sábado, 10 de agosto de 2013

Desculpa, ganhei

"Desculpa, ganhei"
Escrevi ontem que a etapa de hoje seria boa para uma fuga resultar. Já há ciclistas atrasados e muita gente a pensar na chegada à Srª da Graça de amanhã, ingredientes que poderiam resultar mesmo numa fuga. Parece que os responsáveis das equipas portuguesas (e não só) tinham a mesma ideia e na primeira hora de corrida cumpriram-se 44,6 km, o que mostra bem a competitividade do arranque da tirada, muito atacado, com muita gente a querer estar na fuga do dia. Márcio Barbosa (LA-Antarte) e Hélder Oliveira (OFM-Quinta da Lixa) foram os dois que o conseguiram.

O Hélder Oliveira, irmão do junior Ivo Oliveira que ontem conquistou a medalha de bronze nos Mundiais de Corrida por Pontos (Parabéns!) estava apenas a 21 segundos da camisola amarela e por isso poderia rouba-la a Marcel Wyss, 10º na Volta à Romandia deste ano. Ainda assim, não é uma ameaça para as contas finais da geral.

Realmente interessante era a hipótese de venceram a etapa. Poderiam somar pontos para a classificação da montanha mas o que realmente interessava seria a vitória na etapa, que poderia ser para qualquer um dos dois, desde que chegassem com vantagem sobre o pelotão, claro. Nesse caso, o pior que poderia acontecer era ser segundo.

Primeira meta volante e primeiro lugar para Hélder Oliveira, sem que Márcio Barbosa se preocupasse muito com isso, porque nenhum deles vai lutar pela classificação por pontos. O verniz estalou na primeira contagem de montanha do dia, quando o Hélder Oliveira passou na frente.

Rapidamente o diretor desportivo da LA-Antarte reagiu com a espontaneidade de qualquer criança amuada, mostrando o (pouco) que percebe de ciclismo. Ordenou ao seu ciclista que não colaborasse na fuga e justificou ao repórter da RTP que, se não lhe deixavam a classificação da montanha, também não queriam colaborar para que o adversário pudesse, talvez, hipoteticamente, quiçá, ficar com a camisola amarela.

O Márcio e o Hélder, a LA e a OFM-Quinta da Lixa, tinham a possibilidade de vencer a etapa. Claro que os pontos da montanha também eram motivo de interesse, mas o principal era a hipótese de vencer a etapa, tal como César Fonte venceu no ano passado, fugido, em Fafe. As hipóteses do Márcio, do Hélder, da LA e da OFM-Quinta da Lixa morreram ali, por decisão do CEO da Antarte, que só por isso é diretor desportivo da equipa.

Claro que o ciclista ficou frustrado e desiludido, porque se a fuga resultasse, o pior que lhe podia acontecer era ser segundo e somar alguns pontos para a montanha, ainda que não liderasse no final do dia. A iniciativa morreu pouco depois, mas antes disso o Hélder Oliveira somou mais uns pontos na outra contagem de montanha do dia e passou a liderar essa classificação.

O prémio maior da OFM estava reservado para a meta. Depois de um ataque de Daniel Silva, forte e surpreendente, Alejandro Marque respondeu e ia a caminho da vitória quando foi ultrapassado por Délio Fernández, que nem festejou. Em vez disso foi "desculpar-se" ao colega e amigo por lhe ter tirado a vitória assim.

A vantagem do Marque era apertada e quando o Délio arrancou não era certo que o colega vencesse. Havia muita gente ali próxima, todos a dar o máximo, e foi o que fez Délio também, com a particularidade de ser o único a conseguir ultrapassar o Marque. Claro que ninguém gosta de ser segundo, mas certamente o Marque compreenderá que o seu companheiro apenas fez o que tinha que fazer.

