluge (NetApp) e Vicent Reynes (Lotto). Com Chavanel fica mais fácil o wildcard em provas como a Volta a Flandres, Paris-Roubaix, Paris-Nice e o Tour e com Mathias Frank consegue um bom líder para a Volta à Suíça.Ainda assim, os responsáveis da IAM reforçam que não pretendem passar a equipa a World Tour. Tal feito elevaria em muito os custos, não apenas para pagar a licença mas também por toda a logística que é necessária.
Por Portugal
Lá fora ainda se corre a Vuelta e faltam várias provas World Tour, mas já o mercado está muito agitado. Por cá está praticamente terminada a temporada mas ainda deverá demorar até que se oficializem as primeiras movimentações.Os diretores desportivos esperam por novidades dos emigrantes lusos (alguns regressarão a Portugal) e esperam para saber com que orçamento poderão contar. Para já sabe-se a saída da Efapel de Rui Sousa, César Fonte, Sérgio Sousa, Hernâni Brôco e Nuno Ribeiro, devendo este ir para a OFM.
Com o final da Euskaltel-Euskadi e da Euskadi Continental (e o choque que provoca nas restantes equipas espanholas), vários ciclistas de qualidade ficarão livres e poderão vir para Portugal. Ainda assim, o mais provável é que chegue algum Aketza Peña desta vida.
Ver Boletim de Transferências 2014 I