A RCS Sport, organizadora (entre outras provas) da Volta a Itália, anunciou esta semana as equipas convidadas para os seus eventos World Tour, com a NetApp de Tiago Machado e José Mendes a garantir presença no Tirreno-Adriático, Milano-Sanremo e Il Lombardia. Seguir-se-á a ASO, que deverá incluir a equipa dos dois portugueses na chamada para o Tour.
Depois da razia do último outono, desapareceram três equipas que entravam nas contas para as grandes provas: Euskaltel, Vacansoleil e Sojasun. Ainda que a Sojasun apenas disputasse uma das três grandes (a francesa) os wildcards de Giro, Tour e Vuelta estão fortemente relacionados. Se as grandes equipas têm capacidade para correr os três, o mesmo não se pode dizer das equipas continentais profissionais.
Giro d'Itália
A Androni tinha presença assegurada no Giro 2014, depois de ter sido a melhor equipa continental profissional italiana de 2013. A Bardiani também tinha lugar praticamente assegurado. Desde os tempos em que era Ceramica Panaria tem colecionado inúmeras vitórias e tem sido uma das grandes animadoras da corrida. A Team Colombia, apesar de não contar com qualquer vitória nas suas duas participações, também tem animado a prova e seria de prever que merecesse novamente o convite, o que se veio a verificar. Faltaria então decidir o último convite, sendo as maiores candidatas a italiana Neri Sottoli (ex-Vini Fantini) e a sul-africana MTN-Qhubeka.
A Neri Sottoli tinha contra si os positivos no último ano de Santambrogio e Danilo Di Luca, que abalaram a corrida rosa, mas é italiana e a RCS Sport ainda terá sobre si o peso do final da Acqua & Sapone, equipa que terminou depois de ter sido deixada de fora do Giro 2012 (e ficou de fora, em parte, por também não ser confiável, com tipos como o próprio Di Luca). Convidar a MTN representaria uma aposta na globalização e era uma forte hipótese depois da vitória de Gerald Ciolek na última Sanremo. A RCS escolheu a Neri Sottoli.
Os wildcards são obviamente um prémio, mas também podem trazer perdas. Nenhuma destas equipas têm capacidade para ser competitiva no Giro e no Tour com apenas um mês entre ambas, o que não é problema para Androni, Bardiani e Neri Sottoli, três equipas que abdicam sem remorsos da prova francesa. Porém, para os colombianos a situação é diferente. A Team Colombia pretende estar presentes em ambas e candidatou-se aos dois wildcards. No entanto, como dito anteriormente, a formação sul-americana não tem quantidade suficiente de ciclistas de qualidade para ser competitiva em ambas as provas e a presença no Giro é quase sinónimo de ficar de fora do Tour. Então porque se candidatou ao Giro? Porque não se podia arriscar a excluir-se do Giro (onde a presença era praticamente assegurada) e ser deixada de parte do Tour (onde não tinha garantias). O Giro está garantido, o Tour logo se verá.
Tour de France
Com a Cofidis assegurada para o Tour e com a Europcar no World Tour, não necessitando por isso de convite, sobram três convites para entregar. A suíça IAM Cyling, a francesa Bretagne-Séché Environnement, a MTN e a alemã NetApp parecem as mais fortes candidatas, existindo ainda o interesse da Colombia.
Com Sylvain Chavanel à cabeça, é praticamente assegurada a presença da IAM Cycling, que conta ainda com Henrich Haussler, Mathias Frank (camisola amarela até à última etapa da Volta à Suíça), Jérôme Pineau, Martin Elmiger, Thomas Lofkvist ou o ex-vice-campeão olímpico e mundial de contrarrelógio Gustav Erik Larsson, que podem animar a corrida rainha.