Amanhã, chegada à Senhora da Graça, onde se começará a jogar a classificação geral. Mas relembro que chegar com os melhores na Senhora da Graça não quer dizer que se chegue com os melhores na Torre. Isso sim, a etapa será mais dura do que nos últimos anos, com passagens por Santo António, Bigorne e Cumieira (todas 3ª categoria) e Barragem do Alvão (1ª) antes da subida final.

Há um grande lote de ciclistas que podem vencer amanhã. Rui Sousa e Brôco que já venceram neste ponto mítico da Volta, Daniel Silva, Sabido, Pardilla ou Délio. Gustavo César vem prometendo nas suas declarações e tem estado bem na estrada.

Sem esquecer que a Efapel poderá tentar dinamitar a corrida, lançando algum homem forte logo na subida para a Barragem do Alvão. Talvez Nuno Ribeiro ou Arkaitz Duran. E que mesmo outras equipas poderão lançar de longe ciclistas que não são favoritos no mano-a-mano com os melhores, como David Livramento, João Pereira ou Eduard Prades. Veremos.

Depois de amanhã já serão poucos os ciclistas a menos de um minuto da liderança.

8 comentários:

  1. É verdade Rui, desde 1996 que acompanho o ciclismo e nunca vi um Director Desportivo tão medíocre como o Mário Rocha..........o Américo Silva deixava muito a desejar mas este consegue ser 100 vezes pior.

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  2. Peripécias da volta à parte . . . só uma pergunta.

    "surpreendentemente" nunca mais houve noticias da possível equipa pro conti portuguesa com um orçamento de 5 milhões.

    É triste esperar sempre o pior nestas situações e acabar por ter sempre razão. . .

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  3. Obrigado pelos comentários!

    Parrulo, eu penso que já toda a gente viu que essa equipa não vai sair para a estrada. Mas como nunca acreditei nesse projeto nem lhe dei atenção, também não vou perder tempo com o seu não-nascimento.

    Cumprimentos

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  4. A resposta é dada na estrada aos teóricos do ciclismo11 de agosto de 2013 às 17:35

    Queria perguntar se também acha que o Vladislav Gorbunov é um ciclista de pouca qualidade? E se continua a duvidar do valor dos corredores cazaques?

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    1. Anónimo, o Gorbunov tem mostrado nesta Volta ser um bom ciclista, sobre o qual nunca falei. Falei sim do seu colega Ishanov, que parou debaixo do viaduto para de alimentar.
      É importante perceber que não estamos a falar de carros que funcionam em função da fábrica ou de iogurtes que valem em função do lote de onde saem. Estamos a falar de seres humanos.
      Que o Rui Costa ganhe duas Voltas à Suíça consecutivamente e duas etapas no mesmo Tour, não significa que todos os seus colegas e todos os portugueses sejam de topo mundial.
      Que o Gorbunov chegue em 8ª à Srª da Graça não significa nada quanto à qualidade do seu colega. Costumam dizer-se que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Neste caso, um ciclista é um ciclista e outro ciclista é outro ciclista.

      Cumprimentos

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  5. É triste ver que a velha guarda ainda manda no ciclismo português. Pena a federação não mandar o Rui Sousa e o Nuno Ribeiro dar uma voltinha tal como mandou o Sergio Ribeiro.

    Edgar Pinto novo candidato a Candido Barbosa versão 3.0 (versão 2.0 era o Sergio Ribeiro)

    É precisa uma grande quantidade de inocência e hipocrisia para acreditar nesta gente. . . tanto nas velhas raposas que ainda correm como nas que conduzem s carros

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    1. Parrulo desde já fica a sensação que não conheces alguns dos ciclistas portugueses....o Edgar Pinto em nada poder ser uma versão do Cândido porque é um ciclista muito mais leve do que era o Cândido e que se adapta melhor à montanha do que o Cândido...são características diferentes.

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  6. Edgar Pinto não é um Cândido Barbosa. Ele emagreceu para trepar bem e assim deixou de ser o sprinter da equipa. Para isso a LA tem o Rafael Silva e o António Carvalho.
    A equipa Conti Pro ficou sem o petróleo para continuar a andar :D

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