Que alegria! Rui Costa campeão mundial!
A vitória do Rui Costa não é uma surpresa. Pelo contrário, estou certo que todos os amantes do ciclismo nacional imaginamos este cenário e até pensei no que escrever se o Rui se sagrasse campeão mundial, mas é muito difícil colocar em palavras aquilo que vimos e as emoções que vivemos esta tarde. Todas as frases parecem pequenas para expressar tão grandioso feito.
A vitória do Rui Costa não é uma surpresa porque antes da partida o Rui já tinha demonstrado ser um dos melhores ciclistas do mundo e não somos apenas os portugueses a dizê-lo. Ao longo dos últimos dias li a opinião e antevisão que vários dos melhores jornalistas e comentadores do mundo do ciclismo faziam destes Mundiais e em tudo o que li havia referência a Rui Costa. Os seis favoritos mais indicados por todos, comentadores e até ciclistas, eram Valverde, Rodríguez, Nibali, Gilbert, Sagan e Cancellara, havendo depois uma segunda linha de ciclistas muito perigosos, nos quais sempre se incluía o português. Como disse após a Volta à Suíça, o Rui Costa já então era um dos melhores ciclistas do mundo e um dos melhores desportistas portugueses da atualidade.
Este Mundial disputava-se em características bastante interessantes. Ninguém sabia se seria duro o suficiente para favorecer os trepadores ou permitia aos sprinters disputar as medalhas. Por isso todos os grandes ciclistas da atualidade estavam presentes, incluindo o pódio completo de Giro, Tour e Vuelta.
A correr em casa, a seleção italiana assumiu o controlo da corrida e a eles servia-lhes o mesmo que a Portugal: uma corrida dura o suficiente para eliminar os homens mais rápidos. Foi assim que começou, com os italianos a esfrangalharem o pelotão logo na terceira volta... mas depois acalmou. Para poupar outros ciclistas, lançaram para a frente Giovanni Visconti e a duas voltas do final o ciclista da Movistar tinha mais de um minuto de avança, uma vantagem interessante dado que os seus compatriotas não perseguiam e os espanhóis também não, pela falta de gregários que já se antevia. Coube à Bélgica a tarefa da perseguição.
Se à terceira volta a corrida parecia muito lançada, ao início para a última o cenário estava bastante alterado. Sagan, Degenkolb, Boasson Hagen, Van Avermaet e Cancellara eram alguns dos candidatos que ainda precisavam de ser eliminados nas duas subidas que restavam.
Felizmente endureceram a corrida. Primeiro foi Chris Anker Sorensen para Fuglsang, que não serviu para os dinamarqueses mas serviu para lançar a ofensiva italiana e espanhola. Scarponi, depois Nibali e finalmente Purito, que terminava a subida a Fiesole isolado. A cinco segundos seguiam os outros que ainda podiam lutar pelas medalhas: Nibali, Valverde, Urán e Rui Costa.
Nibali, vencedor de um Giro e de uma Vuelta, Valverde, vencedor de uma Vuelta e com quatro pódios mundiais na carreira, Purito, que já foi ao pódio e venceu etapas em todas as grandes voltas, e Urán, 2º no Giro deste ano. Estes eram os adversários de Rui Costa na luta pelo ouro escondido no fim do arco-íris.
Na perseguição a Rodríguez, quase sempre comandada por Nibali, deu-se o pior momento da corrida, a queda de Urán. É terrível ver alguém ultrapassar mais de 260 quilómetros com os melhores e depois ser arredado da luta pelo título mundial desta forma. Valverde não colaborava na perseguição ao compatriota e Rui Costa recusava os pedidos de ajuda de Nibali.
Visto de fora, mandava a lógica que o Rui colaborasse para poder chegar ao ouro, mas ele sabia que tinha que se poupar para a última subida. Todas as energias seriam importantes para ultrapassar a última dificuldade que o separava do arco-íris.
Sofreu, sofreu mas aguentou, culminou a Via Salviati junto de Nibali e Valverde e por essa altura já todos os outros estavam fora da discussão. Depois de mais de 270 km e quase sete horas e meia de corrida, a visita a Florença terminaria muito amarga para três daqueles ciclistas. Apenas um poderia fechar com chave-de-ouro (e com a medalha de ouro).
Rodríguez foi alcançado, encheu os pulmões de ar e voltou a atacar, forte, determinado a fazer mais do que 2º ou 3º, como tantas vezes tem feito em grandes provas. Rodríguez estava ali, tão próximo da vista mas ao mesmo tempo tão distante. Nibali dava tudo mas não conseguia fechar e então Rui Costa lançou-se para o ouro. Cinco segundos de diferença... quatro... três... e Rui Costa estava na roda de Rodríguez. Palavras trocadas entre os dois, Rui Costa saiu detrás de Rodríguez, passa o espanhol e mantém a posição até à linha de meta. Mãos na cabeça, incrédulo, campeão do mundo!
O que Rui Costa conseguiu hoje é absolutamente histórico. Jamais um português tinha estado no pódio de um Campeonato do Mundo de elites e jamais um português tinha sido campeão do mundo de ciclismo.
Com todo o devido respeito que os anteriores feitos do ciclismo português merecem, este é o melhor momento da história do nosso ciclismo. E com todo o respeito que tenho pelos grandes campeões do desporto nacional, depois de hoje, depois de se sagrar campeão mundial de ciclismo, Rui Costa coloca-se como o melhor desportista português da atualidade e o melhor ciclista português de sempre.