Já a NetApp conta com a experiência do Giro 2012 e da Vuelta 2013, onde levou vencida uma etapa e o 9º lugar de Leopold Konig. O checo é a principal figura da equipa, que conta ainda com Jan Barta (outro checo) e Bartosz Huzarski, desconhecidos do grande público mas que têm tido resultados muito interessantes em corridas fora do World Tour como a Semana Coppi e Bartali, Volta à Baviera, Circuito de la Sarthe ou a Volta ao Reino Unido mas também tiveram razoável destaque nas participações na Vuelta e no Giro, onde ambos cheiraram vitórias de etapa. Conta ainda com os portugueses Tiago Machado, que nos últimos anos conquistou vários top-10 em provas World Tour, e José Mendes, que deu nas vistas pela garra e combatividade na última Vuelta. Em termos desportivos, a NetApp parece-me a terceira mais forte candidata aos wildcards do Tour e seria uma grande surpresa se não fosse escolhida, tendo mesmo abdicado de concorrer ao Giro para apostar na corrida gaulesa.
A última vaga será entre a Bretagne e a MTN. Desportivamente nenhuma delas conta com um bloco ao nível do Tour, mas a Bretagne reforçou-se par 2014 com os irmãos Romain e Brice Feillu, que se juntam ao lusodescendente Armindo Fonseca e Florian Vachon, duas das principais figuras de uma equipa que nos últimos anos não contou com o voto de confiança da ASO e para 2014 não melhorou na qualidade. Apenas tem novas esperanças devidos aos já referidos finais da Euskaltel, Vacansoleil e Sojasun. Na MTN, Ciolek é o principal destaque, juntando-se Sergio Pardilla e o vice-campeão mundial sub-23 Louis Meintjes. Uma delas deverá fechar o lote de 22 equipas participantes na 101ª Volta a França.
Vuelta a España
Para a Vuelta, não há dúvidas sobre os convites da Caja Rural (agora sem portugueses) e a Cofidis. NetApp, MTN, Colombia e IAM deverão ser candidatas, todas elas com prós e contras.
No caso da NetApp e da IAM, a presença no Tour em julho poderá passar fatura em agosto e setembro na Vuelta, mas os alemães tiveram uma excelente participação em 2013 e a IAM é a equipa que oferece maior leque de ciclistas com qualidade e experiência para provas de três semanas. Já a Colombia tem a presença no Giro mas entre maio e agosto terá tempo suficiente para recuperar algumas das suas principais figuras às quais juntará outros ciclistas que não tenham disputado a Volta a Itália, estando por isso mais frescos. E a MTN tem contra si a fraqueza do bloco, mas a vantagem de (provavelmente) não terem disputado nenhuma grande antes. Em caso de participação no Tour, saem das contas para a Vuelta mas se esse for o motivo certamente não se importarão.
NetApp-Endura
Com a presença já assegurada para o Tirreno-Adriático, Sanremo e Il Lombardia, começa a tomar forma aquele que deverá ser um excelente calendário para a equipa de Tiago Machado e José Mendes.
A NetApp esteve presente no Critérium du Dauphiné no último ano e tem todas as condições para voltar a marcar presença este ano, bem como poderá estar no Paris-Nice se essa for a sua intenção (parte da prova coincide primeiro com os 3 Dias de Flandres-Ocidental e depois com o Tirreno-Adriático, provas em que a NetApp está confirmada).
Tanto o Tiago Machado como o José Mendes deverão estar no bloco para estar provas.
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Segundo o diretor da Vuelta, a partida de 2015 que estava programada para a Holanda foi cancelada porque os novos regulamentos da UCI proíbem dias de descanso antes do 5º dia de prova. O Giro 2014 terá início numa sexta-feira na Irlanda do Norte e terá três dias de descanso, o primeiro deles ao quarto dia, mas parece que tal deixará de ser permitido a partir de 2015.
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Asafa Powell, ex-recordista mundial dos 100m, que foi apanhado no controlo anti-doping, diz que foi injetado pelo médico da equipa de futebol do Bayern Munique. O Bayern Munique é atual campeão europeu e alemão. Até à última temporada, a liga alemã não tinha controlo anti-doping sanguíneo, porque tanto a Liga como a federação entendiam que o doping não era um problema no futebol. Já outros estudos dizem que há muitos futebolistas nos campeonatos alemães com valores suspeitos e vários que ultrapassam os 50% admitidos no ciclismo. Obviamente que nunca serão apanhados se não existirem controlos anti-doping ao sangue.
A liga alemã teve nos último ano os dois finalistas da Liga dos Campeões. Assim se fazem campeões.
A liga alemã teve nos último ano os dois finalistas da Liga dos Campeões. Assim se fazem campeões.
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