A vitória do Rui Costa não é uma surpresa. Pelo contrário, estou certo que todos os amantes do ciclismo nacional imaginamos este cenário e até pensei no que escrever se o Rui se sagrasse campeão mundial, mas é muito difícil colocar em palavras aquilo que vimos e as emoções que vivemos esta tarde. Todas as frases parecem pequenas para expressar tão grandioso feito.
A vitória do Rui Costa não é uma surpresa porque antes da partida o Rui já tinha demonstrado ser um dos melhores ciclistas do mundo e não somos apenas os portugueses a dizê-lo. Ao longo dos últimos dias li a opinião e antevisão que vários dos melhores jornalistas e comentadores do mundo do ciclismo faziam destes Mundiais e em tudo o que li havia referência a Rui Costa. Os seis favoritos mais indicados por todos, comentadores e até ciclistas, eram Valverde, Rodríguez, Nibali, Gilbert, Sagan e Cancellara, havendo depois uma segunda linha de ciclistas muito perigosos, nos quais sempre se incluía o português. Como disse após a Volta à Suíça, o Rui Costa já então era um dos melhores ciclistas do mundo e um dos melhores desportistas portugueses da atualidade.
Este Mundial disputava-se em características bastante interessantes. Ninguém sabia se seria duro o suficiente para favorecer os trepadores ou permitia aos sprinters disputar as medalhas. Por isso todos os grandes ciclistas da atualidade estavam presentes, incluindo o pódio completo de Giro, Tour e Vuelta.
A correr em casa, a seleção italiana assumiu o controlo da corrida e a eles servia-lhes o mesmo que a Portugal: uma corrida dura o suficiente para eliminar os homens mais rápidos. Foi assim que começou, com os italianos a esfrangalharem o pelotão logo na terceira volta... mas depois acalmou. Para poupar outros ciclistas, lançaram para a frente Giovanni Visconti e a duas voltas do final o ciclista da Movistar tinha mais de um minuto de avança, uma vantagem interessante dado que os seus compatriotas não perseguiam e os espanhóis também não, pela falta de gregários que já se antevia. Coube à Bélgica a tarefa da perseguição.
Se à terceira volta a corrida parecia muito lançada, ao início para a última o cenário estava bastante alterado. Sagan, Degenkolb, Boasson Hagen, Van Avermaet e Cancellara eram alguns dos candidatos que ainda precisavam de ser eliminados nas duas subidas que restavam.
Felizmente endureceram a corrida. Primeiro foi Chris Anker Sorensen para Fuglsang, que não serviu para os dinamarqueses mas serviu para lançar a ofensiva italiana e espanhola. Scarponi, depois Nibali e finalmente Purito, que terminava a subida a Fiesole isolado. A cinco segundos seguiam os outros que ainda podiam lutar pelas medalhas: Nibali, Valverde, Urán e Rui Costa.
Nibali, vencedor de um Giro e de uma Vuelta, Valverde, vencedor de uma Vuelta e com quatro pódios mundiais na carreira, Purito, que já foi ao pódio e venceu etapas em todas as grandes voltas, e Urán, 2º no Giro deste ano. Estes eram os adversários de Rui Costa na luta pelo ouro escondido no fim do arco-íris.
Na perseguição a Rodríguez, quase sempre comandada por Nibali, deu-se o pior momento da corrida, a queda de Urán. É terrível ver alguém ultrapassar mais de 260 quilómetros com os melhores e depois ser arredado da luta pelo título mundial desta forma. Valverde não colaborava na perseguição ao compatriota e Rui Costa recusava os pedidos de ajuda de Nibali.
Visto de fora, mandava a lógica que o Rui colaborasse para poder chegar ao ouro, mas ele sabia que tinha que se poupar para a última subida. Todas as energias seriam importantes para ultrapassar a última dificuldade que o separava do arco-íris.
Sofreu, sofreu mas aguentou, culminou a Via Salviati junto de Nibali e Valverde e por essa altura já todos os outros estavam fora da discussão. Depois de mais de 270 km e quase sete horas e meia de corrida, a visita a Florença terminaria muito amarga para três daqueles ciclistas. Apenas um poderia fechar com chave-de-ouro (e com a medalha de ouro).
Rodríguez foi alcançado, encheu os pulmões de ar e voltou a atacar, forte, determinado a fazer mais do que 2º ou 3º, como tantas vezes tem feito em grandes provas. Rodríguez estava ali, tão próximo da vista mas ao mesmo tempo tão distante. Nibali dava tudo mas não conseguia fechar e então Rui Costa lançou-se para o ouro. Cinco segundos de diferença... quatro... três... e Rui Costa estava na roda de Rodríguez. Palavras trocadas entre os dois, Rui Costa saiu detrás de Rodríguez, passa o espanhol e mantém a posição até à linha de meta. Mãos na cabeça, incrédulo, campeão do mundo!
O que Rui Costa conseguiu hoje é absolutamente histórico. Jamais um português tinha estado no pódio de um Campeonato do Mundo de elites e jamais um português tinha sido campeão do mundo de ciclismo.
Com todo o devido respeito que os anteriores feitos do ciclismo português merecem, este é o melhor momento da história do nosso ciclismo. E com todo o respeito que tenho pelos grandes campeões do desporto nacional, depois de hoje, depois de se sagrar campeão mundial de ciclismo, Rui Costa coloca-se como o melhor desportista português da atualidade e o melhor ciclista português de sempre.